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domingo, 29 de junho de 2025

DIRETO AO PONTO — SOBRE LOUVOR E ADORAÇÃO: VOCÊ É O QUE VOCÊ CANTA?

Imagem criada por IA
Me veio inspiração para o texto deste artigo, após uma breve conversa sobre o tema, via WhatsApp, com meu amigo de longa data, o pr. Alexandre.
Tem uma conhecida frase nutricional que diz: "Você é o que você come." Resolvi adaptá-la para contextualizar à pergunta que dá título a este texto, mais um artigo da minha série especial "Direto ao Ponto".

A importância da música no contexto cristão


É um fato bem conhecido que em todo o mundo os cristãos cantam; a sós ou em grupo, em cultos ou reuniões congregracionais (nos chamados cultos coletivos). Mais do que um mero e mecânico hábito ritualístico, a música é um importante elemento na prestação de um culto e está presente nos registros bíblicos desde o começo.

A música na Bíblia


A música na Bíblia é mencionada pela primeira vez em Gênesis 4:21, onde Jubal é descrito como o pai de todos os que tocam instrumentos de corda. Embora não afirme especificamente que as pessoas cantavam durante esse tempo, é altamente provável que, com a criação da música, viesse o canto.

A primeira canção da Bíblia é a canção de Moisés e Miriam em Êxodo 15:1-18 em louvor a Deus depois de libertá-los dos egípcios no Mar Vermelho.

O livro dos Salmos: o hinário bíblico oficial


Existem outras canções gravadas no Antigo Testamento, mas a maior coleção de canções é encontrada no livro dos Salmos. Muitas dessas canções foram escritas pelo Rei Davi, mas outras pessoas contribuíram para esta coleção. Não irei aprofundar neste assunto aqui, por não ser este o objetivo do texto. Mas, vale a reflexão:

Sobre o que eram essas músicas?
  • Canções de louvor ao único Deus verdadeiro (18113);
  • Canções de liberdade (7; 31)
  • Canções sobre o amor de Deus (63; 136)
  • Músicas sobre o que Deus fez (4077)
  • Canções de alegria (100; 126);
  • Músicas escritas em tempos de provação (23; 121)
  • Canção de gratidão pela libertação de Deus (118; 136).
Citei apenas dois exemplos de cada, para efeito de ilustração, mas há muito mais referências nos 150 livros do saltério.
Ou seja, os salmos nos incentivam a cantar por toda a nossa vida e a fazer novos cânticos, a cantar com o coração. Existem salmos que registram a confusão do povo de Deus quando vêem os ímpios prosperando enquanto os justos estão em dificuldades.

Adoração no templo


Muitas das canções registradas no livro de Salmos destinavam-se a ser usadas na adoração no templo e cantadas pelos levitas, ou cantores designados no templo. Portanto, podemos ver que nos tempos do Antigo Testamento, cantar era uma parte importante da adoração a Deus.

A música no Novo Testamento


Após esse resumo sobre a presença e a importância da música, como elemento de culto no Antigo Testamento, vejamos agora sua presença marcante também no Novo Testamento.

Na noite em que Jesus foi traído e após a última ceia, Marcos (14:26-46) e Mateus (26:30-35) registram que cantaram um hino, e depois disso foram para o Monte das Oliveiras. Isso implica que cantar era uma coisa normal de se fazer quando os judeus se reuniam.

Já no advento da Igreja Primitiva, Paulo menciona cantar algumas vezes como se fosse uma prática normal para os cultos da igreja primitiva. Veja Efésios 5:19, Colossenses 3:16 e 1 Coríntios 14:15

Também lemos que quando Paulo e Silas foram presos em Filipo (Atos 16:25), espancados e colocados na prisão, por volta da meia-noite eles começaram a cantar.

A música cristã hoje

Aspecto mercadológico


O mercado da música gospel no Brasil é significativo e em crescimento, movimentando bilhões de reais por ano e sendo um dos gêneros que mais crescem em plataformas de streaming.

A música gospel, com suas letras que celebram a fé e a espiritualidade, atrai um público amplo e engajado, com artistas e bandas buscando seu espaço nesse mercado.

O Brasil ocupa a 10ª posição no ranking mundial de uso de streaming e 70% da receita da indústria fonográfica brasileira vem desse tipo de serviço.

De acordo com o Spotify Brasil, o Gospel brasileiro está entre os TOP 50 gêneros musicais que mais cresceram na plataforma em 2022.

Segundo dados da Associação das Empresas e Profissionais Evangélicos (Abrepe), realizada em 2018 e divulgada pela Deezer, o Brasil aparece como o segundo maior mercado cristão do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos.

De acordo com a pesquisa, é estimado que a música gospel seja responsável por aproximadamente 20% da receita do mercado fonográfico brasileiro, gerando R$ 2 bilhões por ano em vendas.

O mercado Gospel é um dos nichos que mais movimentam dinheiro na Indústria da Música, sendo, portanto, o que mais vem movimentando grandes empresas!

Como elemento de culto


A música tem um poder incrível de criar ambiente, o que pode variar entre uma atmosfera austera e solene até verdadeira confusão, gritaria e deboche.

De modo geral, com raríssimas exceções, a música começou a afetar a reverência e a ordem do culto, a liturgia e a teologia, de uma maneira radical e visível.

A música tem também o grande poder de ensinar, e ela tem sido usada por séculos para ensinar a doutrina bíblica.

Os hinos congregacionais — que estão esquecidos atualmente —encontrados nos hinários, geralmente incluem toda a doutrina cristã, que vai desde a proclamação do evangelho, salvação pela fé, confissão, arrependimento, perdão, vida cristã, reino de Deus na terra, vida futuro, etc., além de ser elemento essencial no louvor.

Os hinários, tão valiosos para doutrinar o povo, foram se tornando cada vez mais relegados e menos usados nos cultos. O mais triste foi que durante todas estas décadas, muito pouco ou praticamente nada novo, refrescante e atualizado tenha sido produzido conforme a tradição hinológica da igreja.

A tradição de cantar nossas orações e pensamentos a Deus e sobre Deus está bem documentada na Bíblia. Hoje a tradição continua.

Muitos dos hinos que podem ser encontrados em um livro de hinos nos chamam à adoração, algumas canções nos dão ensinamentos teológicos, algumas falam dos grandes feitos de Deus, outras descrevem o caminho da salvação e às vezes a luta dos escritores para entender o porquê das coisas, mas permanecendo firme por causa do que eles acreditam sobre Deus e por saberem quem Ele é.

Culto ou entrenimento emocional?


Não será preciso ir muito a fundo no assunto para descobrir que a “situação”, ou seja, o “problema” atual das igrejas em geral, não é só a música.

E um problema bastante complexo, porque envolve conceitos teológicos, conceitos do que seja adoração, culto, e varia conforme os costumes, a cultura, etc. 

Uma das razões que também temos de considerar, é que o conhecimento humano evolui, e há estilos de vida e de arte para cada época e cultura.

Muitos pastares têm reclamado que não conseguem mais controlar ou disciplinar a ordem do culto. 

Se por um lado há entusiasmo por parte de muitos, principalmente os jovens, os mais idosos se sentem ignorados e impossibilitados de participar da “sessão” de louvor, que geralmente usa uma grande parte — em diversos ciclos evangélicos, a maior parte  do culto. 

Eu diria até que a situação que vivemos atualmente está decadente como está por causa da música que temos usado nos cultos nas últimas décadas.

O nosso canto congregacional ficou estagnado por muitos anos, sem inovação, sem entusiasmo e sem criatividade.

Até os anos 60 muitas igrejas ainda só usavam o seu próprio hinário, todos baseados nos “Salmos e Hinos”, cuja edição mais duradoura foi a 4a. Edição, publicada em 1918!

Muitos hinos eram mal contados, por falta de liderança especializada. O repertório e os assuntos dos hinos eram muito limitados e restritos.

Realmente havia uma grande necessidade de algo novo e vibrante. Os corinhos começaram a aparecer nos acampamentos, na Escola Dominical, nos congressos e logo estavam sendo usados no culto.

Grupos de louvor itinerantes propagaram um tipo de música menos formal, de fácil apreciação que apelava principalmente aos jovens.

No inicio eram alegres e continham algum conteúdo útil para o aprendizado e o ensino da Bíblia. Mas o povo brasileiro, seguindo o exemplo de outros povos, e com sua grande criatividade, foi compondo outros coros em outros estilos populares, que, com o passar dos anos se deterioraram muito na qualidade, tanto do texto como da música.

Como a música popular tem uma vida curta, era preciso estar sempre buscando material novo e um verdadeiro dilúvio de novas músicas desse tipo apareceu. 

Isso sem contar os modismos, como músicas, cujas letras falam sobre chuva, por exemplo, quase efeito Crtl C/Crtl V, com absulutamente nenhuma criatividade artística e de uma profundade espiritual semelhante a de um pires cheio d'água.

Não vamos considerar em detalhes as razões por que aconteceu esta tamanha mudança nos cultos e na adoração.

Basta dizer que a igreja simplesmente acompanhou o que aconteceu em toda a sociedade nos últimos 50 ou 60 anos. 

Maior indisciplina, irreverência, desrespeito a autoridades, negligência dos valores dos pais e dos avós, desconhecimento e desprezo da história e do passado, etc., totalmente diferente e ao contrário do que acontecia nos últimos séculos anteriores.

A igreja foi aos poucos se ajustando a esta situação e tem se mantido tolerante quanto a introdução de valores, costumes e ideias seculares em seus atos de adoração.

Música com curto prazo de validade


A principio agradam, mas têm curtíssima duração. Por esta razão, os jovens estão sempre buscando músicas novas, e coisas que sejam novidade nas “apresentações e shows”, para que sejam vendidas e comercializadas.

A igreja tem se tornado o grande palco onde tudo isto acontece. Como as letras das músicas atuais usadas no culto são geralmente muito repetitivas verdadeiros mantras, que visam nada mais do que um apelo sensorial — e muitas não contêm mensagens realmente cristãs ou evangelísticas, nem doutrinam corretamente a Palavra de Deus, vemos que há apenas uma grande empolgação, principalmente por parte da juventude, sem que haja, muitas vezes, um conhecimento verdadeiro do evangelho.

O resultado, de modo geral é que este conhecimento de Cristo e sua doutrina acaba sendo superficial e raramente é acompanhado de uma mudança no estilo de vida daqueles que tanto “curtem” este tipo de música.

Atualmente há tantas músicas vazias de conteúdos… São artistas que só deixam evidenciar o que são e o que a sociedade, ou parte significante dela, quer ou aprecia.

Temos de ter em mente que as manifestações artísticas na mídia, por exemplo, só existem ou têm cabimentos porque há pessoas “comprando” o que está sendo produzido.

Portanto, ainda que para nós os gêneros A, B ou o C sejam inadequados ou ilógicos, há motivos que lhes dão sentidos e, cabe a nós, entendê-los para dar os contornos que julgarmos mais adequados para uma vida cidadã plena.

Estes “contornos” não devem ser entendidos como uma atitude preconceituosa, em que se alega que todas as músicas que não nos agradam são fúteis, mas sim, saber reconhecer traços da personalidade de nossos jovens e, identificando algum desvio, trabalhar de forma a amenizá-los, visando uma formação eficaz para todos eles.
Devemos cantar músicas alegres, sim! Mas precisamos ser criteriosos! O lugar de entretenimento, exibição e shows não é a igreja. Há teatros e clubes, rádio, televisão e as tão aspiradas plataformas digitais para isso. A igreja é o lugar de oração, dignidade e reverência.

Conclusão

Música, vida e saúde


É um fato bem documentado que a música traz grandes benefícios para todos. (De googada para encontrar os benefícios!) Melhora o humor das pessoas, reduz o estresse, diminui a ansiedade, melhora a memória, alivia a dor, para citar apenas alguns.

Os cristãos não estão imunes às tensões e estresses da vida cotidiana, mas quando levantam suas vozes em louvor a Deus e O adoram, a maioria senão todos os cristãos, irão testemunhar que na adoração a Deus encontram ajuda, encorajamento, esperança e alegria que não podem ser encontrados em qualquer outra coisa.

Então, por que cantar é tão importante para os cristãos?


É uma forma natural e automática de louvar ao Senhor, de falarmos com Ele e Ele conosco. É oração e louvor vindo do fundo de nossos corações. Ajuda-nos a aproximar-nos de Deus, mesmo quando nos sentimos isolados ou desanimados. Não há lado negativo em cantar – apenas benefícios!

A tradição de cantar nossas orações e pensamentos a Deus e sobre Deus está bem documentada na Bíblia.

Hoje a tradição continua. Muitos dos hinos que podem ser encontrados em um livro de hinos nos chamam à adoração, algumas canções nos dão ensinamentos teológicos, algumas falam dos grandes feitos de Deus, outras descrevem o caminho da salvação e às vezes a luta dos escritores para entender o porquê das coisas, mas permanecendo firme por causa do que eles acreditam sobre Deus e por saberem quem Ele é.

Hoje, mais do que nunca, provavelmente, novas canções estão sendo escritas e usadas na adoração. Embora muitas das igrejas de hoje tenham estilos de adoração diferentes  cantar e fazer sons de alegria ao Senhor ainda está no centro de quase todos os cultos da igreja.


Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso

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