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domingo, 10 de agosto de 2025

TEOLOGANDO — A DIFERENÇA ENTRE DOUTRINA E COSTUMES

"Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo" (Colossenses 2:8).
A postura da igreja em determinados assuntos tem causado uma certa confusão no meio do povo. Sempre é extremista, ou de um ponto de vista ou de outro.

Na questão de costumes, muitos não sabem definir biblicamente o seu significado, daí, interpetram todo tipo de regras como se fossem doutrinas.

A diferença crucial entre Doutrina e Costumes, é o que veremos no texto deste artigo, mais um capítulo da nossa série especial Teologando.

Conhecendo e desmistificando

Tendo em vista o crescente número de dúvidas, indagações e controvérsias sobre o assunto, colocamos este singelo opúsculo às mãos do público evangélico (ou não), não com intenção de ser a voz máxima no assunto, mas de trazer algum subsidio aos que trabalham na Seara do Senhor, bem como à Igreja em geral.
É elevado o número daqueles que fazem confusão em torno de "Doutrinas e Costumes", como se ambos fossem a mesma coisa. 

Nestes últimos dias que ora atravessamos como Igreja não devemos deixar de ensinar a Sã Doutrina; sabendo que a Palavra sendo ministrada aos corações com graça e unção, nos levará a procedimentos santos em toda a maneira de viver, sem necessitar, portanto, de "freios" adicionais.

O que acontece muitas vezes, trazendo tantos dissabores no seio da congregação — é o despreparo de muitos líderes quanto ao assunto. 

Adiciona-se a este despreparo, a falta de amor e bom senso, descambando, então, para o desequilíbrio dos extremos. Pois no fervor da "ultra fidelidade a Deus", muitos obreiros já jogaram para fora dos apriscos, centenas de vidas. E a pergunta é sempre a mesma:
Quem dará conta delas? E a resposta é sempre a mesma: Aqueles que não tiveram amor e cuidado!
O propósito deste estudo, além de mostrar as diferenciações entre "Costume e Doutrina", também traz sérias advertências aos legalistas, que pelo zelo sem entendimento, ferem, trucidam e matam em nome de Deus, sem nenhuma compaixão.
Gente que se esquece que cada vida que está na Igreja custou o mais alto preço: O precioso Sangue de Cristo (Atos 20:28).

Conceito biblico de doutrina


Portanto, doutrina Bíblica é todo ensino da Bíblia tomado como regra de vida ou crença. 
Uma doutrina só é tida como verdadeira, quando confirmada por várias passagens Bíblicas. Ex. Doutrina do Pecado; Doutrina da Salvação; Doutrina de Deus; Escatologia; Angeologia; Cristologia, etc..
No Novo Testamento a palavra mais usada para doutrina é didache e significa ensino, instrução, tratado ou doutrina. 

Segundo o teólogo Claudionor Corrêa de Andrade, doutrina é a 
"exposição sistemática e lógica das verdades extraídas da Bíblia, visando o aperfeiçoamento espiritual do crente" [1]
Doutrina, portanto, é o resultado do um ensino teológico, adotado por uma denominação ou religião.

Vejamos, então, algumas características que determinam a Doutrina


A doutrina é imutável, o costume muda — A doutrina é permanente, ela nunca muda. 

A doutrina da "justificação pela fé", exposta principalmente nos primeiros capítulos de Romanos, nunca mudou e nem deve ser mudada. Doutrina (bíblica) mudada é heresia. 

Quando Lutero resgatou a doutrina da justificação pela fé, ele orientou a igreja a voltar na perspectiva bíblica sobre o assunto. São passados mais de dois mil anos e essa doutrina nunca mudou no verdadeiro cristianismo.

A doutrina é universal no sentido que é para todos os povos em todas as culturas — Proclamar Jesus como Salvador faz sentido no Brasil em 2025, como para os indianos que foram evangelizados pelo apóstolo Tomé, o primeiro missionário daquela nação, ainda no primeiro século da Era Cristã. 

A doutrina é sempre verdade absoluta, ou seja, é para todos, em todas as épocas e em todos os lugares.

Conforme definição do Dicionário de Língua Portuguesa. Novo Aurélio, costume é o uso, hábito ou prática geralmente observada.

Agora, vejamos as características que determinam os Costumes

Por costume entende-se a maneira de agir, ser, proceder, vestir, portar, etc., próprio de um povo, de uma época, de uma condição social. Legislação não escrita, fixada pelo uso.
Independente de suas origens, os costumes variam de povo para povo, de região para região, país para país, e de época para época.

O que, então, é costume? O lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda (✩1910/✞1989) definiu costume como 
"uso, hábito ou prática geralmente observada" [2].
O dicionarista Adriano da Gama Cury (✩1924/✞2012) definiu, de maneira mais completa, a palavra costume como 
"uso, prática habitual; modo de proceder; característica, particularidade; prática jurídica ou religiosa não escrita, baseada no uso; moda; traje característico ou adequado…" [3]
Essas definições mostram que o costume é um hábito repetidamente adotado por um determinado grupo social. 

Os costumes fazem parte da identidade de uma instituição

O costume é imposto por convenções humanas de maneira espontânea ou obrigatória, sendo assim, o costume é humano.
Há muitos que tentam achar textos bíblicos para justificar a perpetuação de sua tradição, mas normalmente praticam a eisegese [4], ou seja, dizem o que bem querem e tentam justificar na Bíblia.

O costume não é imutável — No Brasil era comum os cidadãos andarem pelas ruas de chapéus, tanto homens como mulheres, passados os anos não há mais esse costume no país. 

Antigamente, os pais escolhiam com quem a sua filha casaria, mas também esse costume mudou. 
É necessário que o costume mude, pois ele está ligado à cultura local, e toda cultura é dinâmica. 
Mudar alguns costumes não significa passar do são para o diabólico, como muitos pregam. 
A mudança é inevitável e deve ser bem orientada, mas como enfatizado, é sempre necessária.
O costume é local (geográfico) — Os homens na Escócia usam um tipo masculino de saia. No Siri Lanka é, também, costume para homens a vestimenta com saias. Enquanto a saia, na maior parte do Ocidente, é uma roupa exclusivamente feminina. 

No Brasil é comum comer peixe cozido ou frito, mas no Japão se come peixe-cru. 

O costume não pode santificar — Quem acredita na santificação por meio dos costumes, normalmente, é um escravo do legalismo. 

O pastor Antonio Gilberto escreveu a respeito dos erros em relação a santificação e citou o engano de associar exterioridade com santidade: 
"Usos, práticas e costumes. Esses últimos, quando bons, devem ser o efeito da santificação, e não a causa dela" [5]
E bem relevante o que escreveu o pastor Ciro Zibordi no prefácio do livro "Verdades Pentecostais":
'O farisaísmo se caracterizava por associar sua obras com salvação. Há muitos que fazem dos costumes “doutrinas” e, assim, pensam que para serem salvos precisam fazer isso ou aquilo. 

Como dizia Lutero: “As boas obras não fazem o homem bom; mas o homem bom pratica as boas obras”. A inversão dessa ordem cria escravos do farisaísmo e não servos do Altíssimo.'

Costume e cultura


O costume, por ser relativo, não deveria ser imposto como obrigação. Era comum missionários europeus tentarem impor os costumes do norte em países da Ásia e da América. Hoje, o conceito de "transculturação" está ajudando muito em relação a esse problema.

Não é necessário ir ao exterior para observar este panorama seleto no que tange a costumes. 

Aqui mesmo em nosso Brasil, dominado por um grande mosaico cultural, vê-se em cada região marcantes diferenciações. 

Por Exemplo, no Rio Grande do Sul encontramos os costumes gauchescos, tais como vestir-se de lenço, bombachas e esporas, lembrando que há forte influência européia na cultura dos gaúchos. 

Já pelo Norte e Nordeste, encontramos o sertanejo sempre com seu característico chapéu de couro; na Bahia, as conhecidas baianas com seus turbantes e vestidos longos — muito da influência da cultura africana. 

Passar de um Estado para outro é como mudar de país. Cada Estado acha-se individualizado por costumes e tradições próprias, distinguido um do outro. 

Por vezes, cada um evidencia essas diferenças numa forma indisfarçável. 

Poderíamos relacionar ainda muitos outros costumes e tradições locais relacionados com a música, o folclore, o artesanato, enfim a maneira própria e diversificada de nosso povo brasileiro.

Mas, vamos parar por aqui. Acreditamos já ter ficado bem claro a abissal diferença entre Doutrina [assim mesmo, no singular] e Costumes [assim mesmo, no plural].

Conclusão


Entendemos que não podemos fazer de um costume, uma doutrina. Pois quando isto ocorre, surgem os prejuízos para a Obra e para o Reino de Deus. 

Mas, não devemos esquecer, que costumes não podem gerar doutrina; no entanto, tenhamos em mente, duas coisas que regem nossa vida cristã: O que cremos e o que fazemos.

O nosso cremos, fundamenta-se nas doutrinas bíblicas, que nos dão firmeza e solidez espiritual.

O que fazemos, relaciona-se com a prática do que cremos. Sendo, incoerente dissociar o crer do fazer. Pois, doutrina santa gera costume santo.
Nossa vida cristã deve ser uma vida radiante, dinâmica e liberta. 
Tenhamos os costumes adotados, que denominamos bons, não como pesado jugo de escravidão, mas como resultado da experiência pessoal com a liberdade com que Cristo nos libertou (João 8:32,36; Gálatas 5:1), pois não ocorrendo desta forma cairemos, fatalmente no farisaísmo, tão condenado por Jesus, anulando em nossas consciências o verdadeiro sentido de uma vida feliz e abundante. 
Outrossim, lembremos que nossa vida em todas as áreas deve ser pautada por Liberdade e Responsabilidade.
Se como cristãos e membros do Corpo de Cristo, tivermos somente responsabilidades, fatalmente vivenciaremos um quadro de extremo jugo. 

Não precisamos nos reportar aos tempos antigos, para termos exemplo a respeito. Recentemente, o mundo ocidental refutou peremptoriamente (CATEGORICAMENTE) o regime dos Talibãs, no Afeganistão, que colocava a mulher nos níveis mais miseráveis e desprezíveis — sem acesso à escola, ao aprendizado. Sem poder mostrar ao menos a face; e, atrás das "burcas" amargavam lágrimas em silêncio.

É perigoso quando uma comunidade cristã, conduz seus membros subjugados pelas "responsabilidades", sem estes, nunca terem vivido a liberdade em Cristo. Pois responsabilidade sem liberdade, é cativeiro, é tirania.

Por sua vez, liberdade sem responsabilidade, dá lugar aos desmandos. Pois liberdade sem responsabilidade, normalmente dá lugar a libertinagem. 

Há muitas outras diferenças entre doutrina e costumes, mas fica apontado que ambas não são a mesma coisa, porém estão ligadas. 

O bons costumes são aqueles que não escravizam o crente, colocando um jugo que Jesus tirou na cruz, mas sim, é resultado da boa doutrina.
Portanto, vivamos na liberdade com que Cristo nos libertou, com sabedoria. 
Sabendo que sou abençoado e livre dentro dos termos do Reino de Deus, tendo a certeza que existem limites, que divisam a Igreja do mundo sem Deus. 
Sabendo também, que tal limite estabelecidos por Deus visam nossa proteção, santificação e identificação como filhos de Deus.
[Fonte: Exegese Bíblica; Notas e Referências Bibliográficas: 1 — ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. 12 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 128. 2  HOLANDA, Aurélio Buarque de. Mini-Aurélio Século XXI Escolar. 3 ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2000. p. 190. 3  KURY, Adriano da Gama. Minidicionário Gama Kury da Língua Portuguesa. 1 ed. São Paulo: FTD, 2001. p.265. 4  Prática de forjar o texto a fim de que justifique o pensamento próprio. Não confunda com exegese. 5  GILBERTO, Antonio. Verdades Pentecostais. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p 142.]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blogue https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização frequentes dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
  • O blogue CONEXÃO GERAL presa pelo respeito à lei de direitos autorais (L9610. Lei nº 9.610, de 19/02/1998), creditando ao final de cada texto postado, todas as fontes citadas e/ou os originais usados como referências, assim como seus respectivos autores.
E nem 1% religioso.

sábado, 9 de agosto de 2025

📖BÍBLIA ABERTA📖 — ENTENDENDO AP 2:26-29: QUEM [OU O QUE] É A "ESTRELA DA MANHÃ"?

26 "E ao que vencer, e guardar até o fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações; 27 E com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi autoridade de Meu Pai…" (Apocalipse 2)
Em uma série contínua de promessas (Ap 2:7, 11, 17, 26; 3:5, 12, 21) Jesus promete para aquele que vence nada menos que a autoridade do Rei de Israel sobre as Nações do Mundo prometida nos Escritos. 

Por isso, há um consenso quase comum que faz com que acreditemos ser Ele a descrita Estrela da Manhã.

Eu digo quase, porque algumas vertentes cristãs, por clara falta de um melhor conhecimento das Escrituras Sagradas, erroneamente não gostam de associar o Filho de Deus ao termo Estrela da Manhã.
É o que veremos em mais um capítulo da nossa série especial de artigos Bíblia Aberta
Abra sua Bíblia e bora viajar no Oceano do Espírito.
Os versículos citados acima vem do Salmo 2:9 e como podemos ver o vs 28 [de Apocalipse] aplica-se sobretudo ao próprio Jesus Cristo (ver também 12:5; 19:15).

Cristo ainda promete contundentemente compartilhar seus próprios direitos da coroa com aqueles que guardarem seus mandamentos (obras) por tanto tempo quanto necessário.

28 "...E dar-lhe-ei a estrela da manhã. 29 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas"

(Ap 2).


O texto que é muitas vezes citado neste contexto é 2 Pedro 1:19:
"E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações".
Mas não parece haver qualquer conexão com ele uma vez que aqui a palavra traduzida do Grego como "estrela da manhã" é φωσφόρος (phosphoros).

A "estrela da manhã" em Apocalipse 2:28 é ἀστὴρ πρωϊνός (aster proinos), que reflete fielmente o significado do original.

No entanto, outro texto judaico pode lançar a luz sobre esta questão. Quando o Livro do Eclesiástico
➡️[Não confundir com o livro bíblico Eclesiastes. Livro do Ecleciástico (Sirach ou Ben Sira), trata-se de uma obra judaica extracanônica, escrita originalmente em hebraico sobre ensinamentos éticos, de aproximadamente 200 a 175 a.C., escrita pelo escriba judeu Ben Sira de Jerusalém, sob inspiração de seu pai, Josué, filho de Sirach, às vezes chamado de Jesus, filho de Sirach, ou Yeshua ben Eliezer ben Sira. 
Ele não é tão conhecido quanto alguns livros das Escrituras e é completamente desconhecido para milhões de pessoas. Já se passaram mais de dois milênios desde que Eclesiástico foi escrito, mas muitas de suas lições são tão aplicáveis à vida contemporânea quanto eram na época em que foram escritas.]⬅️
elogia o sacerdote Simeão o Justo, ele o descreve de forma muito poética:
"Como ele era majestoso, cercado pelo povo, quando saía do santuário por trás da cortina. Ele era como a estrela da manhã (ἀστὴρ ἑωθινὸς) entre nuvens, como a lua nos dias em que está cheia. Era como o sol fulgurante sobre o Templo do Altíssimo…" (Sirach 50:5-7).
Mesmo que a segunda palavra Grega (ἑωθινὸς) não seja exatamente o mesma de Ap.2:28 (πρωϊνός) elas no entanto são totalmente sinônimas.

Importante saber para evitar os "vícios interpretativos"


Na Bíblia, a "Estrela da Manhã" é um título usado tanto para Jesus quanto para satanás, mas com significados distintos.

Em Apocalipse 22:16, Jesus é descrito como a "brilhante Estrela da Manhã", simbolizando sua luz e esperança para a igreja.

No entanto, em Isaías 14:12, o termo "estrela da manhã" é usado para se referir a satanás, descrevendo sua queda do céu por causa de sua arrogância e desejo de se igualar a Deus.

Jesus como Estrela da Manhã

  • Simbolismo — A imagem da estrela da manhã, visível antes do amanhecer, representa a luz de Jesus que dissipa as trevas e traz esperança (conforme Ap 22:16).
Ressurreição — A referência à estrela da manhã também pode ser ligada à ressurreição de Jesus, que acontece no primeiro dia da semana (manhã).

Satanás como estrela da manhã


Em Isaías 14:12-14, o termo "estrela da manhã" é usado para descrever a queda de um anjo poderoso, que se rebelou contra Deus.
  • Queda — A imagem da estrela caindo do céu simboliza a queda da arrogância e rebelião de satanás.
  • Lúcifer — A tradução da Vulgata Latina, para o hebraico "estrela da manhã" em Isaías 14:12, foi "Lúcifer", termo que se popularizou para se referir a satanás.

Diferenciação

  • É importante notar que a referência a satanás como "estrela da manhã" em Isaías não é um nome próprio, mas um título que descreve sua antiga glória e queda. 
  • Em Apocalipse 22:16, Jesus é chamado explicitamente de "Estrela da Manhã" como um título que reflete sua natureza e missão.

Observações Adicionais

  • 1) A "Estrela de Belém" mencionada no Natal, que guiou os Reis Magos, é uma referência separada e não deve ser confundida com a Estrela da Manhã.
  • 2) A Bíblia usa a imagem da estrela da manhã para ilustrar tanto a luz e esperança trazidas por Jesus, quanto a queda e rebelião de satanás.
Em resumo, a interpretação bíblica contextualizada é essencial para garantir que a mensagem das Escrituras seja entendida corretamente e aplicada de forma fiel à intenção original de Deus.

Conclusão

"Estrela da Manhã" — Arianne
Portanto, o aspecto básico do significado do conceito de estrela da manhã é glória. A estrela da manhã para ser recebida ou ser dada deve ser entendida como uma promessa de futuro glorioso, uma afirmação de grande bem ainda por vir.

Jesus está prometendo conceder o dom da estrela da manhã para aquele que vencer. Como visto, em Ap. 22:16 Jesus afirma que Ele próprio é "a brilhante estrela da manhã" (ὁ ἀστὴρ ὁ λαμπρὸς ὁ πρωϊνός).

Em suma, Jesus promete dar um futuro glorioso para alguém com a máxima fidelidade e perseverança do vencedor. Eles irão compartilhar com o Próprio Cristo.


Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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quarta-feira, 6 de agosto de 2025

EU NÃO ME ESQUECI — PROFESSORA HELLEY DE ABREU: HEROÍNA DA VIDA REAL

“Só na sorte adversa se encontram as grandes lições de heroísmo” 
(Sêneca).
Arthur Ashe (✰1943/✞1993), um esportista profissional, definiu o heroísmo nos seguintes termos:
“o verdadeiro heroísmo é notavelmente sóbrio, muito pouco dramático. Não é o desejo de superar todos os outros a qualquer custo, mas o desejo de servir aos outros a qualquer custo.”
Os atos de heroísmo têm o poder de nos causar admiração. Eles nos dão esperança na espécie humana, enquanto nos lembram de nosso poder de transcender a individualidade.

No entanto, friamente não é tão fácil definir como esses atos são abordados e o que caracteriza os heróis contemporâneos.

Na mitologia da maioria das sociedades, o herói é alguém especial que encarna os valores mais queridos de sua cultura.

É um modelo idealizado de ser humano que serve de exemplo para uma comunidade. Também evoca um esquema literário em que alguém geralmente descobre que possui habilidades excepcionais.
Na realidade, o herói é alguém que se destaca por ter realizado um feito extraordinário que exige coragem, pois envolve expor-se ao perigo para resgatar alguém de uma situação catastrófica.

Chacina em Janaúba

Há seis anos, Janaúba, no Norte de Minas, ganhou notoriedade nacional por um motivo trágico, mas que atraiu novos olhares para a educação infantil.

Desde 2017, ano após ano, o mês de outubro em Janaúba traz de volta memórias do cenário de terror na Creche Gente Inocente, hoje Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Helley de Abreu, batizado em homenagem à professora que impediu que a tragédia fosse ainda mais grave.

Aquele dia 5 de outubro de 2017 começou como qualquer outro para os moradores de Janaúba, em Minas Gerais. Era uma manhã comum na creche Gente Inocente e as professoras se preparavam para começar mais um dia letivo com as crianças.

Era para ser mais um dia cheio de brincadeiras, aprendizado e, inevitavelmente, algum choro. Os profissionais da creche, no entanto, foram surpreendidos por algo muito distante do que eles estavam acostumados a enfrentar: uma verdadeira tragédia.

Com motivos que só foram descobertos mais tarde, durante as investigações do caso, o segurança noturno da escola fez o impensável. Munido de um galão de álcool, o homem entrou na escola e ateou fogo em si mesmo e em diversas crianças.

O abraço da morte


Pouco antes do segurança entrar na instituição, criando uma cena digna de filmes de terror, a professora Helley de Abreu Silva Batista, de 43 anos, guiava seus alunos para a sala de aula.

Foi nesse momento que, horas antes do começo de seu turno, o vigilante Damião Soares dos Santos, de 50 anos, invadiu a instituição. Com o líquido inflamatório em mãos, o segurança noturno foi até a sala do segundo período e começou o incêndio.

A sala que era usada pelas crianças para recreação, com 40 metros quadrados, teto em PVC — material altamente inflamável — e janelas bloqueadas por grades, se cobriu rapidamente de labaredas.

Damião, que trabalhava para a prefeitura desde 2008 e há três lidava com problemas psiquiátricos, havia se molhado com o combustível e, em chamas, chegou a abraçar algumas das crianças, segundo relato de testemunhas.

Após atear fogo em si mesmo, logo partiu para cima dos pequenos, que tinham entre quatro e cinco anos, jogando o líquido inflamável neles. A sala de aula foi rapidamente tomada pelas chamas, enquanto Helley e outras duas professores tentavam impedir o ataque.

Sem pensar duas vezes, a pedagoga partiu para cima do vigilante e, segundo testemunhas, entrou em uma luta corporal com o homem em chamas. Dessa forma, antes de tentar salvar o maior número de crianças que conseguiria, Heley também teve seu corpo incendiado.


Junto de outras duas funcionárias, Jéssica Morgana e Geni Oliveira, a professora conseguiu retirar vários alunos da sala de aula, mas teve de ser levada para o hospital. Mais de 90% do seu corpo estava coberto por queimaduras irreversíveis.

Durante o incêndio, logo que a gritaria começou, diversos vizinhos da creche foram até a escola para socorrer as vítimas. Por sorte, muitas crianças foram salvas. 

Ao menos nove pequenos foram vítimas fatais do ataque. Além deles, segundo os bombeiros da região, outras crianças e adultos ficaram feridos e foram levados para o hospital às pressas.

Helley chegou a ser levada para o Hospital Regional de Janaúba, mas, já em estado grave, não resistiu aos ferimentos. Sob cuidado dos médicos, a professora chegou a ter duas paradas cardíacas. As outras duas funcionárias também não sobreviveram.

Damião, o único responsável pelo incêndio, morreu na tarde do ataque. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu, assim como a professora que tentou detê-lo. Segundo sua família, o segurança tinha problemas de saúde mental e recebia tratamento psiquiátrico.

Exemplo de entrega

O feito da professora Helley, que teve repercução internacional, modificou a percepção de quem na época do atentado já atuava na educação de crianças.

O ato heróico dela foi reconhecido por todos os docentes que fazem parte do cotidiano das creches e escolas, apontando a necessidade de valorização desse profissão que exige muito dos educadores.

O comportamento de Helley na época ampliou os contornos dramáticos do atentado. Ao perceber o início do incêndio, a professora iniciou a retirada de seus alunos do maternal por uma janela da sala, até ser alcançada por Damião.

Segundo testemunhas, ela lutou corpo a corpo com o agressor em chamas, até que o fogo a deixou inconsciente e incapaz de conter o vigia e salvar o restante dos estudantes.

Legado  


O ato de heroísmo da professora foi imediatamente reconhecido, dias após o atentado, quando ela recebeu postumamente a Ordem Nacional do Mérito, do então presidente Michel Temer (MDB).

Como ela, outros educadores Brasil afora recordam o evento trágico na Creche Gente Inocente, que reflete, em um cenário extremo, como os professores não poupam esforços para proteger seus alunos.

Eles, os professores, não são os mediadores do conhecimento, são os mediadores do todo. A educação infantil trata sobre os valores e cuidados que criam uma base fundamental.

O heroísmo do que aconteceu em Janaúba está basicamente no trabalho da educação infantil, que envolve esse cuidado materno. Os professores colocam os alunos como filhos.

Condecorações


Conhecida na comunidade como membro da Pastoral Familiar, Helley era um exemplo de profissional. Por isso, não foi surpresa para ninguém quando revelaram que ela deu a própria vida para salvar a das crianças que lecionava. 

Formada em pedagogia, ela era especializada na inclusão de Pessoas com deficiência e, segundo colegas, tinha um bebê de apenas um ano de idade. Helley dedicava grande parte de seu tempo a cursos para noivos e trabalhos voluntários.

Posteriormente, pelo “gesto de coragem e de heroísmo”, a professora foi condecorada com a Ordem Nacional do Mérito e com a Medalha da Inconfidência. 

Muito mais do que os títulos, contudo, Heley passou a fazer parte da história, como a professora que salvou a vida de 25 crianças na tragédia.

Homenagens


A heroína do Norte de Minas recebeu a Ordem Nacional do Mérito e a Medalha da Inconfidência, honrarias dos governos federal e estadual, respectivamente, e teve seu nome espalhado por todo o país em diversas homenagens. Veja algumas delas:
  • Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Helley de Abreu – Janaúba/MG;
  • Centro de Educação Infantil Professora Helley de Abreu Batista – Lagoa Santa/MG;
  • Creche Proinfância Helley de Abreu Silva Batista – Pouso Alegre/MG;
  • Centro Educacional Infantil (CEI) Helley de Abreu Silva Batista – Fortaleza/CE;
  • Centro de Educação Infantil (CEI) Helley de Abreu Silva Batista – Araquari/SC;
  • Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Professora Helley de Abreu Silva Batista – Foz do Iguaçu/PR;
  • Centro de Ensino Infantil Professora Helley de Abreu Batista – Sorocaba/SP;
  • Rodovia Helley de Abreu Silva Batista (antiga LMG-631) - Liga São João da Ponte à BR-122;
  • Nome de ruas em Picos/PI, Jacutinga/MG e Lajeado/RS;
  • Prêmio Helley de Abreu Silva Batista, concedido pelo Conselho Estadual de Educação de MG.

Conclusão

Renovação após o abalo


O Centro Municipal de Educação Infantil Helley de Abreu foi reaberto em março de 2018, menos de seis meses após o atentado que assombrou a cidade e destruiu a antiga Creche Gente Inocente.

A reconstrução do espaço foi feita com apoio de empresários do setor de construção civil do Norte de Minas e instituições como a Fundação Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos).

A unidade fica no Bairro Rio Novo, em novo prédio com capacidade para cerca de 40 crianças de até 5 anos em estrutura com quatro salas de aula, berçário, fraldário, sala administrativa e cantina.

A professora e diretora do Cemei Izabel Maria de Jesus, Eliane Mendes, relembra como foi trabalhar na retomada das atividades da creche incendiada. 
"Todo professor fica se imaginando no lugar da Helley. Todo todos nós que trabalhamos com as crianças pensamos o tempo todo: 'Se fosse com a gente, o que a gente faria?'".

Professora Helley de Abreu Silva Batista, essa sim, uma verdadeira heroína, que merece não só menção honrosa ao seu nome, como todas as honrarias que já recebeu até aqui   e que são poucas. 
Ela sim é merecedora de receber uma estátua em sua homenagem, não só na pequena Janaúba mas em todas as capitais brasileiras. Eu não me esqueci, porque é impossível esquecer.


Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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sexta-feira, 1 de agosto de 2025

AGOSTO LILÁS — A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NOS LARES EVANGÉLICOS


Imagem criada por Inteligência Artificial (IA)
O Agosto Lilás é uma campanha estabelecida pelo governo federal, transformando o mês de agosto em um período dedicado à conscientização e combate à violência contra a mulher. 

A escolha deste mês se deu pela sanção da Lei Maria da Penha (Lei Federal nº 11.340/ 2006), assinada no dia 7 de agosto, uma referência fundamental no enfrentamento da violência doméstica no Brasil. 

A campanha visa sensibilizar e informar a população sobre a identificação de situações de violência e os canais disponíveis para denúncias, promovendo uma rede de apoio e proteção para as vítimas.


A campanha do Agosto Lilás se destaca pela promoção de eventos e debates em todo o país, envolvendo agentes públicos e meios de comunicação para divulgar informações vitais sobre os tipos de violência — física, sexual, psicológica, moral e patrimonial. 

Além disso, enfatiza a importância de medidas de prevenção e suporte, como o Ligue 180, aplicativo Direitos Humanos Brasil, e a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Essas iniciativas são essenciais para reduzir os índices de violência contra a mulher no Brasil.
E se engana quem pense que a violência doméstica está longe dos lares evangélicos. Muito antes pelo contrário, em muitos casos, a omissão baseada em discursos ou crenças religiosas equivocadas, são uma densa cortina de fumaça ocultando essas ocorrências, subnotificando-as, na maioria das vezes com a conivência de líderes religiosos, que, na minha opinião, são cúmplices e, portanto, também merecem ser punidos junto com os agressores.

Ferida [nada] exposta


O aumento do contingente de mulheres que se declaram evangélicas, por si só tem sido objeto de pesquisas que visam compreender a dinâmica religiosa brasileira, porém, o aumento do número de mulheres evangélicas que declaram terem sido agredidas por seus parceiros ainda carece de mais atenção de pesquisadoras e pesquisadores que trabalham sobre a violência doméstica. 

Dependendo do nível de envolvimento das mulheres evangélicas com a Igreja, esta pode desempenhar papel fundamental para a permanência ou para a ruptura de suas "fiéis" com casamentos violentos. 

Essa constatação gera nosso interesse pela escuta de mulheres evangélicas em situação de violência e também de autores de violência, visando trazer à tona as formas como ambos compreendem as relações de dominação que se tecem no âmbito doméstico, e a possível influência de sua confissão de fé no processo de perpetuação ou de ruptura com o ciclo de violência. 
 

Lei Maria da Penha 


A já conhecida Lei Maria da Penha, que se constitui no mais importante instrumento, ainda que paliativo, de combate à violência doméstica e familiar também traz, em sua criação, a prova de que o poder público não dá às questões de gênero a importância que devem receber. 

Isso, porque a lei que recebeu o nome da brasileira Maria da Penha Maia Fernandes, que foi vítima de agressões no ambiente doméstico, não foi projeto de parlamentares atentos ao tema ou fruto da pressão popular, mas Projeto de Lei (PL) elaborado pelo poder executivo em virtude de recomendação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), após denúncia apresentada pela própria senhora Maria da Penha Maia Fernandes.


Dedo na ferida

 
Se fazem necessárias pesquisas nos sentidos atribuídos por mulheres evangélicas que vivenciaram tentativas de feminicídio sobre o papel das famílias nessa conjuntura. 

Os sentidos constituídos acerca do papel das famílias evangélicas são marcados por diferentes ações e posturas, muitas vezes contraditórias e pouco acolhedoras frente a situações de violência, exclusão e vulnerabilidade historicamente vivenciadas pelas mulheres.


Para as mulheres que receberam apoio familiar, os sentidos das famílias vinculavam-se ao contexto de proteção e afeto, mesmo diante do imperativo religioso. 

Nesse contexto, a família mostrou-se como instituição significativa no processo de socialização, na (re)constituição das relações, vínculos e afetos das mulheres e, notadamente, no enfrentamento das violências e prevenção de feminicídios.


Quanto às mulheres que não receberam acolhimento e amparo, o significado da família se revela implicado em formas de desproteção e reviolência. 

A dinâmica religiosa e a moralidade cristã presentes na vida familiar acarretam sofrimentos àquelas já vivenciadas na cotidianidade das relações conjugais. 

Na ótica das mulheres, a rigidez dos discursos religiosos dada pela impossibilidade de rompimento do casamento e pela supremacia masculina na vida familiar e social contribuíram para a agudização das violências domésticas.

Mais que números estatísticos: vidas! 



O relatório “Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil” chega à quinta edição trazendo dados inéditos sobre as distintas formas de violência contra meninas e mulheres brasileiras. 

O estudo, conduzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e pelo Instituto Datafolha, mostra que a violência de gênero nos últimos doze meses atingiu o maior índice desde o início da série histórica, em 2016. 

Apesar disso, 47,4% das mulheres vítimas de violência grave no ano passado afirmam não terem feito nada diante da agressão sofrida. Mas 6% procuraram a igreja.


O diagnóstico, feito com base em autodeclaração, levanta a discussão sobre o papel dos espaços de fé na prevenção da violência e no acolhimento às mulheres. 

Ainda segundo a pesquisa, uma em cada quatro brasileiras sofreu agressão física por parte de parceiro atual ou ex-parceiro. 

Dentre as entrevistadas, 42,7% das mulheres que se identificaram como evangélicas sofreram violência ao longo da vida, contra 35% das que se identificaram como católicas.

Além dos discursos de fé 



Alinhado ao discurso familiar e religioso que envolve desproteção e moralização das condutas, escolhas e modos de viver das mulheres, há o Estado que, no encontro com o patriarcado, negligencia a garantia do direito à vida e compactua com a morte delas. 
 
Diante da falha do Estado em proteger a vida das mulheres, o papel das famílias, tanto em fornecer apoio financeiro quanto emocional, parece ser imprescindível à manutenção da vida.

Por outro lado, nesse contexto, as vivências religiosas, especialmente as evangélicas, podem comprometer o enfrentamento das violências contra as mulheres e dos feminicídios. 

Considerando a complexidade, gravidade e as múltiplas intersecções que perpassam esses fenômenos, é certo que as famílias religiosas merecem especial atenção no que concerne à efetivação de políticas públicas. 

Juntamente à consolidação de políticas públicas de proteção e garantia do direito à vida das mulheres, é primordial o enfrentamento a estruturas de opressão e hierarquização das relações sociais.

O pecado da omissão


Portanto, pensem nisto: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz comete pecado. -- Tiago 4:17
Os pesquisadores também sugerem que a proximidade das fiéis com líderes religiosos, no caso das mulheres evangélicas, pode ser um dos fatores que representam uma oportunidade ou uma barreira ao enfrentamento da violência. 

Enquanto na igreja católica existe uma hierarquia, o relacionamento é mais distante, entre as evangélicas o pastor é mais acessível, seja para pedir conselho, conversar ou desabafar.
Entretanto, se ele se fizer omisso ou indiferente, espiritualizando um crime, apenas orientando que essa fiel "vá orar", ao invés de orientá-la a ir buscar os meios legais contra o agressor, ele se torna cúmplice de uma situação que pode  evoluir — como na maioria das vezes evolui — para as tragédias dos homicídios.
Para os pesquisadores, essa relação poderia ajudar a quebrar o ciclo de agressões. Mas, na prática, a mediação funciona muitas vezes como barreira para o auxílio.

 
Isso porque, a mulher é desestimulada a fazer a denúncia, a sair do relacionamento, justamente por causa da sacralidade do matrimônio. 

Ela é aconselhada a outras coisas, como a resignação e a oração para que o agressor mude seu comportamento. 

São conselhos que apenas fazem com que a mulher siga na situação de violência. 

Conclusão 


Nosso interesse com este artigo está centrado em compreender a relação das mulheres com as instituições religiosas e familiares, assumindo como foco central a experiência de violência doméstica e riscos de feminicídio nessa conjuntura. 

Ressaltamos que não teve como objetivo compreender a relação das participantes com a (des)proteção do Estado, sendo importantes novos estudos nessa direção e a partir de uma perspectiva sócio-histórica e interseccional.


Por fim, a superação da violência nesse contexto implica em tensionar o espaço que as instituições religiosas assumem na vida social, assim como provocar a tecitura de vivências religiosas comprometidas com mudanças e com a formação de líderes religiosos(as) com perspectiva, crítica e histórica sobre as relações familiares, de gênero, classe e raça/etnia. 

Essa desafiadora tarefa tem sido tensionada pela teologia feminista e pelo movimento de mulheres religiosas a partir de questionamentos sobre as relações de poder, as mulheres e as populações em situação de exclusão.
 

É fundamental garantir que as mulheres em situação de vulnerabilidade e violência — independente de raça, de credo e de posição social, cultural e financeira — recebam o suporte necessário para romper com o ciclo de violência. 

A assistência social atua de forma integrada com as políticas de segurança pública e saúde, oferecendo apoio psicológico, jurídico e socioeconômico às vítimas. 

Além disso, promove a reintegração social e a autonomia das mulheres, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.




[Fonte: Caminhos Revista de Ciências da Religião — original, por Sandra Duarte de Souza, Universidade Metodista de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião Doutora em Ciências da Religião (UMESP) com pós-doutorado em História Cultural (UNICAMP). Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo. Coordenadora do Grupo de Estudos de Gênero e Religião Mandrágora/Netmal. Claudia Poleti Oshiro, Universidade Metodista de São Paulo, Mestre em Ciências da Religião (UMESP). Diretora do Instituto Integrar – Núcleo de Capacitação para o Desenvolvimento Humano e Social. Integrante do Grupo de Estudos de Gênero e Religião Mandrágora/Netmal. Le Monde Diplomatique Brasil, original por Camila Caringe é jornalista e se dedica a cobrir assuntos de sustentabilidade ambiental, social e de governança no Brasil e no mundo. Acompanhe o canal ESG Insights no Instagram, Tik Tok e também no YouTube.]

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  • O blogue CONEXÃO GERAL presa pelo respeito à lei de direitos autorais (L9610. Lei nº 9.610, de 19/02/1998), creditando ao final de cada texto postado, todas as fontes citadas e/ou os originais usados como referências, assim como seus respectivos autores.

E nem 1% religioso.

CANÇÕES ETERNAS CANÇÕES — "ALVORADA VORAZ", RPM

'Alvorada Voraz' é um dos maiores sucessos do RPM, uma música de 1986 com instrumental marcadamente pop oitentista e letra altamente politizada, que critica os traumas deixados pela ditadura militar, a corrupção dos poderosos e o crescimento da violência no país, compara a realidade com uma espécie de filme de terror.

Quase quatro década depois de seu lançamento, é impressionante como a letra de 'Alvorada Voraz' é tão atual, basta trocar alguns nomes citados que teremos uma fiel descrição do turbulento e polarizado cenário político e social de hoje.

Por ser atemporal, 'Alvorada Voraz' está aqui neste capítulo da nossa série especial de artigos "Canções Eternas Canções".

'Alvorada Voraz'

A letra


Na virada do século
Alvorada voraz
Nos aguardam exércitos
Que nos guardam da paz
Que paz?

A face do mal
Um grito de horror
Um fato normal
Um êxtase de dor

E medo de tudo
Medo do nada
Medo da vida
Assim engatilhada

Fardas
E força
Forjam
As armações
Farsas e jogos
Armas de fogo
Um corte exposto
Em seu rosto, amor

E eu nesse mundo assim
Vendo esse filme passar
Assistindo ao fim
Vendo o meu tempo passar

Apocalípticamente
Como num clipe de ação
Um click seco, um revólver
Aponta em meu coração

O caso Sudam
Maluf, Lalau
Barbalho, Sarney
E quem paga o jornal
É a propaganda
Pois nesse país é o dinheiro que manda

E juram que não
Corrompem ninguém
Agem assim
Pro seu próprio bem
São tão legais
Foras da lei
Pensam que sabem de tudo
O que eu não sei
Eu sei!

Nesse mundo assim
Vendo esse filme passar
Assistindo ao fim

Vendo o meu tempo passar (hey!)

Contexto


Como podemos ver, a letra de 'Alvorada Voraz', da banda RPM, é uma crítica contundente e visceral à corrupção e à violência, com foco especifico na realidade brasileira dos anos 80, pós ditadura, entretanto, seus tópicos, infelizmente, adentraram os anos 2000 afora.

A música, obviamente, foi alvo de censura. Ela era para ter sido lançada no primeiro disco, o "Revoluções por Minuto", lançado em 1985, e que alçou a banda ao estrelato, mas acabou ficando de fora, só sendo lançada no ano seguinte, como uma das faixas do icônico álbum "Rádio Pirata  Ao Vivo", o segundo e grande sucesso da banda, em 1986. 
Não vou aqui falar sobre a história da banda RPM, pois acredito que a maioria de nós já sabe, como além de bem sucedida, foi marcada por muita polêmica, turbulência, idas e vindas. 

Atemporalidade metafórica


Nos versos de 'Alvorada Voraz' é narrada, de forma metafórica, a realidade que foi retratada nos anos 80, e que infelizmente ainda hoje continua, onde se aborda a violência social e o medo que nos torna reféns da marginalidade, onde alguns políticos parecem ser marginais de gravata e são o maior exemplo de hipocrisia no país.
A letra, com suas metáforas e imagens fortes, aborda o medo, a impotência e a hipocrisia presentes na sociedade, especialmente na política.
'Alvorada Voraz' se tornou conhecida do público há 39 anos. No entanto, parece que foi composta hoje, criticando os horrores causados pela sangrenta Ditadura Militar, a corrupção dos poderosos, a escalada da violência no Brasil traduzindo aquele momento do País como um filme de terror.

O título


E a contundência crítica já começa no título. Alvorada é um termo com múltiplos significados, mas geralmente refere-se ao amanhecer ou ao momento em que a luz do dia começa a surgir, precedendo o nascer do sol.

Além disso, "alvorada" pode se referir a um toque militar ou uma apresentação musical realizada ao amanhecer, comumente em contextos militares ou em eventos festivos em cidades do interior. 

Já voraz, remete ao que é consumido com rapidez, com violência, que destrói, dilacera. Por exemplo, o lobo é considerado um animal voraz, pela rapidez e violência com a qual persegue e ataca suas presas, dilacerando-as. 

Brasil e suas intermináveis alvoradas vorazes


De lá para cá são quase quatro décadas, mas a música é muito atual, dado que aquele filme de terror, descrito na letra que fala da realidade, continua em cartaz.

A música aborda a violência que impera no Brasil, a qual transmite um medo constante e faz a população refém dele dentro de uma sociedade igualmente refém da marginalidade dos marginais assumidos e dos marginais engravatados que infestam a política brasileira; mas que se dizem honestos, homens de bem e não têm o menor pudor em falar o nome de Deus.

Mas como surgiu a letra, a melodia, como foi o trabalho de composição?


O que você com certeza não sabia é que surgiu de um problema que a banda teve em um de seus primeiros shows, quando a corda da guitarra de Fernando Deluqui estourou. 

Dali saiu boa parte da melodia, depois o Luiz Schiavon fez o resto da música e o Paulo Ricardo escreveu a letra.

O fato ocorreu em um dos primeiros shows, realizados no Rio de Janeiro, no "Noites Cariocas", um barzinho do Morro da Urca, em regime de pobreza total, segundo contou o tecladista Luiz Schiavon (1958/2023). 
"Carregávamos as caixas e os instrumentos, tínhamos apenas um roadie, apenas uma guitarra, enfim... No meio do show, o Deluqui quebrou uma corda da guitarra, que ia demorar para consertar. Então o resto da banda teve que improvisar, e daí surgiu o 'Alvorada Voraz'."
Segundo Paulo Ricardo, antes do show, à tarde, enquanto faziam a passagem de som em uma jam session, começaram a improvisar e a música surgiu, então quando a corda da guitarra quebrou, para segurar a onda resolveram usar a música como saída ao problema gerado naquele momento.

Era só a música, não havia letra ainda, como conta Paulo Ricardo, 
"recorri a isso porque não tínhamos nada naquela época."
Um técnico de som gravou aquela jam e toda a passagem de som e entregou para o Paulo Ricardo, que resolveu colocar letra naquela música, e foi aí que surgiu 'Alvorada Voraz'.

A letra de 'Alvorada Voraz' é uma reflexão sobre casos e escândalos que marcaram o noticiário e as rodas de conversa em todo o país.

A mensagem da música é atemporal e universal, e continua inspirando gerações de fãs do RPM até hoje. 'Alvorada Voraz' é uma prova do talento da banda em criar músicas que transcendem o tempo e a geografia, pois nos lembra que corrupção existe em todo lugar.

A letra de Alvorada Voraz é uma das melhores letras da banda, bem construída, com belos efeitos sonoros e fundamentalmente com aquela carga que as músicas de protesto tem, e o quanto elas são importantes para uma banda de rock, como conta Paulo Ricardo:
"Alvorada é uma alusão ao palácio da Alvorada, numa época em que saíamos da ditadura militar, mas ainda tínhamos algumas coisas a dizer. 
Além disso, no final dos anos 80 estávamos cercados por essas expectativas sombrias, por esses pensamentos niilistas, que o mundo acabaria em 2000, a Bíblia, nostradamus. 
Era uma geração cercada pelo pensamento de que a bomba poderia cair a qualquer momento."

Contexto atual


A letra de 'Alvorada Voraz' faz um raio-X na estrutura de poder que existe no Brasil, que está assim há muito tempo e não parece que vai mudar.

Esse presidencialismo de coalizão e polarização coloca todos os brasileiros reféns do sistema político, que jamais votarão em mudanças que impeçam os políticos de continuarem atuando da mesma forma.

Nesse tipo de radiografia que se faz, a versão de 1986 cita casos que tentam retratar a situação da época.

O caso Morel, que embora faça parte de uma obra literária do romancista Rubem Fonseca (1925/2020) dos anos 1970, que mistura ficção com realidade, retrata a violência urbana que não distingue classes sociais e a marginalização no país.

Isso se aprofunda com a inclusão de processos policiais que tiveram grande destaque na época, como o crime da mala, que foi um dos primeiros grandes processos criminais do país.

A história diz que Giuseppe, um imigrante italiano, matou sua esposa e tentou colocá-la em uma mala para se livrar de seu corpo. O homem foi preso, ficou na cadeia 17 anos e por decreto do então presidente Getulio Vargas (1882/1954) em 1944, teve sua pena reduzida, foi solto em 1948.

O caso "Coroa Brastel", outro dos casos citados na letra, em 1985 foi divulgada uma manobra envolvendo ministros do governo da ditadura, foram processados pelo desvio de verbas e favorecer empresários da época, mais um exemplo da impunidade de alguns políticos.

São todos casos emblemáticos que retratam a época, e mostram como os poderosos estão sempre envolvidos nesse tipo de manobra, pode ser um escândalo de joias, ou contrabando, que apesar dos anos continua sendo um negócio para os mesmos de sempre.

Quiproquó na área


A letra de 1986 teve uma atualização em 2002, para o projeto  "RPM — Ao Vivo MTV", Paulo Ricardo decidiu que era hora de fazer uma atualização dos escândalos.

Isso fez com que a banda fosse processada por um dos citados nesta nova letra, Paulo Maluf iniciou um processo judicial, que anos depois foi arquivado pela Justiça.

Na atualização, Paulo Ricardo procurava retratar a situação atual do país a partir de casos ou personagens que na época estavam envolvidos em casos de corrupção, como Jader Barbalho que foi governador, deputado e senador, Paulo Maluf, então Governador de São Paulo, José Sarney ex-presidente da república e Nicolau Dos Santos Neto (1928/2020), também conhecido como Lalau ou Nicolalau,  após o desvio de recursos, ocorrido de 1994 a 1998, que seriam utilizados na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo. 

Já em 2011 a banda tocou uma versão onde colocavam novas caixas como a caixa dois e o mensalao.
E se reatualizássemos a letra hoje? Quem seriam os ilustres personagens citados? Fica a reflexão, cada qual, obviamente, trará a mente nomes alinhados a sua linha ideóligica político-partidária.

Conclusão


A letra assegura que no Brasil a mídia e a propaganda são pagas pelos mais poderosos, já que neste país quem manda é o dinheiro.

'Alvorada Voraz' é uma música poderosa e atemporal que continua a gerar reflexões sobre a realidade brasileira e a importância da luta contra a corrupção e a violência.

No Brasil, eleição é um vestibular para escolher os novos corruptos; se bem que quando o cara é bem corrupto mesmo ele é amado e não perde o posto.

Quanto mais safado, mais ele convence o eleitor. Enquanto os votantes continuar com essa paixão cega por políticos, vamos continuar na lama, buscando culpados e defendendo ladrões.

Acorda Brasil, já passou da hora da alvorada voraz. Até quando vamos permanecer assistindo a esse filme de horror?

A música, por honra ao mérito, já está aqui na nossa série. Agora, só falta o meu carimbo de
[Fonte: RPM Oficial]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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quinta-feira, 31 de julho de 2025

TEOLOGANDO — QUAL O VERDADEIRO SIGNIFICADO BÍBLICO DE "IGREJA"?

"...E também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela..." (Mateus 16:18).
Todos nós temos uma definição a respeito da igreja. Alguns irmãos irão definir igreja a partir da ortodoxia; outros, no entanto, irão dizer o que é a igreja a partir de suas experiências pessoais.

E veja como isso é curioso: aqueles que definem igreja a partir da ortodoxia, mas que, ainda assim, não experimentam a vida como igreja, entenderam tudo errado; por outro lado, aqueles que têm muitas experiências como igreja, mas não conseguem entender o que estão vivendo, também correm o risco de provarem de coisas ruins pela má compreensão do que é a igreja.

Diante disso, entender o que é a igreja passa por uma compreensão correta daquilo que a Bíblia define, mas também por uma experiência vívida na igreja. É o que veremos neste capítulo da nossa série especial de artigos Teologando.

Conceituando o termo "igreja"


Particularmente, gosto de ver a igreja como a comunidade daqueles que foram salvos em Cristo porque ouviram a voz de Deus.

Em Deuteronômio 4:32-39, Moisés diz que o povo de Israel, recém-libertado da escravidão no Egito, se tornou povo de Deus porque o SENHOR falou com eles:
"...Dos céus ele fez com que ouvissem a sua voz, para ensiná-los, e sobre a terra lhes mostrou seu grande fogo, e do meio do fogo vocês ouviram as suas palavras..." (Vs. 36).
E quando olhamos para o Novo Testamento, a afirmação poderosa do apóstolo Paulo a respeito de como a fé surgiu em nós aprofunda ainda mais essa idéia.

Ele diz claramente que a
“fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Cristo” (Romanos 10:17).
Em toda essa passagem, Paulo está nos dizendo que aqueles que crêem no Evangelho, crêem porque ouviram ao Deus que fala; aqueles que não crêem, fecharam seus ouvidos e corações ao Deus que fala (Vss. 14-21).

O que é a Igreja segundo a Bíblia


A igreja é o conjunto de todas as pessoas que receberam Jesus como seu Senhor e Salvador e seguem a Deus. Cada crente é parte da igreja. Na Bíblia a igreja não é um edifício; é um conjunto de pessoas.

“Igreja” significa assembleia ou congregação. A igreja é um conjunto de pessoas que se reúnem para juntos seguirem a Deus. A igreja é uma comunidade. A Bíblia diz que a igreja é:
  • Todos os crentes — todos salvos de todo o mundo, do passado, presente e futuro, formam a igreja e estão eternamente ligados através de Jesus Cristo (1 Coríntios 1:2).
  • Um grupo de crentes — quando duas ou mais pessoas se reúnem no nome de Deus, formam uma igreja local, que é uma pequena parte da igreja total.
Hoje em dia o lugar onde a igreja se reúne regularmente também é chamada de igreja. Na verdade, o edifício não é a igreja; as pessoas dentro do edifício formam a igreja.

Qual é a importância da igreja?


Deus instituiu a igreja. Ninguém pode viver sua fé em isolamento; cada crente precisa viver em comunidade. A igreja implica união; onde crentes não se reúnem não há igreja (Hebreus 10:25).

Ninguém é perfeito. Todos precisamos de ajuda e encorajamento em nossa caminhada com Deus. Todos os membros da igreja devem ajudar uns aos outros, crescendo juntos no amor de Cristo.

Não se reunir com a igreja é um ato de egoísmo e prejudica sua fé. Deus está onde a igreja se reúne (Mt 18:20). Para ter mais comunhão com Deus é essencial estar com outros crentes.

A igreja é o corpo de Cristo (1 Co 12:27). Quando alguém perde um dedo, esse dedo morre porque não está unido ao resto do corpo. Da mesma forma, nossa fé pode morrer se nos afastamos da igreja.

A vida abundante que Deus tem para nós só pode ser plenamente vivida em comunidade, como igreja.

A Igreja Universal e a Igreja Local


Algumas vezes a Bíblia usa a palavra “igreja” no sentido universal, isto é, para falar de todo o povo que pertence a Cristo, não importa de onde ele possa ser. Jesus falou da igreja deste modo (Mt 16:18).

Ele não está falando apenas de uma congregação local, nem está falando de uma organização ou instituição mundial.

Ele está falando de pessoas, pedras vivas, construídas sobre Jesus Cristo, a fundação sólida.

Paulo falou da igreja, neste mesmo sentido universal, quando escreveu: 
"...Cristo é o cabeça da Igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo" (Efésios 5:23).
Jesus é o cabeça sobre todos aqueles que o servem, todos aqueles lavados e purificados de seus pecados (Vs.26).

Frequentemente, a palavra “igreja” é usada para descrever uma congregação local ou assembleia de santos. Note uns poucos exemplos:
“…à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos…” (1 Co 1:2); 
“E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano” (Mt 18:17); 
“...saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles” (Rm 16:5).
Igrejas locais são o resultado da pregação do evangelho. Quando as pessoas obedecem a palavra e se tornam cristãs, elas começam a reunir-se com outros irmãos na fé.

A Igreja 

Organismo, não Organização


A igreja é uma organização? Muitas pessoas têm a noção errada de que a igreja é uma organização ou instituição, independente do povo que compõe a igreja.

Este não é o conceito bíblico de igreja. Jesus não morreu para estabelecer uma instituição, mas para salvar o povo do pecado (Atos 20:28; 1 Co 6:20). Jesus e o Pai não habitam numa organização, mas no povo que os obedece (João 14:15, 23).

Em vez de falar de uma organização, a Bíblia descreve a igreja como um corpo composto de membros vivos (Rm 12:4,5; 1 Co 12:12-27; Colossenses 1:18,24; Ef 5:23). Estes membros do corpo são “blocos” ou “pedras” usados na construção da igreja (1 Pedro 2:5; 1 Co 3:10-15).

Muitas pessoas sugerem que a “igreja universal” é constituída de todas as congregações locais no mundo. Isto não é um conceito bíblico.

Uma igreja local consiste de cristãos que se reúnem num determinado lugar. Eles podem ser identificados e contados (Rm 16:14, 15; 1 Co 16:19; Cl 4:15).

A igreja universal consiste de todos os discípulos de Cristo em todo o mundo. Nenhum homem é capaz de identificar e contar todos os membros deste corpo universal.

Tentativas de contar todos os verdadeiros cristãos em uma nação ou no mundo ilustram a ignorância e a vaidade dos homens. Somente Deus pode contar e identificar seus “primogênitos arrolados nos céus” (Hb 12:23).

Descrições Bíblicas da Igreja que Pertence a Jesus


A Bíblia não usa um nome exclusivo para a igreja. É errado, portanto, insistirmos num único nome que todas as igrejas fiéis tenham que usar.

Muitas passagens falam simplesmente da igreja, algumas vezes identificando o local (cidade ou casa) onde o grupo de cristãos se reunia.

Portanto, podemos nos referir à igreja simplesmente como “a igreja” (At 8:1; 9:31; Rm 16:1).

Frequentemente, as descrições da igreja no Novo Testamento mostram a relação que existe entre o Senhor e sua igreja.

A igreja pertence a Deus, e é, muitas vezes, chamada “a igreja de Deus” (veja Atos 20:28; 1 Coríntios 1:2; 10:32; Gálatas 1:13; 1 Timóteo 3:5,15).

Jesus derramou seu sangue para comprar a igreja. Portanto, Paulo falou de “igrejas de Cristo” (Rm 16:16) e Jesus falou de sua própria igreja (Mt 16:18).

O povo de Deus pode ser corretamente descrito como a “igreja dos primogênitos arrolados nos céus” (Hb 12:23).

Descrições Bíblicas da Igreja que Pertence a Jesus


A Bíblia não usa um nome exclusivo para a igreja. É errado, portanto, insistirmos num único nome que todas as igrejas fiéis tenham que usar.

Muitas passagens falam simplesmente da igreja, algumas vezes identificando o local (cidade ou casa) onde o grupo de cristãos se reunia. Portanto, podemos nos referir à igreja simplesmente como “a igreja” (At 8:1; 9:31; Rm 16:1).

Frequentemente, as descrições da igreja no Novo Testamento mostram a relação que existe entre o Senhor e sua igreja.

A igreja pertence a Deus, e é, muitas vezes, chamada “a igreja de Deus” (veja At 20:28; 1 Co 1:2; 10:32; Gl 1:13; 1 Tm 3:5,15).

Jesus derramou seu sangue para comprar a igreja.

Portanto, Paulo falou de “igrejas de Cristo” (Rm 16:16) e Jesus falou de sua própria igreja (Mt 16:18). O povo de Deus pode ser corretamente descrito como a “igreja dos primogênitos arrolados nos céus” (Hb 12:23).

Consideremos o significado de descrições bíblicas comuns da igreja.
  • O Corpo de Cristo (Cl 1:24; Ef 1:22-23; 4:12) — Assim como o corpo humano não pode sobreviver separado da cabeça, não podemos viver sem nosso cabeça, Jesus Cristo (Ef 5:23; Cl 1:18). Discípulos de Jesus são membros do corpo (Rm 12:4-5; 1 Co 12:12-27; Ef 3:6; 4:16; 5:30).
  • O Reino de Deus ou Reino dos Céus (Mt 3:2; 4:17; Lc 4:43; At 8:12; 19:8; 20:25; 28:23,31) — A ideia de reino ressalta a posição de autoridade do rei (veja 1 Co 4:20; Hb 1:8; 12:28-29; Mt 28:18-20; Ap 12:10). O reino de Cristo não é deste mundo (Jo 18:36). Em vez de ser uma entidade política e mundana, a igreja é um reino espiritual assentado no caráter santo de Deus. Podemos entrar no reino somente quando formos transformados espiritualmente (Cl 1:13). Como servos do Rei, temos que desenvolver as características espirituais de nosso Senhor (Tiago 2:5), incluindo sua humildade, inocência (Marcos 10:14-15) e santidade (1 Co 6:9-10; Gl 5:19-21).
  • A Casa de Deus (1 Tm 3:15) — não é um edifício material, mas o santuário e a habitação do Senhor (Ef 2:21-22). É um edifício espiritual (1 Pd 2:5).
  • O Rebanho de Deus (At 20:28) — Jesus é o bom pastor que deu sua vida pelas ovelhas (Jo 10:11). As ovelhas ouvem sua voz e o seguem para receber a vida eterna (27,28).
A igreja era conhecida como "a Igreja de Deus", como se vê em passagens como:
👉“À igreja de Deus que está em Corinto” (1 Co 1:2). 
👉“Apascentai a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue” (At 20:28). Essa expressão revela a natureza divina da Igreja, pertencente a Deus, não a uma denominação humana.
As reuniões também eram diferentes. Não existia um clero exclusivo ou um pregador fixo responsável por ministrar os cultos. 

Pelo contrário, a participação de todos era incentivada. Cada membro era encorajado a exercer seus dons e talentos para a edificação mútua do corpo de Cristo, o que tornava as reuniões mais dinâmicas e vivas.
👉“Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, cada um de vós tem salmo, doutrina, revelação, língua, interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1 Co 14:26).
Esse versículo mostra que cada membro participava ativamente, e o culto não era centralizado em uma única figura.

As celebrações aconteciam em ambientes simples e informais, geralmente nas casas dos próprios irmãos. 

Não havia templos ou construções religiosas específicas. A simplicidade do culto refletia a essência da fé cristã, centrada exclusivamente em Jesus Cristo.
👉“Saudai também a igreja que está na casa deles” (Rm 16:5). 
👉“À igreja que está em sua casa...” (Filemom 2).
Esses textos demonstram que as igrejas se reuniam nas casas, como expressão de comunhão, e não em estruturas institucionais.

Outro aspecto marcante era a unidade da igreja. Não havia divisões doutrinárias nem diferentes estilos de adoração. Havia uma só fé, um só propósito, um só corpo a Igreja de Deus.
👉“Há um só corpo e um só Espírito... um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos...” (Ef 4:4–6)

Conclusão

Nomes Humanos Causam Divisão


A igreja primitiva se via como a verdadeira expressão do povo de Deus, unida em amor, em missão, e na mensagem transformadora do Evangelho.

A divisão religiosa em nossa sociedade é vergonhosa. Muitas pessoas estão confusas num mundo com muitos nomes diferentes de igrejas.

Alguns destes nomes honram certos homens, enquanto outros ressaltam pontos doutrinários específicos.

A unidade dos salvos é baseada no nome e na doutrina de Cristo. Devemos fazer tudo pela autoridade de Jesus ou em seu nome (Cl 3:17).
“Não há salvação em nenhum outro... nome...” (At 4:12).
Esta unidade é possível somente quando falamos e pensamos a mesma coisa, que é a doutrina de Cristo (1 Co 1:10).

Quando os homens começam a seguir outros homens, perdem a unidade com Cristo e seu povo (1 Co 1:11-13).

Divisões e contendas acontecem na igreja, em parte, porque algumas pessoas se identificam somente com nomes humanos.

Paulo argumentou que devemos identificar-nos somente com o Senhor que servimos.

Jesus foi crucificado por nós e somos batizados em seu nome. Jesus, e não homens, merece nossa dedicação e honra. Os verdadeiros seguidores de Deus fazem parte da igreja que pertence a Jesus.


Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.