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terça-feira, 12 de março de 2024

OS "HERÓIS DESCONHECIDOS" DA BÍBLIA — EPAFRODITO

Em mais um capítulo da minha série especial de artigos, "Os 'Heróis Desconhecidos' da Bíblia", vou tratar de um personagem esquecido, de quem talvez você nunca tenha ouvido nada. 

Paulo, no capítulo 2 da carta aos Filipenses, mostra-nos que o próprio Pai exaltou a Cristo sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo o nome (2:9-11). Se a ênfase do capítulo 1 de Filipenses é Cristo primeiro, a ênfase do capítulo 2 é o outro na frente do eu. 

Neste capítulo, Paulo dá quatro exemplos de abnegação. Ele menciona o exemplo de Cristo (2:5-11), o seu próprio exemplo (2:17,18), o de Timóteo (2:19-24) e o de Epafrodito (2:25-30). Aqui, portanto, tratarei de Epafrodito cujo significado é: "gracioso", "amável" e "generoso".

O contexto de Filipenses

Para entendermos a importância de Epafrodito no ministério de Paulo, é imprescindível que compreendamos o contexto no qual ele escreveu a epístola à igreja de Cristo reunido em Filipos.
A carta de Paulo aos Filipenses é uma das mais belas desse apóstolo. Esta epístola está repleta de ternura, gratidão e afeição.

Filipenses nos apresenta um diário íntimo das próprias experiências do apóstolo. Ela foi escrita em circunstâncias difíceis, enquanto o grande defensor da fé era prisioneiro.

A nota dominante em toda a carta é a alegria triunfante. Paulo, embora fosse um prisioneiro, era muito feliz e incentivava seus leitores para sempre se regozijarem em Cristo. A alegria apresentada em Filipenses envolve uma ardente expectativa da iminente volta de Jesus. Isso pode ser observado quando ele faz cinco referências à volta de Cristo, e em cada referência há uma nota de alegria (1:6,10; 2:16; 3:20; 4:5).

Quando Paulo escreveu esta carta, ele tinha dois propósitos: agradecer à igreja de Filipos por sua generosidade. Essa é uma carta de gratidão pelo envolvimento desta igreja com o veterano apóstolo em suas necessidades. Essa igreja foi a única que se associou a Paulo desde o início do seu ministério para sustentá-lo (4:15). 

Enquanto Paulo esteve em Tessalônica, eles enviaram sustento para ele duas vezes (4:16). Em Corinto, a igreja de Filipos o socorreu financeiramente (2 Coríntios 11:8,9). Quando Paulo foi para Jerusalém depois de sua terceira viagem missionária, a igreja levantou ofertas generosas e sacrificiais para atender aos pobres da Judeia (2 Co 8:1-5). 

E quando Paulo esteve preso em Roma, a igreja de Filipos enviou Epafrodito com donativos para prestar-lhe assistência na prisão (Fp 4:18). E o segundo propósito desta carta era alertar a igreja de Filipos acerca de sérios problemas: um interno e outro externo.

Nada é tão novo, nada é tão velho...


Um deles era a quebra da comunhão. A desunião dos crentes era um pecado que atacava o coração da igreja. Esta era uma arma destruidora que estava roubando a sua eficácia diante do mundo. A igreja filipense sofria com problemas de presunção (Fp 2:3), que induziam ao egoísmo (2:4), quebrando a koinonia, o espírito de boa vontade para com a comunidade.
(Estão vendo como nada é tão novo e nem tão velho?)
Isso gerava pequenas disputas (4:2) e espírito de reclamação (2:14). Havia um espírito individualista e elitista em alguns membros da igreja de Filipos que colocava em risco a harmonia na igreja. Até mesmo duas irmãs estavam em desacordo dentro dela (4:2). 

O segundo problema era a heresia doutrinária. A igreja estava sob ataque também do perigo dos falsos mestres (3:2). O judaísmo e o perfeccionismo investiam contra a igreja. Paulo os chama de adversários (1:28), inimigos da cruz de Cristo (3:17).
É nesse cenário controverso que se destaca a figura singular do nosso "herói desconhecido", o irmão Epafrodito, tão incomum quanto o seu nome.
Esse valoroso obreiro é citado na carta aos Filipenses apenas neste trecho (2:25-30) e em 4:18, mas isso já é suficiente para compreendermos seu profundo amor por Jesus e pela Igreja. 

Quem foi Epafrodito?


A vida de Epafrodito refletia seu nome. Ele era um homem pronto a servir, mesmo correndo grandes riscos. Ele foi o portador da oferta da igreja de Filipos a Paulo e o portador da carta deste àquela igreja. 

Epafrodito viajou de Filipos a Roma para levar uma oferta da igreja ao apóstolo (2:30; 4:18) e também assistir o apóstolo na prisão (2:25). Paulo o chama de irmão, cooperador e companheiro nos combates. Epafrodito era um com Paulo em afeto, em atividade e em perigo.

Paulo diz que Epafrodito era um irmão (2:25). Se estamos em Cristo, há um elo de amor fraternal que nos une uns aos outros. Quanta desunião há no meio do povo de Deus. Quantas divisões e contendas, brigas por poder, discussões tolas, reuniões que, em vez de aproximarem os irmãos, acabam por afastá-los da comunhão com Cristo e a igreja.

Paulo diz que Epafrodito era um irmão. Mas ele era também um cooperador  (2:25). Ele era um trabalhador na obra de Cristo e um cooperador de Paulo. A palavra grega que Paulo usa aqui é synergos, denotando que Paulo e Epafrodito estão no mesmo serviço do Reino de Deus. Onde estão os cooperadores do Reino de Deus? Onde estão os "Epafroditos"?

Ele era também um companheiro nos combates. Warren Wiersbe, erudito em teologia, conhecido como o "pastor dos pastores" (✩1929/✞2019) disse: 
"A vida cristã não é uma colônia de férias, mas um campo de batalha".
Epafrodito estava no meio desse campo de batalhas com o apóstolo Paulo. A ideia do original é que eles são "companheiros no conflito"  na guerra contra o mal. Não lutamos contra pessoas. Nossa guerra é contra Satanás, o príncipe deste mundo.

Epafrodito e Paulo


Epafrodito chegou a Roma durante a prisão anterior de Paulo com um "presente" substancial (presumivelmente em dinheiro) dos cristãos filipenses ao apóstolo, de cujo empobrecimento eles tinham ouvido falar. Depois de cumprir sua comissão e fortalecer, por meio de sua personalidade calorosa e afetuosa, o vínculo de comunhão entre o apóstolo e seus "amados" filipenses convertidos, Epafrodito permaneceu em Roma em parte para prestar serviço pessoal a Paulo, como representante dos devotos filipenses, e em parte para participar na "obra de Cristo" como colega do Apóstolo no ministério missionário. 

Paulo encontrava-se muito doente. Ele não apenas adoeceu, mas adoeceu para morrer. Sua enfermidade foi algo gravíssimo. Ser cristão não é viver em uma redoma de vidro blindada em que nada nos atingirá. Muitos irmãos nossos partiram cancerosos, cegos, surdos; e isto não os tornou derrotados. Pelo contrário, mesmo em meio à mais alta dor e sofrimento, continuaram servindo ao Senhor!

Enquanto isso, os filipenses ouviram falar da doença de seu enviado e, aos poucos, sua ansiedade tornou-se conhecida em Roma. Em parte para aliviar essa preocupação e satisfazer o "anseio" de Epafrodito; em parte para transmitir o reconhecimento agradecido do apóstolo pelo presente recente; também em parte, podemos presumir (embora com delicada consideração esta razão não seja expressamente declarada), para que a saúde do enfermo seja totalmente restaurada através de um descanso completo, como ele não teria em Roma, o Apóstolo o envia de volta a Filipos com uma testemunho cordial de seu trabalho zeloso e serviço cortês. Depois disso, Epafrodito desaparece da história do Novo Testamento, deixando atrás de si a memória fragrante de devoção abnegada e esquecida de si mesmo à pessoa de Paulo e à causa de Cristo.

O que aprendemos com Epafrodito?


Ao nos debruçar na carta do apóstolo Paulo aos Filipenses, podemos o ver dizer que Epafrodito era seu cooperador e companheiro. Cooperador é aquela pessoa que serve onde for necessário, que está sempre disponível. Que trabalha sem que haja necessidade de "holofotes", de algum benefício próprio. A alegria do cooperador é ver as coisas acontecerem. E o Apóstolo Paulo afirma que assim era Epafrodito.
"Julguei, todavia, necessário mandar até vós a Epafrodito, por um lado meu irmão, cooperador e companheiro; e, amigo de lutas; […]" (Filipenses 2:25).
Analisando o versículo, vemos Paulo destacar importantes características a respeito de Epafrodito.

Ao observarmos o contexto da carta, é esclarecido que o apóstolo Paulo estava preso e necessitava de alguns recursos na prisão em Roma. Os irmãos têm conhecimento disso , e lembrando do seu líder, pensam e dispõem-se a levantar recursos. 

Mas quem faria com que chegasse a Paulo? Quem viajaria e o encontraria em Roma? Quem prestaria esse socorro? Epafrodito voluntariamente se dispõe. Segue viagem, adoece gravemente, chegando quase a morte, todavia não deixa de cumprir sua missão, seu coração leal e amável não considerava sua vida por preciosa, mas se arriscava em prol do Reino.
"[…] visto que, por causa da obra de Cristo, chegou ele às portas da morte e se dispôs a dar a própria vida, para suprir a vossa carência de socorro para comigo" (Fp 2:30 / ARA).
Ah, meu Deus! Que homem admirável! Que atitude grandiosa! Epafrodito não considerou sua vida por preciosa, mas buscou auxiliar, honrar a vida do seu líder, por amor a Cristo!!

Como precisamos de Epafroditos nos dias de hoje! Que em nossas igrejas, se levantem os Epafroditos. Verdadeiros cooperadores. Ministros de socorros genuínos. Pessoas leais, que andam em amor Ágape, o tipo de amor sacrificial que não busca os próprios interesses (1 Coríntios 13:5).

Homens e mulheres compromissados com a Causa de Cristo. Que se doam por amor! Com corações devotos. Gente que não considera sua vida por preciosa, como fazia o apóstolo Paulo e tantos outros… gente que não busca os interesses desse mundo, e até mesmo os próprios, dantes dão a primazia ao Evangelho de Cristo. Gente que serve, que socorre. Gente que é mão que levanta, que sustenta, que faz o Reino avançar!

Precisamos de pessoas com a mentalidade e a atitude de Epafrodito: de honra, de serviço, de doação, de humilde, voluntariedade e amabilidade. E existe uma boa notícia a quem cultiva e desenvolve isso. A boa notícia é que se você pensa e age como esse homem de Deus, como Epafrodito,tão doador, disponível a servir, entregue, e cheio de amor e honra ao Senhor, colherá honra!! Pois como disse o admirável apóstolo Paulo:
"[…] honrai sempre a homens como esse!" (2:29).

Conclusão


Este cooperador de Paulo foi um homem de qualidades superlativas. Ele chegou a ponto de dispor a sua vida pela obra de Cristo (2:30). A viagem de Filipos a Roma era uma jornada longa e árdua, de mais de mil quilômetros.

Associar-se a um homem acusado, preso e na iminência de ser condenado, constituía para Epafrodito um risco sério. Entretanto, ele se dispôs a enfrentar todas essas dificuldades pela obra de Cristo e em favor da assistência material e espiritual a Paulo na prisão.

A palavra grega que Paulo usa no versículo 30 de Filipenses 2 para: se dispôs a dar a própria vida (ARA) é paraboleusamenos. Essa palavra se aplica ao jogador que arrisca, que aposta tudo em um lance de dados. Que se levantem os Epafroditos nessa geração!

[Fonte: Verbo da Vida, texto original por Janiklessya Oliveira (acessado em 11/03/2024); Apologeta, texto original por Luan Lessa (acessado em 11/03/2024). Cristão Alerta, texto original acessado em 11/03/2024.]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.

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