Foto: Divulgação em redes sociais |
Nesta quinta-feira (12), foi confirmada a morte da ativista bolsonarista Karol Eller, de 36 anos, um mês após iniciar o seu "tratamento de conversão sexual". A informação foi confirmada pelo Deputado Federal Nikolas Ferreira (PL-MG) por meio de postagens nas redes sociais.
Eu devo confessar que até então, nunca havia sequer ouvido falar nesta moça, mas, devido à grande repercussão midiática sobre a morte dela, fui pesquisar de quem tratava-se, para poder escrever o texto deste artigo.
Uma das coisas que mais me chocaram, além, obviamente, do suicídio desta jovem, é o que está fazendo a imprensa. Numa prova de total desrespeito aos familiares e amigos dela, estão a todo custo enfatizando a orientação sexual e militância política dela em detrimento de falar sobre algo muito mais sério, importante e que requer uma conscientização por parte de toda a sociedade: os altos índices mundiais na prática de suicídios.
Uma das coisas que mais me chocaram, além, obviamente, do suicídio desta jovem, é o que está fazendo a imprensa. Numa prova de total desrespeito aos familiares e amigos dela, estão a todo custo enfatizando a orientação sexual e militância política dela em detrimento de falar sobre algo muito mais sério, importante e que requer uma conscientização por parte de toda a sociedade: os altos índices mundiais na prática de suicídios.
E olha que justamente o mês passado, foi o de conscientização e prevensão ao suicídio, o chamado Setembro Amarelo, onde muitos colocaram fitinha amarela na lapela, mas, será que só isso é o bastante? Não seria o momento para uma abordagem mais incisiva e responsável sobre o tema, por parte das nossas autoridades? Inclusive, eu tive a responsabilidade de ministrar uma palestra sobre este tema na faculdade onde curso minha pós-graduação em Psicanálise Contemporânea.
Sucídio: não nos cabe especular ou julgar, mas sim nos conscientizar
Imagem: GZH
O tema sobre o suicídio, mesmo permeado por muitos tabus, polêmicas, controvérsias e equívocos, é de extrema importância e complexo, o que nos leva a refletir sobre o que faz uma pessoa a tirar a própria vida, quais são os motivos pelo qual viver se torna desinteressante.
Até hoje não existem regras definidas para esta "causa", geralmente ocorrem em culminância com uma série de fatores, que se acumulam no decorrer da existência, tais como fatores familiares, sociais, biológicos, psicológicos, etc.
Embora a relação entre distúrbios suicidas e mentais (em particular, depressão e abuso de álcool) estejam bem estabelecidos em países de alta renda, vários suicídios ocorrem de forma impulsiva em momentos de crise, um colapso na capacidade de lidar com os estresses da vida — tais como problemas financeiros, términos de relacionamento, dores crônicas ou doenças.
Além disso, enfrentamento de conflitos, desastres, violência de todos os tipos, abusos ou perdas, e um senso de isolamento estão fortemente associados com o comportamento suicida.
As taxas de suicídio também são elevadas em grupos vulneráveis que sofrem discriminação, como refugiados e migrantes; indígenas; lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais (LGBTI); e pessoas privadas de liberdade.
Outro ponto a ser considerado se refere à Era pós-moderna, fracassos em relacionamentos, seguido das relações interpessoais, frustrações midiáticas (há um fenômeno de pontencialidade suicida entre pessoas envolvidas com enganjamentos nas redes sociais) resultam na busca de alternativas para suprir decepções, muitas vezes virtuais, podendo gerar um vazio, uma solidão que elevará os níveis de angustia.
A OMS – Organização Mundial da Saúde em 2014 divulgou dados do primeiro Relatório Global para Prevenção do Suicídio, revelando que mais de 800 mil pessoas dão fim à própria vida todos os anos no mundo.
Ainda de acordo com a OMS, o suicídio é um grande problema de saúde pública, cerca de 75% dos casos ocorrem em países de baixa e média renda. O Brasil é o oitavo país, nas Américas, em número de suicídios.
Quem era Karol Eller?
Foto: divulgação em redes sociais |
Karol Eller, conhecida por levantar incisivamente a bandeira de Bolsonaro, anunciou recentemente aos seus seguidores que iria sublimar a sua sexualidade, isto é, reprimir o desejo que tinha para não praticá-lo.
Aos 36 anos, era uma das apostas para as eleições municipais de 2024 do Partido Liberal (PL), legenda à qual se filiou pelas mãos do ex-presidente Jair Bolsonaro, em julho.
Flávia Caroline Andrade Eller, mais conhecida como Karol Eller era prima de terceiro grau da cantora Cássia Eller (✩1962/✞2001) e, antes de se tornar influenciadora digital, foi promotora de eventos.
A ativista política acumulava mais de 600 mil seguidores em seu Instagram, defendendo a família Bolsonaro e sempre se colocando contra os ideais da esquerda brasileira. Em 2018, Karol Eller foi nomeada para um cargo na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), do qual ela foi exonerada em 2023.
Em setembro, Karol Eller havia anunciado nas redes sociais o seu primeiro tratamento de "reversão sexual" para reprimir os desejos de sua sexualidade.
"Família tripliquem as orações, pois Deus me usou como nunca, e daquipra frente estou pronta para guerrear debaixo da autoridade do nome de Jesus!
Foto: divulgação em redes sociais
Que diminua eu, pra que tu cresças, Senhor, mais mais. RENÚNCIA! Sim, eu renunciei à prática homossexual, eu renunciei vícios e renunciei os desejos da minha carne para viver em Cristo! Que Deus abençoe vocês!",
dizia ela em seu texto.
Na ocasião, Karol participava de um retiro espiritual na Igreja Assembleia de Deus. O evento foi sediado no interior de Goiás.
Questionada por um seguidor, Karol confirmou que reprimiria sua sexualidade.
"Eu abri mão dos meus desejos pra servir a Cristo! Renunciei a tudo que não agradava ao meu senhor para servi-lo",
explicou.
"Perdi a guerra...!"
Imagem: divulgação em redes sociais |
"Perdi a guerra!...",
iniciou a influenciadora.
Em seguida, Karol passou o endereço do prédio e convocou o Corpo de Bombeiros.
"...Me perdoem por causar toda essa dor aos que me amam! Se cuidem por aqui. Que sua história seja docente dancinha [sic], mas eu tentei!",
finalizou.
No imóvel, os militares encontraram "bastante medicação", conforme registros da Polícia Civil, mas sem maiores detalhamentos. Os bombeiros também encontraram manchas de sangue no sofá e na cama da vítima. O caso foi registrado como suicídio consumado pelo 27º DP (Campo Belo).
Conclusão
Como mencionado acima, o suicídio é um tema complexo, porém, precisa ser sim debatido, por mais desconfortante que seja, pois não existem regras nem fórmulas aplicáveis ao estudo da natureza humana, é necessário criar uma consciência, perceber que a vida em certos momentos depende do apoio e amparo de outra vida, navegar no universo inconsciente e desvendar os sentimentos para um autoconhecimento, há meu ver é um dos maiores desafios da humanidade.
Outro ponto a ser considerado se refere à Era pós-moderna, fracassos em relacionamentos, seguido das relações interpessoais, resultam na busca de alternativas para suprir decepções, muitas vezes virtuais, podendo gerar um vazio, uma solidão que elevará os níveis de angustia.
Ressalto uma particularidade do suicida, uma descaracterização da personalidade, ele não se reconhece e identifica-se com o agressor interno. Ou seja, mais do que nunca, o tema precisa sim ser trazido à pauta — em todos os nichos sociais — não apenas em um mês específico, mas durante todo o ano e sempre que for possível, pois, urgente, oportuno e relevante, está mais que provado que é.
[Fonte: CVV — Centro de Valorização da Vida, texto original por Por Julio Robinson Belli]
Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.
Ótima matéria parabéns pela sensibilidade sobre o tema 👏🏻👏🏻
ResponderExcluirObrigado, Flávia! Este é mesmo um tema que requer seriedade e sensibilidade para pautar. Muitos são os que pensam que a omissão ou a indiferença é o melhor a se fazer, porém, o fato é que o problema do suicídio permeia a realidade de todos nós e precisamos estar atentos aos sinais, aos pedidos de ajuda que um potencial suicida nos dá, para que, assim, a gente ao menos tente reverter essa triste situação com os mecanismos de prevenção.
ExcluirTriste... parabéns pela matéria!
ResponderExcluirObrigado, Natty! Sim, muito triste mesmo. O que mais me indignou no caso dessa moça, é que a forma como a maioria da imprensa está tratando o caso. Dando ênfase à orientação sexual e militância política da garota, ao invés de, já que vai repercutir, focar no grave problema do suicídio. Pelo que li nas pesquisas que fiz, essa garota deu inúmeros sinais que precisava de ajuda, porém, ao que parece, houve por parte das pessoas com as quais ela relacionava-se uma total indiferença.
ExcluirNo caso específico do meio religioso, eu vejo uma enorme falha, pois, espiritualizam tudo e não abrem-se para a necessidade de uma intervenção psicológica. É como se, permitir a pessoa submeter-se a um tratamento da sua saúde mental, fosse interferir em sua manifestação de fé. Este é um equívoco medonho que persiste no meio religioso.
Matéria relevante e importante debate-la, parabéns pelo conhecimento da causa, que Deus possa usa-lo para ajudar aqueles que planejam cometer esse ato tão cruel.
ResponderExcluirObrigado, Válter! Realmente é preciso que você tenha um mínimo de conhecimento sobre este assunto, para poder abordá-lo com a devida seriedade, sensibilidade e responsabilidade que ele requer. Polêmicas, equívocos e controvérsias já tem bastante. Não precisa de mais. Meu intuito é mesmo o de ajudar e não de lançar holofotes desfocados sobre algo tão sério.
ExcluirSem perceber publiquei como anônimo, sou o Valter "visinho"
ResponderExcluirValeu meu amigo, tamos juntos.
ResponderExcluirParabéns meu querido, sempre trazendo assuntos tão relevantes e reflexivos para nós.
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