"E aconteceu que, indo Ele a Jerusalém, passou pelo meio de Samaria e da Galileia; e, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe. E levantaram a voz, dizendo: 'Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós!' E Ele, vendo-os, disse-lhes: 'Ide e mostrai-vos aos sacerdotes.' E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos.
E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz. E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano. E, respondendo Jesus, disse: 'Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?' E disse-lhe: 'Levanta-te e vai; a tua fé te salvou'" (Lucas 17:11-19, grifos acrescentados).
Este é um dos textos bíblicos que muito me despertam a atenção. Essa narrativa do evangelho de Jesus, sob a ótica de Lucas, muitas vezes tem como seu principal eixo, a cura milagrosa desses dez homens, contudo, não que a cura como manifestação de um dos muitos milagres divinos no currículo ministerial de Jesus não seja interessante, um outro aspecto nessa passagem é também de muita relevância, não só em nosso relacionamento com Deus, mas, também em outros âmbitos relacionais: a importância da gratidão.
É muito comum ouvir pessoas dizendo a palavra "gratidão" em vez de "obrigado", quando se sentem agradecidas por uma ajuda, um auxílio ou alguma gentileza. Na internet, a hashtag gratidão (#gratidao) é uma das mais mencionadas nos últimos anos — fato mais potencializado pela pandemia. Enquanto você lê este artigo agora, mais de 1,1 milhão de pessoas estão usando a palavra nas redes sociais, e em datas comemorativas, como o Ano-Novo, por exemplo, esse número duplica.
Entendendo o contexto
Lucas fala de Jesus no seu caminho rumo a Jerusalém, passando pela Samaria. Jesus era um peregrino e fazia desse caminho uma pedagogia, uma mística, uma profecia que o levaria a Cruz e a Ressurreição. Nesse momento da caminhada, 10 leprosos se aproximaram e pediram para serem curados.
Não fazemos ideia do que significava, na época, ser leproso — excluído, marginalizado, debochado, tendo que abandonar até suas famílias. Segundo a lei da pureza, os leprosos deviam andar nas ruas com roupa rasgada e cabelos desarrumados, gritando: "Impuro! Impuro!" (Levítico 13:45,46) para que todos fossem se afastando deles. Muitos judeus entendiam que isso era um castigo de Deus.
Não ter lepra era mérito ou graça? O fato é que Jesus pede para os leprosos se colocarem a caminho do Sacerdote de Jerusalém. Era ele quem deveria dar o "veredito" da cura (assim como orientava a lei: Lv 13). Os leprosos foram ainda cheios de lepra. Acreditaram na possibilidade da cura antes de serem curados. O Evangelho conta que no caminho todos ficaram bons e apenas um deles voltou para agradecer a Jesus. Esse que voltou era samaritano — estrangeiro, desdenhado pela cultura e religião judaica.
De onde vem aquilo que carregamos conosco? É Deus quem nos dá as doenças? É Deus que quer o mal das pessoas ou são as condições histórico-sociais e opções que a humanidade faz? A cultura judaica acreditava que tudo era mérito — "se eu tenho é porque Deus me deu. Se eu não tenho é porque Deus me castigou. Se sou rico, sou agraciado por Deus, se sou miserável é porque Deus me castigou por algum motivo".
Nesse ambiente, não cabe a necessidade de agradecer a nada, porque tudo é "eu e meu mérito". Jesus bateu e enfrentou essa consciência. Em Deus não há lugar para desgraça, não há lugar para castigo — senão amor e perdão! O samaritano, que de alguma forma não tinha essa consciência de mérito, conseguiu ter a atitude de voltar sozinho e agradecer.
Tudo é graça de Deus! Da nossa parte, cabe um coração agradecido. Não podemos perder a consciência da gratuidade. Deus não quer dinheiro, não quer nada… Ele faz porque ama. Ser ranzinza e mal agradecido é ir junto com os 9 leprosos que, mesmo experimentando a força de Deus, não tem capacidade de viver uma vida mais sóbria e agradecida. Mesmo em meio aos tumultos da nossa caminhada, sofrimentos diários, não perder a capacidade de agradecer. Tudo é graça. Tudo [embora não tenha sido de] é graça…
Os males da ingratidão
Embora o cerne da passagem que estamos analisando seja especificamente direcionada ao nosso relacionamento com Deus, não estamos presos dentro de uma bolha religiosa e, quando temos esse entendimento, fica fácil entender que os ensinamentos que o Mestre Jesus nos traz nessa impactante e confrontadora mensagem, não só pode, como deve ser estendida aos demais âmbitos de nossa vida.
O próprio Jesus já nos ensina que para que nosso relacionamento com Deus seja efetivo em sua essência, é necessário também que ele seja manifestado em nossas práticas diárias, já que, um dos nossos grandes desafios, é exatamente o que tange ao nosso testemunho pessoal.
"Portanto, tudo quanto quereis que as pessoas vos façam, assim fazei-o vós também a elas, pois esta é a Lei e os Profetas" (Mateus 7:12).
"Respondeu Jesus: 'Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento'. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: 'Ame o seu próximo como a si mesmo'" (22:37-39).
Do latim "gratitudine", a palavra gratidão, em português, significa o reconhecimento por algo benéfico que tenha acontecido com você. Aliás, reconhecer um bem recebido é uma grande qualidade da pessoa que é grata. Num contexto espiritual, gratidão se refere também a um sentimento de expressão de agradecimento a Deus, que é um tema central da Fé.
Eu devo confessar que tenho um certo problema em lidar com a ingratidão, talvez pelo fato de eu fazer da gratidão uma das premissas básicas em TODOS os meus relacionamentos.
Minha saudosa mãezinha, em seu escopo de ensinamentos doutrinários para a vida, me ensinou desde a mais tenra idade a importância de saber agradecer e, sempre e quando possível, retribuir o bem, a ajuda recebida por outros.
Ao encontrar-me com Deus, o pilar da gratidão só se fez aprofundar em minha vida — e agora em uma base ainda mais forte —, fazendo com que eu o tenha não apenas como um mero detalhe, mas como um princípio espiritual que compõe o selo do meu caráter.
Por isso, quando sou vitimado pela ingratidão, sofro demais. E, infelizmente, bem recentemente, recebi chibatadas de ingratidão, vindas de pessoas que eu não só ajudei em tempo oportuno, quanto pelas quais eu tinha grande apreço e trazia em alta conta. Esses acontecimentos, consequentemente, alimentaram em mim enorme decepção com essas tais pessoas, fato que dinamitou completamente a confiança e a admiração que eu tinha por elas.
Expressar sentimentos é uma prática extremamente benéfica à saúde de um modo geral. Muitas das relações têm início por meio desse gesto e geralmente surpreendemos as pessoas ao demonstrar gratidão (pessoas deprimidas tendem a se beneficiar com a prática de agradecer).
O uso da palavra tem como único intuito agradecer, sem receber algo em troca. Na verdade, não existe troca! A pessoa que demonstra estar grata automaticamente sente boas energias ao ver que provocou o bem a alguém. É automático, você faz o bem e recebe o bem!
O que os dez leprosos têm a nos ensinar?
A história da Cura dos dez leprosos nos ajuda a reconhecer o Senhor Jesus como Alguém que pode melhorar a vida de nossos irmãos e nos ajudar a sermos gratos em tudo. Você já se perguntou por que esse relato está registrado na Bíblia?
Ao meditar na passagem bíblica do livro de Lucas 17:11-19, sobre o significado da cura dos dez leprosos, vemos que apenas um dos que foram curados voltou para agradecer e adorar — o que nos mostra também que a gratidão é um dos aditivos da adoração — ao Senhor Jesus, e os outros nove simplesmente foram embora, importando-se apenas com suas próprias vidas. O que esse trecho tem a nos ensinar sobre gratidão e indiferença e como podemos pregar a cura dos dez leprosos?
Embora essa pregação sobre gratidão a Deus pareça algo distante de nossa realidade, podemos observar que isso acontece da mesma forma nos dias de hoje. Reparem que, dificilmente, alguém chega à igreja por vontade própria.
A maioria busca a Deus por conta de algum problema, na esperança de que Ele possa ajudá-las, e de fato Ele pode (observe a maioria dos "testemunhos" que são contados pelas pessoas nos programas de televisão). E não são poucos aqueles que, após receberem o que precisavam, simplesmente desaparecem!
Porém, o divisor de águas entre os que permanecem na fé até o fim e os que se perdem no meio do caminho, está justamente na reação da pessoa após alcançar o milagre.
A exemplo dos dez leprosos que apenas um voltou para agradecer, observamos que enquanto alguns continuam a enxergar o Senhor Jesus apenas como Alguém capaz de curar ou solucionar seus problemas, outros O reconhecem como seu Senhor e Salvador e passam a segui-LO.
Como praticar a gratidão no dia a dia?
Veja 6 dicas para praticar o agradecimento e para enxergar a vida com bons olhos.
- 1. Repare na importância das coisas simples da vida — Geralmente esperamos por grandes acontecimentos que nos surpreendam, mas a nossa alegria não está apenas nas novidades. Você já viu como o céu fica extremamente azul ao meio-dia? Ou já reparou no alívio que aquele vento que entra pela janela aberta no meio de uma tarde quente te proporciona? Esses detalhes extremamente simples são pontos altos do seu dia. Imagine só uma criança sorrindo pra você com o sentimento mais puro desse mundo sem esperar nada em troca! Se permitir perceber esses pequenos momentos com certeza te fará ser grato pela simplicidade da vida.
- 2. Plante e procure o bem — Não existe forma melhor de agradecer o bem recebido do que retribuir com o bem. É um ciclo: você recebe energias boas, emana boas vibrações e tudo segue assim. A sua energia boa produz mais positividade e tudo volta para você.
- 3. Entenda melhor o que é a vida — Nunca se esqueça da importância e do privilégio que é estar vivo. Você acorda todos os dias, respira, faz planos e abraça as pessoas. Olhe mais para dentro de si, questione-se e sinta inteiramente cada momento que vive. Agradeça!
- 4. Dê valor ao que você tem — Não fique apenas desejando e esperando ter o que não tem. Muitas pessoas têm muito menos do que você e são extremamente gratas. Gratidão não consiste apenas em agradecer algo que lhe é proporcionado ou dado mas sim saber fazer bom proveito de tudo o que a vida oferece.
- 5. Tenha cuidado com a ingratidão — Antes de praticar a gratidão, é preciso cuidar dos seus pensamentos e ações para que a ingratidão não chegue te impedindo de enxergar o quanto você pode ser grato! Se não tivermos cuidado com o ego, com o stress, entre outras coisas que nos trazem sentimentos ruins, rapidamente os pensamentos bons são encobertos com a nuvem que é a ingratidão. Evite isso direcionando a sua atenção para o lado certo, busque sempre o lado positivo ou construtivo das situações. Você tem motivos o tempo todo para ser grato!
- 6. Claro, agradeça! — Agradeça pela vida, pelo ar, por mais um dia de sol ou de chuva. Olhe para as pessoas e demonstre a gratidão com um sorriso, com palavras, com a energia boa que esse ato carrega. Faça o bem por alguém sem esperar nada em troca, pois lembre: ser grato é como um ciclo, o bem volta para você!
Conclusão
Se uma pessoa baseia a sua fé em milagres, seu interesse está nas bênçãos e não no Abençoador, e ela não desenvolve uma vida com Deus, pois a sua fé não tem fundamento em Sua Palavra. Já aqueles que não se esquecem de onde o Senhor Jesus os tirou, conseguem enxergar além, se tornam fortes e são capazes de resistir aos dias maus.
Além de ser uma pregação sobre milagres e curas e uma verdadeira lição sobre gratidão e indiferença, a passagem dos dez leprosos também tem muito a nos ensinar sobre nós mesmos.
A passagem dos 10 leprosos carrega um significado muito forte da importância de ser grato e ter fé. No contexto cristão, a passagem nos lembra como muitos pedem a graça e benção, mas poucos se lembram de agradecer e louvar.
A questão da energia da gratidão é que: se tudo está ruim, pratique o agradecimento, que tudo se tornará melhor. Não estou dizendo que a gratidão vai resolver os seus problemas, mas ela torna tudo mais leve e faz com que o seu campo energético seja renovado, fortalecendo o seu espírito para que os sentimentos bons façam morada, pois o reflexo do que você recebe é o que você emite. Porque, sim, é você quem faz o dia bom ou ruim!
É importante falar aqui que ser grato não tem muito a ver com otimismo, mas sim com inteligência, pois dessa forma o Universo trabalha a seu favor. Para finalizar, a síntese, é, que quem não consegue ser grato em sua prática diária de vida, jamais terá condições de ser grato a Deus. Simples assim!
A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.
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