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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

ESCRITO NAS ESTRELAS - PELÉ, O EDSON ARANTES DO NASCIMENTO


O dia 19 de novembro de 1969 entrou para a história do futebol mundial como a data do milésimo gol da carreira de Pelé. O jogo foi disputado no Maracanã, contra o Vasco, com vitória do Santos por 2 a 1, em uma partida sem grande importância na classificação do Torneio Roberto Gomes Pedrosa.

Pelé anotou o segundo gol do Peixe na partida, em uma cobrança de pênalti contra o goleiro Andrada. Assim que atingiu a marca, Pelé caiu nas redes, beijou a bola e fez um apelo para o mundo: 
"Pelo amor de Deus, minha gente! Agora que todos estão ouvindo, faço um apelo especial a todos: ajudem as crianças pobres, ajudem os desamparados. É o único apelo nesta hora muito especial para mim",
disse Pelé, emocionado.

Na partida, o time carioca abriu o placar ainda no primeiro tempo, mas o Santos empatou com René e depois venceu o jogo com o gol de Pelé, anotado aos 34 minutos do segundo tempo, depois que o atacante sofreu um pênalti. 

Andrada (✰1939/2019) chorou de tristeza por entrar para a história como o goleiro que levou o milésimo gol do Rei. No vestiário, por rádio, ele conversou com Pelé e lamentou o gol sofrido: 
"Você merece muito mais de mil gols, Pelé. Mas lamento que tenha sido eu o goleiro mil. Confesso que não queria de jeito algum que você fizesse esse gol em mim". 
Em seguida, Pelé se desculpou: 
"Uma das coisas que gostei foi que você fez tudo para evitar o milésimo gol, o que o valorizou".
Uma vez perguntaram a Puskas (1927/2006), o craque da grande seleção húngara de 1954, na Copa do Mundo da Suíça, e um dos maiores jogadores de seu tempo, quem era o melhor jogador de futebol do mundo, Pelé ou Di Stéfano (1926/2014). De pronto, Puskas respondeu: 
"Di Stéfano!" "Di Stéfano?!?"
espantou-se o repórter. 
"Sim, Di Stéfano"
confirmou Puskas, Di Stéfano. 
"Você me perguntou, qual o melhor jogador de futebol do mundo. Pelé, meu amigo, Pelé é de outro mundo." 

Superação? Também!

Estrela negra, sim senhor


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Edson Arantes do Nascimento (o nome de batismo de Pelé) nasceu em 21 ou 23 de outubro de 1940, na cidade de Três Corações, Minas Gerais, Brasil. Apesar de comemorar seu aniversário no dia 23 (a data mais provável de seu nascimento), não se tem certeza absoluta do dia exato em que nasceu... como a maioria dos mortais.

Pobre, preto e de baixa escolaridade, num país elitista, racista e excludente, Pelé é considerado o Rei do Futebol e foi eleito o maior jogador de futebol de todos os tempos (pela FIFA), além de ter sido escolhido também como o Atleta do Século. Do século XX. E tudo isso, em um mundo extremamente desigual e preconceituoso.

Edson já foi chamado de "Negão", "Gasolina", "Fera", "Edico", "Dico" e até "Pilé", antes de Pelé, apelido que nem ele mesmo sabe ao certo, qual a origem e qual a razão. Talvez, por causa de Bilé, o goleiro amigo de seu pai, Dondinho, que só não foi adiante como jogador de futebol, por causa de uma grave contusão.

O mesmo Dondinho, que ouviu de seu filho, com quase 10 anos de idade, a promessa mítica: 
"não chore, pai, eu ganharei uma Copa pra você." 
Isto, porque seu pai chorava a derrota do Brasil, por 2 x 1, na decisão do Mundial de 1950, para o Uruguai, em pleno Maracanã. Promessa é dívida. Exagerado, Pelé não ganhou somente uma; ganhou três: 1958, 1962 e 1970. Sinais antecipados de um mito?

Único tricampeão, tá bom ou quer mais?


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Tricampeão mundial de futebol, uma das maiores celebridades de todos os tempos, 1.281 gols marcados e oficialmente reconhecidos, mais de 50 títulos conquistados como jogador e um atleta considerado completo. No início dos anos 1990, a ONU fez uma pesquisa, para saber quais as palavras mais conhecidas no mundo, levando em consideração todos os setores de atividade. Este foi o resultado final: Pelé, Coca Cola e Papa.

Pelé indiscutivelmente é um ícone do Brasil, da América Latina, do futebol mundial. E o futebol é o maior fenômeno de comunicação de massas da história da humanidade. Nenhum outro fenômeno, de qualquer tipo, supera a Copa do Mundo de futebol, do ponto de vista da audiência televisiva. A FIFA é a maior organização de países já registrada na história, maior do que a própria ONU e do que o COI, o Comitê Olímpico Internacional. Portanto, Pelé é muito maior do que se imagina à primeira vista, porque o futebol é bem maior do que se pensa.

Pelé é o Rei do Futebol e o futebol, podemos dizer, é o esporte-rei, em quase todos os países do mundo. Dentre todas as modalidades esportivas, o futebol é aquela que consegue o maior impacto mundial, a maior audiência e talvez seja mesmo uma das maiores paixões planetárias. O futebol pode ser e tem sido em muitos casos, um processo lúdico que ajuda a reeducar, uma vez que sua lógica está fundamentada, em tese pelo menos, na igualdade de oportunidades, no respeito às diferenças e na assimilação de regras e normas de convivência com o outro.

O futebol em particular – outros esportes coletivos também – permite uma fina sintonia entre os planos individual e grupal, o que faz dele uma espécie de metáfora da vida. O futebol coloca em prática um dos ideais fundadores da democracia ocidental, daquilo que os gregos clássicos consideravam que era o melhor e o mais produtivo nas atividades humanas: a ação deve ser sempre coletiva, mas sem excluir o brilho da iniciativa pessoal.

Um mito, uma história, uma vida, um legado


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O futebol chegou ao Brasil, vindo da Inglaterra, em 1894, trazido por Charles Miller (1874/1953) e desembarcou primeiro em São Paulo. Nos tempos iniciais, até mais ou menos a década de 1920, o futebol entre nós era um esporte elitista, racista e excludente, como a sociedade brasileira da época. Brancos pobres, negros, mestiços e analfabetos não podiam praticar o futebol regularmente. O futebol oficial, dos clubes, das equipes organizadas nos bairros das classes sociais altas das grandes cidades brasileiras, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro.

A partir dos anos de 1920, 1930 e mais ainda 1940, o futebol no Brasil passou por um processo de relativa democratização e grande popularização, acompanhando mais ou menos aquilo que acontecia na sociedade como um todo. A Semana de Arte Moderna de 1922, a Revolução de 1930 (liderada por Getúlio Vargas [✰1882/✞1954]), o movimento pela mudança de nossa educação básica, em 1932, a implantação do profissionalismo no futebol, em 1933, e a Constituição de 1934, são alguns exemplos, que mostram como a história do futebol no Brasil é um capítulo da história geral de nossas lutas sociais.

No universo do futebol brasileiro, o marco dessa mudança foi o time do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, formado por negros, mestiços e brancos pobres, campeão de 1923 e bicampeão em 1924. O Vasco chegou a ser excluído da liga de futebol, por essa razão, ou seja, de aceitar em seu plantel jogadores oriundos dessas camadas sociais. Pelé quando garoto, certamente influenciado por seu pai Dondinho, era torcedor do Vasco da Gama e já declarou que a sua escolha (e a de seu pai) foi por causa dessa resistência do Vasco, contra o racismo e a exclusão social.

Pelé nasceu em 1940, portanto, como jogador de futebol, não viveu diretamente, não sentiu na pele a exclusão social e racial, que predominaram no futebol brasileiro. A Copa do Mundo de 1938, na França e vencida pela Itália, às vésperas do início da II Guerra Mundial, é um momento marcante da transição entre um futebol elitista, racista e excludente, para um futebol mais democrático e mais popular, um dos maiores símbolos de nossas identidades coletivas.

Neste Mundial, a seleção brasileira efetivamente representava o país, tanto na cor da pele, quanto nas condições sócio-econômicas dos jogadores, que foram convocados. Leônidas da Silva (1913/2004) e Domingos da Guia (1912/2000) foram as duas estrelas (negras!) desse período de transição; seus representantes mais significativos.

Pelé alcança o ponto máximo de sua carreira como jogador profissional de futebol, exatamente na conjuntura em que o Brasil conquista o tricampeonato mundial da modalidade, ou seja, entre 1958 (Brasil campeão na Copa da Suécia) e 1970 (tricampeão no México), passando pelo bicampeonato no Mundial do Chile, em 1962.

Essa conjuntura também é aquela que assiste a fase mais importante e significativa do processo de popularização e democratização do futebol no Brasil, nos clubes e na seleção nacional. Nesse período também, especialmente entre 1955 e 1968, as artes brasileiras ganham em espaço, difusão e criatividade: o Cinema Novo, a música popular (a Bossa Nova e as canções de protesto), o teatro, as artes plásticas, a literatura. 

Além da seleção brasileira, Pelé brilhou no Santos Futebol Clube, única equipe em que jogou no Brasil e esta também corresponde à fase das grandes conquistas internacionais deste grande time. Uma equipe com jogadores de alta habilidade e que marcou a história do futebol brasileiro e mundial.

Então, Pelé se destacou como o mais expressivo ícone do futebol brasileiro, justamente na época em que esse esporte se afirmava como uma das mais relevantes identidades coletivas do Brasil, além de uma das mais massivas e democráticas manifestações da cultura das multidões por aqui. 

Para além de um jogador genial, assim conhecido e reconhecido em todo o mundo, Pelé é uma síntese, uma metáfora do futebol brasileiro, como cultura e identidade, como resistência social e possibilidade. Como possibilidade de um país melhor, mais criativo e menos excludente. Um pouco mais justo e igualitário.
"Eu sonhava em jogar como meu pai"
confidenciou Edson Arantes do Nascimento, ainda quando vivia em sua cidade natal, a pequena Três Corações, em Minas Gerais, Brasil. Filho de Celeste Arantes do Nascimento e de João Ramos do Nascimento, o Dondinho, também jogador de futebol. 

A declaração a seguir repete algo que já foi dito anteriormente neste texto, mas é importante, porque Pelé a fez de viva voz e espontaneamente. Ele quis que ficasse registrado, partindo dele próprio, aquilo que se falava mas que muitos diziam ser a "invenção de mais uma lenda", em torno de Pelé. Ele declarou que esse diálogo com seu pai foi verdadeiro e fez questão de gravar em áudio e vídeo a sua versão, em depoimento na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
"Na final da Copa de 1950, o Brasil perdeu para o Uruguai, em pleno estádio do Maracanã, por 2 x 1 e meu pai ficou muito emocionado, chorou muito. Quando eu o vi em lágrimas, só pude pedir para que não chorasse porque eu iria ganhar uma Copa do Mundo para ele"
lembrou o Rei do Futebol, em depoimento para o Núcleo de Sociologia do Futebol da UERJ, em 23 de agosto de 1994.

Quando a família de Pelé mudou-se para São Paulo, para a cidade de Bauru, ele tinha apenas quatro anos de idade. Dondinho passou a atuar no Bauru Atlético Clube (BAC). Seguindo os passos de seu pai, Dico (o primeiro apelido de Pelé) brilhou em equipes amadoras da região, como o Ameriquinha e o Baquinho. Foi nessas equipes de futebol amador, que o brilho de Pelé começou a aparecer. Aos 11 anos, ele foi descoberto pelo jogador Waldemar de Brito, que o convidou a fazer parte da equipe que estava organizando: o Clube Atlético de Bauru.

A personificação de um ícone

Pelé o alter ego de Edson


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A palavra ícone é derivada do grego eikon, que significa imagem, e no campo da arte pictórica, nomeadamente das pinturas religiosas, identifica uma representação, uma imagem sagrada, geralmente pintada sobre um painel de madeira. Historicamente, foi uma criação bizantina do século V, com uma representação da Virgem Maria, atribuída pela tradição a São Lucas. 

O simbolismo e as culturas tradicionais afirmam que um ícone não engloba somente os aspectos concretos, físicos da imagem, mas também e sobretudo os elementos subjetivos, mágicos, simbólicos. Um ícone seria uma forma de comunicar e significar um valor, através de um símbolo. O mito, é uma fala, expressa uma mensagem, é um discurso, enfim, sobre a sociedade, que lhe serve de referência. Uma fala indireta, uma metalinguagem.

Umberto Eco (1932/2016) entende o processo de construção de um ícone, como uma "simbolização incônscia", um processo de mitificação, que acontece tanto nas sociedades ditas "primitivas", quanto nas atuais, ditas modernas ou contemporâneas. Todas elas, segundo o autor, constroem e reconstroem seus heróis, metáforas de suas realidades e culturas.

Pelé é tudo isso que foi dito: um ícone, portanto. E tal como a tradição apresenta um ícone, Pelé tem seu lado concreto, físico, tem o nome Edson, idade, endereço e é mortal. Todavia, tem também seu lado mágico, mítico, heróico, simbólico. E é este lado que parece ser mesmo imortal. E é por este lado que Pelé (e não o Edson) representa a cultura brasileira, o nosso futebol e nos ajuda a entender o Brasil, além do forte impacto mundial que causa.

A história de vida de Pelé, bem como a sua carreira de jogador profissional de futebol, aconteceram nos períodos históricos do processo de popularização e democratização do futebol brasileiro, épocas nas quais a aceitação de negros e pobres já era bem mais flexível do que nas fases iniciais. Portanto, Pelé é um bom exemplo daquilo que se costuma dizer do "homem certo no lugar certo". Pelé contribuiu, é claro, porque foi um jogador genial, mas o momento histórico ajudou bastante, favoreceu a sua vitoriosa carreira de atleta e a repercussão internacional de seu nome. 
  • Pelé é o Maior Jogador de Futebol de Todos os Tempos, o Atleta do Século, o Rei do Futebol. 
  • Pelé venceu Edson.

Alguns exemplos possíveis



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A história de Pelé é um importante capítulo da história do futebol brasileiro e a história social do nosso futebol é, por sua vez, um capítulo extremamente significativo das lutas sociais no Brasil, resistências e lutas contra os preconceitos, as discriminações e exclusões sociais.

O futebol brasileiro não acabou com os preconceitos de cor e classe no Brasil. Claro que não. Nem com as exclusões sociais, que ainda são muitas. Se nem a Justiça, o Estado, nem a política e a educação conseguiram esse feito, como uma modalidade esportiva conseguiria? Contudo, ajudou a denunciar as nossas enormes diferenças sociais e regionais, além de modificar um pouco esse quadro geral de exclusões, que domina a história de nossa formação social.

E Pelé, direta ou indiretamente, deu a sua parcela de contribuição (e não somente para o Brasil), como herói popular, como mito, como representação cultural de uma coletividade, numa palavra, como ícone.

Militância política social


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Pelé fez parte de uma vitoriosa geração de brilhantes jogadores de futebol no Brasil, geração de negros, mestiços e brancos pobres, que transformaram o futebol, numa instituição social, que ajudou a revelar e ainda revela os nossos preconceitos e as nossas exclusões sociais. E todos esses jogadores, de sua época, como também os outros das gerações que se seguiram à dele, o consideram o maior e mais completo jogador do futebol jogado no Brasil e no mundo, em todos os tempos.

Pelé foi nomeado ministro dos esportes, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em seu primeiro mandato (1995/1998), quando o atual Ministério dos Esportes era ainda chamado de Secretaria Nacional dos Esportes (Ministério Extraordinário). 

O presidente-sociólogo criou o ministério, em 02 de janeiro de 1995 e convidou Pelé para o cargo, com a finalidade de fazer dele o grande condutor de um processo de reformulação no futebol, principalmente para contribuir com uma necessária e inadiável meta, a de melhorar as condições de trabalho do jogador, seus contratos com os clubes, estrutura, formação, "lei do passe" e outras urgentes melhorias.

A "lei do passe", que é a legislação trabalhista do jogador, era e ainda é hoje em dia, considerado o ponto mais sensível e de maior resistência, por parte dos clubes, na vida profissional do futebol no Brasil. A nova lei, a Lei Pelé, inclusive, foi chamada de a "lei áurea" do futebol brasileiro, alusão ao regime de trabalho "semi-escravista", que predominava, deu mais liberdade profissional ao jogador, para negociar seus contratos de trabalho, o que antes era muito difícil, porque o atleta profissional ficava «preso» ao clube, sob a alegação que este havia investido muitos recursos, em sua formação.

Chamar a "lei Pelé" de "lei áurea" foi uma referência significativa à Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, que pôs fim a mais de 350 anos de escravidão. O Brasil foi o último país do mundo a abolir o regime de trabalho escravo... formalmente.

Conclusão



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O mesmo jogador que o descobriu, o levaria depois, com 16 anos de idade, para o Santos Futebol Clube, onde ficou por 6662 dias e 1116 jogos. Na seleção brasileira foram 114 jogos e 95 gols. Além do Santos e da seleção brasileira, Pelé jogou no Cosmos, nos EUA, de 1975 a 1977, e é considerado o grande difusor do futebol, naquele país. Na verdade, o início de uma tradição, que vem se confirmando, se consolidando.

Eis um bom resumo da história de Pelé, da sua espetacular carreira de jogador profissional de futebol, bem como de seu elevado reconhecimento mundial. Quando foi apresentado a Pelé, nos Estados Unidos da América, o ex-presidente do país, Jimmy Carter, disse: 
"Muito prazer, eu sou Jimmy Carter, você não precisa se apresentar. Pelé todo o mundo conhece".
Pelé, a seu modo, está sempre presente no cenário da vida brasileira, no futebol e também em outros setores. 

É muito criticado, por suas opiniões e atitudes, mas geralmente não se recusa a participar e emprestar o seu famoso nome a diversas iniciativas, no Brasil e em vários outros países. 

Viaja constantemente pelo mundo e é sempre reconhecido e festejado, em sociedades, economias e regimes políticos diferentes. Pelé é um dos maiores ícones da cultura do futebol internacional. Não chega a ser uma unanimidade (principalmente no Brasil), mas é quase isto. E já parou de jogar há mais de 30 anos.

Pelé ainda é alvo de muitos questionamentos no Brasil. No passado foi pior, mas ainda há muito preconceito, em relação às coisas que ele diz e faz. Antonio Carlos Jobim (o Tom Jobim [✰1927/✞1994], que junto com Vinícius de Moraes [✰1913/✞1980] compôs "Garota de Ipanema", talvez a nossa canção popular mais conhecida no mundo) teria dito certa vez que o Brasil não perdoa quem faz sucesso. Pelé, convenhamos, não faz sucesso, Pelé é o sucesso. 

As críticas a ele vão desde as suas opiniões em relação ao futebol, aos jogos e aos jogadores, até suas ideias (ou seu silêncio) sobre questões sociais, políticas ou "raciais", passando também por suas escolhas amorosas. Costuma-se dizer que "ele só namora brancas e loiras". Pelé ainda hoje é muito cobrado a se pronunciar sobre diversas questões, apesar disso já ter diminuído com o tempo, com o amadurecimento dele próprio e da sociedade brasileira, além de sua elevada respeitabilidade internacional.

É interessante ressaltar que esses questionamentos, muitas vezes em tom agressivo, não reduziram a dimensão de ícone de Pelé. É possível que tenham relativizado um pouco a grandeza de sua imagem, mas mesmo assim ele seguiu em frente e foi consolidando sua representatividade simbólica. É até possível que essas críticas tenham humanizado mais o mito e assim contribuído, mesmo que às avessas, para reforçar a sua iconicidade.

Edson Arantes do Nascimento é um homem negro de origem humilde e família pobre, nascido em 1940 numa cidadezinha do interior do estado de Minas Gerais, Brasil.

Pelé venceu e superou as suas condições e limitações familiares, sociais e a cultura de preconceitos e exclusões no Brasil. Venceu e superou isso, naturalmente, por intermédio da genialidade de seu futebol, muito bem jogado, com arte, habilidade, forte preparação atlética e alta objetividade. Um jogador completo. Um gênio, com a bola nos pés.


A Deus, toda glória. 
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