Dezessete anos se passaram desde que o Capital Inicial lançou o "Acústico MTV". O disco mais vendido da discografia da banda, com 2 milhões de cópias comercializadas em um período em que a pirataria já ganhava força, é até hoje emblemático. E quinze anos depois, Dinho Ouro Preto e seus companheiros voltaram a testar mais uma vez o formato: "Acústico NYC", gravado em julho de 2015 em Nova York, em CD e DVD.
Este trabalho certamente não teve a audácia de substituir o "Acústico MTV" mas foi essa gravação que fez com que o Capital Inicial descobrisse que seu projeto de mais sucesso está atualmente fora de catálogo.
Este trabalho certamente não teve a audácia de substituir o "Acústico MTV" mas foi essa gravação que fez com que o Capital Inicial descobrisse que seu projeto de mais sucesso está atualmente fora de catálogo.
"Descobrimos isso depois da gravação. A gente não tinha se dado conta",
revelou um Dinho Ouro Preto atônito, em conversa com o site UOL.
"Fui olhar no iTunes, não achei. Fui olhar em outros streamings, não achei. Eu não estava encontrando o disco em lugar algum. Aí liguei para a gravadora e eles também não sabiam de nada".
Mas o que aconteceu? Onde foram parar os acústicos, o bem sucedido projeto realizado entre a MTV Brasil (aquela dos bons tempos) e a Abril Music?
Os álbuns acústicos lançados pela extinta gravadora Abril Music, que fechou em 2003, caíram em uma zona cinzenta, intensificada quando a editora Abril devolveu, em 2013, a licença da MTV para a Viacom.
Os álbuns acústicos lançados pela extinta gravadora Abril Music, que fechou em 2003, caíram em uma zona cinzenta, intensificada quando a editora Abril devolveu, em 2013, a licença da MTV para a Viacom.
"Caso isso não se resolva, o Capital deve entrar na Justiça. É o fim da picada que um empecilho legal possa fazer com que uma obra desapareça",
disse o cantor. E não pode desaparecer mesmo. O "Acústico MTV Capital Inicial", lançado em 2000, além de ter sido um divisor de águas na carreira da banda, foi também o álbum que apresentou o Capital para uma nova geração de fãs.
Quem é o Capital
A banda em sua atual formação: da esquerda para a direita Dinho Ouro Preto, Fê Lemos, Flávio Lemos e Yves Passarell |
Capital Inicial é uma banda de rock brasileira formada em Brasília, Distrito Federal (DF), no ano de 1982, depois que o grupo Aborto Elétrico encerrou as atividades, dando início também à banda Legião Urbana.
A banda é composta por Dinho Ouro Preto (vocais e guitarra), Flávio Lemos (baixo), Fê Lemos (bateria), Yves Passarell (guitarra) e, pelos músicos de apoio Robledo Silva (teclado e violões) e Fabiano Carelli (guitarra e violão). Nos últimos anos sofreu grandes modificações em seu estilo, tendo como maior influência o rock inglês.
O começo
Brasília, maio de 1983. Um grupo de jovens é preso por usar pulseiras de tachas e alfinetes, sob a alegação destes acessórios serem armas em potencial. A resposta veio no editorial do "Fan Zine", em seu segundo número, escrito por um jovem que assinava apenas "Dinho".
O "Fan Zine" trazia outros assuntos, como a "Discografia básica da nova música", que incluía Sex Pistols, The Clash, The Damned, Ramones, Siouxie and the Banshees, P.I.L., Adam and the ants, Joy Division, UK Subs e Dead Kennedys.
Naquelas páginas, às vezes escritas a mão, com colagens de outras publicações, lia-se um pequeno panorama do punk rock de Brasília (com letras do Aborto Elétrico, XXX e Plebe Rude), quadrinhos, poesias e textos de diversos colaboradores (Hermano Vianna, Marcelo Rubens Paiva, Guilherme Isnard, entre outros).
A postura deste grupo que expunha seus pensamentos através da música, de fanzines e de sua atitude, pode ser caracterizada pela música "Geração Coca-Cola", de Renato Russo, como fez Jamari França em artigo publicado no Jornal do Brasil, em 12 de novembro de 1984, quando reproduziu os versos da canção:
"Depois de 20 anos de escola / não é difícil aprender / todas as manhas deste jogo sujo / não é assim que tem que ser? / vamos fazer nosso dever de casa / aí então vocês vão ver / suas crianças derrubando reis / fazer comédia no cinema com suas leis. / Somos os filhos da revolução / somos burgueses sem religião / somos o futuro da nação / Geração Coca-Cola".
O Capital Inicial surgiu em 1982, formado pelos irmãos Fê (bateria) e Flávio Lemos (baixo), ex-integrantes do Aborto Elétrico, ao lado de Renato Russo , e Loro Jones (guitarra), oriundo da banda Blitz 64. Em 1983, Dinho Ouro Preto, após um estágio como baixista da banda "dado e o reino animal" (assim mesmo, com letras minúsculas), onde também tocavam Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, entra para os vocais.
Em julho estreiam em Brasília, tocando em seguida em São Paulo (SESC Pompéia) e no Rio de Janeiro (Circo Voador). Aliás, esta foi uma das características marcantes do início da carreira: as constantes viagens e apresentações nos principais palcos do underground do rock brasileiro.
Baixos e altos
Após um período de altos e baixo na carreira, o ano de 1999 é dedicado a turnê brasileira, e ao longo dos shows a banda, além dos antigos fãs, encontra um novo público, adolescentes que não conhecem seus primeiros discos. Então surge a ideia de fazer um disco ao vivo, juntando novos e antigos sucessos. Rapidamente esta ideia se transforma no projeto de um disco Acústico, em parceria com a MTV.
Então, o Acústico MTV
O último ano do século 20 começa com a banda se preparando para a gravação do "Capital Inicial - Acústico MTV", que acaba ocorrendo em Março. O disco é lançado dia 26 de maio, e a primeira tiragem rapidamente se esgota nas principais lojas do Brasil.
A primeira música escolhida para tocar nas rádios, 'Tudo Que Vai', de Alvin L. e Dado Villa-Lobos, é amplamente executada em todo o país, e a banda vê reconhecido o seu empenho em fazer um disco acústico de rock simples, despojado, mas com a mesma atitude dos seus melhores discos.
A primeira música escolhida para tocar nas rádios, 'Tudo Que Vai', de Alvin L. e Dado Villa-Lobos, é amplamente executada em todo o país, e a banda vê reconhecido o seu empenho em fazer um disco acústico de rock simples, despojado, mas com a mesma atitude dos seus melhores discos.
Em DVD a gente consegue perceber melhor a qualidade deste Acústico MTV, projeto que reconduziu o Capital Inicial ao grande sucesso - pouco tempo depois de lançado, o CD ganhou disco de platina, com mais de 250 mil cópias vendidas. O maior êxito comercial da banda até então tinha sido o LP de estréia, "Capital Inicial", de 1986, que estourou as faixas 'Fátima', 'Psicopata' e 'Música Urbana'.
Elas eram herança do Aborto Elétrico. Elas estão lá no "Acústico...", amaciadas, como relíquias de um tempo distante. O que aconteceu com o Capital Inicial é que ele foi se formatando como uma banda pop, com canções para conquistar o ouvinte de rádio com suas melodias, não com um magnetismo messiânico, como a Legião fazia. Dessa forma, o "Acústico..." (primeiro ao vivo gravado pelo quarteto) foi feito para ser a apoteose do poder pop reforçado ano após ano pelo Capital.
Gravado em 21 de março de 2000 no pequeno mas charmoso Teatro Mars (SP), o especial é todo bem pensado e bem ensaiado. O cenário e os figurinos são elegantes - que diferença para os do Rock Brasil dos anos 80! -, bem como as releituras do Capital para as suas próprias músicas. Há muito que Dinho havia dado uma podada naqueles exageros vocais do começo da carreira, e a banda também se mostrou mais sóbria, com reforço de teclado, percussão e dos violões de dois contemporâneos de rock brasileiro: Kiko Zambianchi (cuja 'Primeiros Erros' voltou a ser hit com esse Acústico e ainda hoje é uma das músicas mais tocadas da banda e do próprio Kiko, que, aliás, também conseguiu uma nova projeção em sua carreira, justamente por causa de sua participação nesse disco) e Marcelo Sussekind (do Herva Doce), que também produziu o disco.
'O Mundo', 'Tudo Que Vai', 'Eu Vou Estar' (com vocais e bandolim de Zélia Duncan, amiga de colégio de Dinho em Brasília) e 'Natasha' ganham os ouvidos de primeira e provam de vez que o Capital é hoje um dos fortes nomes do pop nacional, ao lado de Paralamas, Kid Abelha e Lulu Santos.
A imagem e o som do DVD, como era de se esperar, são impecáveis. No entanto, não há faixas extras em relação ao disco. Ao comprador deste formato do Acústico MTV, resta o bônus das legendas (com as letras das músicas) e de um making of de categoria, feito pela MTV. Enfim, tanto a visão e/ou são uma diversão certa para uma tarde de sábado.
Conclusão
O legado do "Acústico..."
Em 2002, após a turnê "desplugada" o capital volta com força total às guitarras fazendo um disco totalmente rock n' roll. Com Yves Passarell assumindo o posto de guitarrista (cumprindo a dura missão de substituir o excelente Loro Jones, o nosso Slash), é lançado "Rosas e Vinho Tinto". Os hits "À sua maneira" e "Mais" explodem nas rádios e o disco já alcança a marca de 200.000 cópias vendidas. Tudo, obviamente, graças ao "Acústico..."
Na cola do sucesso do "Rosas e Vinho Tinto", em 2004 sai o cd “Gigante!”, que estoura com os hits 'Sem Cansar', 'Respirar você' e 'Não Olhe pra Trás', que inclusive, vira tema da novela global "Começar de Novo". A turnê ganha cenário novo e o robô Gigante. A banda agora faz parte do casting da Sony/ BMG e vende mais de 150 mil cópias.
O "Acústico MTV - Capital Inicial", além de ser um dos grandes registros do projeto, hoje já bastante saturado, é, portanto, um disco que merece meu seleto carimbo de
Faixas
- O Passageiro (The passenger) - (James Osterberg, Ricky Gardner, Vrs. Dinho - Bozzo)
- O Mundo (Pit Passarell)
- Todas as Noites (Bozo Barretti, Dinho, Alvin L.)
- Tudo Que Vai (Toni Platão, Alvin L., Dado Villa-Lobos)
- Independência (Fê Lemos, Flávio Lemos, Bozo Barretti, Dinho, Loro Jones)
- Leve Desespero (Fê Lemos, Flávio Lemos, Dinho, Loro Jones)
- Eu Vou Estar (Dinho, Alvin L.)
- Primeiros Erros (Chove) - (Kiko Zambianchi)
- Cai a noite (Mark Rossi, Loro Jones)
- Natasha (Dinho, Alvin L.)
- Fogo (Bozo Barretti, Dinho)
- Fátima (Flávio Lemos, Renato Russo)
- Veraneio vascaína (Flávio Lemos, Renato Russo)
- Música urbana (Fê Lemos, Flávio Lemos, Renato Russo, André Pretorius)
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
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