Total de visualizações de página

terça-feira, 3 de outubro de 2017

ESCRITO NAS ESTRELAS - AYRTON SENNA DA SILVA DO BRASIL


Uma batida violenta, na sétima volta do GP de San Marino, na Itália, em 1994, tirou a vida do tricampeão mundial de F-1. Era a terceira etapa de uma temporada que não ia nada bem para Senna. Ele ainda não havia conquistado pontos no campeonato e via um novato, Michael Schumacher, disparar com duas vitórias (o alemão viria a conquistar seu primeiro título naquela temporada).

Ayrton passou os dois anos anteriores comendo poeira dos carros da Williams e, justo quando se transferiu para a equipe com o melhor veículo, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) proibiu as tecnologias que davam vantagem à escuderia azul e branca.

O fim de semana do GP, disputado no circuito de Ímola, já estava carregado por causa de um acidente grave de Rubens Barrichello, nos treinos de sexta-feira, e da morte do austríaco Roland Ratzenberger no sábado. No domingo, 1º de maio, foi a vez de Senna.


Do Brasil para a eternidade


O então presidente Itamar Franco traduziu em decreto oficial a sensação de todos os brasileiros: "o Brasil está de luto." Vários cidadãos, colhidos nas ruas por repórteres de televisão, horas depois do acidente, expressaram com clareza a dor de todos os brasileiros – foi como se tivéssemos perdido alguém da família.

A morte de Ayrton Senna confirma justamente algo que muitos céticos teimam em negar: nos sentimentos mais profundos e espontâneos de cada brasileiro, o Brasil é uma grande família. Uma grande família que se une nas horas decisivas, na alegria e na dor. Uma grande família que chora a perda de um filho.


Um domingo que nem o sorriso do Silvio Santos poderia alegrar


Pouco depois de acordarmos no domingo, fomos arrancados de um dos nossos melhores sonhos: sonho de vitória, de alegria, de afirmação do povo brasileiro. Ninguém esperava por mais essa curva do destino. A vida é assim.

Ayrton Senna foi herói em uma nação de poucos heróis. Encarnou as qualidades menos visíveis de um povo cuja imagem tem sido associada principalmente ao prazer, à musicalidade, ao sensual.

Aprendemos a admirar nele um homem que queria sempre mais, que buscava a perfeição com tenacidade, que fazia da disciplina um valor maior, que não media esforços para superar-se, quebrar recordes, vencer. Por vezes foi incompreendido, intimidou com sua obstinação a franceses, alemães e ingleses. Ninguém foi mais firme e dedicado que Ayrton Senna.

Por isso mesmo, perdemos naquele domingo o herói do brasileiro comum, do trabalhador que não desiste diante da adversidade, do pai ou arrimo de família que caminha horas até o emprego quando não tem dinheiro para pagar o ônibus, do agricultor e do operário que não se cansa, mesmo quando tem fome. Não terá sido por acaso que Deus o levou no dia 1º de maio, o dia do trabalhador.


"O fato de ser brasileiro só me enche de orgulho."


Senna foi símbolo de uma ética do trabalho que alguns teimam em considerar estrangeira, branca, européia, mas que na verdade é a ética que move a imensa maioria dos brasileiros anônimos. 

Como eles, como todos nós, Ayrton tinha orgulho de ser brasileiro, tinha emoção em ser brasileiro. Carregava o verde-e-amarelo nas cores do capacete, na bandeira sempre presente nas vitórias; por mais longe que estivesse, fazia questão de transformar em festa brasileira as suas conquistas pessoais.

Tinha o sentimento que acompanha os cidadãos de bem cujas vidas lhes abrem oportunidades, tinha o sentimento saudável e nobre de dívida para com seus compatriotas. Ninguém retribuiu mais e melhor ao país as chances que teve, quase exclusivamente por mérito próprio. Nessa conta que insistia em pagar, acabou sem qualquer dívida. Ao contrário, transformou-se em credor do eterno reconhecimento de todo um povo.

"No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz."


Ayrton Senna deixa uma herança de cidadania, de patriotismo na acepção mais alta da palavra. Mais do que ninguém, ele entendeu o que é ser parte de uma sociedade, de uma nação. Numa era de nossa história política em que as pessoas estão voltadas sobretudo para a realização de direitos, Senna quis ser a prova de que os direitos se alcançam pelo cumprimento do dever.

Cabe uma palavra sobre a dura experiência daquele fatídico domingo. Pela vida que escolheu, pelo modo como a viveu, Senna sabia que um fim trágico como o que teve seria compartilhado intensamente por todos nós. Fazer de sua morte um momento de união nacional é ser fiel ao que ele queria ser e significar.

Cada um de nós deve refletir sobre as rápidas e dramáticas imagens transmitidas pela televisão, buscar apreender todas as lições que possam trazer, individuais e coletivas. Sobretudo é preciso explicar às crianças e aos jovens, de forma aberta e sincera, a importância desse acontecimento, todo o seu significado. É necessário que nossos filhos compreendam um instante que jamais irão esquecer.

Anos antes, o mundo inteiro, mas particularmente os Estados Unidos, tinham vivido uma experiência semelhante com a explosão da nave espacial Challenger, diante do olhar incrédulo e perplexo de milhões de telespectadores.

Semelhante, ao meu ver, não apenas pelo aspecto da tragédia assistida ao vivo por adultos e crianças, da tragédia que abala todo um povo na intimidade de seus lares, na tristeza inconsolável das ruas.

Semelhante, também, porque, para um país que ainda não manda homens ao espaço, Ayrton Senna foi o herói da vanguarda tecnológica, dos limites da velocidade; foi prova de nossa capacidade de vencer no que há de mais moderno e novo. Ayrton Senna foi o nosso astronauta.

"A verdade é que todo mundo vai te machucar, você só tem que escolher por quem vale a pena sofrer."


Foi esse grande cidadão Brasileiro que por diversas vezes, tornou as tardes ou manhãs de domingo do povo Brasileiro, um pouco mais prazerosa, Ayrton Sena sempre passou uma grande lição de vida para a nação Brasileira, e todo o mundo que o acompanhava na sua carreira relâmpago e memorável. 

A sua paciência e persistência para lidar com os problemas eram consideradas algumas de suas virtudes como esportista e como exemplo de vida. A sua objetividade na busca constante pela vitória denunciava-o como grande piloto desde o inicio de sua trajetória, quando o mesmo ainda começava no kart, consequentemente punições também aconteceram devido algumas regras impostas pelas organizações das corridas de kart, no tocante a obter uma maior segurança quanto à velocidade dos participantes na competição, no entanto a sua vontade de vencer em determinadas vezes, fazia com que o mesmo ultrapassasse os limites na busca pela tão sonhada perfeição. 

Outro ponto que chamava a atenção em Ayrton era o seu companheirismo e simpatia diante de seus adversários, ele sempre tratou os seus adversários com muito respeito, e sempre lutou pelos seus objetivos de forma honesta, a sua persistência em treinar visando o seu objetivo que era vencer, transformou-o em um dos maiores pilotos de fórmula um que o mundo já conheceu. 

Todo o seu empenho rendeu-lhe algumas qualidades que os grandes pilotos da época não haviam observado em nenhum piloto até então, qualidades como dominar com excelente habilidade o seu fórmula um em uma pista molhada, coisa que até então piloto algum demonstrara. A sua inteligência e rapidez no raciocínio deixava-o um passo a frente nas estratégias, comparado aos colegas adversários, ele inclusive foi o primeiro piloto a observar que a melhoria na condição física, tornara-o com maior resistência diante dos grandes desgastes causados por determinadas provas. As suas escolhas quando necessárias quanto ao abastecimento ou troca de pneus, dificilmente eram precipitadas, pois até as suas escolhas pareciam que tinham sido calculadas de forma milimétricas. 

A certeza na sua vitória pelo povo nas manhãs ou tardes de domingo, eram tão certas que mesmo que ele largasse em posições pouco privilegiadas, a sua habilidade e capacidade tornava-o pretenso vencedor. Mesmo quando a equipe a que ele representava não fornecia um carro com qualidades competitivas, à euforia do povo era sempre no sentido de que no momento em que fosse acontecer a prova, que caísse um temporal, já que nesse tipo de situação jamais ele iria ser superado. 

E foi em condições semelhantes a essa, que ele conseguiu uma de suas vitórias memoráveis aqui no GP do Brasil, fazendo com que o povo invadisse a pista no final da corrida para abraça-lo e comemorar, pois mesmo correndo com um carro de qualidade inferior, e com problemas mecânicos, um temporal caiu na pista de forma milagrosa e favoreceu a sua habilidade em pilotar na chuva, deixando os seus adversários para trás e levando o povo Brasileiro ao êxtase da felicidade. 


Conclusão


E essa semelhança me leva a concluir este artigo com as palavras pronunciadas naquele dia fatídico de 1986 pelo então presidente  dos EUA, Ronald Reagan, dirigindo-se às crianças: 
"Sei que é difícil entender, mas algumas vezes coisas dolorosas como esta acontecem. É tudo parte do processo de exploração e descoberta. É tudo parte de ousar e expandir os horizontes do homem. O futuro não pertence aos fracos de coração. Pertence aos bravos." 
Basta da caricatura falsa de "Macunaíma", pois o verdadeiro Brasil tem mesmo cara é de Ayrton Senna. Obrigado Ayrton da Silva, o nosso Ayrton Senna do Brasil pelos vários exemplos de vida e de humanidade que você nos deixou. Agora você não brilha mais nas manhãs dos domingos, mas todas as noites como uma das estrelas no céu.
  • Escrevi mais sobre ele ➫ aqui.
A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade 
E nem 1% religioso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário