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terça-feira, 10 de novembro de 2020

VOCÊ SABE O QUE SEUS FILHOS ANDAM VENDO NA INTERNET?

Frequentes operações da Polícia Civil, têm conseguido desbaratar várias quadrilhas de pedófilos no Brasil, com ramificações em outros países no exterior. Com o advento da pandemia, quando os menores tiveram de ficar mais tempo em casa para cumprimento da quarentena e do isolamento social, esse problema que não é nada novo, ficou ainda mais evidente, já que crianças e adolescentes aumentaram ainda mais o tempo de acesso aos conteúdos digitais através da Internet, o que potencializou ainda mais a atuação desses criminosos predadores sexuais em seus assédios contra eles, que se tornam, portanto, suas vitimas iminentes e em potencial. Diante dessa preocupante realidade, mais do que nunca, é relevante a pergunta:

O que seus filhos veem na Internet?


Você sabe o que as crianças e adolescentes da sua casa andam fazendo na Internet? Esta pergunta é feita por milhões de adultos e pais em todo o mundo. Vivemos em uma sociedade conectada na qual o acesso a qualquer tipo de informação está a dois cliques de distância e isso nos permite interagir com pessoas de qualquer parte do mundo, conseguir informação de nosso interesse ou compartilhar nossas experiências. Tudo bem que a Internet pode ser uma excelente ferramenta de pesquisa para os estudos (principalmente agora que o retorno às aulas presenciais ainda é pauta de dúvidas, incertezas e polêmicas) ou mesmo para se divertir. Mas todo cuidado é pouco!

O fato é que é bem difícil ver uma criança ou um adolescente que não esteja no momento com os olhos pregados em uma tela de algum dispositivo eletrônico digital. Redes sociais, plataformas de vídeos e aplicativos fazem parte de suas vidas como o oxigênio que respiram. O conteúdo desses espaços virtuais que mais chama a atenção contém música, dança e humor, mas alguns são perigosas armadilhas.

A rede social Facebook tem bilhões de usuários. Nela que o norte-americano Ronald McNutt, de 33 anos, cometeu suicídio ao vivo em vídeo e ele viralizou para outras redes como o Instagram e a chinesa TikTok (que, aliás, é a febre virtual do momento), com milhões de visualizações mundo afora. No Reino Unido, uma garota ficou traumatizada ao ver o suicídio quando buscava vídeos de entretenimento. Ela ficou em estado de choque e tem dificuldades para dormir e estudar, além de ter medo de sair de casa, segundo sua mãe contou à rede BBC. Esse é só um dos tipos de conteúdo perigoso.

Armadilhas sexuais


Sabia que há adultos que se passam por crianças ou adolescentes em jogos na Internet com segundas intenções? É sério! Em alguns casos, pedem até fotos sem roupa, estimulam comportamentos sexuais e chegam a marcar encontro às escondidas. Tenso, né? Atualmente, o sexo é facilmente acessado na internet. Foi-se há muito o tempo em que para ter acesso a algum tipo de conteúdo pornográfico, era preciso ir a alguma banca de revistas ou vídeo locadoras, onde esse material tinha até um lugar especial e reservado, "proibido para menores de 18 anos", para que não houvesse uma exposição pública. Atualmente, qualquer pessoa, em um clique, pode ter contato com qualquer tipo de conteúdo pornográfico. Recente pesquisa constatou que os sites Xvídeos e Pornhub, ambos de conteúdo pornográfico, tiveram acessos recordes durante a quarentena.

E não é só isso. Esse tipo de conteúdo também aparece disfarçado em danças, músicas, filmes, séries e até desenhos animados. Quando disfarçados, esse tipo de conteúdo é ainda mais perigoso, pois, contém armadilhas que buscam sexualizar crianças e adolescentes. Por esse motivo, é preciso critério e que adultos fiscalizem o que menores consomem e com quem falam na rede.

Pais, a responsabilidade é de vocês!


Para que não fique parecendo que tudo isso é "papo de pastor", vamos dar uma olhada na opinião das autoridades no assunto.

Especialistas concordam que o acesso à rede mundial é um caminho sem volta, e a proibição do uso não é a melhor opção para os pais. O presidente da organização não governamental Safernet, Thiago Tavares, diz que a melhor estratégia continua sendo o diálogo, a conversa franca e a relação de confiança que deve existir entre pais e filhos.
"Da mesma forma que você conversa com seus filhos sobre os riscos que existem ao sair na rua, na escola, no cinema, você diz para ele não aceitar bala de estranhos, você também deve orientá-lo em relação ao uso seguro da internet"
diz. Ele recomenda também o uso de versões customizadas de sites e aplicativos, que selecionam o conteúdo apropriado para crianças.

O especialista não recomenda o monitoramento dos filhos com o uso de softwares espiões. Segundo ele, esses programas passam uma falsa sensação de segurança e podem comprometer a relação de confiança entre pais e filhos. 
"Proibir o uso da internet não adianta. E monitorar o que seu filho faz por meio de softwares espiões também não ajuda, porque quebra uma relação de confiança e é ineficiente, porque as crianças não acessam a internet de um único dispositivo"
justifica.

Todo cuidado é pouco


A mestre em psicologia clínica Laís Fontenelle orienta aos pais acompanhar os acessos virtuais dos filhos da mesma forma como é feito no mundo real. 
"O mesmo cuidado que tem de ter na Internet é o cuidado que tem de ter em um espaço público. Os pais têm de monitorar da mesma forma que monitora a casa do amigo que o filho vai, a praça que vai frequentar, a festa, porque é como se fosse um espaço público, só que virtual"
explica.

No caso de crianças não alfabetizadas, o acesso à internet precisa sempre ser feito com a supervisão de um adulto, diz a psicóloga. 
"A mediação é imprescindível principalmente para crianças que não estão alfabetizadas. Elas vão com o dedinho no touchscreen [tela do celular ou tablet] e podem cair em um conteúdo que não é adequado para elas, e não têm a maturidade para lidar com o conteúdo que está ali"
adverte.

A psicóloga também "puxa a orelha" dos pais, alertando para a responsabilidade do exemplo dado às crianças. 
"Não adianta a gente fazer um overposting dos nossos filhos nas redes sociais, expondo tudo que acontece na vida deles: 'ganhou um peniquinho, comeu a primeira papinha' e dizer para eles não fazerem isso. Se a gente não sabe lidar com esses limites claros sobre o que pode ser publicizado sobre a intimidade das nossas vidas, eles nunca vão saber"
diz Laís.

Os principais riscos do uso da internet por crianças e adolescentes são os acessos a conteúdos inapropriados para a idade, como pornografia, a exposição da privacidade em redes sociais, o cyberbulling e a exposição da intimidade, principalmente na adolescência. 
"Os casos de vazamento de nudes [fotos de nudez] não param de crescer ano a ano"
diz o presidente da Safernet. Além disso, há o perigo do contato com estranhos, que pode resultar em tentativas de assédio, aliciamentos ou golpes.

Contra fatos...


Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil mostrou que *87% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos têm perfil em redes sociais, e 68% acessam a Internet mais de uma vez por dia. Segundo o estudo TIC Kids Online Brasil, 11% dos entrevistados entre 9 e 17 anos de idades acessaram a internet pela primeira vez antes dos 6 anos de idade. 
  • *[Os números da pesquisa já podem ter sofrido alterações.]

Sinais de que existe algum problema


Além de entender o uso que fazem da Internet, é importante que os pais fiquem atentos a mudanças comportamentais que podem estar associadas à vida online.

As dicas utilizadas abaixo funcionam bem caso uma relação de proximidade já esteja em curso entre pais e filhos. No entanto, especialmente na adolescência, eles podem começar a ficar mais calados e mesmo impedirem os pais de acompanharem a vida online.

É claro que a privacidade é muito importante para o desenvolvimento da criança ou adolescente, no entanto, o excesso de segredo pode ser sinal de algum problema. Especialmente se acompanhado de comportamento depressivo, rebelde ou violento. Se esse for o caso, note se a criança ou adolescente sai da Internet triste ou preocupada. Isso pode ser sinal de que algum tipo de bullying está ocorrendo.

Se você perceber que a criança está demonstrando que se meteu em alguma enrascada que não quer falar, não se alarme. Seja compreensivo(a) e pergunte, se aproxime, preste atenção e aja de uma forma que inspire confiança e não punição.

Por vezes, é justamente o erro que induz ao aprendizado e é importante os pais estejam abertos a aprenderem junto com seus filhos a respeito desse mundo novo que cresce a todo instante.

Conclusão


Por mais que pensemos que as crianças de hoje dia possam se desenvolver com autonomia no mundo digital, a realidade é que elas apenas têm um leve conhecimento de como devem agir. Os adultos possuem a experiência de vida e temos que transmiti-la de forma adequada para que saibam enfrentar os possíveis perigos digitais da mesma forma que fariam na vida real. Apenas assim conseguiremos que aproveitem a tecnologia e aprendam ao mesmo tempo que se divertem. 

Para ajudá-lo nesta tarefa, com base no que disseram os especialista, elaborei uma lista com as dicas mais importantes para que seus filhos possam navegar na web com total segurança e tranquilidade:
  1. Converse com eles sobre os possíveis perigos que estão na internet;
  2. Envolva-se nas atividades online das crianças desde cedo, assim pode estabelecer normas e aconselhá-los ao mesmo tempo.
  3. Incentive-os a falar com você sobre o que eles fazem e têm visto na internet, sobretudo se existe qualquer coisa que faz com que eles se sintam desconfortáveis ​​ou ameaçados.
  4. Hoje, a cultura do "compartilhe tudo" está muito difundida. As crianças nem sempre conseguem reconhecer os perigos que correm ao compartilhar informações pessoais, por isso, é muito importante explicar com detalhes tudo o que pode ocorrer.
  5. Defina regras básicas sobre o que pode e não pode fazer online e explique as razões de cada uma delas. Você deve rever estas regras com o passar do tempo, conforme seus filhos vão crescendo;
  6. Use um software de controle parental para estabelecer as páginas que seus filhos podem ter acesso, o tempo de uso e as atividade online. Os filtros de controle parental podem ser configurados para diferentes perfis de computador, permitindo que você personalize para cada criança, mas, cuidado: como disse a especialista acima, o uso dessa ferramenta NÃO TE EXIME de uma checagem frequente no conteúdo acessado pelos menores.
  7. Incentive seus filhos a prestar atenção aos ajustes de privacidade nas redes sociais, para que as mensagens só sejam visíveis para os amigos e familiares.
  8. Os pais são mais conscientes dos possíveis perigos da internet, mas as chances de que seus filhos saibam mais das novas tecnologias são maiores. Incentive a troca de informações para que você possa tanto aprender quanto ensinar.
  9. Proteja o computador e a navegação na internet com um software de segurança apropriado.
  10. Não se esqueça que seu smartphone não são simplesmente telefones, são computadores sofisticados. A maioria dos smartphones vem com controles parentais e fornecedores de software de segurança que podem oferecer aplicações para filtrar conteúdos inadequados, SMS incômodos e etc.
Ah! E que tal sugerir que eles saiam um pouquinho do computador pra fazer uma atividade diferente? Tipo: orar, ler a Bíblia, ler um livro ou se exercitar em casa? Afinal de contas, nada em excesso faz bem. Fica a dica!

[Fonte: Agência Brasil, Por Sabrina Craide – Repórter da Agência Brasil - Brasília; codeBuddy; WeLiveSecurity, por Josep Albors]

A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

ESCRITO NAS ESTRELAS — ESPECIAL: "SIR" SEAN CONNERY

O ano de 2020 está sendo mesmo muito difícil sobre todos os aspectos. No meio artístico, foi ano em que foram registradas muitas perdas, tanto no exterior, quanto aqui no Brasil. 

Na manhã de sábado, 31, os fãs da franquia 007, seu protagonista James Bond e todos os aficionados por cinema receberam uma dura e triste notícia: a morte do ator escocês Sean Connery. Um dos grandes nomes de Hollywood, Connery faleceu, segundo seus familiares, enquanto dormia. O icônico ator partiu aos 90 anos, sendo mais de 50 deles dedicados ao cinema. 

"My name is Bond, James Bond!"


Ele foi o primeiro e o mais popular agente 007 da história, por isso sucumbi ao clichê do subtítulo acima. Afinal, Connery repetiu a frase 
"Meu nome é Bond, James Bond!"
em seis filmes da franquia:
  1. "O Satânico Dr. No" (1962);
  2. "Moscou Contra 007" (1963);
  3. "007 Contra Goldfinger" (1964);
  4. "007 Contra a Chantagem Atômica" (1965);
  5. "Com 007 Só Se Vive Duas Vezes" (1967); e, 
  6. "007    Os Diamantes São Eternos" (1971).
E ainda há um 7° que não consta oficialmente da série: "Nunca mais outra vez".

De galã a lord



De infância paupérrima vivida em Edimburgo, Escócia, onde nasceu, nada indicava que um dia ele viraria Sir Sean Connery, pelas mãos da rainha Elizabeth II. Connery foi criado quase na pobreza nas favelas de Edimburgo e trabalhou como polidor de caixões, leiteiro e salva-vidas antes de seu hobby de fisiculturismo o ajudar a tentar uma carreira de ator, de acordo com a Reuters.

Politicamente, Sean Connery foi um dos maiores apoiadores e financiadores do Partido Nacional Escocês na luta pela independência da Escócia perante ao Reino Unido. Para se ter uma ideia, metade de seu cachê em "007 Os Diamantes São Eternos" (1971), o maior pago a qualquer ator de cinema na época, foi doado ao Partido e a instituições que ajudam crianças carentes da Escócia.

Esse seu apoio, inclusive, lhe custou, em alguns anos, sua sagração a Cavalheiro do Reino Unido da Grã-Bretanha, o que, consequentemente, lhe daria o título de Sir. Em 1991, ele recebeu a Legião de Honra do governo francês. Já o reconhecimento pela Rainha Elizabeth só ocorreu em 2000, em uma cerimônia, que a seu pedido, foi realizada em seu país. Na ocasião, Connery compareceu ao evento com traje típico escocês: um kilt (aquele conhecido tipo de saia xadrez) de caça do clã MacLean.

Além de 007


Apesar da forte marca deixada pelo espião criado pelo escritor Ian Fleming (1908/1964), o ator provou ser eclético e interpretou outros papeis bem diferentes em 40 anos de carreira.

Seu talento, beleza, elegância e postura fez dele uma espécie de modelo para outros atores que sempre dizem querer envelhecer como Sean Connery. Aliás, em 1999, foi escolhido pela famosa revista People o homem mais sexy do século, título que ele deve ter recebido com a maior indiferença. Veja abaixo alguns dos grandes filmes que contaram com a marcante presença de Connery:
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"Marnie – Confissões de uma ladra", de Alfred Hitchcock (1899/1980) – 1964


Este é um dos meus filmes favoritos do mestre do suspense. Baseado no livro do inglês Winston Graham, ele conta a história de Marnie, uma cleptomaníaca que se emprega como secretária para dar um golpe na empresa. E quem aparece para salvá-la, não montado num cavalo branco, mas dirigindo um carro de luxo? O filho do empresário. Ele é Sean Connery, ela é Tippi Hedren, que depois filmaria outro clássico do mestre do suspense, Hitchcok, o clássico "Os Pássaros". Mark Ruthland, o personagem de Sean, obriga Marnie a casar com ele, enquanto pesquisa sobre seus problemas emocionais. No final, bem..., recomendo assistir para saber.

"Zardoz", de John Boorman – 1974


Este filme de ficção científica não é muito conhecido e recebeu críticas como "esquisito", "pretensioso", "incompreensível", mas ele é um pouco estranho mesmo (eu não gostei). A trama: num ambiente pós-apocalíptico o mundo está dividido em três grupos, os miseráveis e famintos Brutais, os Exterminadores e a elite, os Imortais.

Nessa sociedade "deus" é um artifício criado pelos Imortais, uma bizarra cabeça de pedra de onde saem as ordens para execução. Connery é Zed, o líder os Exterminadores. Vi esse filme uma única vez, ainda em fita de VHS, que peguei na locadora, justamente por ter Connery como protagonista. Achei o filme horrível e a única coisa que me ficou na memória foi mesmo o Sean Connery, "inesquecível" com um figurino um tanto bizarro: tanga vermelha, botas acima dos joelhos e uma longa trança no cabelo.

"O Homem Que Queria Ser Rei", de John Houston (1906/1987) – 1975


O filme é baseado no conto de Rudyard Kipling (✰1865/✞1936), "The man who would be king". Nele, Sean Connery contracena com outro grande ator britânico, Michael Caine ("Batman, O Cavaleiro das Trevas", 2008). Eles interpretam dois ex-soldados ingleses, na Índia Britânica, que decidem abandonar o exército e realizar uma viagem aos países vizinhos, chegando ao Kafiristão, onde pretendem viver como reis.

O diretor queria Clark Gable ("...E o Vento Levou", 1939 [✰1901/✞1960]) e Humphrey Bogart ("Casablanca", 1942 [✰1899/✞1957]) nos papéis, depois pensou em Burt Lancaster ("A Um Passo da Eternidade", 1953 [✰1913/✞1994]) e Kirk Douglas ("Spartacus", 1960 [✰1916/✞2020]) e também Robert Redford e Paul Newman. O próprio Newman achou que Connery e Caine eram mais adequados. Ele tinha razão. Sean Connery considera seu papel em "O Homem Que Queria Ser Rei" como o preferido de sua carreira.

"Robin e Marian", de Richard Lester – 1976


Que ideia maravilhosa imaginar o herói Robin Wood , já envelhecido, voltando a Sherwood e reencontrando os antigos companheiros de luta. Ele fica sabendo também que Maid Marian, seu grande amor, agora vive em um convento. O reencontro é cheio de emoção e, depois de salvá-la de um inimigo, eles voltam aos velhos tempos amorosos. Sean, na pele do herói, contracena com Audrey Hepburn ("Bonequinha de Luxo", 1961 [✰1929/✞1993]). Ela não atuava há nove anos e aceitou o papel por insistência dos filhos que queriam ver a mãe contracenando com James Bond! O resultado é uma beleza.

"O Nome da Rosa", de Jean Jacques-Anaud -1986



Fazer uma adaptação do livro de Umberto Eco para o cinema foi uma grande ousadia do diretor francês. Não por acaso o filme levou cinco anos para sair do papel. O resultado foi muito bom! Escrevi artigo especial sobre este filme aqui
  • Sean Connery ganhou o importante prêmio Bafta de melhor ator pelo papel e o filme o francês César de melhor filme estrangeiro.

"Os Intocáveis", de Brian de Palma – 1987


Sean Connery ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante pelo papel de um policial que caça o mais famoso gangster da história: Al Capone, interpretado por outro monstro sagrado, Robert De Niro. O filme também ganhou o Cesar, mais importante prêmio de cinema na França, de melhor produção estrangeira.

Este eu não assisti, mas, o site Adoro Cinema, trás a seguinte sinopse: 
"A Chicago dos anos 30, o jovem agente federal Eliot Ness (Kevin Costner) tenta acabar com o reinado de terror e corrupção instaurado pelo gângster Al Capone. Para isso, ele recruta um pequeno time de corajosos e incorruptíveis homens e conta com a ajuda do experiente policial Jim Malone (Connery)."

"Encontrando Forrester", de Gus van Sant- 2000


O nome do cineasta Gus van Sant é sinônimo de sucesso. No caso desse longa, não foge à regra. Costumo me referir a "Encontrando Forrester" como o melhor dos últimos filmes de Sean Connery. Ele também deve achar, porque depois de participar de produções como "A Liga Extraordinária" (Destetei! Não curto nem pouco esses filmes baseados em super heróis de HQs), de Stephen Norrington (2003), decidiu se aposentar do cinema, para minha imensa tristeza!

Neste longa, Sean interpreta William Forrester, escritor com um único livro publicado, que vive recluso no seu apartamento, no Brooklin, desde que os críticos começaram a especular o que ele quis dizer no romance que foi premiado com o Pulitzer.

Um dia, Jamal, um jovem de 16 anos invade o apartamento do "esquisitão" e acaba esquecendo seus escritos que são lidos e corrigidos por William. Começa então uma relação professor-aluno e o jovem do gueto vê se abrir novas possibilidades na sua vida de garoto pobre. O filme lembra outro do mesmo diretor: o irretocável "Gênio Indomável" (1997), anterior e de maior sucesso. Mas "Encontrando Forrester" é um filme simpático e Sean Connery está muito lindo sedutor no apogeu da chamada terceira idade.

Outros títulos na brilhante careira do ator que merecem recomendação e destaque são:
  • "Ver-te-ei no Inferno" (de Martin Ritt [✰1914/✞1990], 1970),
  • "O vento e o Leão" (de John Millus, 1975), 
  • "A Casa da Rússia" (de Fred Schepise, 1990),
  • "Indiana Jones e a Última Cruzada" (de Steve Spielber, 1989), 
  • "Caçada ao Outubro Vermelho" (de John MacTieman, 1990), 
  • "A Rocha" (de Michael Bay, 1996) 
  • "Armadilha" (de David Brooks, 2012), 
dentre outros...
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Conclusão


Como eu já disse, o último filme de Sean Connery foi "A Liga Extraordinária" de 2003 (que considero um grande equívoco na brilhante carreira do ator, filme que não recomendo de jeito nenhum, mas, sim, há quem goste). Em 2008, recusou o retorno à série Indiana Jones em "Indiana Jones e o Reino Da Caveira De Cristal", como pai do personagem principal (acho que fez bem, pois, na minha opinião, a fórmula dessa franquia já deu o que tinha que dar). 

O grande ator resolveu se aposentar, reclamando da falta de bons roteiros e também pelos problemas físicos comuns a quem estava já com 89 anos de idade. Foi então viver sua aposentadoria nas Bahamas com a artista plástica Michelline Roquebrune Connery, com quem foi casado desde 1975. Fica aqui minha singela homenagem a este ator, de quem sou fã declarado, ao homem que não queria ser rei, mas quase chegou lá!

[Fonte: Portal MakingOf, por Brígida Poli]

A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

PAPO RETO — VOCÊ TEM FÉ OU É AVARENTO?

"Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" (Mateus 6:19-21, ênfase por mim acrescentada).
Certamente estes são dos versículos mais conhecidos e também pregados da Bíblia. Porém, e digo com base em fatos, é também um dos menos vivido. Principalmente entre os propagadores da confissão positiva, um dos tentáculos da famigerada teologia (ou teoria) da prosperidade, o acúmulo e a aquisição financeira e de bens materiais, é o alicerce doutrinário e o que caracteriza que determinado indivíduo é abençoado. Mas, será isso mesmo que Deus nos ensina em Sua Palavra? É o que veremos no texto de mais um capítulo da série especial de artigos Papo Reto.

O problema da avareza

"E disse ao povo: 'Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui'" (Lucas 12:15).
Muitos líderes falham por não ensinarem e não conduzirem o povo de forma correta nas questões da contribuição e do uso do dinheiro, porque temem tonar-se um alvo de críticas, de zombarias e acusações; "avarenta", porque nem mesmo a liderança cristã, de modo geral, pode ser considerada como um exemplo de contribuição.

Alguns nem têm a coragem de ensinarem muito acerca do assunto para não ficar feio para eles mesmos. Uma vez que muitos dos próprios líderes não agem com desprendimento, acabam estabelecendo um modelo (oferecido por suas próprias vidas) para o rebanho, o qual, por sua vez, também caminha no mesmo padrão de falta de liberalidade. No entanto, creio que virão dias de uma mudança gerada por uma nova visão e compreensão das antigas verdades bíblicas!

A importância do ensinamento sobre o uso correto do dinheiro


Muitos crentes não percebem a importância do ensino nesta área. Na verdade, falar sobre dinheiro nas igrejas em geral causa desconforto. Porém, como é possível não falarmos acerca deste assunto? Quase a metade das parábolas de Jesus o mencionam. Além do Senhor Jesus, vemos que os apóstolos falavam, ensinavam, e corrigiam os crentes no tocante ao nosso relacionamento com o dinheiro. Este não é um assunto sem importância. As Escrituras falam mais dele do que de muitos outros temas que julgamos vitais para uma vida cristã sadia. Howard Dayton, em seu livro "O Seu Dinheiro" (Bless Editora, 2002) declara que, na Bíblia, há mais de dois mil e trezentos versículos sobre dinheiro, bens e posses.

É preciso entendermos que o dinheiro em si não é errado, e sim as possíveis atitudes e inclinações do nosso coração.

Para este estudo, vamos nos basear na parábola do rico insensato, narrada em Lucas capítulo 12 verso 16 ao 21, que diz respeito a um dos grandes problemas que interferem, decisivamente, em nossa vida cristã: o problema da avareza (e/ou ganância, cobiça).

Neste ensinamento, o Mestre Jesus nos chama à atenção para um fato que parece não ser percebido por muitas pessoas. O fato de que não nos será permitido cruzar a fronteira da morte com nenhum bem material. É como diz um velho adágio popular: "Caixão não tem cofre."

Veremos que a ganância é uma loucura:
"Como saiu do ventre de sua mãe, assim também se irá, nu como veio; e nada tomará do seu trabalho, que possa levar na mão" (Eclesiastes 5:15).

O propósito da parábola


Jesus contou a parábola do rico insensato após alguém da multidão ter apelado para que Ele interferisse na partilha de uma herança familiar:
"Disse-lhe alguém dentre a multidão: 'Mestre, dize a meu irmão que reparte comigo a herança'" (Lc 12:13).
Ao que Jesus respondeu, energicamente: 
"Homem, quem me designou juiz ou árbitro entre vocês? E disse ao povo: 'Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui'" (Lucas 12:14,15).
Ao falar com Jesus, o homem da multidão o chamou de "mestre". Isso não era um elogio: é que os mestres da época (rabinos ou escribas) eram também procurados para resolver questões judiciais, principalmente as que envolviam a divisão de heranças familiares. A situação desse homem podia ser a de um irmão mais novo descontente com a lei que dava ao irmão mais velho o dobro da herança, na hora da partilha dos bens. No fundo, o que havia no coração era um perigoso e ambicioso desejo de ter mais dinheiro, mais riqueza, mais herança.

Na verdade, essa ganância por riqueza estava presente também em muitos corações daquela multidão; afinal, a vida nunca foi fácil. Aquela gente vivia sob o abusivo domínio político e militar do império romano; a cobrança injusta de impostos trouxera pobreza e miséria para quase todos (qualquer semelhança com o contexto atual não é mera coincidência).

Por isso, o povo vivia sonhando e buscando a falsa segurança da riqueza. Contudo, a proposta da parábola é outra: 
"Buscai antes o seu reino, e estas coisas vos serão acrescentadas" (12:31).

A verdade da Parábola


A verdade principal ensinada pela parábola do rico insensato é a de que devemos tomar cuidado com a ganância e com a avareza. O discípulo do Reino de Deus deve ter o seu coração nos tesouros do Reino de Deus.

Insistentemente, somos alertados pela Palavra de Deus quanto ao perigo de termos um coração exercitado na avareza: 
"Tendo os olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecar; engodando as almas inconstantes, tendo um coração exercitado na ganância, filhos de maldição" (2  Pedro 2:14).
Pois quem amar o dinheiro jamais dele se fartará:
"Quem ama o dinheiro não se fartará de dinheiro; nem o que ama a riqueza se fartará do ganho; também isso é vaidade" (Eclesiastes 5:10).
"Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1 Timóteo 6:10 — ênfase por mim acrescentada; note que o texto que é o amor ao dinheiro, não o dinheiro [como dizem e pensam muitos] a raiz de todos os males).
Fazer das riquezas o propósito da nossa vida é um erro fatal que leva à perdição eterna.

O amontoar egoísta de bens materiais é indicação de que a vida já não é considerada e avaliada do ponto de vista da eternidade. O egoísta e o cobiçoso já não centralizam o seu alvo e a sua realização em Deus, mas em si mesmos e nas suas possessões. O discípulo de Cristo não deve apegar-se às riquezas materiais como um tesouro que lhe dê garantia pessoal; ao contrário, deve colocar essas riquezas nas mãos de Deus, para uso do seu Reino.

Cada crente deve atentar para essa advertência de Jesus e examinar se há egoísmo e avareza em seu próprio coração. A Bíblia identifica a busca insaciável e avarenta pelas riquezas como idolatria, que é demoníaca:
"E andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. Mas a prostituição, e toda sorte de impureza ou cobiça, nem sequer se nomeie entre vós, como convém a santos, nem baixeza, nem conversa tola, nem gracejos indecentes, coisas essas que não convêm; mas antes ações de graças. Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus" (Efésios 5:3 — ênfase por mim acrescentada; note que a cobiça e a avareza estão no mesmo patamar de outros pecados sobre os quais muitos crentes se fixam "em combater" e/ou denunciar). 
"Exterminai, pois, as vossas inclinações carnais; a prostituição, a impureza, a paixão, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria" (Colossenses 3:5 — idem). 
"Seja a vossa vida isenta de ganância, contentando-vos com o que tendes; porque ele [Deus] mesmo disse: 'Não te deixarei, nem te desampararei'" (Hebreus 13:5 — idem).
É verdade que existem irmãos cristãos ricos, fazendo bom uso de sua riqueza material, utilizando seus recursos para abençoar o próximo e edificar o Reino do Senhor. Porém, para muitos (a maioria, posso afirmar sem correr o risco de ser leviano), a riqueza traz grandes problemas e prejuízos espirituais, porque, infelizmente, apegam-se demasiadamente ao dinheiro, e, nessa ânsia de tê-lo cada vez mais, acabam se descuidando dos princípios cristãos, que ensinam a integridade e a honestidade de caráter.
"Tais são as veredas de todo aquele que se entrega à cobiça; ela tira a vida dos que a possuem" (Provérbios 1:19).
Quem não se guarda do espírito de ganância incorre em outros pecados, tais como:
  • Injustiça, 
  • Furto(s), 
  • Mentira(s), 
  • Homicídio, 
  • Idolatria e
  • Apostasia (dentre outros).

Os desafios da parábola

• 1º Desafio — Jesus deseja que evitemos o consumismo:


Aprendamos a separar aquilo de que precisamos daquilo que desejamos. Se não tomarmos cuidado, será fácil fazermos que nossos desejos se tornem necessidades urgentíssimas. As propagandas televisivas são especializadas em fazer que desejemos e consumamos coisas de que não precisamos; e o consumismo leva ao endividamento; este, à ansiedade, que nos faz desconfiar do cuidado providencial de Deus, garantido na Palavra (Lc 12:27-34)

Fique atento, pois talvez você nem precise dos bens móveis ou imóveis que deseja e cobiça ansiosamente! Aprenda a viver modestamente e com contentamento.

"Tendo, porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes." (1 Timóteo 6:8)

• 2º Desafio — Jesus deseja que deixemos o individualismo:


Tudo na vida do rico da parábola girava em torno do próprio eu: "meus frutos", "meus celeiros" , "meu produto", "meus bens". Em sua vida, não havia espaço para Deus e nem para o próximo, pois tudo era planejado e pensando em função de sua satisfação pessoal:
"Direi à minha alma...".
Não há dúvida de que esse apego excessivo às coisas é um dos mais danosos hábitos que alguém pode ter. Como é uma atitude bastante natural no ser humano, raramente reconhecemos a malignidade dela; mas suas consequências são trágicas, funestas.
"Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição" (1 Tm 6:9).
Meu irmão, cuidado com o egoísmo! Guarde-se de toda e qualquer avareza!

• 3º Desafio — Jesus deseja que vivamos a solidariedade:


Solidariedade e misericórdia são palavras banidas do vocabulário do rico da parábola. Isso nos ensina que, com dinheiro, podemos fazer muita coisa boa e muita coisa ruim: com dinheiro, uma pessoa pode, egoisticamente, atender a seus próprios desejos, mas também pode, generosamente, atender às necessidades daqueles que a cercam.

Caro irmão, quanto mais você ajudar as pessoas carentes, mais se afastará dos efeitos espiritualmente destruidores da ganância. Saiba que teremos de prestar contas a Deus de como usamos as coisas que recebemos nesta vida para abençoar o próximo e edificar o reino de Deus
"Vendei o que possuís, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que jamais acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" (Lc 12:33,34).

Doar é a essência do cristianismo

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16).
Através do homem rico da parábola, o Senhor Jesus nos adverte a não depositarmos nossa esperança nas riquezas desta terra. Devemos ter consciência de que, muito embora elas possam nos trazer conforto e prestígio, em nada contribuirão, além daqui.

Mas é possível afirmar que maior perigo é canalizar tanta energia, tanto vigor, tanta ansiedade em busca de algo que, na verdade, não é o bem mais precioso que nossa alma possa adquirir. 

Conclusão

O apego aos bens


A Igreja nos ensina que somos apenas administradores de todos os bens e riquezas que Deus põe em nossas mãos, para que, com eles, façamos o bem aos outros. Devemos prestar contar a Deus de tudo, como Jesus mostrou na parábola dos talentos (cf. Mt 25:14-30).

O apego aos bens deste mundo é algo muito forte em nós, quase que uma "segunda natureza"; portanto, só com o auxílio da graça de Deus podemos vencer essa tentação forte. Desde pequenos, fomos educados para "ganhar a vida". Será preciso a força do Espírito Santo em nossa alma para nos "convencer" da necessidade de uma vida de desprendimento e o devido contentamento com uma vida de humildade (válido salientar que humildade, não tem absolutamente nada a ver com miserabilidade, mas, sim em se viver de maneira confortável, sem a necessidade de uma vida luxuosa, se essa não é a sua realidade).

Para dominar esse forte impulso, que age dentro de cada um de nós, é preciso oração, meditação e grande esforço de nossa parte; sobretudo, no sentido de nos convencermos da grandeza do desprendimento. Mais do que nunca, o Espírito Santo terá que vir em nosso auxílio contra essa nossa fraqueza.

A sã doutrina nos ensina a caminhar por entre as coisas que passam, abraçando somente as que não passam. Sejamos, portanto, senhor de nossas posses, não escravos delas.
 
[Fonte: Casa do Senhor; Orvalho.com, por pr. Luciano Subirá]

A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

CASO MARI FERRER — A CULTURA DO ESTUPRO: OS FATOS E OS FAKES

"Assim, mantenham-se firmes, cingindo-se com o cinto da verdade, vestindo a couraça da justiça" (Efésios 6:14).
Vivemos em uma era em que a verdade é menosprezada. As pessoas não acreditam na verdade absoluta, cada um constrói a sua própria versão da verdade, que se ajusta ao seu modo de vida. Como cristãos, temos na Bíblia nosso parâmetro de Verdade absoluta. Nela, Jesus não diz que é apenas uma verdade, diz que Ele é A Verdade (João 14:6). 

Isso significa que Ele é a personificação da verdade e não há verdade fora d'Ele. Baseando-se nessa premissa, eu te convido a repercutir comigo essa notícia que está causando uma enorme mobilização social, principalmente e não tinha como ser diferente nas redes/mídias sociais/digitais.

O caso


Um caso chamou atenção nesta terça-feira (3/11) e agitou as redes sociais e imprensa. O caso Mariana Ferrer trouxe um termo que levantou perguntas e confusão: estupro culposo. Mas, antes de uma análise do caso, vamos rever um outro termo que também mobiliza a sociedade e que volta à pauta dos debates com a repercussão do caso envolvendo a influenciadora digital.

O que é a cultura do estupro?


A chamada cultura do estupro, faz parte de um sistema maior, o patriarcado. E é esse sistema maior que reforça a cultura do estupro. O sistema patriarcal consiste na estrutura de pensamento que insiste no modelo de interação baseado na dominação dos homens sobre as mulheres. Nesse sistema de pensamento, o dominador/homem crê ser superior à dominada/mulher. 

A crença deriva dos discursos de validação da hierarquia histórica e culturalmente estabelecida, tal como o discurso, por exemplo, que define a mulher, dentre outros, como objeto do prazer masculino. Com esses discursos de validação da hierarquia o dominador procura justificar as atrocidades cometidas pelos homens às mulheres.

Dados oficiais mostram o quanto a cultura do estupro está fortemente presente na sociedade brasileira, não nos esqueçamos da pesquisa realizada pelo IPEA, divulgada em 2014, "Tolerância social à violência contra as mulheres", na qual 58,5% dos entrevistados colocavam a culpa na vítima do estupro justificando que, se as mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros. 

Estupro: a vítima é a mulher!


Essa tentativa de livrar os homens da culpa é intolerável. Primeiro, a culpa nunca é da vítima; segundo, o estupro além de ser um crime hediondo, covarde e nojento, uma medonha bestialidade sob todos os aspectos, não tem e não pode ter justificativa; terceiro, casos de estupros às mulheres ocorrem nas mais diversas situações, ocorrem dentro de casa, da universidade, da escola, nos ambientes eclesiásticos, nas ruas, em bairro ricos, de classe média ou populares. Eles ocorrem independentemente do tipo de roupa que as mulheres estejam usando ou do comportamento delas. 

No ano de 2014, de acordo com o 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram registrados 47.646 casos de estupros no Brasil. Mas esse número pode ser ainda mais aterrorizador se considerarmos a nota técnica "Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde", que sugere, a partir da pesquisa do IPEA já mencionada, que somente 10% dos casos são registrados e que haja anualmente 527 mil tentativas ou caso de estupros consumados no país, o que significa que os dados apresentados. Ainda segundo a nota técnica, 15% dos estupros são coletivos, ou seja, os casos acima estão longe de serem isolados (esses dados, aliás, já sofreram variações, contudo, são os que estão oficializados no estudo que ainda é o mais recente).

Agora sim, vamos ao caso


Como não sou especialista nos meandros jurídicos, fiz o que me é devido: pesquisei. Para explicar sobre o caso, o advogado e professor de Legislação Especial Leonardo Arpini comentou sobre o assunto. Conforme explicação do professor, neste caso, houve um erro de tipo. 
"Essa terminologia, estupro culposo, já está completamente equivocada"
explica.

Segundo o especialista, a única forma de punir os crimes de estupro são por forma exclusivamente dolosa.

Mas, no caso, o promotor de Justiça ventilou a tese de que houve um erro de tipo, em que se exclui o dolo e mantém a culpa. Porém, por se tratar de fato atípico, o indivíduo foi absolvido.
"Só pode punir alguém por crime culposo, se houver previsão em lei. O que não é o caso do crime de estupro"
explica. 
"Esse erro de tipo ventilado pelo promotor seria de que o agente não tinha consciência de que a vítima estava vulnerável e não tinha capacidade oferecer resistência".
No entanto, o especialista reforça que, como o processo corre em segredo de justiça e todas as informações apanhadas foram por meio de notícias veiculadas, não se sabe de fato o que baseou a sentença do magistrado.
"Nada disso faz com que o juiz de direito seja obrigado a absolver o agente criminoso por essa tese ventilada nos memoriais"
explica.

Segundo o professor, se o juiz de direito tivesse entendido que houve um crime de estupro de vulnerável, ele podia condenar o agente por estupro de vulnerável, sem precisar aceitar a tese do promotor.

No entanto, o advogado Arpini, além de discordar com a tese erguida pelo promotor, vê problemas, inclusive, no trecho da audiência que foi divulgada.

Audiência ou sessão de tortura moral e psicológica?


Outro problema sobre todo o caso do "estupro culposo" foi a audiência, que, na visão do especialista, teve vários pontos polêmicos.
"O pior de tudo não foi só a atitude do advogado, foi a atitude do magistrado que foi omisso em não cassar a palavra do advogado"
opina Arpini.

Segundo o professor Arpini, a atitude do advogado foi lamentável e que o magistrado devia intervir. Ele lembrou que o magistrado tem o poder de polícia e pode cassar a fala do advogado.

O caso concreto do "estupro culposo"


Segundo informações divulgadas pela mídia, o fato pela visão da Mari Ferrer foi de que ela foi dopada e seu corpo foi violado. Já o acusado ofereceu outra teoria, de que teria realizado somente sexo oral de forma consensual.

Inicialmente, o primeiro promotor ofereceu denúncia por estupro de vulnerável, mas ele foi promovido e o mais recente promotor, nos memoriais, ventilou a tese de erro de tipo. 

O MP-SC lamenta a difusão de informações equivocadas, com erros jurídicos graves, que induzem a sociedade a acreditar que em algum momento fosse possível defender a inocência de um réu com base num tipo penal inexistente.

O Ministério Público de Santa Catarina afirmou, nesta terça-feira (3/11), que não requereu a absolvição do empresário André de Camargo Aranha com base no argumento de que ele praticou “estupro culposo” contra a influencer Mariana Borges Ferreira, conhecida como Mariana Ferrer. Na alegações finais do processo, a promotoria também não usa o termo. 

O pedido para que Aranha seja inocentado é fundamentado na falta de provas sobre eventual dolo em sua conduta. Sem isso, não há o crime de estupro de vulnerável (artigo 217-A, parágrafo 1º, do Código Penal). Leia abaixo na íntegra a nota oficial do MP-SC.
"A 23ª Promotoria de Justiça da Capital, que atuou no caso, reafirma que combate de forma rigorosa a prática de atos de violência ou abuso sexual, tanto é que ofereceu denúncia criminal em busca da formação de elementos de prova em prol da verdade. Todavia, no caso concreto, após a produção de inúmeras provas, não foi possível a comprovação da prática de crime por parte do acusado.

Cabe ao Ministério Público, na condição de guardião dos direitos e deveres constitucionais, requerer o encaminhamento tecnicamente adequado para aquilo que consta no processo, independentemente da condição de autor ou vítima. Neste caso, a prova dos autos não demonstrou relação sexual sem que uma das partes tivesse o necessário discernimento dos fatos ou capacidade de oferecer resistência, ou, ainda, que a outra parte tivesse conhecimento dessa situação, pressupostos para a configuração de crime.

Portanto, a manifestação pela absolvição do acusado por parte do Promotor de Justiça não foi fundamentada na tese de "estupro culposo", até porque tal tipo penal inexiste no ordenamento jurídico brasileiro. O réu acabou sendo absolvido na Justiça de primeiro grau por falta de provas de estupro de vulnerável.

O Ministério Público também lamenta a postura do advogado do réu durante a audiência criminal, que não se coaduna com a conduta que se espera dos profissionais do Direito envolvidos em processos tão sensíveis e difíceis às vítimas, e ressalta a importância de a conduta ser devidamente apurada pela OAB pelos seus canais competentes.

Salienta-se, ainda, que o Promotor de Justiça interveio em favor da vítima em outras ocasiões ao longo do ato processual, como forma de cessar a conduta do advogado, o que não consta do trecho publicizado do vídeo. 

A 3ª Vara Criminal de Florianópolis absolveu Aranha, com base no princípio in dubio pro reo, por entender que a acusação de estupro só foi baseada nos relatos de Mariana e sua mãe. O juiz Rudson Marcos afirmou que não ficou provado que a influencer estava alcoolizada ou sob efeito de droga a ponto de ser considerada vulnerável e não consentir com o ato sexual por não ter capacidade de oferecer resistência."

Os fatos X os fakes


O site The Intercept Brasil afirmou, em reportagem publicada nesta terça, que o promotor do caso, Thiago Carriço de Oliveira, pediu, e o juiz aceitou, a absolvição de Aranha pelo fato de ele ter cometido "estupro culposo".
"Segundo o promotor responsável pelo caso, não havia como o empresário saber, durante o ato sexual, que a jovem não estava em condições de consentir a relação, não existindo portanto 'intenção' de estuprar. Por isso, o juiz aceitou a argumentação de que ele cometeu 'estupro culposo', um 'crime' não previsto por lei. Como ninguém pode ser condenado por um crime que não existe, Aranha foi absolvido"
disse o texto do Intercept.

Mas, como vimos na nota acima, o MP-SC afirmou, que 
"não é verdadeira a informação de que o promotor de Justiça manifestou-se pela absolvição de réu por ter cometido 'estupro culposo', tipo penal que não existe no ordenamento jurídico brasileiro".

Expressão ausente


Ainda de acordo com o MP-SC, as alegações finais do processo, oferecidas em 10 de agosto, o promotor Thiago Oliveira também não pede a absolvição do empresário com base na alegação de que ele teria praticado "estupro culposo", e sim com o fundamentado de que não ficou provado que ele agiu com dolo. Sem isso, não há crime, analisou.

O integrante do MP-SC disse que Mariana Ferrer, logo antes do ato, 
"estava com vestes ajeitadas, de pé, conseguia caminhar sem socorro, não apresentava troca de palavras e, portanto, não aparentava estar incapaz de resistir ao interesse do acusado".
Dessa maneira, ressaltou Oliveira, não há indicação de que Aranha agiu com dolo — isto é, com consciência de eventual vulnerabilidade da influencer. Assim, destacou, não é razoável presumir que o empresário soubesse ou devesse saber que a mulher não desejava a relação sexual.

Nesse cenário, segundo o membro do MP-SC, deve ser aplicado o erro de tipo essencial (artigo 20 do Código Penal). Em tal situação, há a exclusão do dolo do agente, embora exista a possibilidade de condenação por conduta culposa. No entanto, o estupro de vulnerável só admite a modalidade dolosa, e não a culposa, apontou Oliveira. Portanto, se o suspeito não agiu com dolo, não há crime.

Ainda de acordo com o que consta nos autos, se houve recusa de Mariana, foi após a relação, quando ela disse, em mensagem enviada para uma amiga, que não queria "esse boy" ou quando, já em casa, disse não ter consentido em praticar qualquer tipo de ato sexual, ponderou o promotor.
"Desse modo, não obstante haja a comprovação da ocorrência de conjunção carnal e de atos libidinosos, não há, nos autos, qualquer comprovação de que o acusado tinha conhecimento ou deu origem à suposta incapacidade da vítima para resistir a sua investida".

Relatos de testemunhas


Ainda de acordo com os especialistas (não se trata de uma opinião pessoal minha) o juiz Rudson Marcos também não fundamentou a absolvição de André Aranha na tese de que ele cometeu "estupro culposo".

Na sentença, o juiz afirmou que, para a configuração do estupro de vulnerável, é necessário que a vítima não tenha condições físicas ou psicológicas de oferecer resistência à investida sexual e que haja dolo na conduta do agressor e ciência da vulnerabilidade do alvo.

O julgador mencionou trecho do livro Direito Penal esquematizado, volume 3: parte especial, artigos 213 ao 359-H (Método), de Cleber Masson. Na passagem, Masson diz que a vulnerabilidade tem natureza objetiva. Dessa maneira, a pessoa é ou não vulnerável se reunir ou não as peculiaridades indicadas pelo caput (ser menor de 14 anos) ou pelo parágrafo 1º ("alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência") do artigo 217-A do Código Penal.

Entretanto, Masson deixa claro que nada impede a incidência, quanto a estupro de vulnerável, do erro do tipo, descrito no artigo 20, caput, do Código Penal. O dispositivo tem a seguinte redação: 
"O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei".
Para o especialista, o erro do tipo não se confunde com a existência ou não da vulnerabilidade da vítima. 
"Como não foi prevista a modalidade culposa do estupro de vulnerável, o fato é atípico"
diz Masson na passagem citada pelo juiz.

Rudson Marcos apontou que não ficou provado que Mariana Ferrer estava alcoolizada ou sob efeito de droga a ponto de ser considerada vulnerável e não consentir com o ato sexual por não ter capacidade de oferecer resistência.

Marcos destacou que os exames de alcoolemia e toxicológico apresentaram resultado negativo. O juiz também citou que a única testemunha que corroborou a versão de Mariana foi a sua mãe.
"Em que pesem tais relatos, fato é que as testemunhas que estavam na companhia da vítima afirmaram que esta estava consciente durante o período que tiveram contato com a mesma, um 'pouco alegre', mas nada demais, nada que demonstrasse estado de inconsciência ou incapacidade, nem mesmo foram alertados pela ofendida de que havia sido violentada"
avaliou o julgador.

Os relatos de Mariana e sua mãe não permitem concluir que Aranha praticou estupro, avaliou o juiz. Em sua visão, não há outras provas que embasem a versão de que ela não tinha capacidade para consentir com o ato sexual.
"Sendo assim, a meu sentir, o relato da vítima não se reveste de suficiente segurança ou verossimilhança para autorizar a condenação do acusado. Em que pese seja de sabença que a jurisprudência pátria é dominante no sentido de validar os relatos da vítima, como prova preponderante para embasar a condenação em delitos contra a dignidade sexual, nos quais a prova oral deve receber validade maior, constata-se também que dito testemunho precisa ser corroborado por outros elementos de prova, o que não se constata nos autos em tela, pois a versão da vítima deixa dúvidas que não lograram ser dirimidas"
analisou Marcos.

Como as provas são conflitantes, não há como impor ao acusado a responsabilidade penal, pois 
"melhor absolver cem culpados do que condenar um inocente"
declarou o juiz ao inocentar Aranha com base no artigo 386, VII, do Código de Processo Penal ("não existir prova suficiente para a condenação").

Conclusão


A cultura do estupro, como um subproduto do patriarcado, não terá fim enquanto a culpa for colocada na mulher; não houver punição para os estupradores; tivermos representantes do alto judiciário conivente com o estupro e com o estuprador. Precisamos acabar com a cultura do estupro e com a cultura da violência contra as mulheres e podemos começar com a educação, um processo mais longo, sei, porém com resultados mais sólidos. 

Mas a educação deve ser de outro tipo. Precisamos de uma educação que ensine para os meninos, desde crianças, que o corpo da mulher não é objeto, que ele não existe para ser violado e para ser agredido. Precisamos de uma educação onde o respeito ao outro seja ensinado. Precisamos de uma educação mais amorosa.

Isto posto, enfim, sobre o caso em questão, de acordo com o posicionamento de especialistas jurídicos acima, o que se questiona e o que deve ser levado em conta, NÃO É a notícia veiculada pelo site Intercept, que já se provou, inclusive com uma nota pública do próprio, tratar-se de uma fake news — ou seja, o réu não foi inocentado com base na inexistente sentença de "Estupro Culposo", mas sim por não ter havido provas suficientes para sua condenação — e sim a conduta omissa do magistrado, do promotor e do advogado de defesa em relação à maneira agressiva, sexista, misógina, desrespeitosa e humilhante com a qual o advogado de defesa do réu tratou a suposta vítima, expondo-a a uma inadmissível e absurda tortura moral durante a audiência. 

Esse caso, que certamente ainda vai dar muito pano para mangas (celebridades e anônimos já estão se manifestando e tem até protestos já marcados), mais uma vez, nos alerta para a importância de procurarmos nos inteirar dos fatos, pesquisando, checando fontes, antes de formar opiniões baseadas apenas em títulos tendenciosos de matérias espetaculosas, sem o devido compromisso com a informação da verdade. Foi o que fiz para confecção do texto deste artigo.

[Fonte: Conjur, por Sérgio Rodas correspondente da revista Consultor Jurídico no Rio de Janeiro. Le Monde Diplomatique Brasil, por Vânia dos Santos Silva é pesquisadora de Estudos Clássicos na Universidade de Coimbra. E-mail: vania21santos@gmail.com.]

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segunda-feira, 2 de novembro de 2020

OSTENTA, CRENTE!

"Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade. Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?" (Eclesiastes 1:2,3).
Vaidade, no contexto bíblico, significa algo "fútil", "inútil", "vazio" ou "ilusório". O significado de vaidade na Bíblia geralmente transmite exatamente a ideia de inutilidade e tolice. Há várias referências bíblicas acerca da vaidade. Inclusive, o conceito de vaidade permeia o tema principal do livro de Eclesiastes.

Muita gente pensa que vaidade significa, simplesmente, uma preocupação estética ou visual. Para muitos, vaidade é um corte de cabelo, uma roupa nova etc. Antigamente era comum, dentro de certos círculos evangélicos, algumas pessoas se privarem de cuidados pessoais básicos por medo de incorrer no pecado da vaidade.

Mas a palavra vaidade na Bíblia traduz diferentes termos originais, o que torna sua aplicação bastante ampla. No entanto, ao analisar as passagens bíblicas que falam da vaidade, é fácil perceber que seu significado é muito mais profundo do que uma simples preocupação com a aparência externa. De forma geral, a vaidade na Bíblia denota o comportamento tolo do homem em tentar encontrar satisfação à parte de Deus. Por isso seu significado frequentemente aparece relacionado a comportamentos pecaminosos como a soberba, o orgulho e a idolatria.

A palavra vaidade, propriamente dita, não é muito comum no Novo Testamento. Mas geralmente quando aplicada, ela indica a realidade de algo fútil, sem propósito e pecaminoso. No livro de Atos dos Apóstolos, por exemplo, Paulo e Barnabé chamam os ídolos cultuados pelos habitantes de Listra de "vaidade" ou "coisas vãs" (Atos 14:15).

Antes de eu entrar no tema específico desse artigo, era fundamental que entendêssemos o que a Bíblia diz sobre a vaidade. Ou seja, como bem entendemos, não é absolutamente nada do que ensinam os legalistas em seus RIs (Regimentos Internos) doutrinários. Agora sim, vamos especificamente ao tema propriamente dito.

As armadilhas do consumismo alimentado futilidades


Um dos principais malefícios que uma sociedade de consumo igual a nossa pode trazer é o desejo incontrolável e insaciável de ostentar. A ostentação nada mais é do que o ato de expor o máximo possível uma situação ou alguma coisa adquirida, o que, dentro da lógica consumista, fútil e alienada da sociedade contemporânea, é visto como natural.

Infelizmente, nos últimos 40 anos, por influência da teologia da prosperidade, a ostentação tem sido cada vez mais apregoada e valorizada no contexto evangélico brasileiro. Talvez uma das frases de efeito que mais sintetizem isso é: 
"Somos filhos do Rei e por isso merecemos ter uma vida de reis".
O argumento da teologia da prosperidade é tão fraco que, para ser derrubado, basta questionarmos quem é esse Rei. Biblicamente o nosso Rei é Jesus e, se olharmos, até mesmo com certa superficialidade, para Sua vida relatada nos evangelhos, perceberemos com muita facilidade que Ele não era um rei que seguia os parâmetros humanos.

Jesus não acumulou riquezas, não construiu um templo para Si, não buscou reconhecimento político ou social, não fez alianças com pessoas influentes, não fazia questão nenhuma de ser valorizado por Sua posição social e, principalmente, nunca ostentou nada – nem mesmo o fato de ser o Filho de Deus (Filipenses 2).

Portanto, crente que ostenta posição, bens ou qualquer outro atributo está indo  diretamente contra aquilo que o Mestre ensinou. Jesus não fez deliberadamente um voto de pobreza nem orientou Seus discípulos a fazer algo semelhante, mas Sua vida e pregação sinalizavam a todos que quem desejasse segui-lO deveria almejar mais a Deus do que a qualquer outra coisa. 

Podemos sim, por meio do trabalho honesto e digno, ter uma vida confortável, prazerosa e farta, mas isso não significa que somos mais protegidos por Deus e muito menos que devemos expor, ostentar nossa vida ou estilo de vida para dizer que somos de Deus ou abençoados por Ele.

O Evangelho de Cristo X a "Teoria da Prosperidade"


Muitas igrejas pregam a "teoria da prosperidade", onde Deus se alegra com a ostentação, com demonstrações extremas de posses e "disputa" entre quem é o cristão mais poderoso (que chamam de "abençoado"). Mas, Jesus Cristo não pregou a humildade? Ele mesmo não era exemplo disso, sem posses, sempre junto dos mais humildes? Na verdade, a Bíblia é sempre usada em partes. Somente as partes que interessam os gananciosos, os preconceituosos e os oportunistas é que são utilizadas... descontextualizadas e distorcidas.

Quando se pensa na desigualdade de nosso país, muitas pessoas logo apontam os culpados: empresários, pelo seu espírito capitalista; políticos, pela recorrente corrupção; e assim por diante. Porém, muitas vezes esquecemos que, infelizmente, toda nossa sociedade está contaminada por algo muito mais profundo, que é justamente a origem dos problemas normalmente indicados: o egoísmo.

Se, por um lado, a avareza, ou seja, o "amor pelo dinheiro", é "a raiz de toda espécie de males" (1 Timóteo 6:10), quanto mais o egoísmo, que é sua origem. Não é à toa que, para além da questão financeira, vemos o egoísmo afetando, em nossa sociedade, as várias relações humanas: destrói amizades, famílias e até mesmo igrejas. Porém, como podemos vencer o egoísmo? Sendo o egoísmo uma das "obras da carne" (Gálatas 5:19-21), devemos combate-lo com um dos elementos do "fruto do espírito" (5:22-23): o amor!

Esquecemos muitas vezes de ver ao próximo pelos olhos do amor de Deus, amando ao próximo, de fato, como a nós mesmos. Afinal, quando vemos o outro como nós, em mesmo valor, reconheceremos que suprir a necessidade do outro vale mais que a nossa ostentação. Esquecemos que muitos deixam de ter pão para poucos poderem beber vinho – muitos vivem na miséria para que alguns desfrutem de uma vida de luxo.

Também, vendo ao próximo pelos olhos do amor, reconheceremos que a luta contra a desigualdade social, antes de ser tarefa do Estado, é tarefa da Igreja. Esquecemos a proclamação de João Batista, de que quem tem duas capas deve dar uma a quem não tem. Esquecemos que antes de ser tarefa do Estado, foi tarefa da Igreja cuidar dos órfãos, das viúvas, e até mesmo dos doentes, quando estes eram rejeitados por todos. Este cuidado é, inclusive, segundo Tiago (1:27), a “verdadeira religião”.

Esquecemos, como disse Basílio de Cesaréia, que 
"o pão que guardas é pão do faminto, a túnica que conservas é de quem está nu, o dinheiro que possuis é do indigente. E assim, tudo o que poderias ostentar são outras tantas injúrias feitas a outros"
Nossos luxos e ostentações, portanto, devem ser vistas da forma correta: não são somente caprichos, mas são ofensas àqueles que não tem.

Afinal, se o egoísmo nasce de um medo de não termos aquilo que precisamos, ele se desenvolve e se torna na avareza, ostentação e inveja, que são o amor àquilo que não precisamos e o desejo de tudo aquilo que ainda não temos.

PASTOR OSTENTAÇÃO, A BÍBLIA É A SOLUÇÃO


O ensino dos pregadores da teologia da prosperidade é anti-bíblico, pois afirma que o proposito de Deus é enriquecer pela fé (e mediante o depósito das "sementes") a todos os seus filhos. É claro que não é pecado ser rico, porém os ricos deste mundo devem ser exortados a não colocar sua esperança na vaidade das riquezas, mas em Deus (1 Tm 6:17). 

As riquezas também podem e devem ser usadas para suprir as necessidades dos nossos irmãos carentes (1 João 3:17), bem como daqueles – em todo o mundo – que são afligidos pela escassez, pois é quando doamos ao próximo afligido (e não quando depositamos as sementes no ministério dos televanvangelistas) que nós realmente ofertamos a Deus (Mateus 25:35-40).

É claro que a igreja cristã tem necessidades que devem ser supridas pelo corpo. A família pastoral precisa ser cuidada com dignidade, tendo suficiente para sua provisão, cuidados médicos, vestidos, etc. Cuidar dos nossos pastores é bíblico (1 Tm 5:17,18), e é lícito ofertar para esta causa (1 Co 9:11). No entanto, a provisão digna e necessária de um obreiro cristão nada tem a ver com o estilo nababesco de vida dos "pastores ostentação". 

À luz do ensino bíblico sobre as riquezas, soa-me no mínimo discrepante a ideia de que um ministro do evangelho viva uma vida de ostentação enquanto muitos em sua comunidade e ao redor do mundo não possuem sequer um pão para comer. Muito pior, porém, é aquele que vivendo opulentamente às expensas da fé alheia, ensina a grei que o propósito da cruz foi enriquecer os crentes, instigando neles o materialismo com a promessa espúria de que se pode usar a religião para ficar rico, promessa essa que apesar de estar "se cumprindo" na vida dos grandes líderes eclesiásticos, está muito distante da vida dos fieis que frequentam seus templos e lhes sustentam os luxos.

Conclusão


Se hoje em dia, se ostentam coisas por vaidade e sem preocupação para com o próximo, aliás, muitas vezes como meio para dizer "eu tenho e sou melhor do que quem não tem" (ou, como dizem. "tenho mais fé" e "sou mais abençoado"), a maneira como o cristão mostra o que tem de melhor é à maneira de Jesus, que sendo Deus, nasce em uma manjedoura, num estábulo que vai até os pecadores e humilhados, que se aproxima daqueles que "nada tem" para mostrar-lhes sua dignidade infinita.

Se podemos chamar assim, a ostentação do cristão é viver uma autêntica vida cristã, transmitindo essa experiência pessoal com Deus aos demais sem medo de ser rejeitado e com a reverência necessária para fazer-se próximo daqueles que precisam, sem se achar melhor do que ninguém, mas sem negar ser possuidor de um tesouro infinito que foi depositado nesses vasos de barro que somos cada um de nós.
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E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
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