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segunda-feira, 30 de junho de 2025

🧠PAPO DE PSICANALISTA🧠— JONAS, UM PROFETA NO DIVÃ

Relendo a história do profeta Jonas, resolvi fazer uma abordagem de seu perfil e dos acontecimentos que o acometeram, sob o prisma da psicanálise freudiana. Assim, nasceu mais um capítulo da minha série especial de artigos Papo de Psicanalista.

Viagem insólita


A história de Jonas e o grande peixe (muitas vezes chamado de "baleia", embora seja improvável que o tal peixe seja dessa espécie) é muito mais do que um simples relato de um profeta desobediente que é engolido por um animal marinho.

Por trás dessa narrativa bíblica há camadas profundas de simbolismo espiritual, psicológico e até iniciático — uma verdadeira jornada da alma humana em busca de reconexão com o divino. Vamos mergulhar nesse simbolismo oculto.

A jornada de Jonas

Reflexão profunda e simbolismo oculto


Complexo de Jonas é um mecanismo de defesa do ego que representa a recusa do indivíduo de realizar-se ou de alcançar suas plenas capacidades.

Partindo da premissa de que os personagens bíblicos são expressões de arquétipos do inconsciente coletivo e de que suas jornadas são um manancial de símbolos e metáforas organizadores da própria psique humana, é possível afirmar que a história do profeta Jonas, narrada na Bíblia, descreve a experiência do homem que nega sua dimensão espiritual e se rende a um medo arcaico:
o medo de ser diferente e ser rejeitado, o medo de transcender e cair no ostracismo, o que pode significar para ele a própria morte.

1. Jonas:

o "Eu" que foge da missão da alma


Jonas representa a consciência humana, o “eu” que, ao ouvir o chamado de Deus (o propósito da alma), decide fugir.

Ele não quer ir a Nínive — a cidade símbolo do caos, da sombra, daquilo que precisa ser transformado.

Essa fuga é o retrato da recusa do ser humano em encarar suas dores internas, seus traumas, seus medos e sua missão de cura e elevação.

Quem nunca fugiu de um chamado interior por medo do que encontraria em si mesmo?

2. O Barco e a Tempestade:

o caos quando fugimos de nós mesmos


Ao embarcar rumo a Társis (o oposto de Nínive), Jonas desce — simbolicamente — a um estado inferior de consciência.

A tempestade que vem não é apenas climática, é interna: confusão, angústia, desequilíbrio. É o universo gritando: “volte ao caminho!”.

Todos no barco são afetados, pois quando uma alma foge de sua missão, ela desequilibra não só a si, mas todos à sua volta.

Análise do contexto


Durante a travessia, em alto mar, enquanto Jonas dormia 
  • ele estava inconsciente da sua realidade, perdido,
foi formada uma tempestade que ameaçava virar o barco 
  • um episódio difícil, uma crise, como as que constantemente a vida nos impõe.
O capitão do barco 
  • a consciência maior, que nos avisa intuitivamente o que nos está acontecendo, 
após descobrir que a tempestade fora provocada pela desobediência de Jonas, tentou acordá-lo
  • uma tentativa de fazê-lo despertar, para que assumisse a responsabilidade por aquilo que era, por aquilo a que veio.

Não conseguindo acordá-lo, lançou-o ao mar 
  • o mar é a representação do inconsciente, enquanto a água é a representação do emocional.

3. A Baleia:

o útero escuro da transformação


Jonas foi engolido por um grande peixe 
sem opção, Jonas foi lançado ao encontro do desconhecido, dentro do qual passou três dias e três noites 
  • a “noite sombria da alma”, a crise existencial, a sensação de não ter saída, o sofrimento.
A grande criatura marinha que engole Jonas representa o inconsciente profundo, o lugar onde somos levados à força quando recusamos o chamado da alma. 

Estar no ventre da baleia por três dias e três noites é um símbolo do renascimento espiritual. É o “inferno” interior, o escuro do útero, onde ocorre a morte do ego e o nascimento de um novo ser.

Assim como o herói mítico, Jonas precisa morrer para si mesmo para renascer como instrumento do divino.

4. Os Três Dias:

o ciclo de transformação


O número três tem grande simbolismo espiritual: representa corpo, mente e espírito; nascimento, morte e renascimento.

Durante esse período no ventre da baleia, Jonas ora, reflete, e finalmente se entrega à vontade divina.

Ele passa por uma purificação interna, um mergulho na escuridão que o leva à luz.

5. O Vomitar na Praia:

o novo nascimento


Quando a baleia devolve Jonas à terra firme, é como se ele tivesse passado por um novo parto.

Ele retorna transformado, agora pronto para cumprir sua missão.

A praia representa o novo início, um espaço entre o mar inconsciente e a terra da realização.

6. Nínive:

a sombra que precisa ser curada


Finalmente, Jonas vai a Nínive. Lá, ele confronta o que antes temia: o lado escuro da humanidade, que simboliza nossos próprios vícios, orgulhos e corrupções.

Mas ele não destrói — ele orienta, alerta, e a cidade se arrepende. Este é o poder do espírito desperto: transformar realidades densas através da consciência e da palavra.

Estando em Nínive, Jonas transmite aos seus habitantes a mensagem de Deus, pedindo-lhes que se arrependam de toda a iniquidade que estavam praticando 
  • momento do enfrentamento, que não é confortável, mas faz parte do processo. 
Todos ouvem Jonas e se rendem. O rei fica feliz, e Nínive é salva.

Conclusão

✨ O segredo da história


Jonas, porém, não fica satisfeito
  • o ego quer estar no controle. 
Ele quer que o rei mande matar os que iniciaram aquela situação, ao que o rei não consente, alegando que esses também se arrependeram 
  • o processo de transcendência do ego não é fácil, pois o ego não quer se desapegar, ele quer que as coisas sejam feitas do seu jeito.
Frustrado, Jonas vai para uma cabana no alto de um monte, a fim de se isolar.

Um dia, pela manhã, nasce ao lado da cabana uma bela árvore, que oferece a Jonas uma generosa sombra. Este fica maravilhado e feliz 
  • o ego é preso a imagens idealizadas, ilusórias. 
Mas, ao anoitecer, a árvore morre, deixando Jonas desolado.

Então, a Voz vem falar a Jonas novamente:
“Jonas, você está nesse estado somente porque uma árvore que nasceu pela manhã morreu ao fim da tarde. 
No entanto, você queria que mandassem matar todos os meus filhos, que os tenho desde o princípio da criação!”
Jonas, então, entende que a sua grande missão era a de conseguir amar o inimigo.

Antes de amar ao inimigo, Jonas precisa aprender a amar a si mesmo, não somente a parte que tem sucesso, mas também a parte que fracassa. 
Por isso, em última instância, Jonas é o arquétipo do medo de amar.
Precisamos aprender a acolher todas as partes que nos compõem enquanto seres humanos ainda em processo de evolução no aqui e agora. 

Devemos aprender a aceitar a nossa imperfeição, porque assim vamos conseguir aceitar a imperfeição do outro e a da vida, encontrando o sentido de unidade que nos falta. 

O caminho para isso começa com o reconhecimento da negatividade que ainda nos constitui e também com o reconhecimento do ser espiritual perfeito e eterno que somos em essência.

O grande segredo oculto por trás da história de Jonas é este: o mergulho na dor é necessário para encontrar a verdade. 

A jornada não é sobre fugir dos desafios, mas encará-los com coragem. A baleia não é castigo — é cura. Nínive não é inimiga — é parte de você pedindo transformação.

Reflexão final

  1. Quantas vezes você tem fugido de Nínive?
  2. Que tempestades sua alma tem causado ao tentar escapar do seu propósito?
  3. Está disposto a entrar no ventre da "baleia" e renascer?
A história de Jonas nos ensina que o verdadeiro despertar espiritual só ocorre quando temos a coragem de descer às profundezas da nossa alma, aceitar o chamado e servir ao que nos transcende. 

Só assim o mundo ao nosso redor — e dentro de nós — pode ser verdadeiramente curado.

[Fonte: Autoconhecimento — Conhecer e Integrar, original por Patrícia Maciel]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blogue https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
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domingo, 29 de junho de 2025

DIRETO AO PONTO — SOBRE LOUVOR E ADORAÇÃO: VOCÊ É O QUE VOCÊ CANTA?

Imagem criada por IA
Me veio inspiração para o texto deste artigo, após uma breve conversa sobre o tema, via WhatsApp, com meu amigo de longa data, o pr. Alexandre.
Tem uma conhecida frase nutricional que diz: "Você é o que você come." Resolvi adaptá-la para contextualizar à pergunta que dá título a este texto, mais um artigo da minha série especial "Direto ao Ponto".

A importância da música no contexto cristão


É um fato bem conhecido que em todo o mundo os cristãos cantam; a sós ou em grupo, em cultos ou reuniões congregracionais (nos chamados cultos coletivos). Mais do que um mero e mecânico hábito ritualístico, a música é um importante elemento na prestação de um culto e está presente nos registros bíblicos desde o começo.

A música na Bíblia


A música na Bíblia é mencionada pela primeira vez em Gênesis 4:21, onde Jubal é descrito como o pai de todos os que tocam instrumentos de corda. Embora não afirme especificamente que as pessoas cantavam durante esse tempo, é altamente provável que, com a criação da música, viesse o canto.

A primeira canção da Bíblia é a canção de Moisés e Miriam em Êxodo 15:1-18 em louvor a Deus depois de libertá-los dos egípcios no Mar Vermelho.

O livro dos Salmos: o hinário bíblico oficial


Existem outras canções gravadas no Antigo Testamento, mas a maior coleção de canções é encontrada no livro dos Salmos. Muitas dessas canções foram escritas pelo Rei Davi, mas outras pessoas contribuíram para esta coleção. Não irei aprofundar neste assunto aqui, por não ser este o objetivo do texto. Mas, vale a reflexão:

Sobre o que eram essas músicas?
  • Canções de louvor ao único Deus verdadeiro (18113);
  • Canções de liberdade (7; 31)
  • Canções sobre o amor de Deus (63; 136)
  • Músicas sobre o que Deus fez (4077)
  • Canções de alegria (100; 126);
  • Músicas escritas em tempos de provação (23; 121)
  • Canção de gratidão pela libertação de Deus (118; 136).
Citei apenas dois exemplos de cada, para efeito de ilustração, mas há muito mais referências nos 150 livros do saltério.
Ou seja, os salmos nos incentivam a cantar por toda a nossa vida e a fazer novos cânticos, a cantar com o coração. Existem salmos que registram a confusão do povo de Deus quando vêem os ímpios prosperando enquanto os justos estão em dificuldades.

Adoração no templo


Muitas das canções registradas no livro de Salmos destinavam-se a ser usadas na adoração no templo e cantadas pelos levitas, ou cantores designados no templo. Portanto, podemos ver que nos tempos do Antigo Testamento, cantar era uma parte importante da adoração a Deus.

A música no Novo Testamento


Após esse resumo sobre a presença e a importância da música, como elemento de culto no Antigo Testamento, vejamos agora sua presença marcante também no Novo Testamento.

Na noite em que Jesus foi traído e após a última ceia, Marcos (14:26-46) e Mateus (26:30-35) registram que cantaram um hino, e depois disso foram para o Monte das Oliveiras. Isso implica que cantar era uma coisa normal de se fazer quando os judeus se reuniam.

Já no advento da Igreja Primitiva, Paulo menciona cantar algumas vezes como se fosse uma prática normal para os cultos da igreja primitiva. Veja Efésios 5:19, Colossenses 3:16 e 1 Coríntios 14:15

Também lemos que quando Paulo e Silas foram presos em Filipo (Atos 16:25), espancados e colocados na prisão, por volta da meia-noite eles começaram a cantar.

A música cristã hoje

Aspecto mercadológico


O mercado da música gospel no Brasil é significativo e em crescimento, movimentando bilhões de reais por ano e sendo um dos gêneros que mais crescem em plataformas de streaming.

A música gospel, com suas letras que celebram a fé e a espiritualidade, atrai um público amplo e engajado, com artistas e bandas buscando seu espaço nesse mercado.

O Brasil ocupa a 10ª posição no ranking mundial de uso de streaming e 70% da receita da indústria fonográfica brasileira vem desse tipo de serviço.

De acordo com o Spotify Brasil, o Gospel brasileiro está entre os TOP 50 gêneros musicais que mais cresceram na plataforma em 2022.

Segundo dados da Associação das Empresas e Profissionais Evangélicos (Abrepe), realizada em 2018 e divulgada pela Deezer, o Brasil aparece como o segundo maior mercado cristão do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos.

De acordo com a pesquisa, é estimado que a música gospel seja responsável por aproximadamente 20% da receita do mercado fonográfico brasileiro, gerando R$ 2 bilhões por ano em vendas.

O mercado Gospel é um dos nichos que mais movimentam dinheiro na Indústria da Música, sendo, portanto, o que mais vem movimentando grandes empresas!

Como elemento de culto


A música tem um poder incrível de criar ambiente, o que pode variar entre uma atmosfera austera e solene até verdadeira confusão, gritaria e deboche.

De modo geral, com raríssimas exceções, a música começou a afetar a reverência e a ordem do culto, a liturgia e a teologia, de uma maneira radical e visível.

A música tem também o grande poder de ensinar, e ela tem sido usada por séculos para ensinar a doutrina bíblica.

Os hinos congregacionais — que estão esquecidos atualmente —encontrados nos hinários, geralmente incluem toda a doutrina cristã, que vai desde a proclamação do evangelho, salvação pela fé, confissão, arrependimento, perdão, vida cristã, reino de Deus na terra, vida futuro, etc., além de ser elemento essencial no louvor.

Os hinários, tão valiosos para doutrinar o povo, foram se tornando cada vez mais relegados e menos usados nos cultos. O mais triste foi que durante todas estas décadas, muito pouco ou praticamente nada novo, refrescante e atualizado tenha sido produzido conforme a tradição hinológica da igreja.

A tradição de cantar nossas orações e pensamentos a Deus e sobre Deus está bem documentada na Bíblia. Hoje a tradição continua.

Muitos dos hinos que podem ser encontrados em um livro de hinos nos chamam à adoração, algumas canções nos dão ensinamentos teológicos, algumas falam dos grandes feitos de Deus, outras descrevem o caminho da salvação e às vezes a luta dos escritores para entender o porquê das coisas, mas permanecendo firme por causa do que eles acreditam sobre Deus e por saberem quem Ele é.

Culto ou entrenimento emocional?


Não será preciso ir muito a fundo no assunto para descobrir que a “situação”, ou seja, o “problema” atual das igrejas em geral, não é só a música.

E um problema bastante complexo, porque envolve conceitos teológicos, conceitos do que seja adoração, culto, e varia conforme os costumes, a cultura, etc. 

Uma das razões que também temos de considerar, é que o conhecimento humano evolui, e há estilos de vida e de arte para cada época e cultura.

Muitos pastares têm reclamado que não conseguem mais controlar ou disciplinar a ordem do culto. 

Se por um lado há entusiasmo por parte de muitos, principalmente os jovens, os mais idosos se sentem ignorados e impossibilitados de participar da “sessão” de louvor, que geralmente usa uma grande parte — em diversos ciclos evangélicos, a maior parte  do culto. 

Eu diria até que a situação que vivemos atualmente está decadente como está por causa da música que temos usado nos cultos nas últimas décadas.

O nosso canto congregacional ficou estagnado por muitos anos, sem inovação, sem entusiasmo e sem criatividade.

Até os anos 60 muitas igrejas ainda só usavam o seu próprio hinário, todos baseados nos “Salmos e Hinos”, cuja edição mais duradoura foi a 4a. Edição, publicada em 1918!

Muitos hinos eram mal contados, por falta de liderança especializada. O repertório e os assuntos dos hinos eram muito limitados e restritos.

Realmente havia uma grande necessidade de algo novo e vibrante. Os corinhos começaram a aparecer nos acampamentos, na Escola Dominical, nos congressos e logo estavam sendo usados no culto.

Grupos de louvor itinerantes propagaram um tipo de música menos formal, de fácil apreciação que apelava principalmente aos jovens.

No inicio eram alegres e continham algum conteúdo útil para o aprendizado e o ensino da Bíblia. Mas o povo brasileiro, seguindo o exemplo de outros povos, e com sua grande criatividade, foi compondo outros coros em outros estilos populares, que, com o passar dos anos se deterioraram muito na qualidade, tanto do texto como da música.

Como a música popular tem uma vida curta, era preciso estar sempre buscando material novo e um verdadeiro dilúvio de novas músicas desse tipo apareceu. 

Isso sem contar os modismos, como músicas, cujas letras falam sobre chuva, por exemplo, quase efeito Crtl C/Crtl V, com absulutamente nenhuma criatividade artística e de uma profundade espiritual semelhante a de um pires cheio d'água.

Não vamos considerar em detalhes as razões por que aconteceu esta tamanha mudança nos cultos e na adoração.

Basta dizer que a igreja simplesmente acompanhou o que aconteceu em toda a sociedade nos últimos 50 ou 60 anos. 

Maior indisciplina, irreverência, desrespeito a autoridades, negligência dos valores dos pais e dos avós, desconhecimento e desprezo da história e do passado, etc., totalmente diferente e ao contrário do que acontecia nos últimos séculos anteriores.

A igreja foi aos poucos se ajustando a esta situação e tem se mantido tolerante quanto a introdução de valores, costumes e ideias seculares em seus atos de adoração.

Música com curto prazo de validade


A principio agradam, mas têm curtíssima duração. Por esta razão, os jovens estão sempre buscando músicas novas, e coisas que sejam novidade nas “apresentações e shows”, para que sejam vendidas e comercializadas.

A igreja tem se tornado o grande palco onde tudo isto acontece. Como as letras das músicas atuais usadas no culto são geralmente muito repetitivas verdadeiros mantras, que visam nada mais do que um apelo sensorial — e muitas não contêm mensagens realmente cristãs ou evangelísticas, nem doutrinam corretamente a Palavra de Deus, vemos que há apenas uma grande empolgação, principalmente por parte da juventude, sem que haja, muitas vezes, um conhecimento verdadeiro do evangelho.

O resultado, de modo geral é que este conhecimento de Cristo e sua doutrina acaba sendo superficial e raramente é acompanhado de uma mudança no estilo de vida daqueles que tanto “curtem” este tipo de música.

Atualmente há tantas músicas vazias de conteúdos… São artistas que só deixam evidenciar o que são e o que a sociedade, ou parte significante dela, quer ou aprecia.

Temos de ter em mente que as manifestações artísticas na mídia, por exemplo, só existem ou têm cabimentos porque há pessoas “comprando” o que está sendo produzido.

Portanto, ainda que para nós os gêneros A, B ou o C sejam inadequados ou ilógicos, há motivos que lhes dão sentidos e, cabe a nós, entendê-los para dar os contornos que julgarmos mais adequados para uma vida cidadã plena.

Estes “contornos” não devem ser entendidos como uma atitude preconceituosa, em que se alega que todas as músicas que não nos agradam são fúteis, mas sim, saber reconhecer traços da personalidade de nossos jovens e, identificando algum desvio, trabalhar de forma a amenizá-los, visando uma formação eficaz para todos eles.
Devemos cantar músicas alegres, sim! Mas precisamos ser criteriosos! O lugar de entretenimento, exibição e shows não é a igreja. Há teatros e clubes, rádio, televisão e as tão aspiradas plataformas digitais para isso. A igreja é o lugar de oração, dignidade e reverência.

Conclusão

Música, vida e saúde


É um fato bem documentado que a música traz grandes benefícios para todos. (De googada para encontrar os benefícios!) Melhora o humor das pessoas, reduz o estresse, diminui a ansiedade, melhora a memória, alivia a dor, para citar apenas alguns.

Os cristãos não estão imunes às tensões e estresses da vida cotidiana, mas quando levantam suas vozes em louvor a Deus e O adoram, a maioria senão todos os cristãos, irão testemunhar que na adoração a Deus encontram ajuda, encorajamento, esperança e alegria que não podem ser encontrados em qualquer outra coisa.

Então, por que cantar é tão importante para os cristãos?


É uma forma natural e automática de louvar ao Senhor, de falarmos com Ele e Ele conosco. É oração e louvor vindo do fundo de nossos corações. Ajuda-nos a aproximar-nos de Deus, mesmo quando nos sentimos isolados ou desanimados. Não há lado negativo em cantar – apenas benefícios!

A tradição de cantar nossas orações e pensamentos a Deus e sobre Deus está bem documentada na Bíblia.

Hoje a tradição continua. Muitos dos hinos que podem ser encontrados em um livro de hinos nos chamam à adoração, algumas canções nos dão ensinamentos teológicos, algumas falam dos grandes feitos de Deus, outras descrevem o caminho da salvação e às vezes a luta dos escritores para entender o porquê das coisas, mas permanecendo firme por causa do que eles acreditam sobre Deus e por saberem quem Ele é.

Hoje, mais do que nunca, provavelmente, novas canções estão sendo escritas e usadas na adoração. Embora muitas das igrejas de hoje tenham estilos de adoração diferentes  cantar e fazer sons de alegria ao Senhor ainda está no centro de quase todos os cultos da igreja.


Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blogue https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
  • O blogue CONEXÃO GERAL presa pelo respeito à lei de direitos autorais (L9610. Lei nº 9.610, de 19/02/1998), creditando ao final de cada texto postado, todas as fontes citadas e/ou os originais usados como referências, assim como seus respectivos autores.
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sábado, 28 de junho de 2025

CANÇÕES ETERNAS CANÇÕES — "PORQUE ELE VIVE" ("BECAUSE HE LIVES"), BILL E GLORIA GAITHER

"Porque Ele Vive" ("Because He Lives") é um dos hinos mais conhecidos e amados da igreja, escrito por Bill e Gloria Gaither em 1971. 

O casal Gaither compôs o hino em um momento de incertezas e desafios pessoais, refletindo sobre a esperança que a ressurreição de Jesus Cristo traz em meio às dificuldades. 

A letra da música, inspirada em João 14:19, fala sobre a certeza de que, com a vida de Cristo, podemos ter esperança e coragem para enfrentar o futuro, mesmo diante da morte, pois Ele vive e oferece a vida eterna.

Certamente sua congregação já cantou em algum momento. Se não, é uma daquelas composições que precisam fazer parte do repertório da sua congregação.

No texto deste artigo, mais um capítulo da minha série especial "Canções Eternas Canções", vamos conhecer a história desse lindo cântico espiritual e fazer uma análise sobre sua relevância teológica.

Os autores

William (Bill) e Gloria Gaither


William J. Gaither, mais conhecido como Bill Gaither, nasceu em 28 de março de 1936, na cidade de Alexandria, em Indiana/EUA. Filho de George e Lela Gaither.

Em 1956, quando estudava no Anderson College, Bill criou um trio de vozes, formado por ele, Bill, por sua irmã Mary Ann e seu irmão Danny — o Trio Bill Gaither. 

Em 1959, quando se forma, ele começou a trabalhar como professor de inglês. Em 1962 Bill casa-se com Gloria Sickal. 

Dois anos mais tarde ele grava sua primeira canção, que foi "He Touched Me" ("Tocou-me"). No mesmo ano, Gloria substitui Mary Ann no trio. Desde o início o trio é especializado em cantar canções tradicionais com novas roupagens de arranjos, em um estilo mais contemporâneo.

Em 1967, sem condições de conciliar o trabalho de professor com a carreira de músico, ele deixa de lecionar e passa a se dedicar na indústria da música cristã durante todo o tempo.

Bill escreveu inúmeros hinos cristãos, muito populares, junto de sua esposa, Gloria. Ele foi, sem dúvida um grande influenciador do estilo gospel americano cantado no sul do país.

Foi autor de músicas cantadas não só por artistas cristãos, como também por artistas de estilo country e estilo pop — como Elvis Presley (1935/1977), que como já é sabido por todos, teve o início de sua carreira como cantor de música gospel americana.

Estima-se que, em 2025, Bill e Gloria tenham escrito cerca de quase mil canções.

Além de cantar solo e em dueto com Gloria, ele também foi integrante de um grupo vocal chamado Gaither Vocal Band. Bill também é pianista.
Ao longo dos anos, Bill e Gloria tem ganharam vários prêmios, como dois Grammys, dezenas de Doves, além de inúmeras nomeações de Compositores do ano.

Gloria Gaither


Gloria Gaither nasceu em 4 de março de 1942, em Michigan, filha do Pr. Lee Sickal e de Dorothy Sickal. Durante boa parte de sua infância e do período em que estava na escola, fez carreira na Battle Creek em Michigan, trabalhando por um breve tempo na companhia Kellogg.

Após isso, foi estudar na Anderson University, onde se formou em Inglês, Francês e Sociologia. Com isso, ela passa a dar aulas de Francês em uma escola do ensino médio — na mesma escola em que Bill estava dando inglês. 

Como dito anteriormente, em 1962 eles se casam e dois anos depois ela passa a integrar o trio de vozes de Bill.

Depois de ter se desligado do trio, ela participa de vários projetos sociais, como o "Gaither Homecoming", entre outros. Foi, entre os anos 80 e 90 professora na mesma Anderson University.

Sem dúvida, ela se tornou grande parceira de Bill nas escritas e músicas dos hinos. Alguns hinos não são escritos por Bill, mas por Gloria — deixando para Bill a tarefa de escrever a música. Entretanto, o que é comum é que ambos trabalhem colaborando um com o outro.

O hino

Porque Ele Vive
[Because He Lives]

"Deus enviou o seu filho
['God sent his son]
Eles o chamavam de Jesus
[He called him Jesus]
Ele veio para amar, curar e perdoar
[He came to love, heal and forgive]
Ele viveu e morreu para comprar o meu perdão
[He lived and died to buy my pardon]
Um túmulo vazio está aí para provar meu salvador vive
[An empty grave is there to prove my saviour lives]

Porque ele vive eu posso enfrentar o amanhã
[Because he lives I can face tomorrow]
Porque ele vive todo o medo se foi
[Because he lives all fear is gone]
Porque eu sei que ele tem o futuro
[Because I know he holds the future]
E a vida vale a pena só porque ele vive
[And life is worth the living just because he lives]

E então um dia
[And then one day]
Eu vou atravessar o rio
[I'll cross that river]
Eu vou lutar a guerra final da vida com a dor
[I'll fight life's final war with pain]
E então, como a morte dá lugar a vitória
[And then as death gives way to vict'ry]
Vou ver as luzes da glória e eu sei que ele vive
[I'll see the lights of glory and I'll know he lives]

Porque ele vive eu posso enfrentar o amanhã
[Because he lives I can face tomorrow]
Porque ele vive todo o medo se foi
[Because he lives all fear is gone]
Porque eu sei que ele tem o futuro
[Because I know he holds the future]
E a vida vale a pena só porque ele vive"
[And life is worth the living just because he lives']
A história por trás da canção revela que o casal Gaither estava passando por um período de incertezas e desafios pessoais quando decidiram compor "Porque Ele Vive"

Gloria estava grávida, e o contexto mundial também era marcado por instabilidade política e social, com a guerra do Vietnã e movimentos sociais intensos. 

A música se tornou um hino de fé e esperança, transmitindo a mensagem de que, apesar das dificuldades, a certeza da ressurreição de Cristo traz conforto e encorajamento para os cristãos.

O refrão 

"Porque Ele vive, posso crer no amanhã; Porque Ele vive, temor não há"
é um poderoso lembrete da influência da fé na ressurreição sobre a perspectiva de vida dos fiéis. 

A música ressalta a confiança na vitória final sobre a morte, graças à promessa da vida eterna, oferecendo segurança e ausência de medo diante das incertezas da vida e da morte. 

A grande inspiração é dada durante uma fase difícil da vida deles. Era Páscoa. Enquanto eles esperavam o seu terceiro filho, eles passavam por problemas, como turbulências em sua igreja. 

Adoração confessional


Também tinha a recuperação de uma doença séria de Bill, e uma grande apreensão de Gloria sobre o mundo as quais estava trazendo sua criança. Era um tempo longo e de seca — na época, nenhum hino havia sido escrito. Até amigos o acusavam de comercialismo crasso.

Foi nesse período que eles começam a pensar e dizer 
"Porque Cristo vive, podemos encarar o amanhã".
 Aí sim podemos manter a cabeça alta.

A canção teve a honra de ter sido escolhida pela Gospel Music Association e pela ASCAP como a "Canção gospel do ano de 1974".

A experiência


A maior experiência que podemos tirar é aquela baseada na vida do casal.

No final dos anos 60, os Estados Unidos passava por várias turbulências, como a cultura das drogas e a teoria do "Deus está morto". 

Nessa época, quando estava para nascer o terceiro filho do casal (eles já tinham duas filhas), Gloria pensava que era "um momento ruim para trazer uma criança ao mundo". Muitas vezes, desanimados com tudo isso.

Foi nesse tempo que o Espírito Santo veio a eles com a certeza de que o filho poderá enfrentar dias incertos porque Ele vive. Naquele momento, eles tiveram a certeza dessa revelação, e tiveram seu filho, Benjamin, em 1970.

Algo que muitos não sabem mas a versão original tem três estrofes, ao invés de duas, como é nossa versão. Tal estrofe fala dessa situação: 
"Que doce é segurar o nosso bebê recém-nascido, e sentir o orgulho e a alegria que ele nos dá; mas maior calma vem-nos na certeza que esta criança pode enfrentar dias incertos, porque ele vive!"
A mensagem do hino tem atravessado gerações, sendo traduzido para diversos idiomas e usada amplamente em cultos ao redor do mundo como um lembrete da vitória de Cristo sobre a morte e da segurança que encontramos na Sua promessa de vida eterna.

Análise

  • 1. Qual mensagem o hino comunica?
O hino transmite a segurança, esperança e confiança que nós, como igreja, temos devido à ressurreição de Jesus, afirmando que a vitória de Cristo sobre a morte remove o medo e dá certeza de vida eterna. 

A mensagem central da letra está enraizada na ressurreição de Jesus como fundamento da fé cristã (1 Coríntios 15:17-20).
  • 2. Quanto da letra está alinhado com as Escrituras?
Primeira estrofe 
Deus enviou Seu Filho Amado
Para nos salvar e perdoar
Na cruz, morreu pelos meus pecados
Mas ressurgiu E vivo com o Pai, está...
  • Linha 1 — Refere-se ao propósito do Pai em enviar Jesus para salvar a humanidade (Jo 3:16; Romanos 8:32).
  • Linha 2 — Aponta para a obra redentora e o perdão dos pecados por meio de Cristo (Mateus 1:21; Efésios 1:7).
  • Linha 3 — Fala da expiação de Cristo na cruz, que é central no Evangelho (1 Pedro 2:24; Isaías 53:5).
  • Linha 4 — Declara a vitória de Cristo sobre a morte, conforme ensinado em 1 Co 15:3-4, e afirma que Cristo ressuscitou e está à direita do Pai (Ro 8:34; Hebreus 7:25).

Refrão

...Porque Ele vive, posso crer no amanhã
Porque Ele vive, temor não há
Mas eu bem sei, eu sei, que a minha vida
Está nas mãos do meu Jesus Que vivo, está...

Segunda estrofe

...E quando, enfim, chegar a hora
Em que a morte enfrentarei
Sem medo, então, terei vitória
Irei à glória, ao meu Jesus Que vivo, está
  • Linha 1 — Reconhece a realidade da morte, mas com esperança em Cristo (Sl 23:4; Filipenses 1:21).
  • Linha 2 — Fala da coragem diante da morte, conforme 1 Co 15:55-57.
  • Linha 3 — A morte não é o fim, por isso não temos medo. Pois é uma transição para a glória eterna onde nos foi prometido um futuro sem dor, lágrimas ou morte. (Fp 1:21, Ro 8:37; Ap 21:4).
  • Linha 4 — Descreve a promessa de vida eterna e o encontro com Cristo (1 Jo 3:2; 1 Tessalonicenses 4:17).
A letra é sólida teologicamente e fiel às Escrituras, celebrando a ressurreição de Cristo e suas implicações para a vida cristã. Ela é um hino de esperança e triunfo, fundamentado no Evangelho.

Como um descrente interpretaria a música?


Embora a música utilize termos mais conhecidos por nós cristãos, um ouvinte não-cristão certamente compreenderá a mensagem de forma geral:

A música fala de Jesus, alguém que por causa de nossos pecados, entregou Sua vida por nós na cruz, venceu a morte, e que por isso, temos Nele esperança para uma nova vida. É o Evangelho cantado!

Ela também menciona como crer na ressurreição de Cristo nos traz força e coragem para enfrentar os desafios da vida, especialmente quando lidamos com a realidade da morte.

Conclusão

O que a música glorifica?


O hino glorifica a obra de Cristo, particularmente Sua ressurreição e poder salvador. Destaca Sua vitória sobre a morte e o impacto disso na vida daqueles que creem.

O hino "Porque Ele Vive" é biblicamente sólido e teologicamente rico. Ele exalta a ressurreição de Cristo e oferece encorajamento aos cristãos para viverem sem medo diante da realidade da dor e da morte, com esperança no futuro. 

Sua mensagem é ao mesmo tempo pessoal e congregacional, sendo ideal para momentos de adoração coletiva. Para o momento do culto, se aplica especialmente para os cultos de Ceia e da Páscoa, por exemplo. 

Por isso, é certamente um hino recomendado para o repertório da sua igreja local. Não sabemos o que e nem quando acontecerá. Mas temos a certeza que, porque Ele vive, podemos crer no amanhã!

[Fonte: Super Gospel, original por Jonatha Cardoso — Músico, é membro do Ministério Encontros de Fé, de Novo Hamburgo (RS); Cante as Escrituras]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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domingo, 22 de junho de 2025

TEOLOGANDO — QUAL O SIGNIFICADO PROFÉTICO DO HISSOPO?

O hissopo na Bíblia é uma planta que poderia ter vários usos, mas principalmente presente nos rituais de purificação. 

A planta era molhada na água ou no sangue do animal imolado e aspergida sobre aquilo que deveria ser purificado da impureza (Êxodo 12:22; Salmo 51:7). 

Agora, sob a nova aliança, nós que cremos em Jesus, somos purificados da nossa impureza por meio do sangue de Cristo "aspergido" sobre nós.
Ou seja, não é sugerido para que alguém saia por aí à procura de hissopo, para fazer algum ritual de purificação, só porque está na Bíblia. 
Tal ritual teve seu propósito profético válido para os contextos específico, assim como estão registrados nas Escrituras Sagradas. 
E é o que iremos entender em mais um capítulo da minha série especial de artigos "Teologando".
O hissopo é mencionado pela primeira vez em Êxodo 12:22, em conexão com a instituição da Páscoa. Nós o encontramos depois mencionado em Levítico 14:4,6,52; Números 19:618; Hebreus 9:19.

O que é o hissopo?


O hissopo (em hebraico, ezov) é descrito como uma planta "que nasce na parede" (1Reis 4:33). Era uma planta pequena e aromática, com propriedades antissépticas, amplamente usada em rituais religiosos no Atigo Testamento.

Muitas hipóteses foram formadas sobre qual a espécie dessa planta. Alguns afirmam que era uma espécie de manjerona (origanum), seis espécies das quais são encontradas na Palestina.

Outros com maior probabilidade pensam que era a alcaparra (Capparis spinosa). Essa planta cresce no Egito, no deserto do Sinai e na Palestina. 

Ela é capaz de produzir um caule com até 120 centímetros de comprimento (Mateus 27:48; Marcos 15:36. Comp. João 19:29). Entretanto é difícil afirmar com certeza.

O hissopo no Novo Testamento


Nos Evangelhos, nos momentos finais da crucificação de Jesus, é relatado que Ele recebeu vinagre (ou vinho azedo) numa esponja colocada na ponta de um hissopo (João 19:29).

Embora pareça um detalhe insignificante, essa menção é cheia de simbolismo bíblico, teológico e histórico, especialmente considerando o papel do hissopo em outros momentos marcantes da história de Israel.

A bíblia relata os seguintes usos dessa planta:


  • Purificação cerimonial — O hissopo era usado para aspergir sangue ou água em rituais de purificação (Lv 14:4,6; Nm 19:18).
  • Páscoa no Egito — Em Êxodo 12:22, o povo de Israel deveria usar um feixe de hissopo para aspergir o sangue do cordeiro nas ombreiras das portas, a fim de serem poupados da morte.
Agora estamos nos últimos momentos de Cristo, ele já havia passado por tortura física e emocional, culminando na crucificação e agora pendurado na cruz por horas, sob o sol escaldante e com feridas abertas, Ele clamou:
"Tenho sede." (Jo 19:28). 
Isso era uma expressão literal, mas também possivelmente simbólica, indicando sede a espiritual, o cumprimento das Escrituras e a profundidade do Seu sofrimento humano.

E João 19:29-30 relata:
📖"Estava ali um vaso cheio de vinagre. Embeberam de vinagre uma esponja, e fixando-a num ramo de hissopo, levaram-no à boca de Jesus. 
Quando Jesus tomou o vinagre, disse: 'Está consumado.' E, inclinando a cabeça, entregou o espírito."📖

1️⃣Conexão com a Páscoa


A menção do hissopo aqui é intencional e cheia de teologia simbólica, pois na páscoa original, o sangue do Cordeiro foi passado com hissopo nos das portas (Êx 12:22) e esse sangue salvava da morte.

Na crucificação, Jesus é o Cordeiro Pascal (cf. Jo 1:29; 1 Coríntios 5:7). O hissopo reaparece, não como instrumento de salvação física, mas como símbolo da salvação espiritual definitiva.

2️⃣Símbolo de purificação


Como já visto, o hissopo era usado em rituais de purificação  
"Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo" (Sl 51:7).
Ao ser levantado até Jesus nesse momento final, ele simboliza a purificaçã do pecado que Ele estava realizando por meio do Seu sangue. 

Válido relembrar, que, embora não houvesse nEle pecado algum, Jesus levava sobre si, todo o pecado da humanidade (1 Pedro 2:22-25).

3️⃣Cumprimento profético e litúrgico


Jesus, ao receber o vinagre com hissopo, cumpre a profecia do Salmo 69:21: 
"Na minha sede me deram vinagre para beber."
⚠️O uso do hissopo mostra que cada detalhe do sacrifício de Cristo estava carregado de propósito e conexão com as promessas e práticas da Antiga Aliança.

Teologia da cruz e o hissopo


O hissopo, pequeno e aparentemente insignificante, torna-se símbolo da transição da Antiga para a Nova Aliança e também um símbolo da substituição do templo e dos sacrifícios pelo sacricífio único e eterno de Cristo. 

E também torna-se meio simbólico, pelo qual o sangue do Cordeiro é "aplicado" aos que creem.
⚠️É como se, naquele momento, a lembrança do Êxodo, da Páscoa e da Purificação sacrificial estivesse convergindo na cruz, apontando para o Cordeiro Perfeito.

Conclusão


Nessa cena, encontramos aplicações práticas para nós hoje:
  • ⚡Purificação interior — Clamar como Davi (Sl 51:7) ganha novo sentido à luz da cruz.
  • ⚡Entendimento profundo do sacrifício — Cada detalhe da crucificação é carregado de propósito divino e nada é por acaso.
  • ⚡Apropriação da salvação —  Assim como o sangue da Páscoa precisava ser aplicado, a obra de Cristo precisa ser pessoalmente recebida pela fé.
O hissopo nos últimos momentos de Cristo é mais do que um detalhe botânico: é um elo entre a Antiga e a Nova Aliança, entre o sangue nos umbrais e o sange na cruz. 

Mais uma prova de que Jesus não veio abolir, mas sim cumprir todos os ditames da Lei (Mt 15:27).
✝️Ele aponta para a obra completa, purificadora e redentora de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.✝️
📖"Está consumado" (Jo 19:30)📖.
✝️O hissopo está ali como um selo profético da obra consumada.✝️
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sexta-feira, 20 de junho de 2025

CONFLITO ENTRE ISRAEL E IRÃ: QUESTÕES GEOPOLÍTICAS

O mundo acompanha com apreensão a escalada do confronto entre Israel e Irã, iniciada com ataques israelenses contra alvos estratégicos no território iraniano na sexta-feira (13), seguida por bombardeios iranianos contra cidades israelenses.

Para especialistas, as origens do conflito entre Israel e Irã estão na disputa pela ampliação das esferas de influência no Oriente Médio. 

De um lado, um país cercado de inimigos que tem colonizado territórios de palestinos e é acusado de cometer genocídio na Faixa de Gaza.

O impacto imediato já se faz sentir em todo o Oriente Médio, mas a mobilização rápida de potências globais em torno do assunto reacendeu o debate sobre a possibilidade de o conflito sair do controle regional e envolver diretamente Estados Unidos, Rússia ou China.

Um jogo de xadrez com peças marcadas


Uma análise sobre o caminho percorrido pelos dois países nas últimas décadas permite entender como as duas nações passaram de alianças a hostilidades, e chegaram mais uma vez a uma crise.

Os ataques entre Irã e Israel, levaram a uma escalada da tensão ainda maior no Oriente Médio.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o país está preparado para ajudar o aliado (Israel) a se defender dos ataques iranianos.

Por quê? Israel é o maior porta-aviões americano, é inafundável, não carrega nenhum soldado americano e está localizado numa região crítica para a segurança nacional dos EUA.
Os ataques dos Estados Unidos a três bases militares do Irã pegaram o mundo de surpresa — e abriram um novo capítulo numa relação marcada por tensões profundas, que se prolongam por décadas.

Enquanto ainda não se sabe a exata extensão dos danos provocados pelos bombardeios, autoridades internacionais pregam precaução e analistas especulam quais podem ser os próximos passos desse conflito.
A relação pouco amistosa entre Irã e Israel, que perdurava desde 1979, é frequentemente descrita como uma "guerra nas sombras", caracterizada por ataques mútuos e operações clandestinas. 

Ambos os países já realizaram ações ofensivas um contra o outro, muitas vezes sem que qualquer governo (envolvido direta ou indiretamente) tenha assumido oficialmente a responsabilidade. A guerra na Faixa de Gaza, iniciada em 2023, levou o conflito para outro patamar.

Israel e Palestina na Guerra de Gaza


Embora a ideia de uma solução pacífica tenha sido discutida amplamente por décadas, com a proposta de dois Estados sendo uma das mais debatidas, o conflito permanece sem um desfecho possível e a população palestina já vê a proposta como obsoleta. 

A criação de dois Estados atualmente dependeria de uma mudança significativa nas perspectivas dos principais envolvidos: os palestinos, a comunidade internacional e, sobretudo, os israelenses.

Para que esse cenário se concretize, seria necessário que as demandas e expectativas de todas as partes convergissem para um objetivo em comum, com os palestinos buscando soluções viáveis, a ONU exercendo um papel de facilitadora e os israelenses reconsiderando suas posições em relação ao território e à segurança.

Enquanto isso, a população palestina é massacrada. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, é o homem que lidera o país há mais tempo desde a criação do Estado de Israel em 1948 e prefere a guerra do que a paz. Mesmo após os mais de 40 mil mortos, ele disse que o trabalho de Israel "ainda não terminou".

A impaciência internacional por uma resolução diplomática do conflito — que ainda parece distante —, mostra que o cenário é cada vez mais perigoso e os olhos do mundo devem estar voltados para o conflito. 

Dessa forma, a solução para a guerra no Oriente Médio permanece incerta, mas não impossível se houver vontade política e diplomática de todas as partes.

Entenda os interesses


O Irã, sendo uma república islâmica de maioria xiita, considera Israel não apenas um rival regional, mas um inimigo ideológico, em parte devido à sua oposição ao Estado judeu e ao seu apoio a grupos militantes como o Hezbollah no Líbano e grupos em Gaza. 

A política externa iraniana tem sido fortemente moldada por esse antagonismo, reforçado pela percepção de que Israel e seus aliados, como os EUA, ameaçam a soberania e a segurança do Irã.

Por outro lado, Israel enxerga o programa nuclear iraniano como uma ameaça direta. 

A possibilidade de que o Irã desenvolva armas nucleares é uma das maiores preocupações para a segurança de Israel, já que o regime iraniano frequentemente faz declarações que desafiam a legitimidade do Estado judeu. 

Isso levou Israel a considerar a possibilidade de uma ação militar preventiva contra instalações nucleares iranianas, o que aumentaria drasticamente as tensões regionais.

A Rússia e a China, apesar de não compartilharem do confronto direto entre Irã e Israel, têm interesses estratégicos no Irã. Ambos os países veem o Irã como um parceiro-chave para contrabalançar a influência dos EUA no Oriente Médio. 

A Rússia tem oferecido apoio militar e político ao regime iraniano, enquanto a China se interessa pelos vastos recursos energéticos do Irã, bem como por sua localização estratégica nas rotas comerciais globais. 

Essa relação cria um desafio adicional para os EUA e seus aliados, que mantêm bases militares na região, como no Catar, na Arábia Saudita e no Iraque, locais que poderiam ser alvos de retaliações em um conflito envolvendo o Irã.

O Irã também é conhecido por sua rede de aliados não estatais, que podem ser mobilizados em caso de conflito. Isso inclui o uso de ataques cibernéticos, sabotagens e operações de guerrilha, o que representa uma ameaça assimétrica que Israel e outros países da região devem levar em consideração.

Conclusão


A região é o berço de três grandes religiões monoteístas — Judaísmo, Cristianismo e Islamismo — e as tensões entre elas, bem como divisões internas dentro do Islamismo, contribuem para a instabilidade.

Entretanto, questões territoriais, disputas de poder, interferência externa e outros fatores se combinam para criar um cenário complexo e volátil na região.

O fato é que enquanto essa guerra que coloca todo o mundo sob tensão, ficar fazendo análises meramente sob o contexto do viés religioso é muito raso.

Em resumo, a religião é um fator importante nos conflitos do Oriente Médio, mas não é o único. Questões territoriais, disputas de poder, interferência externa e outros fatores se combinam para criar um cenário complexo e volátil na região.

[Fonte: Jornal Opção, original por Giovanna Campos]

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terça-feira, 10 de junho de 2025

🧠PAPO DE PSICANALISTA🧠 — QUAL A RELAÇÃO DA PSICANÁLISE COM A ONDA DE FEMINICÍDIO?

Estamos, homens e mulheres, assustados e perplexos com a significativa presença de feminicídios na atualidade e, frequentemente, nos perguntamos: foi sempre assim? Os números, aumentaram? Se sim, por quê?

Dados do Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam) 2025, lançado pelo Ministério das Mulheres, em Brasília, apontam que, em 2024, foram registrados 1.450 feminicídios e 2.485 homicídios dolosos (com a intenção de matar) de mulheres e lesões corporais seguidas de morte.

Os registros representam uma diminuição de 5,07% em todos os casos de violência letal contra as mulheres, em relação aos registros de 2023, quando foram contabilizados 1.438 casos de feminicídio e outros 2.707 casos de homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte de mulheres.

Ainda sobre formas de violência contra as mulheres, o relatório anual mostra que o Brasil registrou o equivalente a 196 estupros por dia, em 2024, o que totalizou 71.892 casos de estupro de mulheres em todo o ano passado. Apesar do alto número de registros, houve uma queda de 1,44% em relação ao ano de 2023.

O feminicídio no divã


Diante desse tema, o primeiro aspecto a ser observado pela psicanálise é o fato desse crime ter sido qualificado e tipificado pelas mulheres.

Nesse contexto de intensa dramaticidade psicossocial em que vivemos há algo peculiar à nossa época: as mulheres, ao legislarem e julgarem, passam também a ocupar o lugar de quem faz a lei nas sociedades.

Assim, dividem com o pai o lugar da autoridade e da ordem. Isso pode significar que além do que Freud fez no começo da psicanálise — que creditou as falas, reais e imaginárias, das mulheres utilizando o método de associação livre na escuta de suas vozes — somos chamados, hoje, a reconhecer as novas vozes vindas das mulheres.

Freud, ao longo da sua obra, associa o masculino e o feminino com as posições ativa e passiva, presentes nas subjetividades quer seja do homem ou da mulher.

A flexibilidade para alternar entre essas posições favorece a integração destes aspectos no sujeito e torna mais provável o estabelecimento de boas relações.

Vemos, na nossa cultura, a valorização do ativo, aquele que assume o lugar de potência, que comanda e que age. O passivo, em sua possibilidade de acolhimento, capacidade de espera e de processamento é, em geral, pouco valorizado.

O engajamento das mulheres no mundo do trabalho não garantiu a elas uma posição de igualdade nas relações amorosas e sexuais, em especial, nos relacionamentos heteroafetivos.

A violência física contra mulheres e o assassinato delas perpetrado por seus parceiros aparecem como a ponta do iceberg de uma violência que se mantém a maior parte do tempo invisível para os outros.

Aqueles que não fazem parte da relação abusiva quase não percebem a gravidade do que se passa.

Além do crime


A violência física contra as mulheres geralmente aparece quando a violência simbólica falhou em manter o controle, a submissão desejada pelo homem, conforme a Dra. Marie-France Hirigoyen, psiquiatra, psicanalista e psicoterapeuta especializada em assédio moral, uma forma de bullying, no livro "A violência no casal. Da coação psicológica à agressão física" (Editora Bertrand Brasil, 2006).

Essa busca da submissão faz pensar em um excesso do ativo, em uma busca do controle sobre o outro, que é percebido como um objeto e não como um sujeito de desejos.

Trata-se de uma perversão da agressividade e uma tentativa de negação do outro como sujeito desejante. Negação de seu lugar como sujeito separado e portador de desejos. A transformação em objeto caracteriza sua absoluta negação, o que pode inclusive se dar pelo assassinato.

Uma questão que se coloca é no porquê as mulheres submetidas à violência têm dificuldade de sair dessa posição de passividade extrema. A questão da dependência financeira está presente em muitos casos, mas não esgota o problema.

Ressalto o "dispositivo amoroso", conforme posposto por Valeska Zanello —Psicóloga clínica, doutora em Psicologia pela UnB, com estudos na Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, ela vem mostrando os efeitos negativos das desigualdades de gênero na saúde mental das mulheres — em "Saúde mental, gênero e dispositivos. Cultura e processos de subjetivação", 2017, em que ter sido escolhida e ser objeto de investimento amoroso tem sobre a mulher, muitas vezes, um papel identitário. 

Nesse sentido, envolve a percepção de si como objeto de valor. Esta pode se tornar uma armadilha em que mulheres se mantém em relações violentas porque não estar com um homem é percebido como algo insuportável para sua autoimagem. Seria ocupar um lugar desqualificado e esvaziado. 

Muitas se mantém nessas relações violentas, contém a própria agressividade e deslocam-na para si mesmas e percebem a manutenção da relação como forma de refúgio narcísico. Algumas delas morrem nesse jogo desesperado, enquanto não percebem a iminência da morte.

Em meio a uma cultura marcada pela misoginia, o desmantelamento das políticas e dos serviços públicos de apoio às mulheres vítimas de violência por seus parceiros levou ao aumento de feminicídios no Brasil nos últimos anos.

Talvez, somos conclamados pela realidade a nos distanciar sempre mais de qualquer posição de controle, para nos agregarmos radicalmente a uma posição epistemológica de observação, investigação e diálogo com as mulheres, como aquelas que ocupam o lugar da lei, considerando que esse fenômeno as posicionam em um lugar múltiplo relacional, ou seja, de onde suas falas estabelecem relação com a vida psíquica dos indivíduos e com a vida da coletividade, portanto, com a vida dos sujeitos implicados com a ordenação da sociedade. 

Arriscamos dizer que há mudanças em curso em relação ao lugar que homens e mulheres ocupam na sociedade, os sujeitos, enquanto indivíduos, passam a dever obediência também às mulheres. 

Os esforços da psicanálise no sentido de compreender o sofrimento psíquico da destrutividade devem ir mais além do que abrir espaço para o diálogo com as mulheres nos consultórios e delegacias. 

Terão de alcançar, possivelmente, uma discussão política em que as mulheres se organizem em coletivos para questionar, no mesmo nível, as leis do pai.

Cultura patriacal e o ego no altar


Por esse caminho, precisamos primeiro esclarecer o que nós, psicanalistas, entendemos por patricarcado. Na Cultura Ocidental, desde a antiguidade, a mulher é colocada em uma posição social inferiorizada com relação ao homens.

Podemos considerar que sobre esse alicerce o patriarcado se ergueu como forma de organizar as sociedades e que, sob tal condição existencial, as mulheres estavam muito mais sujeitas a terem suas vidas violadas. 

Nessa posição de precariedade existencial, a mulher é objeto da submissão: deve ser escolhida, pois ao escolher fere o lugar de dominação daquele que exerce o poder e o controle sobre ela. 

Aqui não existe alternância entre ser sujeito e objeto de amor. Os papéis são definidos e definitivos.

Observemos, então, que o feminicídio está inserido nas dinâmicas de controle e poder do patriarcado. 

No Brasil, apenas em 2015 ele foi qualificado como crime. Vários são os tipos de violência que anunciam o feminicídio: psicológica, verbal, patrimonial, física etc. Trata-se de um crime paulatinamente anunciado! É um crime de ódio. 

A violência psicológica é a mais difícil de ser reconhecida, é uma estratégia de desvalorização que mina a autoestima e compromete a identidade, enquanto processo reducionista. Daí os agressores se apossam dos lugares capturados, infantilizando as mulheres.

O aporte freudiano propicia uma contribuição da psicanálise na compreensão do feminicídio ao ter a capacidade de se ocupar do sofrimento psíquico relacionado à destrutividade.

Quando a mulher não aceita ficar submetida, ela ameaça a ordem do dia. A luta é antiga e nos remete à sabedoria da cura, e aos primórdios da medicina, quando as mulheres tratavam as pessoas com ervas manuseadas e eram queimadas como bruxas. 

Nada mais do que uma estratégia destrutiva para transferir esse poder aos homens. São táticas de dominação que, quando falham, geram comportamentos violentos. O objetivo é destituir o lugar e tomar posse. Quando isso não é possível, o ódio destrutivo mata.

O feminicídio e o narcisismo


No feminicídio, o mito de Narciso é um importante aspecto, sobretudo porque reflete a paralisação na própria imagem, presente em frases como: 
"Você discordou de mim na frente de todos".
É importante ressaltar o investimento libidinal e narcísico do amor dos pais. Este pode gerar recursos por toda a vida. 

Se não existe, pode gerar falhas identitárias que perpetuam déficits significativos e impeditivos para a alteridade.

Conclusão


Não pretendo fechar as motivações em torno do feminicídio a partir de uma explicação científica. 

Contudo, lançar mão do olhar psicanalítico nos permite explorar uma série de fatores inconscientes que norteiam comportamentos que estão social e culturalmente instalados, principalmente no Brasil.

Volto ao início do texto para reforçar que este é um modelo que pretende explicar um fenômeno. 

Fato é que estamos lidando com uma questão de cunho social, cultural e, claro, de saúde pública, pois desvaloriza a vida humana e traz prejuízos físicos e psíquicos às vítimas. 

O acolhimento, a aceitação do diferente, a não perpetuação de preconceitos são os primeiros passos para, como indivíduos e sociedade, abolirmos esse e outros tipos de violência.

Dica de leitura:


  • Feminicídio & Psicanálise — Uma Questão Atual

  • Autor: Marcell Felipe Alves dos Santos

  • Editora: Artesã

  • Ano: 2019

  • Número de páginas: 156

  • Categoria Principal: Teoria Psicanalítica
[Fonte: Sociedade Psicanalitica do Recife (SPRPE), original por Sandra Paraíso Sampaio; Academia Médica, original por Felipe Dalvi; Federação Brasileira de Psicanálise (Febra Pis). original por Daniela Yglesias de Castro Prieto (SPBsb); Agência Brasil, original por Daniela Almeida]

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