"Tendo Samuel envelhecido, constituiu seus filhos por juízes sobre Israel. O nome do seu filho primogênito era Joel, e o nome do segundo, Abias; e julgavam em Berseba.
Porém seus filhos não andaram pelos caminhos dele; antes se inclinaram à avareza, e aceitaram suborno, e perverteram o direito.
Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e lhe disseram: 'Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações'" (1 Samuel 8:1-5).
O texto de 1 Samuel 8 é um espelho incômodo para o cenário evangélico moderno. Samuel, profeta respeitado e homem de Deus, sucumbe a uma fraqueza institucional: nomeia seus filhos como juízes, mesmo sem a evidência de caráter ou vocação ministerial.
Resultado? Corrupção, suborno e degradação da justiça. O povo, cansado da manipulação familiar, clama por um sistema diferente, ainda que isso signifique rejeitar o modelo teocrático que Deus havia estabelecido.
É exatamente esse o modelo de igreja-negócio-familiar que vemos se proliferar como uma praga em muitos púlpitos contemporâneos: o famigerado nepotismo evangélico!
O que é nepotismo
Nepotismo (do latim nepos, neto ou descendente) é o termo utilizado para designar o favorecimento de parentes em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos.
A transição pastoral ocorre por hereditariedade, não por chamada divina, filhos e noras se tornam "pastores(as)", genros viram "bispos", e netos ganham "departamentos" (ou ministérios, em linguagem mais peculiar) para administrar, não há consulta ao Corpo, nem temor ao Espírito, há apenas o carimbo: "é da família, então tem direito."
Originalmente a palavra aplicava-se exclusivamente ao âmbito das relações do papa com seus parentes, mas atualmente é utilizado como sinônimo da concessão de privilégios ou cargos a parentes no funcionalismo público. Distingue-se do favoritismo simples, que não implica relações familiares com o favorecido.
Nepotismo eclesiástico
Prática tão nefasta no serviço público que vem ganhando contornos de espiritualidade no meio cristão. Observo cada vez mais pastores praticando o nepotismo descaradamente.
Fazem do ministério um meio de empregar seus filhos e parentes mais próximos. Vejo que o ministério pastoral virou um meio, não um ideal de vida. Para tentar ter domínio sobre uma igreja consagra-se grande número de parentes e sem o menor constrangimento.
Fazem do ministério um meio de empregar seus filhos e parentes mais próximos. Vejo que o ministério pastoral virou um meio, não um ideal de vida. Para tentar ter domínio sobre uma igreja consagra-se grande número de parentes e sem o menor constrangimento.
Ao transformar o púlpito em extensão da sala de estar, o nepotismo mina o princípio neotestamentário da liderança espiritual baseada em vocação, maturidade e serviço, Paulo escreve a Timóteo que o bispo deve ser irrepreensível, apto para ensinar, não apegado ao dinheiro, governando bem sua casa (1 Timóteo 3:1-7) nada se diz sobre sobrenome, linhagem ou dinastia ministerial.
Mas no evangelicalismo brasileiro atual, o sobrenome pesa mais que a chamada, a unção é medida por grau de parentesco, a igreja é tratada como capital social, herança jurídica e legado empresarial.
Filhos de pastores que nunca souberam o que é trabalhar por uma hora sequer são consagrados a pastores para suceder seus pais quando estes deixarem o ministério.
Muitas vezes filhos de pastores que possuem um passado conturbado, profano, que precisa ser escondido de qualquer maneira, assumem púlpitos com ares de santidade e vasto conhecimento.
Assumem igrejas de portes razoáveis e dizem que Deus os chamou para o ministério. Irmãos, sobrinhos, genros e o que mais aparecer assumem a liderança da obra de Deus sem ao menos terem sido provados pela vida, igreja e por Deus.
Se as igrejas fossem consultadas sobre tais consagrações nunca teriam aprovado tais atos. Muitos consagram seus filhos e parentes ao ministério pastoral como se fosse um negócio que passasse de pai para filho. Tratam a sucessão pastoral como se fosse coisa hereditária. Isso não é dinastia onde os sucessores pertencem à mesma família.
Como se chama isso? Nepotismo evangélico, um câncer institucional que alimenta o orgulho, sufoca os vocacionados e transforma o rebanho em clientela cativa de uma oligarquia espiritual,a membresia vira massa de manobra, devota mais à imagem do "pai (ou mãe) da visão" do que à Palavra de Deus, ninguém questiona, pois quem ousa contrariar “a família ungida” é taxado de rebelde, sem cobertura espiritual.
O exemplo de Jesus
Jesus não chamou seus primos, mas chamou pescadores, o modelo de Jesus é escandalosamente diferente, Ele não fundou uma "empresa de carpintaria celeste e filhos S.A."
Ele chamou homens simples, sem laços familiares entre si, e os formou com base na fé, não no sangue. Em Marcos 3:31-35, quando sua família o procura, Jesus rompe a lógica genealógica:
"Quem é minha mãe e meus irmãos?... Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe."
Tenho visto pastores chegando ao fim de suas vidas como Eli chegou ao fim da sua.
Filhos que levam o povo de Deus ao erro e ao escândalo são alçados às lideranças e os pais com medo de submeterem a Deus a sucessão pastoral, usam do poder que lhes foi conferido para calar a voz da comunidade e da Bíblia.
Sujeitam o povo de Deus a lideranças descaracterizadas e rudes e se esquecem que o Senhor é o Sumo Pastor.
Não sou contra filho de pastor receber chamado ministerial. Sou contra essa tendência pernóstica que se infiltrou no seio da igreja. Tal filho, tendo um chamado ministerial, que curse uma universidade, depois faça um mestrado e em seguida uma boa faculdade teológica.
Que preencha os requisitos de 1 Timóteo e Tito, que não seja neófito, que goze de bom testemunho dos de fora, e que a igreja local, em sua maioria, reconheça tal chamado.
Conclusão
Virou mania no meio evangélico pastores dizer que existe uma unção especial sobre filhos de pastor. Já ouvi o disparate de um certo pastor conhecido que Deus lhe havia dado uma revelação que todo filho de pastor era pastor.
Não sei de onde esse senhor tirou uma atrocidade dessas. Da Bíblia é que não foi. Revelações esdrúxulas e carnais como estas somente atrapalham o meio cristão. Tais revelações passam por cima da Revelação da Palavra. Filho de pastor que não for alcançado pela graça de Deus perecerá como perece o ímpio.
Alguém já disse no passado:
"Deus não tem netos, somente filhos."
Mas que o Senhor se apiede dos pastores e os dê a graça de conduzir seus filhos ao pleno conhecimento de Cristo.
Que a igreja possa se submeter ao soberano Senhor e aceitar suas decisões. Que os pastores sejam mais fiéis no trato das coisas de Deus. Em Cristo, que não faz acepção de pessoas.
Quando a igreja se torna dinastia, o Reino deixa de ser de Deus e passa a ser de uma família, isso não é ministério, é feudalismo eclesiástico, e o Senhor, que não divide sua glória com ninguém (Isaías 42:8), um dia cobrará dos que usaram o altar como palanque hereditário.
Se o chamado não é maior que o sobrenome, então o púlpito virou herança, e não missão.
[Fonte: Internautas Cristãos, original por Luiz Fernando, via Ministério Força Para Viver]
Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.

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