Com a morte de Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, aos 88 anos no último dia 21, já começaram as especulações e — Pasmem! — até mesmo apostas sobre quem será o seu substito no pontificado. E uma dúvida comum não somente entre os católicos, mas também entre os não católicos é como é escolhido um Papa.
"Habemus Papam": essa é a famosa frase que percorre o mundo e anuncia o eleito para ocupar a Cátedra de São Pedro, unida à já conhecida fumaça branca nas chaminés do Vaticano.
Nos últimos tempos, com as coberturas jornalísticas e a velocidade dos meios de comunicação, é possível acompanhar em tempo real, pelo lado de fora, um pouco do que se passa neste momento sigiloso e de grande importância para a comunidade da Igreja Católica Romana.
Conclave: o que é?
O conclave é o ritual secular que marca a eleição dos novos papas. A palavra vem do latim cum clave — fechado a chave — e remete à votação secreta que é realizada na Capela Sistina, no Vaticano, de onde é lançada a fumaça branca quando o novo pontífice é escolhido. Ou seja os 135 (dos 252 cardeais), com menos de 80 anos, que são os responsáveis pelo voto, ficam totalmente sem comunicação com o povo.
Um pouco do que, supostamente acontece durante este período de isolamento, foi revelado no polêmico filme "Conclave" (2024), que, inclusive, foi duramente criticado pela liderança católica.O filme, aliás, voltará às salas de cinema após a morte do Papa Francisco. O longa, indicado a oito prêmios no Oscar, retrata o processo de seleção de um novo papa e estará em cartaz novamente em aproximadamente 40 cidades do Brasil. Eu assisti e recomendo. É um filmaço!
Hoje, a eleição do Papa é realizada segundo a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis (22/02/1996), do Papa Beato João Paulo II, que rege o funcionamento do Conclave e da eleição do novo Pontífice. É um longo documento com 92 parágrafos, o qual pode ser lido no site do Vaticano.
Conclave: como é?
Vejamos os pontos mais importantes do Conclave:
O Conclave é um retiro sagrado, no qual os cardeais eleitores "invocam o Espírito Santo" para proceder à eleição do Romano Pontífice.
O artigo 37 estabelece que o Conclave começará 15 dias depois de vacante a Sé Apostólica, embora o Colégio de Cardeais possa estabelecer outra data, a qual não pode se atrasar mais do que 20 dias da vacante.
Todos os cardeais eleitores ficam hospedados em uma acomodação, na chamada "Domus Sanctae Marthae", construída na Cidade do Vaticano.
Na parte da manhã e na parte da tarde, são feitas as orações e a celebração das sagradas funções ou preces que se acham indicadas no mencionado "Ordo rituum Conclavis".
Em seguida, há os procedimentos para as eleições. Podem votar e ser votados todos os cardeais com menos de 80 anos de idade. Os cardeais eleitores são obrigados a participar do Conclave e são convocados pelo cardeal mais velho (Decano).
São feitas duas eleições por dia, uma de manhã e outra à tarde, e será eleito o cardeal que, numa dessas eleições, obtiver 2/3 dos votos, considerando presentes todos os cardeais.
A eleição é secreta, cada cardeal coloca em uma cédula o nome em quem deseja votar. Três cardeais são escolhidos para fazer a contagem dos votos (os escrutinadores). Conferem, após cada eleição, se o número de cédulas é igual ao de cardeais presentes.
Se algum deles for escolhido com 2/3 de votos, estará eleito; se aceitar o cargo, então, é queimada uma fumaça branca no incinerador da Capela Sistina.
Se após a segunda eleição do dia não houver ainda um eleito, então, queima-se uma fumaça negra que sai na chaminé da Capela, na Praça de São Pedro. Após cada eleição as cédulas são todas queimadas pelos escrutinadores.
Cada cardeal, ao colocar sua cédula na urna, diz estas palavras em forma de juramento:
"Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito".
Se houver algum cardeal doente que não possa sair de seu quarto, a urna é levada a ele, por três cardeais (os Infirmarii), para que possa votar.
Caso os cardeais não elejam o novo Papa durante três dias de votações, estas serão suspensas durante um dia para uma pausa de oração, de livre colóquio entre os votantes e de uma breve exortação espiritual, feita pelo primeiro dos cardeais da ordem dos cardeais diáconos.
Há cardeais de três ordens: diáconos, presbíteros e bispos. Em seguida, recomeçam as votações. Se, após sete escrutínios, ainda não se verificar a eleição, faz-se outra pausa de oração, de colóquio e de exortação, feita pelo primeiro dos cardeais da ordem dos presbíteros. Procede-se, depois, a uma outra eventual série de sete escrutínios.
Se ainda não se tiver obtido o resultado esperado, há uma nova pausa de oração, de colóquio e de exortação, feita pelo primeiro dos cardeais da Ordem dos Bispos. Em seguida, recomeçam as votações segundo a mesma forma, as quais, se não for conseguida a eleição, serão sete. (n.74)
Se ainda as votações não tiverem êxito, os cardeais eleitores serão convidados pelo Camerlengo a darem a sua opinião sobre o modo de proceder, e proceder-se-á segundo aquilo que a maioria absoluta deles tiver estabelecido.
Todavia, não se poderá deixar de haver uma válida eleição, ou com a maioria absoluta dos sufrágios ou votando somente os dois nomes que, no escrutínio imediatamente anterior, obtiveram a maior parte dos votos, exigindo-se, também nesta segunda hipótese, somente a maioria absoluta.
O ritual da eleição do novo Papa
Como já dito anteriormente, durante o Conclave, os cardeais ficam totalmente isolados do mundo, não podendo usar os meios de comunicação (jornal, rádio, televisão, celular, etc.), receber pessoas para visitas, etc.
É terminantemente proibido aos cardeais, antes e durante o Conclave, fazer acordo entre si para a eleição de um deles, sob pena de excomunhão "latae sententiae".
O artigo 80, além disso, castiga com excomunhão os cardeais que aceitarem a proposta de uma autoridade civil de propor o veto contra algum cardeal, como acontecia até 1904.
Após a eleição de um dos cardeais, o cardeal Decano pergunta ao eleito:
"Aceitas a tua eleição canônica para Sumo Pontífice?"
E, uma vez recebido o consenso, pergunta-lhe:
"Como queres ser chamado?".
Então, os cardeais eleitores aproximam-se para render homenagem e prestar obediência ao neoeleito Sumo Pontífice. Depois disso, o primeiro dos cardeais diáconos anuncia ao povo, que está à espera, a eleição consumada e o nome do novo Pontífice:
"Nuntio vobis gaudium magnum: habemus Papam!" ("Anuncio-vos uma grande alegria: Temos um Papa"),
o qual, a seguir, dá a bênção apostólica Urbi et Orbi do pórtico da Basílica do Vaticano.
Conclusão
Após o funeral do papa Francisco neste sábado (26/4), cardeais de todo o mundo reunidos no Vaticano vão tomar parte no Conclave. No Conclave para escolha do sucessor de Francisco deverão estar presentes 135 cardeais.
A Itália é de longe país com maior número de cardeais eleitores, com 17 deles, representando 12,6% do total. O país é seguido pelos Estados Unidos (10) e pelo Brasil (7), que ocupa a terceira posição entre as nações com maior número de cardeais eleitores (veja o gráfico abaixo).
A Itália é de longe país com maior número de cardeais eleitores, com 17 deles, representando 12,6% do total. O país é seguido pelos Estados Unidos (10) e pelo Brasil (7), que ocupa a terceira posição entre as nações com maior número de cardeais eleitores (veja o gráfico abaixo).
Fonte: Vaticano |
O cardeal Camerlengo, que desempenha um papel fundamental no período de vacância, cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell, nomeado por Francisco.
O Conclave está liberado para começar 5 de maio, após o período oficial de luto pelo último pontífice.
[Fonte: Comunidade Canção Nova, por Professor Felipe Aquino — Membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II]
Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.

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