Quando eu recebi a indicação do livro "Surpreendido Pelo Sentido", devo confessar que inicialmente, não tive muito interesse em ler. Dei uma lidinha rápida no prefácio e o assunto não me atiçou assim aquele interesse que me levasse a querer lê-lo logo de início.
Daí, foi aquele hábito de sempre. Eu o coloquei junto a alguns outros título que estão separados para ler depois. Porém, quando por acaso vi alguém fazendo uma citação sobre ele em postagem na internet, me lembrei que o tinha guardado em algum lugar e resolvi a, então, ler. O que tive foi uma grata surpresa: o livro é um daqueles assim, aos quais a gente não pode julgar pela capa — ou, no caso específico —, pelo título.
Sobre o livro
O livro "Surpreendido Pelo Sentido", publicado pela editora Hagnos, fala sobre Ciência, Fé e como conseguimos que as coisas façam sentido. O autor é Alister McGrath, ele tem competência para falar sobre Ciência e Fé já que é graduado em química e teologia, doutor em Biofísica Molecular e também doutor em Teologia.
Numa era turbulenta, onde as pessoas são engolidas por uma avalanche de informações, onde a correria do cotidiano impede a boa reflexão e a contemplação da verdade, ficamos cada vez mais cegos e perdemos o contato com o verdadeiro sentido da vida.
Nesse livro, um dos melhores escritores cristãos da atualidade, o teólogo e cientista Alister McGrath escreve um sucinto guia em linguagem acessível e agradável ao leigo para ajudar os cristãos a fazer sentido das coisas conforme elas contemplam o lugar da ciência e da religião no mundo.
Ele te levará a enxergar o quadro completo, fugindo da superficialidade materialista, mostrando que inclusive a ciência aponta para uma causa transcendental. O anseio do coração humano por "algo a mais", é explicado como nosso desejo que se conectar com o divino, com nosso Criador.
Com inquestionável propriedade e habilidade, McGrath rechaça as explicações ateístas e demonstra que a visão de mundo cristã é a única que consegue perfeitamente explicar a realidade e os anseios do homem.
Oh, dúvida cruel: Fé e Ciência, são amigas ou inimigas?
Sem sombra de dúvida: AMIGAS! E, lendo este livro, essa minha certeza aprofundou mais ainda seus sustentáculos. Se você se pergunta, como fazer sentido do mundo que nos rodeia? A crença na ciência e na fé cristã são compatíveis? A estrutura do universo aponta para a existência de Deus?
McGrath ajuda os leitores a ver que a ciência não é um anátema para a fé nem suplanta a fé. Tanto a ciência quanto a fé ajudam a dominar o desejo humano de fazer sentido das coisas. A fé é complexa. Ela não é um salto cego no escuro, mas uma jubilosa descoberta de uma imagem mais abrangente das coisas maravilhosas das quais todos nós fazemos parte.
Sobre o autor
O título do livro lembra outro best-seller de grande sucesso, "Surpreendido Pela Alegria" (que eu ainda não li), escrito por C S Lewis (✰1898/♱1963). E sim isso foi proposital, já que Alister se identifica e se inspira muito em Lewis. Inclusive foi ele quem escreveu uma das principais biografias de Lewis ("Do Ateísmo às Terras de Nárnia", Mundo Cristão, 2013, 424 pg).
Eles não foram contemporâneos, mas há algumas semelhanças interessantes entre os dois: ambos nasceram na Irlanda na região de Belfast, Alister estudou no mesmo colégio que a mãe de Lewis, os dois foram ateus na juventude e se tornaram cristãos. Ambos decidiram viver a fé cristã na igreja anglicana.
Assim como Lewis, Alister estudou em Oxford e trabalhou em Cambridge. C. S. Lewis ficou conhecido como o Grande apologista cristão do século 20, enquanto Alister é considerado um dos mais influentes pensadores cristãos da atualidade.
Alister McGrath, nasceu em 1953. É um teólogo cristão, apologista, e professor de Teologia, Religião e Cultura, na King's College, de Londres, além de pesquisador sênior do Harris Manchester College. Possui Pós-Doutorado em Biofísica Molecular e Doutorado em Teologia pela Universidade de Oxford.
Seu interesse principal se concentra na história do pensamento cristão, com ênfase particular na relação entre as ciências naturais e a fé cristã. Um ex-ateu, o Dr. McGrath é considerado um dos mais influentes pensadores cristãos da atualidade.
Eu, pessoalmente, tenho algumas restrições a alguns posicionamentos teológicos do Dr. McGrath e há alguns títulos dele que eu não recomendo, em especial o equivocado livro "Paixão Pela Verdade" (Sheed Publicações, 2007, 240 pg), que, apesar do título sugestivo, é cheio de controvérsias.
Mas, das quatro obras da "biografia" de João Calvino (✰1509/♱1564) que li, posso dizer que a de Alister McGrath é a melhor ("A Vida de João Calvino", Cultura Cristã, 2019, 360 pg). Realmente ele contribuiu e contribui para muita coisa boa, não apenas na literatura mas até em debates. Porém, me parece que ele está tropeçando em assuntos nevrálgicos para uma correta classificação do que é ser um Reformado (II Tm 4.1-5). Mas, isso é assunto para outro artigo. Especificamente sobre este livro, eu recomendo de olhos fechados.
Mas, das quatro obras da "biografia" de João Calvino (✰1509/♱1564) que li, posso dizer que a de Alister McGrath é a melhor ("A Vida de João Calvino", Cultura Cristã, 2019, 360 pg). Realmente ele contribuiu e contribui para muita coisa boa, não apenas na literatura mas até em debates. Porém, me parece que ele está tropeçando em assuntos nevrálgicos para uma correta classificação do que é ser um Reformado (II Tm 4.1-5). Mas, isso é assunto para outro artigo. Especificamente sobre este livro, eu recomendo de olhos fechados.
Por que eu recomendo?
Se em "Surpreendido Pela Alegria" C. S. Lewis como um bom professor de Literatura e Língua Inglesa traçou a importância da literatura em conduzi-lo a saciar seu anseio mais profundo de deslumbramento, o que ele chamou de Alegria. A conversão de Lewis foi extremamente ligada aos livros.
Em "Surpreendido Pelo Sentido", Alister como um bom cientista conta que a sua conversão foi um ato do livre pensamento. Para ele o cristianismo contém uma dimensão para atribuir sentido. E ele faz um paralelo com a Ciência, que diz respeito a atribuir sentido. O método científico parte do princípio de identificar padrões no mundo natural e buscar estruturas mais profundas para explicar esses padrões.
A explicação científica busca sentido para as nossas observações e experiências e, seleciona a teoria que faz mais sentido. Portanto, sempre haverá um elemento de dúvida em qualquer teoria, já que a Ciência trabalha com verdades falseáveis; verdades que podem ser contestadas. Além disso a Ciência reconhece que sempre haverá múltiplas interpretações das nossas observações.
Algumas teorias não podem ser provadas, mesmo fazendo sentido. Enquanto outras podem ser provadas, mas não adicionam sentido em nossas vidas, não nos dão nem um propósito ou motivo para viver.
A crença em Deus dá sentido à existência, mas não pode ser provada. Assim como o ateísmo também é improvável. Para Alister Cristianismo e Ateísmo são tipos de fé.
Segundo o autor os limites da ciência devem ser respeitados, se não ela passa a ser prejudicada e explorada por indivíduos com agendas ideológicas. A ciência não deve sofrer interferência de dogmas religiosos ou anti religiosos.
Minhas considerações
É um problema quando cientistas fingem ser religiosos ou quando religiosos fingem ser cientistas. Eu me sinto desconfortável quando vejo crentes usando Deus para tapar buracos, não sabem explicar um fenômeno e colocam Deus no meio. Deus não é um tapador de buracos. Não é papel da Teologia cristã inventar uma explicação para as observações do mundo. A natureza está aberta a muitas interpretações legítimas.
A ciência em si e por si é ou deveria ser neutra. Mas tudo depende do caráter moral dos seres humanos. A nossa natureza é falha, e foi essa humanidade falha que criou a Ciência, por isso o seu potencial tanto para curar quanto para destruir.
O autor traça uma linha de raciocínio muito interessante sobre Seleção natural evolução e surgimento do Universo. Eu gostei muito da parte sobre a formação do Universo. As propriedades que sustentam a vida no Universo são extremamente sensíveis aos valores das forças fundamentais e constantes da natureza. Você já ouviu falar sobre sintonia fina?
É ideia de que o Universo foi sintonizado para a vida. Porque se as constantes que governam o universo variassem minimamente isso poderia impedir o surgimento da existência humana. E eu estou falando de variações numa fração de 10 elevado a 55, ou seja o número 10 seguido por 54 zeros.
Surge então a pergunta: de onde vem as leis da natureza?
Se o Universo se formou em um espaço de tempo surpreendentemente curto, já possuindo todas as leis que governariam a natureza. A origem dessas leis passa ser de maior importância apologética.
O filósofo John Leslie (✰1766/♱1832) disse:
"Deus precisou ter cuidado com a física que escolheu. A sintonia fina não prova nada, mas ecoa a visão cristã da realidade. A fé cristã nos capacita a extrair sentido das coisas. Ainda que a existência e natureza de Deus esteja além do método científico. A fé vai além da razão e da evidência. Eu disse que ela vai além, não contra...
Conclusão
Esse livro é fininho, eu demorei para ler porque o assunto requer bastante atenção, mas a linguagem é bem acessível e agradável. Vale de novo enfatisar, que o Alister McGrath é um grande cientista formado em Oxford e grande estudioso do pensamento de C.S. Lewis, então quem gosta do diálogo entre ciência e fé e uma boa dose de citações de Lewis, irá gostar muito desse livro. Quando qualquer pessoa se prontifique em falar desses assuntos em um contexto mais didático, deve, no mínimo, saber em que embasa sua fala, para não passar vergonha.
[Fonte: Resenha do Livro, por Elen Ximenes]
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.
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