CONEX@O GERAL : PAPO RETO — EI, COLEGAS PASTORES E LÍDERES, VAMOS "TROCAR UMA IDEIA"?

"Pois vocês eram como ovelhas desgarradas, mas agora se converteram ao Pastor e Bispo de suas almas [...] Quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da glória" (1 Pedro 2:25, 5:4).

Jesus é o verdadeiro e sumo pastor. Ele mesmo declarou essa verdade no verso 11, do capítulo 10 no Evangelho escrito pelo apóstolo João:

"Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a vida pelas ovelhas".

Desde o Antigo Testamento, há muitas passagens na Bíblia, que mostram profeticamente Jesus como pastor, dentre as quais destaco: Salmo 23:1, Isaías 40:11 e Ezequiel 34:11-16;23, só para citar algumas.

E todas as passagens registradas no Antigo Testamento, vão linearmente em consonância com os registros neotestamentários. Entretanto, ainda assim, são muitos os pastores e líderes congregacionais, que não só se sentem, mas agem como se fossem os proprietários das igrejas que lideram.

Esses ilustres senhores — e senhoras também, claro — parecem ignorar completamente o sentido do princípio da mordomia cristã que nos coloca a todos no mesmo patamar de servos, independente de patentes ministeriais.

Não podemos nos esquecer que todos nós somos ovelhas do Sumo e Verdadeiro Pastor, o nosso Senhor Jesus Cristo, assim como devemos sempre nos lembrar de que a Igreja é dEle e de ninguém mais:

"Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16:18, grifo acrescentado para efeito de ênfase).

Precisamos estar sensíveis às necessidades da Igreja

Assim como você crê para as suas necessidades pessoais, deve crer para as necessidades da congregação ou departamento que lidera. As palavras que você fala sobre sua congregação vão criar uma atmosfera exatamente como foi dita por você.

Não é saudável ficar o tempo todo reclamando do povo, pois podemos mandá-los embora com essa atitude através de nossas palavras. Precisamos acolher o povo, precisamos abrir os nossos braços e abraçar qualquer pessoa. E aqui, não estou falando em nos esquivar da exortação, da correção, da disciplina quando essas forem necessárias, pois, se assim agirmos, seremos coniventes com os possíveis desvios de moral, ética e conduta cristãs que são deveres de todos nós.

Mas, tem como fazer isso com sabedoria e em amor. Aliás, é esse o grande desafio dos que estão imbuídos de autoridade ministerial. Precisamos ter um coração humilde, disposto a cuidar, nunca enfatizando estar em uma posição mais alta que os demais, pois isso é traço de arrogância.

Respeito à individualidade

Outra coisa que não devemos fazer é tentar segurar o povo. Quando o povo quiser, a hora em que quiser, deixe-o ir! E isso inclui também a liderança. Ninguém é obrigado a ficar preso em lugar algum, mesmo porque, qualquer um que sair de onde estiver, fora do tempo ou da direção de Deus, terá que, mais cedo ou mais tarde, prestar contas a Ele. Porque se alguém está no lugar que Deus quer, não há quem possa impedir o crescimento da obra.

Quando pessoas saírem, o que temos de fazer é orar por elas, liberando-as, sem reclamações (sei que é difícil, mas é o certo em se fazer). No tempo oportuno, ou seja, no tempo de Deus, outras pessoas virão. Ninguém, absolutamente ninguém é insubstituível no Reino de Deus. Nem mesmo o(a) pastor(a)!

Todos nós somos cooperadores de Deus, participantes na obra dEle. Afinal, como já dito anteriormente, a Igreja não é nossa. Deus pode retirá-la de um lugar e colocar em outro. Nada é para sempre aqui na terra, por isso precisamos estar prontos para quando Deus falar: "Vai!", assim, podemos ir sem medo.

Nós estamos na terra para cumprir o plano de Deus. Não é o nosso plano, mas o plano dEle. E Ele vai suprir o que nós precisamos. Muitas coisas são resolvidas em oração, porque uma situação pode ser transformada de maneira radical pela forma que cremos e falamos.

Deus é de multiplicação. Vejo muitos pastores num desespero por congregações cheias. Dizem que é para a "glória de Deus", mas, será mesmo? Você já parou para analisar que Deus pode não ter para você os planos de estar a frente de uma grande congregação, com uma multidão de membros? É fundamental que entendamos os planos de Deus, para que não nos tornemos líderes frustrados e até nutrindo inveja pela congregação cheia dos outros.

E, não adianta, se Deus não tem isso para nós, Ele não irá nos dar ou permitir que tenhamos, uma vez que o responsável por dar o crescimento da Igreja é Ele e não as nossas ideias, as nossas fórmulas, as muitas estratégias, visões e revelações que vira e mexe surgem no meio evangélico, tudo sempre com o intuito de ter uma "igreja cheia".

Onde está escrito na Bíblia que somos "pais de multidões"?

Sim, onde? Já li e reli a Bíblia inúmeras vezes e NUNCA encontrei essa afirmação. Deus falou isso específica, especial e unicamente para uma pessoa: o patriarca hebreu Abraão! E, detalhe, tudo dentro de um entendimento contextual:

"Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: 'Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito. E porei a minha aliança entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente.

Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo: 'Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações; E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te tenho posto;

E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti;

E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.

E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus.'

Disse mais Deus a Abraão: 'Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.'" (Gênesis 17:1-9, grifos acrescentados para efeito de ênfase).

Fiz questão absoluta de transcrever essa passagem bíblica aqui, ao invés de apenas citá-la em link.

Observe que o texto está na primeira pessoa, ou seja, Deus falou isso para Abraão e tem muita gente querendo "pegar carona" nessa promessa patriarcal que tinha a ver, em seu contexto, especificamente à nação de Israel, diga-se de passagem. Sabemos que o cumprimento literal dessa profecia se deu em Jesus, mas, daí a eu querer "tomá-la para mim", mais do que um absurdo teológico, é uma imbecilidade.

Por isso, essa questão de multiplicação é muito relativa e deve ser entendida de forma coerentemente bíblica.

Deus irá nos dar ideias para alcançar o povo ao nosso redor. A Igreja não está e muito menos é um quadrilátero de tijolos edificado por mãos humanas. Não é para que fiquemos presos nisso, mas devemos ser uma benção saindo, evangelizando nos hospitais, nas prisões, nas ruas, etc (obviamente, não agora, que estamos impedidos, por causa da pandemia do novo coronavírus). Há muitas pessoas que precisam de ajuda, precisamos estar dispostos a ajudá-las.

Abençoados ou abençoadores?

A pergunta pode parecer óbvia, mas, não é. Há muitos dentre nós que querem ser conhecidos como abençoados — ainda "pegando carona" na profecia do Senhor para Abraão ("Se tu uma bênção!") — mas não querem ser abençoadores na mesma proporção.

De fato, o nosso maior desejo não deve ser o de ser abençoado, mas sim o de abençoar, lembrar do próximo. Não podemos pensar apenas em nossas bênçãos e nas do nosso grupinho. Mas estender para fora da igreja acolhendo as pessoas. É preciso que os encontremos em suas necessidades e os tragamos para perto. Foi assim que Jesus ensinou e fez!

A Igreja não é apenas o prédio, não podemos esquecer-nos do povo aí fora, transformando as congregações em meros guetos gospel. Tem muita gente dentro das inúmeras denominações paradas, estagnadas, só ocupando um lugar no hall de membros, precisando fazer alguma coisa. Aos pastores e líderes, cabe a tarefa de envolver as pessoas nas atividades o máximo que puder, porque muitos se alegrarão por serem participantes no exercício de edificação do Reino de Deus aqui nesse Terra.

O Corpo de Cristo é comparado ao corpo natural. Tem muitas partes. Cada uma com uma função. Cada pessoa tem um papel dentro da congregação. Afinal, tem tantas coisas a serem feitas e nenhum pastor tem a capacidade de fazer tudo sozinho. Aquele que tenta, está fadado ao estresse, à depressão e tem sido essa, inclusive, a causa pelo triste fenômeno do suicídio de pastores.

Congregações que estão começando nunca pensem pequeno — e aqui não estou me referindo especificamente em quantidade de membros ou tamanho de prédio —, sempre olhem com olhos de fé o que Deus quer que você seja e faça. É preciso envolver mais pessoas naquilo que elas podem e sabem fazer. Todos somos úteis, não insubstituíveis, mas sim úteis!

Conclusão

Pastores e líderes, precisamos saber que todos nós precisamos de ajuda, independente do suprimento que temos. Para isso, é necessário que renovemos a nossa mente. Pensando corretamente e em linha com a Palavra e com a Vontade de Deus, a única que é boa, perfeita e agradável. Pensando corretamente, ministraremos corretamente, lideraremos corretamente, administraremos corretamente.

Há congregações de diferentes níveis, portanto, não se compare a outras congregações e/ou denominações ou outros líderes para saber se tem sucesso ou não. Se você está fazendo o que Deus o chamou para fazer, você é um sucesso! Mas, não faça o que você pensa. Faça o que Ele pensa, porque o plano é dEle. Ele é o melhor "patrão" do mundo, porque sempre nos dá mais e mais suprimentos, sempre, conforme nos prometeu, em proporção superabundante.

Declare com fé profética o sustento e não terá falta! Comece a ter uma visão ampla. Essa tem sido a minha atitude. A congregação pela qual estou responsável não é apenas para os membros que lá estão, mas para os outros que chegarão também. Veja sempre de forma mais ampla, porque Deus é um Deus de crescimento não apenas em número, mas, principalmente em essência e, se andar com Ele, certamente cresceremos no conhecimento e na graça.

A Deus toda glória.

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