Foto: Reprodução Facebook
Em 2002, o Brasil foi impactado pelo assassinato brutal do casal Manfred Albert e Marísia von Richthofen. Na manhã do dia 01 de novembro, os noticiários já repercutiam que os corpos do casal haviam sido encontrados no quarto deles, no interior da residência, uma mansão localizada no bairro do Campo Belo, no Brooklin, zona sul de São Paulo.
Tudo indicava mais um caso de latrocínio, roubo seguido de morte. Eles foram atacados por golpes de ferro na cabeça. De acordo com as investigações, a cena do crime era estarrecedora: ambos com severas lesões na cabeça, havia respingos de sangue no chão, na cama e na parede. No interior da boca da mulher havia sido enfiada uma toalha.
Apenas o quarto e mais um cômodo da mansão estavam revirados, e, no chão, ao lado do corpo do homem, havia uma arma com somente um cartucho deflagrado. Manfred teve morte instantânea, mas Marísia não morreu na hora, sendo, então, sufocada com um saco na cabeça e em seguida, estrangulada. O crime por si só chocava por sua violência. Mas o pior ainda estava por vir.
Não demorou muito tempo para que as investigações trouxessem à tona o lado mais surpreendente e estarrecedor do crime. Os autores eram os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos e a mentora intelectual da barbárie - ou seja, o crime tinha sido planejado e comandado pela filha do casal -, a bela Suzane von Richthofen, que na época dos fatos tinha apenas 18 anos de idade. O crime que ficou conhecido como "O Caso Richthofen", teve repercussão internacional e durante meses foi a principal manchete nos órgãos de imprensa.
O homicídio fora movido pela seguinte razão: a família von Richthofen não aprovava o relacionamento amoroso entre Suzana (rica e culta) e Daniel (mais humilde e menos culto). A solução adotada pelo casal foi pragmática, ceifar a vida dos pais de Suzane. Para execução do plano, eles contaram com o bad boy Cristian, irmão mais velho de Daniel.
Tendo como patriarca um engenheiro alemão, naturalizado brasileiro, e matriarca uma renomada psiquiatra, a base familiar dos Richthofen era constituída de uma educação rígida. Pelos relatos dos vizinhos, a família era muito discreta, dificilmente faziam festas na residência. Suzane, aos 18 anos, cursava Direito e falava três idiomas. A família ainda tinha outro integrante, Andreas, na época com 15 anos de idade, que foi poupado pelos criminosos.
Após a execução do plano, os criminosos resolveram simular um latrocínio, pois, dessa forma, sem a presença dos pais, Suzane poderia viver com seu namorado e, além disso, ganharia parte da valiosa herança deixada pelos seus pais.
Da vida real para o cinema
"A menina que matou os pais" e "O menino que matou meus pais". Os dois esperados longas vão contar a história do caso Suzane von Richthofen, divididos nas versões dela e do namorado, Daniel Cravinhos (veja o trailer acima).
Nas produções, Carla Diaz interpreta a criminosa Suzane von Richthofen e Leonardo Bittencourt dá vida ao papel de Daniel Cravinhos. A ideia de lançar dois filmes para contar as versões diferentes foi tomada para deixar o material o mais fiel possível, levando em conta o que foi narrado pela dupla nos depoimentos.
Com estreia marcada para dia 2 de abril, ambos filmes serão exibidos em sessões de cinema alternadas nas mesmas salas.
- Escrevi artigo completo sobre este caso ➫ aqui.
2002/2020 – 18 anos depois, a história se repete
Da vida real para a realidade
Romuyuki, Flaviana e Juan
Pois é, quem dera essa história macabra tivesse ficado apenas nos registros policiais ou nas telas dos cinemas. São Paulo, na madrugada de 28 de janeiro, os bombeiros encontraram corpos carbonizados de três pessoas de uma mesma família em um carro em chamas na área rural de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
As vítimas são os empresários Romuyuki Veras Gonçalves, 43 anos, Flaviana de Meneses Gonçalves, 40 anos – que era proprietária de duas perfumarias – e o filho adolescente deles, Juan Victor Gonçalves, 15 anos. Os três foram torturados e mortos, em decorrência de pauladas, segundo a investigação.
Exames feitos pela polícia indicaram a presença de sangue na casa da família. Segundo a investigação, o reagente químico Luminol apontou a existência de manchas de sangue humano nas escadas, roupas e máquina de lavar da residência.
A família morava em um condomínio fechado em Santo André. Ainda de acordo com as investigações, Romuyuki e Juan foram torturados e assassinados dentro de casa. Flaviana foi levada ainda com vida, amarrada e amordaçada no banco traseiro de seu veículo importado, com os corpos do marido e do filho no porta-malas, sendo executada no local onde o carro foi incendiado.
Uma das linhas da investigação indicavam que os investigados e procurados queriam assaltar a casa da família Gonçalves. E que lá dentro mataram o empresário e o filho caçula com pancadas nas cabeças e depois os levaram no porta-malas do carro da família para um matagal, onde o veículo e os corpos foram encontrados carbonizados.
O ponto estarrecedor nessa história, é o fato de a filha mais velha e a namorada serem investigadas por suspeita de terem planejado o crime.
De acordo com o que familiares das vítimas disseram, parentes estiveram no imóvel e disseram que ele estava "revirado e com manchas de sangue" em diferentes cômodos. À princípio, a polícia não comentou essas declarações, mas depois ouviu essas pessoas.
Desdobramento
Carina Ramos, 31 anos e Ana Flávia Menezes Gonçalves, 24 anos, foto: reprodução Instagram
O desfecho desse caso é tão – ou mais – estarrecedor que o do primeiro. As responsáveis pelo triplo homicídio são, de acordo com as investigações, a própria filha do casal, Ana Flávia e a companheira dela, Carina. Segundo a Polícia Civil, elas são suspeitas porque entraram em contradição nos depoimentos que deram e, além disso, câmeras de segurança mostram a entrada de saída dos carros de Ana Flávia e dos pais dela do condomínio em Santo André.
Os vídeos também gravaram Carina no local. Ela entra a pé no residencial com o rosto escondido pelo capuz da blusa que vestia. Os investigadores informaram que as namoradas passaram mais de seis horas no condomínio onde os pais e o irmão moravam.
Ainda de acordo com a polícia, as duas elaboraram o plano para matar a mãe, o pai de Ana Flávia e o irmão dela, e teriam contado com a ajuda de pelo menos mais três homens. A motivação do crime ainda não foi esclarecida pela polícia.
Em depoimentos de familiares foi informado que houve uma briga familiar por causa da transferência de um carro, que teria gerado uma discussão acalorada da família dias antes das três mortes. Os investigadores encontraram a casa revirada e disseram que, quem matou também levou embora eletrodomésticos, joias e dinheiro – R$ 8 mil em moeda nacional e estrangeira.
Também foi levada uma arma antiga quebrada, que pertenceu ao avô da suspeita, Ana Flávia. Familiares das vítimas disseram à polícia que as namoradas Ana Flávia e Carina tinham um relacionamento conturbado com o casal Romuyuki e Flaviana.
Carina, inclusive, teria sido proibida de frequentar a casa dos sogros. Ela namora Ana Flávia há dois anos e as duas viviam separadas da família, numa comunidade, também em Santo André.
O pai de Ana Flávia não aceitava o relacionamento entre as duas. O motivo não seria homofobia, – os pais, inclusive, já haviam sido os padrinhos do casamento da filha com uma outra mulher – mas desavenças com Carina. Apesar das evidências, Ana Flávia e Carina negam o crime, segundo a defesa delas.
Quem são os suspeitos do crime
- Ana Flávia Martins Meneses Gonçalves, de 24 anos – filha do casal Flaviana e Romuyuki e irmã de Juan Victor, está detida no estão detidas no 7º Distrito Policial (DP) desde 29 de janeiro; ela nega participação no crime.
- Carina Ramos de Abreu, de 26 anos – namorada de Ana Flávia há 2 anos, também está detida desde 29 de janeiro e nega participação no crime.
- Juliano de Oliveira Ramos Júnior, de 22 anos – primo de Carina, foi detido em 3 de fevereiro e está em uma cadeia para presos provisórios em São Caetano do Sul; em depoimento, confessou envolvimento nas mortes e acusou de participação tanto Ana Flávia quanto Carina. Juliano tem passagem por roubo.
- Guilherme Ramos da Silva – comparsa citado em depoimento por Juliano, também é conhecido como Lipe ou Massa, segundo a polícia; está preso.
- Michael Robert dos Santos dos Anjos – comparsa citado em depoimento por Juliano, também conhecido como Marco, segundo a polícia; está preso.
Segundo a polícia, em depoimento em 4 de fevereiro, Juliano confessou envolvimento na morte e acusou a Ana Flávia e Carina de participação no crime. Ele disse que os três e mais dois comparsas se reuniram dois dias antes do crime para planejar o roubo à casa da família.
O grupo, segundo Juliano, sabia que havia no imóvel R$ 85 mil. Como não acharam o dinheiro no cofre da residência, torturaram a família. Carina e Ana Flávia teriam concordado com o grupo em matar as vítimas. De acordo com o depoimento de Juliano, Carina foi quem matou Flaviana. Ainda de acordo com ele, durante a sessão de tortura de pai e filho, ela teria sussurrado no ouvido do Juan que ele iria morrer.
Relatou ainda que o roubo de R$ 85 mil foi planejado junto com Carina e Ana Flávia e outros dois homens. O grupo, segundo Juliano, não localizou o dinheiro no cofre da residência. Até a postagem deste artigo, a polícia tentava identificar quem é o sexto suspeito.
Conclusão
Quem foi o senhor Romuyuki Gonçalves?
Sobre esse crime bárbaro ocorrido em São Bernardo do Campo, em que a filha planejou a morte dos pais e do irmão, a cada revelação das investigações a gente fica mais perplexo.
Desde o início desse caso eu tentava e não conseguia entender o nome do chefe da família. Resolvi pesquisar e li: Romuyuki Gonçalves. Um nome diferente. E quem é esse pai que tudo fez e tudo ofereceu para essa filha ingrata?
Pelo currículo, tratava-se de uma pessoa muito inteligente e batalhadora. Um piauiense arretado mesmo, que estudou muito, trabalhou muito e até escreveu um livro. Inaceitável esse crime. Eu daria prisão perpétua para ela e os demais envolvidos. Até quando iremos continuar vendo tantas ocorrências tão medonhas quanto essa? Até onde irá a irracionalidade do ser humano?
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
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