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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

PAPO RETO - IMATURIDADE: O CRISTÃO E A "SÍNDROME DE PETER PAN"

"Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento" (Hebreus 5:12). 
Recentemente este foi o tema da minha ministração no culto dominical na comunidade cristã onde sirvo. No texto deste artigo volto a abordá-lo, considerando o triste fato que, infelizmente, esse está longe de ser uma exceção no meio cristão. 

Uma análise dos fatos


Adultos que têm a "Síndrome de Peter Pan" são pessoas que continuam a se comportar como crianças mesmo depois de adultas. São pessoas que se recusam a crescer, demonstram uma forte imaturidade emocional e têm um grande medo de não serem amadas e acabarem sendo rejeitadas. 

No meio evangélico hoje o que mais se vê são pessoas completamente imaturas. Pessoas que vivem razoavelmente como cristãos. Esse fenômeno é super comum (e não me refiro apenas aos mais idosos que vão à igreja) e não é recente. Paulo em sua Primeira Carta aos Coríntios diz: 
"Irmãos, não lhes pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo" (3:1). 
Todas as crianças são imaturas, até porque maturidade está ligada ao estágio adulto. As atitudes revelam uma criança, não é a toa que quando vemos um adulto tendo uma atitude que seja normal a uma criança logo falamos: "Que atitude de criança!". Vejamos: 
  • Crianças fazem birra; 
  • crianças acreditam em qualquer coisa; 
  • crianças gritam, esperneiam, choram a toa; 
  • crianças não julgam, não questionam (não discernem), fazem o que mandam, 
  • ou seja, crianças são crianças.

Mas, Jesus nos mandou "ser como crianças". E aí? 


Embora deva ressaltar que a Bíblia nos manda ser com crianças (Mateus 18:3), mas não quer dizer que nunca devemos amadurecer, até porque Jesus está mostrando uma condição para que os discípulos recebam o Reino dos céus. 

Ou seja, não que as crianças sejam notáveis exemplos de humildade ou qualquer outra virtude, mas homens e mulheres arrogantes só poderão possuir o Reino caso se disponham em insignificância assim como as crianças se auto-entendem, pois, de acordo com a psicologia, elas não possuem consciência se são grandes ou pequenas. 

Definindo em uma palavra, o que Jesus nos ensina ao usar essa metáfora é a importância do princípio da humildade. Tanto que posteriormente o cristocêntrico Paulo nos exorta em 1 Coríntios 14:20 a sermos como adultos no modo de pensar. 

O que define a chamada "Síndrome de Peter Pan" 


De acordo com a psicologia, essas pessoas preferiram se afastar das exigências do mundo real e se esconder em um mundo de fantasia, assim ficaram presos na "Terra do Nunca". Dessa forma não conseguem desempenhar seus papéis com sucesso em seus trabalhos e vida pessoal, que é o que se espera na vida adulta. 

Relutam em cortar a ligação de dependência (o "cordão umbilical") com os pais e, geralmente, têm apenas relações superficiais com os outros. Assim como o personagem Peter Pan, ficam voando por aí à procura de aventuras e são incapazes de pousar em algum lugar, porque têm medo de enfrentar o mundo real. 

Ainda de acordo com a psicologia, essa resistência em crescer é mais comum em homens do que em mulheres. Essa síndrome tende a se tornar cada vez mais comum e crônica em nossa sociedade capitalista e imediatista que vivemos. A cada dia que passa as coisas são conquistadas com menos esforço e compromisso. 

Pessoas que sofrem da Síndrome de Peter Pan (SPP) podem parecer despreocupadas e felizes, mas a sua vida pessoal é cheia de sentimentos de solidão e insatisfação, acompanhados de dependência pessoal. Eles precisam ter ao seu lado alguém que atenda as suas necessidades e que os façam se sentir protegidos. Estas pessoas geralmente tentam buscar satisfação através dos pais, irmãos mais velhos ou parceiro. 

Consequências da síndrome de Peter Pan 


As consequências da SPP podem levar a alterações emocionais graves, como altos níveis de ansiedade, tristeza e frustração que podem levar à depressão. Eles se sentem insatisfeitos com as próprias vidas, uma vez que não assumem a responsabilidade pelas suas ações, o que faz com que não tenham realizações próprias, afetando diretamente a autoestima. 

Adultos Incapazes de assumir responsabilidades 


Manter relações com outras pessoas é algo trabalhoso, pois são muito exigentes com os outros. A pessoa com Síndrome de Peter Pan, apesar de parecer arrogante, esconde uma grande fragilidade. 

Possuem muitas qualidades, como a criatividade e a engenhosidade, e em geral são bons profissionais. Geralmente se esforçam para despertar a admiração e o reconhecimento das pessoas do seu círculo social. 

Mas ainda que socialmente sejam líderes prestigiados pelas suas capacidades em divertir e animar o ambiente, por dentro são muito exigentes, intolerantes e desconfiados. Poderíamos resumi-los com a seguinte frase: "Um líder por fora e um tirano por dentro"

Em nível de relacionamentos, muitos deles são solteiros conhecidos como "playboys" pela sua capacidade de sedução e de pular de um relacionamento a outro constantemente. 

Sinais para reconhecer pessoas com Síndrome de Peter Pan 


• Embora sejam adultos, ainda se comportam como crianças; 
• Sentem uma grande necessidade de chamar atenção;  
• Só sabem receber, ordenar e criticar: não se preocupam em dar ou fazer algo pelos outros. Só te dão o que você pede e, geralmente, o fazem a contra gosto; 
• São egoístas, só se preocupam consigo mesmos; 
• Estão sempre insatisfeitos com o que tem: querem ter tudo, mas sem se esforçarem para conseguir; 
• Consideram o compromisso como um obstáculo à liberdade; 
• Não se responsabilizam pelos próprios atos; 
• Vivem se escondendo atrás de desculpas; 
• Tentam viver em contato com o público mais jovem;  
• Se sentem inseguros e têm uma baixa autoestima. 
 

Causas da Síndrome de Peter Pan 


A Síndrome de Peter Pan, assim como outros fenômenos psicológicos, é causada por múltiplos fatores, tais como traços de personalidade dependente, o estilo de lidar com problemas e padrões educacionais. 

Ao que parece, a infância tem grande peso na causa dessa síndrome. Uma infância muito feliz e despreocupada pode ocasionar a síndrome, assim como uma infância muito infeliz também pode causá-la. 

No primeiro caso, a síndrome é uma forma de perpetuar os momentos felizes vividos na infância, enquanto no segundo caso, a função da síndrome é tentar recuperar a infância que foi roubada através da liberdade oferecida pela vida adulta. 

Imaturidade, um dos principais entraves na vida cristã 


Voltando ao assunto principal, olhando para a igreja hoje dá para notar um monte de criança com "ar" de adulto. Muitos crentes são birrentos, insistem no errado, insistem em seus comportamentos ridículos e dizem que Deus olha para o coração. Esses crentes acreditam em tudo, "mandingas evangélicas", superstições (tipo, Papai Noel não existe, mas os "suvenires proféticos" têm seu poder...), qualquer um fala qualquer coisa e todo mundo vai na onda. 

Esses crentes gritam, achando que ficar gritando os fará ser ouvidos por Deus. Eles choram por qualquer coisa, acreditam que se chorar é porque o "Espírito se fez presente (tipo, onde há o Espírito do Senhor há choro livre – ironia)". Tais crentes não julgam, não questionam (não discernem) de alguma maneira os versículos que nos mandam fazer isso são ignorados. Eles ainda fazem tudo o que mandarem, e não questionam. Ou sejam, são criancinhas. 

O autor de Hebreus revela que os imaturos na fé possuem dificuldade aprendizagem (5:11) e por esse motivo não compreendem a obra de Cristo. Por não amadurecerem necessitam de ensinos repetitivos (5:12), o que demanda tempo. Crianças não deveriam estar ensinando (5:13), pois por serem criança precisam se alimentar e não possuem experiência no ensino, já que viveram pouco. O papo sobre o que é certo e errado não deve estar na boca das crianças, mas dos adultos (5:14). Se comparar o que escrevi acima com a leitura de Hebreus verá que apenas coloquei em outras palavras. 

Infelizmente muitos estão nesse estágio, bebês-monstros. Possuem 200 anos de igreja, mas são atrofiados pela imaturidade. Para concluir Hebreus 6:1a diz: 
"Portanto, deixemos os ensinos elementares a respeito de Cristo e avancemos para a maturidade [...]." 
Isso sem deixar os fundamentos básicos da fé cristã. Precisamos crescer e amadurecer para alcançar a plenitude de Cristo em nós. 

Conclusão

"Amadurecimento": redefinindo o conceito 


Crescer como pessoa é parte do desenvolvimento natural dos seres humanos, mas nem sempre é uma tarefa fácil. Para ser adulto é necessário que você tome a decisão de crescer e adote valores e objetivos de vida. É também necessário que você desista de algumas coisas para que atinja seus objetivos, se responsabilize pelos próprios erros e tolere os dias de frustração. 

Amadurecer não significa ter que perder a criança que há dentro de nós, pois precisamos que essa criança venha à tona, às vezes, para que a vida não seja tão rígida, só não permita que essa criança te domine e dificulte a sua vida adulta, como no caso de Peter Pan. É indispensável ter uma relação harmoniosa entre o adulto e a criança interior. Amadurecer com sucesso é alcançar um equilíbrio entre esses dois aspectos da nossa personalidade. 

Conduta irresponsável, sem visão, precipitada e egoísta muitas vezes é prova de imaturidade. Mas não nos referimos a anos. Pessoas com sessenta anos ou mais podem ser imaturas – comportando-se como crianças quando não conseguem o que querem, ou quando são obrigados a enfrentarem as realidades desta vida. São incapazes de serem objetivos, seu orgulho é facilmente ferido e fazem pirraça. Se já é ruim numa vida secular, pode ser trágica na igreja. 

A maturidade no conhecimento bíblico é encontrada naqueles que habitam em algo além dos princípios elementares (Hb 5:12; 6:20). Eles aprenderam que a justiça, misericórdia e fé são as bases nas quais suas preocupações com dízimo de hortelã, endo e cominho terão validade. Ignore o primeiro e a pessoa se torna hipócrita (Mt 22:23, 24). Ela pode coar o mosquito e engolir um camelo. 

Maturidade para lidar com pessoas vem apenas depois de reconhecermos que somos pecadores, e formos completamente humilhados perante Deus. A "criança" procura um "problema" para poder fazer um escândalo e atrair a atenção para si. Mas a maturidade procura almas, esperando orientá-las ao caminho da salvação. A "criança" se vê como um general no exército do Senhor; o santo maduro é um servo sacrificável do Senhor. 

A maturidade na doutrina não negocia com o erro. Simplesmente é sábio o suficiente para saber que não sabemos tudo. A criança passeia alegremente pela superfície da água, proclamando altamente seu pseudo domínio dos mares; mas a maturidade está ciente das profundezas não-exploradas abaixo. O tolo tem uma resposta; o sábio, um motivo. 

Paulo disse a Timóteo para fugir do que ele chamou de "as paixões da mocidade" e repelir "as questões insensatas e absurdas" (2 Tm 2:22,23). Não há "maturidade instantânea" para nenhum de nós. Devemos começar com instruções para os jovens e "pela prática" podemos crescer em Cristo. 

Todos nós estamos no processo de muitos aspectos da vida cristã, não tendo obtido (Filipenses 3:12-16). Podemos ser pacientes e tolerantes com as crianças espirituais sem os escolher para assumir cargos de liderança. Com tempo, e leite e cuidado suficiente, podemos aprender a agir como maduros, para que, enfim, possamos receber o alimento sólido. 


A Deus, toda glória. 
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E nem 1% religioso.

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