"Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens" (1 Tm 2:1).
A oração é o meio pelo qual falamos com Deus, intercedemos por nossas necessidades e em favor do próximo.
"Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade. Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade.
Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem, que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras. A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição (1 Timóteo 2:1-5,9-11).
Você já parou para pensar na recomendação paulina a Timóteo a fim de que orasse por todos os homens, em especial os que estão na posição de líder? Pare e pense! Paulo fez esta recomendação quando Nero era o imperador. Sabemos que Nero foi uma das figuras mais polêmicas da história. Ficou conhecido por suas atrocidades.
Orar por alguém que admiramos não exige esforço algum, mas a Palavra de Deus nos exorta a orar por todos, sejam eles bons ou maus. Os crentes eram perseguidos, presos e jogados no Coliseu para serem devorados pelos leões, mas eram incentivados a orar em favor de seus algozes.
Tem você orado por nossos governantes? Que venhamos aprender com os irmãos da igreja do primeiro século a interceder em favor de todos os que estão em eminência, sejam eles justos ou injustos, pois esta é a vontade de Deus para nós.
Neste artigo estudaremos a respeito da ordem na Igreja. Sabemos que Paulo escreveu a Timóteo para que ele colocasse ordem na igreja efésia. Este era um assunto de extrema importância, tanto que o apóstolo declara:
"Admoesto-te, pois, antes de tudo".
Paulo orienta o pastor quanto à oração por todos os que têm autoridade, a fim de que pudessem viver de modo quieto e sossegado.
I. Uma responsabilidade urgente e intransferível da Igreja
Como Igreja do Senhor precisamos interceder a fim de que possamos cumprir nossa missão de levar a salvação aos homens que, a cada dia, estão mais distantes de Deus. Paulo também ensina a respeito do comportamento das mulheres na vida da igreja.
Com o começo do segundo capítulo, o apóstolo chega à questão que o levou a escrever a Timóteo — a preocupação pela devida ordem na igreja efésia. A prioridade que Paulo deu a este tema mostra-se na frase de abertura:
"Admoesto-te, pois, antes de tudo".
Há certa adequação que deve caracterizar o culto público a Deus. Lógico que não é formalismo censurável preocupar-se pelos segmentos sequenciais adequados e próprios a serem observados quando os cristãos se reúnem para cultuar. O apóstolo exorta o tipo de oração que deve fazer parte de todo culto dessa categoria:
"Admoesto-te... que se façam deprecações (súplicas), orações, intercessões e ações de graças por todos os homens".
Não há dever cristão para com nossos semelhantes que se compare em importância com o dever de orar por eles. O crente não pode fazer algo para ajudar as pessoas se, em primeiro lugar, não orar por elas. Depois de orar, há muitas coisas que pode fazer; mas até que ore, não há nada a fazer, exceto orar.
II. Oração por todos os homens
1. "Deprecações” (2.1) - O termo (gr. deesis) significa "suplicar, implorar, rogar por" alguém. É a intercessão a Deus por todos os homens, de modo ardente e compassivo. Embora Deus seja soberano e saiba de todas as coisas, Ele deseja ouvir nossas orações.
O Senhor não somente nos ouve, mas também atende nossas súplicas. Não existe situação, por mais difícil que seja, que não possa ser resolvida mediante a oração. Paulo nos ensina a orar por todos aqueles que estão na liderança, seja na igreja, seja fora dela.
2. "Orações" - Alguns exegetas entendem que Paulo usava os termos como sinônimos. Mas, no original grego, as palavras empregadas são diferentes. "Orações" (gr. proseuche) refere-se ao termo comum para as orações em geral, de súplica, de louvor, de intercessão, etc.
3. "Intercessões" - Tem o sentido de "intervenção, mediação, interferência, intermédio". Do grego enteuxis, significando "apelar para", ou intercessões em geral, que se fazem em favor de alguém. Sempre foi difícil encontrar intercessores, mas atualmente está ainda mais difícil (Ezequiel 22:30).
4. "Ações de graça" - Vem do termo grego eucharistia. A expressão é autoexplicativa, denotando orações em que a pessoa expressa sua gratidão a Deus por bênçãos recebidas, ou até por coisas adversas. Por isso, Paulo diz:
"Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco" (1 Tessalonicenses 5:18).
Aqui está o porquê não podemos concordar com a ideia de que os quatro termos aqui usados são apenas sinônimos. Quem presta "ações de graça" não roga nem suplica.
III. A salvação de todos
1. "Que todos se salvem" (v.4) - Paulo exorta a Igreja mostrando que Deus deseja que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade. Esse é o desejo divino: a salvação da humanidade, pois Ele
"amou o mundo de tal maneira, que deu seu Filho Unigênito" [...] (João 3:16).
Fora de Cristo, não há salvação (1 Tm 2?5,6). Quem nEle crê é salvo. Quem não crê é condenado (Jo 3:18,19). É missão da Igreja levar a mensagem de salvação a todas as criaturas (Mateus 28:19,20).
2. Um árduo trabalho missionário - Paulo e seus companheiros de ministério trabalharam arduamente na obra de evangelização (1 Ts 2:9). O ministério exige sacrifício e trabalho. Muitos, erroneamente, acreditam que o pastor deve se preocupar somente com as questões administrativas e financeiras da igreja, mas o ministro de Deus, tem a responsabilidade de exortar, ganhar almas para Cristo e discipular seus filhos na fé. Paulo não se preocupava só com as ovelhas do rebanho, mas demonstrava um zelo especial com a evangelização e a obra missionária.
3. A melhor recompensa - Como já é do conhecimento de todos, o ministério pastoral exige sacrifício e esforço, mas também é muito gratificante poder servir ao Senhor e ver o fruto do trabalho: ao observar as almas se rendendo aos pés de Cristo, sendo batizadas nas águas e no Espírito Santo.
É na verdade, a coroação do trabalho realizado. Os que estão na liderança sabem que muitas são as lutas e tristezas, no entanto existe um galardão a espera dos obreiros fiéis (1 Pedro 5:2-4).
IV. A maneira de se vestir das mulheres
1. As mulheres na Casa de Deus - Paulo orienta Timóteo quanto à maneira correta de as mulheres se comportarem na igreja. A mulher cristã precisa ser reconhecida não somente por sua maneira de vestir, mas por suas atitudes. Não podemos nos esquecer que nosso corpo é "templo do Espírito Santo" e que devemos glorificar a Deus em toda a nossa maneira de viver. Queira ou não, o homem e a mulher cristã têm de ser diferente em todos os aspectos da vida, diante de Deus e dos homens, inclusive na sua maneira de se vestir e de se portar.
2. Traje honesto, com pudor - É sinônimo de decoroso, decente, com sobriedade, ou simplicidade. Um vestido transparente não é honesto, pois embora esteja cobrindo o corpo, atrai a cobiça dos homens, incentivando o pecado. Infelizmente, muitas mulheres estão errando na hora de se vestir. A mulher pode e deve se vestir bem, ficar bonita, porém com pudor, de modo a agradar a Deus.
3. Traje com modéstia - Modéstia significa "simplicidade, singeleza, despretensão". Além de se vestir de maneira honesta e com pudor (recato), a mulher cristã precisa se vestir com modéstia. Infelizmente, em algumas igrejas as irmãs acabam competindo umas com as outras. Parece haver uma "disputa" para ver quem usa a roupa ou a bolsa mais cara ou o sapato mais alto. Muitas se preocupam apenas com o exterior. A elegância e a beleza de uma mulher devem vir de dentro para fora, pois começa no caráter santo (1 Pe 3:3).
A admoestação de Paulo não impede a mulher de se vestir de maneira elegante, mas tão somente de se utilizar do vestuário para chamar a atenção! A melhor maneira de uma pessoa, homem ou mulher, expressar a sua individualidade é através das boas obras que evidenciam um caráter piedoso.
A sociedade da época, como a nossa, parece que pressionava as mulheres a que se vestissem como se fossem objetos sexuais. Assim também os seus valores e qualificações foram determinados pela habilidade de estimularem a sexualidade dos homens. Esse procedimento tem aviltado as mulheres tanto do passado como de hoje em dia.
V. A conduta das mulheres na igreja
1. O silêncio no culto -
"A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição" (2:1).
Paulo também faz uma recomendação semelhante a esta em 1 Coríntios 14:34,35. Qual seria o motivo de tal restrição? Segundo o Comentário Bíblico Beacon,
"na igreja coríntia havia muitas mulheres recém convertidas do paganismo, e que a nova liberdade que desfrutavam em Cristo levava a certas extravagâncias que eram impróprias".
É importante ressaltar que em outro texto de Coríntios, Paulo mostra que as mulheres podiam profetizar nas igrejas:
"Toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta [...]" (1 Co 11:5).
2. As mulheres no Novo Testamento - Cristo, em seu ministério terreno, teve a cooperação de diversas mulheres que atuavam ao seu lado. Eram obreiras de grande valor:
"[...] Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com suas fazendas" (Lc 8:1-3).
Paulo muito valorizou o trabalho das mulheres, na igreja (Romanos 16:1-15).
3. A liderança do homem - Paulo aborda a questão da liderança masculina, citando a ordem da criação. É importante ressaltar que o próprio Paulo, ao escrever aos gálatas, ensina que perante Cristo, para a salvação, homens e mulheres são iguais (Gálatas 3:28).
Por que Paulo se utiliza do exemplo de Adão e Eva? Ele utiliza tal ilustração para mostrar o que estava acontecendo na igreja de Éfeso. Assim como Eva foi seduzida e enganada pela serpente, as irmãs daquela igreja estavam se deixando seduzir pelos ensinos dos falsos mestres. Não tem a ver com a questão da liderança feminina.
"Em silêncio, com toda a submissão" (2.11).
A expressão grega hesychia é traduzida aqui como "quieto" e como "silêncio" no versículo 12. Significa uma atitude receptiva, tranquila, que promove o aprendizado. Nada aqui sugere submissão a qualquer capacidade intelectual ou espiritual.
Conclusão
Quanto à oração, os ensinos paulinos são válidos para todos os crentes, em qualquer época e em qualquer lugar. Devemos fazer súplicas, intercessões e ações de graças diante de Deus. No que concerne ao comportamento cristão, Paulo deu um destaque incisivo quanto à postura das mulheres, especialmente às irmãs de Éfeso, tendo em vista o contexto liberal e lascivo da sociedade em que a igreja estava inserida.
Numa palavra, a oração é a suprema proteção contra o ceticismo que insinua ser o objeto da fé mera ilusão ou uma projeção de nossos anseios na tela do infinito. É possível verificar elementos que marcaram a vivência e a intimidade da Igreja ao longo da sua história: o desenvolvimento da prática de oração.
A ocasião da primeira reunião de oração dos discípulos, após a ascensão de Jesus, denota a motivação clara (e oriunda diretamente de Jesus, o cabeça da Igreja) da igreja de Jerusalém em viver a disciplina da oração. Sobre o tema, o pastor Claudionor de Andrade analisou a prática da oração dos primórdios da Igreja até a modernidade:
"a oração jamais se ausentou da Igreja; sem aquela inexistiria esta. Se Jesus foi um exemplo de oração, por que, diferentemente, agiriam seus discípulos e apóstolos? Veja, por exemplo, Paulo.
Seja nos Atos dos Apóstolos, seja em suas epístolas, deparamo-nos com o doutor dos gentios endereçando a Deus as mais ferventes orações. Depois da era apostólica, os pais da igreja, além de suas lides teológicas, consagravam-se à oração. Ignácio, Tertuliano, Ambrósio e Agostinho."
O bispo de Hipona escreveu acerca de seu ministério de oração e intercessão:
"Eis que dizeis: Venha a nós o vosso reino. E Deus grita: Já vou! Não tendes medo?".
E os reformadores? Martinho Lutero foi um grande paradigma na intercessão em favor da Igreja de Cristo naqueles períodos da Reforma Protestante. Mais tarde chegaram os avivalistas. John Wesley levantava-se de madrugada para falar com o Pai celeste.
E o irmão Finney? Era um gigante na oração. Com o Movimento Pentecostal a Igreja de Cristo desfez-se em orações e súplicas por aqueles que, sem ter esperança de ver Deus, caminhavam para o inferno. Em suas anotações pessoais, Daniel Berg e Gunnar Vingren descrevem suas ricas experiências oriundas de uma vida de profunda oração.
Ao tomarmos conhecimento de como os antigos da fé perseveravam em oração e que tal prática é uma herança dos apóstolos, podemos concluir, citando John Bunyan, que
"jamais seremos cristãos verdadeiros, se não formos pessoas de oração. O hábito da oração deve ser cultivado com perseverança, não duvidando que a oração seja atendida.
O hábito da oração nos ensina a depender de Deus, deixando que Ele escolha, em sua liberdade soberana, o tempo, o lugar, o meio e o fim, na certeza de que tudo quanto Ele fizer sempre será o melhor".
[Fonte: CPAD; Comentário Bíblico Beacon. 1ª Edição. Volume 9. RJ: CPAD, 2006. p.461; RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.834; As Disciplinas da Vida Cristã. CPAD, p.36; O Pensamento da Reforma. p.54]
A Deus toda glória.
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