O Apóstolo André foi um dos doze discípulos de Jesus. Seu nome é de origem grega, e significa "valente" ou "viril". Alguns intérpretes sugerem que o nome "André" possa ter sido um "nome cristão", da mesma forma que o nome "Pedro". André primeiramente foi discípulo de João Batista, o qual lhe mostrou Jesus como o Cordeiro de Deus, e André, por sua vez, também trouxe seu Simão, seu irmão, a Jesus (João 1:35-40).
O chamado
André, líder do corpo apostólico do Reino, nascera em Cafarnaum. Era o mais velho, em uma família de cinco filhos - ele próprio, o seu irmão Simão, e três irmãs. O seu pai, agora falecido, tinha sido sócio de Zebedeu no negócio de secagem de peixes em Betsaida, o porto de pesca de Cafarnaum. Quando se tornou um apóstolo, André estava solteiro, mas vivia com o seu irmão casado, Simão Pedro. Ambos eram pescadores e sócios de Tiago e de João, os filhos de Zebedeu.
"Líder" dos apóstolos
No ano 26 d.C., quando foi escolhido como apóstolo, André tinha 33 anos, um ano completo a mais do que Jesus, e era o mais velho dos apóstolos. Ele vinha de uma linhagem excelente de ancestrais e era o mais capaz dos doze homens. Excetuando a oratória, ele era um igual aos seus companheiros em quase todas as aptidões imagináveis. Jesus nunca deu a André um apelido, uma designação fraternal. Contudo, tão logo os apóstolos começaram a chamar a Jesus de Mestre, eles também designaram André com um termo equivalente a chefe.
André era um bom organizador e um administrador ainda melhor. Era um dos quatro apóstolos que formavam o círculo interno, mas ao ser designado por Jesus como dirigente do grupo apostólico, André teria de se manter junto aos seus irmãos, ao passo que os outros três usufruíam de uma comunhão mais estreita com o Mestre. Até o fim, André permaneceu como o deão do corpo de apóstolos.
Mesmo nunca tendo sido um pregador eficiente, André fazia um trabalho pessoal eficaz , sendo o missionário pioneiro do Reino, visto que, enquanto primeiro apóstolo escolhido, imediatamente trouxe até Jesus o seu irmão, Simão, que depois se tornou um dos maiores pregadores do Reino. André era o principal apoio da política adotada por Jesus, de utilizar o programa de trabalho pessoal como um meio de treinar os doze como mensageiros do Reino.
Estivesse Jesus ensinando os apóstolos em particular ou pregando à multidão, André, em geral, sabia o que estava acontecendo; ele era um executivo compreensivo e um administrador eficiente. Ele tomava uma decisão imediata sobre todas as questões trazidas ao seu conhecimento, a menos que considerasse o problema como estando além do domínio da sua autoridade e, quando isso acontecia, ele o levaria diretamente a Jesus.
A atração dos opostos em benefício do Reino
André e Pedro tinham o caráter e o temperamento bem diferentes, mas lhes deve ser dado, para sempre, o crédito de se darem esplendidamente bem um com o outro. André nunca tinha inveja da capacidade oratória de Pedro. E raro é ver-se um homem mais velho do tipo de André exercendo uma influência tão profunda sobre um irmão mais jovem e talentoso. André e Pedro pareciam nunca ter a menor inveja das habilidades, nem das realizações um do outro.
Tarde da noite, no Dia de Pentecostes, quando duas mil almas foram acrescentadas ao Reino, graças principalmente à pregação energética e inspirada de Pedro, André disse ao seu irmão:
"Eu não poderia ter feito isso, mas estou contente de ter um irmão que o fez".
Ao que Pedro respondeu:
"E se não fosse tu, que me trouxeste ao Mestre e, não fosse a tua perseverança em me manter junto a ele, eu não estaria aqui para fazer isso".
André e Pedro eram exceções à regra, provando que mesmo irmãos podem conviver em paz e trabalhar juntos de um modo eficiente.
Depois de Pentecostes, Pedro estava famoso; mas nunca se tornou irritante para o irmão mais velho passar o resto da sua vida sendo apresentado como o "irmão de Simão Pedro".
De todos os apóstolos, André era o melhor conhecedor dos homens. Ele sabia que conflitos estavam germinando no coração de Judas Iscariotes, mesmo quando nenhum dos outros sequer suspeitava de que algo estava errado com o tesoureiro deles; mas ele nada disse a ninguém sobre os seus temores.
Exímio conselheiro
O grande serviço de André para o Reino foi o de aconselhar a Pedro, a Tiago e a João a respeito da escolha dos primeiros missionários que foram expedidos para proclamar o evangelho do Reino, e também o de aconselhar a esses primeiros líderes sobre a organização dos assuntos administrativos do Reino. André tinha o grande dom de descobrir os recursos ocultos e os talentos latentes dos mais jovens.
Relatos bíblicos
Na passagem sobre a multiplicação de cinco pães e dois peixes, podemos vê-lo em ação, juntamente com Filipe, que também era de sua terra natal (Jo 6:6-9). O Apóstolo André também aparece ao lado de Filipe em Jerusalém, na última Páscoa, no episódio em que certos gregos queriam se encontrar com Jesus (12:20-23).
Geralmente o Apóstolo André é menciona entre os quatro primeiros discípulos, entretanto em algumas ocasiões ele não é citado, sendo, na ressurreição da Filha de Jairo (Marcos 5:37; Lucas 8:51), na transfiguração de Jesus (Mateus 17:1; Lc 9:28) e na oração de Jesus no Getsêmani (Mc 14:33).
Alguns questionamentos são levantados acerca de tais ausências. Há quem defenda que ele seria mais jovem do que seu irmão Pedro e os filhos de Zebedeu, sendo então preterido nessas ocasiões. Outros argumentam que André possa ter sido designado por Jesus como o líder do restante dos apóstolos.
No Sermão Escatológico de Jesus, André, ao lado de Pedro, Tiago e João, pediu que Jesus explicasse de maneira mais detalhada acerca da profecia do julgamento que viria sobre Jerusalém (13:1-4).
As últimas referências que temos sobre o Apóstolo André na Bíblia são encontradas no livro de Atos dos Apóstolos. Em Atos 1:13, temos uma citação direta de seu nome em companhia dos outros apóstolos após a ascensão de Jesus. Já em Atos 6:2, novamente entende-se que André é citado, porém de forma indireta, ou seja, apenas compondo o grupo dos Doze.
Relatos extrabíblicos
O "evangelho desconhecido"
Registros históricos dão conta de que logo depois da ascensão celeste de Jesus, André começou a escrever um registro pessoal de muitos dos feitos e dos ditos do seu Mestre que partira. Depois da morte de André foram feitas cópias desse registro particular, e elas circularam livremente entre os primeiros instrutores da igreja cristã.
Essas notas informais de André, subsequentemente, foram editadas, corrigidas, alteradas e tiveram acréscimos até que formassem uma narrativa suficientemente contínua da vida do Mestre na Terra. A última dessas poucas cópias alteradas e corrigidas foi destruída pelo fogo em Alexandria, cerca de cem anos depois que o original fora escrito pelo apóstolo, o primeiro a ser escolhido entre os doze.
André era um homem de um discernimento interno claro, de pensamento lógico e de decisão firme, cuja grande força de caráter consistia na sua estupenda estabilidade.
A sua desvantagem de temperamento era a sua falta de entusiasmo; muitas vezes ele preferiu fazer elogios ponderados aos seus companheiros a encorajá-los. E essa reticência em louvar as realizações de mérito dos seus amigos nasceu da sua aversão pela adulação e pela insinceridade. André era um desses homens categóricos, de temperamento regulado, feito por si próprio, e de sucesso nos seus modestos negócios.
Todos os apóstolos amavam Jesus, mas ainda assim é verdade que cada um dos doze sentia-se atraído por algum aspecto da sua personalidade e que tivesse exercido um encanto especial sobre aquele apóstolo individualmente. André admirava Jesus por causa da consistência da sua sinceridade e da sua dignidade sem afetação. Quando os homens conheciam Jesus, eles ficavam possuídos por um impulso de compartilhá-lO com os amigos; eles realmente queriam que todo mundo viesse a conhecê-lO.
Conclusão
Quando as perseguições posteriores finalmente dispersaram os apóstolos de Jerusalém, André viajou pela Armênia, Ásia Menor e Macedônia, tendo sido ao final preso e crucificado em Patras, na Acáia, após trazer vários milhares de pessoas para o Reino.
Ainda segundo as tradições, o Apóstolo André teria sofrido martírio em Acaia, após ter evangelizado a esposa do Procônsul local, sendo crucificado em um tipo de cruz chamada "crux decussata", que trata-se de uma cruz em forma de "X", popularmente conhecida por conta dessa tradição como "Cruz de Santo André".
Dois dias inteiros foi o tempo que levou para que esse homem robusto expirasse na cruz e, durante essas horas trágicas ele continuou efetivamente a proclamar as boas-novas da salvação do Reino do céu.
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