Muitas vezes fazemos uma verdadeira confusão entre Talento, Dom Ministério (Unção) e Vocação, inclusive há casos em que se mistura tudo dentro de um liquidificador e se tenta fazer uma "vitamina espiritual" para o cristão. Só que esses termos tem distinções entre si em sua origem, causa e efeito. Tentar unificá-los para se criar uma doutrina, caracterizar um indivíduo ou distribuir atribuições dentro do ambiente eclesiástico pode provocar inúmeras confusões. Neste artigo vamos analisar um a um em seus devidos lugares.
- 1. Talento
1) Natural
Talento: do latim: talentum, do grego antigo: τάλαντον, (leia-se talanton) significando "escala", "balança". Nome de moeda; Rico; Grande e brilhante inteligência; Disposição natural ou qualidade superior; Grande capacidade; Pessoa possuidora de inteligência rara.
Trata-se de uma CAPACIDADE concedida por Deus a todos os homens indistintamente, com o objetivo de capacitá-los ao serviço à humanidade e à própria realização, na esfera natural. O Talento Natural pode e precisa ser desenvolvido e pode ser aprimorado ao longo da vida.
- Obs.: Pode ou não ser colocado à serviço de Deus. Pode ou não ser colocado à serviço da humanidade. Pode ou não ser colocado à serviço do próprio indivíduo. Pode ou não ser colocado à serviço do bem ou do mal.
2) Adquirido
CAPACIDADE conquistada e desenvolvida através da perseverança individual, motivada pelas circunstâncias ou pela apreciação do talento natural. O Talento Natural, na maioria das vezes, será superior ao Talento Adquirido. Sua serventia, porém, é igual ao do Talento Natural.
- Obs.: Um indivíduo pode realizar tarefas e/ou desenvolver um Ministério Cristão Evangélico (no sentido real do termo) bem sucedido usando apenas seus talentos naturais ou adquiridos (consagrados ou não ao Senhor), sem a intensidade do Dom Espiritual, na dimensão do Espírito Santo.
- 2. Dom Espiritual
Dom: Dádiva, presente; Capacidade, habilidade especial que nos é dado por Deus para realizar determinada função; Poder, virtude. Dons (do grego charismatõn) – poderes espirituais dados pelo Espírito Santo aos filhos de Deus.
"Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus" – (1 Pedro 4:10, grifo meu)
Trata-se de uma CAPACIDADE PERFEITA – ou seja, não requer qualquer aprimoramento, por causa de sua origem –concedida pelo Espírito Santo aos crentes indistintamente por ocasião do novo nascimento.
Os Dons Espirituais têm o objetivo de capacitar o crente para servir à Deus e à Igreja na esfera espiritual. O crente, por outro lado, experimenta o gozo do Espírito Santo.
A manifestação dos Dons Espirituais não significa, necessariamente, que aquela pessoa ou Igreja é "espiritual". Para ser espiritual, o crente e a Igreja precisam buscar a maturidade espiritual e o aperfeiçoamento do manejo dos Dons Espirituais.
Todas as Igrejas Cristãs Evangélicas têm todos os dons espirituais de que necessitam (segundo a "multiforme graça de Deus", já manifestados ou ainda latentes), distribuídos entre os crentes pelo Espírito Santo, de acordo com seu propósito, que é o de capacitá-las a reproduzir o ministério de Cristo. Os Dons Espirituais são imprescindíveis para a saúde espiritual da Igreja, sem o que ela funciona numa perspectiva puramente humana.
Um indivíduo pode pedir ao Espírito Santo que lhe conceda determinado Dom Espiritual, no qual gostaria de ser usado. O Espírito Santo pode lhe conceder ou não.
- Obs.: A manifestação dos Dons Espirituais não depende dos talentos, porém, ambos podem se manifestar em harmonia num determinado momento.
- 3. Unção Ministerial
É a DISTINÇÃO ESPECIAL concedida por Deus que marca, separa e capacita alguns crentes para ministérios específicos no Reino de Deus e na Igreja Local, sendo que para isso o Espírito Santo relaciona-se com eles num grau e numa dimensão muito maior.
Estes ministérios específicos estão relacionados em Efésios 4:11, a saber: Apóstolo, Profeta, Evangelista, Pastor e Doutor (Mestre). A medida da unção é diretamente proporcional ao sucesso ministerial, isto é, na capacidade de realizar a obra de Deus.
- 4. Vocação
"Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova" (Romanos 6:4).
A pergunta "o que você vai ser" é tão antiga quanto o homem. Muito mais que um questionamento teológico responder a essa incógnita é assumir uma postura filosófica ante a vida de uma sociedade que marginalizou a transcendência da palavra "vocação".
Evidencia-se na vida humana em âmbito universal o dilema para responder a esta que é uma das mais inquietantes perguntas: por que estamos aqui?
Diante deste porquê a vida cristã torna-se um quebra cabeças a ser montado, a fim de desfrutarmos da alegria que o exercício da vocação produz. Entendendo que a vocação tem sua profunda dimensão "religiosa" seria muito profícuo examinar a teologia paulina da vocação. Para o apóstolo Paulo a vocação se distingue do mero talento humano. Partindo da sua própria experiência ele conceitua vocação como "uma convocação para ser instrumento de proclamação do governo e da providência divina" (Atos 9:15,16).
Buscando uma compreensão mais clara da Bíblia sobre o assunto encontramos no pensamento de Paulo a vocação como uma tremenda compulsão interior (1 Co 9:16).
Exegeticamente falando na referida passagem vocação é uma pressão interior, porém vinda de fora sobre sua vontade interior e pessoal. "Vocação é o lugar onde sua profunda alegria se encontra com sua profunda necessidade do mundo" (Frederishe Buchener).
No pensamento de Paulo a vocação tem duas dimensões:
- A convocação à salvação precede a convocação ao serviço cristão (1 Ts 2:13; 1 Tm 6:12; Ef 1:4-5)
"Deus não colocou marcas brancas nas costas dos eleitos, do contrário eu passaria o resto dos meus dias levantando camisas nas ruas de Londres, por isso é meu dever pregar Cristo a todos" (Charles Spurgeon).
- O serviço cristão precede o ingresso na família de Deus (Hb 3:11; 2 Pe.1:3; Fp.2:13; 2 Co.5:18).
Conclui-se então que não chegamos a este planeta com habilidades inatas, mas com um princípio vocacional: DESCOBRIR QUAL SUA VOCAÇÃO EXIGE QUE CADA UM MONTE AS PEÇAS DE SEU QUEBRA-CABEÇA.
Construamos, pois, uma rota com o mapa das escrituras que nos levem ao coração da vocação onde se encontram os tesouros do Espírito de Deus.
A palavra vocação é oriunda da língua latina significando VOZ. Descobrir a vocação implica ouvir com atenção, fazer uma leitura das circunstâncias vivenciadas onde fomos utilizados de uma forma diferente e demonstramos habilidades que desconhecíamos.
Não existe romantismo na vocação, o exercício da vocação vai nos fazer transpirar responsabilidades. A vocação destrói toda virtude barata e toda paciência teatral, visto que na metáfora paulina do atleta a carreira que corremos é uma carreira de paciência (Filipenses 3:18). Não vencem os mais velozes, mas os que mantêm os olhos fitos no autor e consumador da vocação que lhe foi outorgada.
Pelo Batismo, o cristão é chamado a seguir Jesus Cristo, vivenciando seus ensinamentos, unido-se a Deus como filho e aos outros como irmão, formando a família de Deus que é a Igreja. Esta é a vocação cristã fundamental, válida para todos os cristãos indistintamente, sejam padres, religiosos ou leigos.
A vocação cristã leva à plenitude o sentido da vida humana em relação a Deus, enquanto comunhão trinitária. O mistério do Pai, do Filho e do Espírito Santo fundamenta a existência humana como chamado ao amor no dom de si e na santidade. Pelo batismo, passamos a pertencer inteiramente a Deus e assumimos uma existência totalmente marcada por seu amor. Todos os cristão, consagrados pelo batismo, são chamados para viverem no mundo à maneira de Jesus Cristo. Nada e nem ninguém poderá cancelar essa vocação.
O Papel da Igreja e dos Pastores
- Em relação aos talentos:
- Fazer um levantamento dos talentos que há na Igreja local.
- Levar os crentes a decidir consagrar seus talentos ao Senhor.
- Designar tarefas aos crentes de acordo com seus talentos.
- Proporcionar atmosfera adequada para que os talentos sejam usados em ordem e harmonia na Igreja local.
- Ensiná-los sobre as diferenças entre Talentos, Dons Espirituais e Unção Ministerial.
- Em relação aos Dons Espirituais:
- Fazer um levantamento dos Dons Espirituais que há na Igreja Local.
- Designar tarefas aos crentes de acordo com seus Dons Espirituais.
- Proporcionar atmosfera adequada para que os Dons Espirituais se manifestem em ordem e harmonia na Igreja local.
- Ensiná-los sobre as diferenças entre Talentos, Dons Espirituais e Unção Ministerial.
- Em relação à Unção Ministerial:
- Fazer um levantamento dos crentes que têm um chamado especial ao ministério.
- Conduzi-los ao seu ministério (treinamento e ordenação).
- Em relação a vocação
No caso específico do entendimento no âmbito cristão, o mesmo procedimento referente à Unção Ministerial.
Conclusão
O talento é algo natural, o homem já nasce com ele, seja cristão ou não. O dom é dado por Deus, é uma capacidade, habilidade sobrenatural que é dada exclusivamente ao crente para edificação do corpo de Cristo.
Pois bem, sabendo isso, podemos agora analisar as diferenças existentes entre si.
No contexto bíblico, entende-se que Deus escolhe o homem para determinados fins. Ele, através de sua onisciência e onipotência, criou o homem com uma característica inigualável no aspecto da sua individualidade.
Assim, quando imaginamos que para execução de um determinado serviço é necessário a utilização de vários instrumentos, podemos deduzir que para cada tipo de obra, Deus se utiliza dessa individualidade do homem.
Então, pode-se concluir que todos nós nascemos com um TALENTO e através desse talento, descobrimos a nossa VOCAÇÃO. Quando essa vocação é voltada para a obra de Deus, recebemos o DOM de Deus que nos capacita para exercermos o MINISTÉRIO ao qual Deus tem nos chamado.
muito bom
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