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domingo, 24 de maio de 2015

LIVROS QUE EU LI - #7 - CRISTÃOS REFLEXIVOS


De volta à série de artigos especiais Livros que eu li, focarei novamente obras da literatura cristã.

Dez Coisas que eu Gostaria que Jesus Nunca Tivesse Dito


Autor: Victor Kuligin
2009
304 páginas
CPAD


Jesus foi uma pessoa chegada a palavras polêmicas: "Se o seu olho direito faz com que você peque, arranque-o e jogue-o fora...", "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a cada dia sua cruz, e siga-me...", ou ainda "Se alguém vem a mim e não odeia seu pai e mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e a própria vida, não pode ser meu discípulo". Mesmo depois de 2 mil anos de história e disseminação de seus ensino, entender ordens como essas e colocá-las em prática ainda é um desafio. 


O professor Victor Kuligin bem que tentou seguir esse caminho, mas percebeu que, sem elas, o Cristianismo perde sua essência. Dez Coisas que eu Gostaria que Jesus Nunca Tivesse Deito relata um pouco de suas experiências e destaca porque essas e outras questões tão fora de moda hoje são também tão necessárias à salvação. 


No fundo, os ditos do Mestre são inquietações de cada cristão - e até de incrédulos, que, muitas vezes se dizem aborrecido não pelo que não entendem da Bíblia, mas por aquilo que compreendia. De forma instigante e com um texto envolvente, Kuligin convida o leitor a "baixar as armas", pois as palavras de Cristo são nada mais que um convite para que o homem aceite suas necessidades espirituais e renda-se a Seus para alcançar vitória.

O autor não se propõe a explicar os difíceis ensinamentos de Jesus, mas sim, ensinar sobre a dificuldade em aceitá-los e aplicá-los em nossas vidas. Ainda oferece conselhos práticos para seguirmos o exemplo do Mestre. Um livro indispensável para todos que desejam conhecer plenamente o que é ser um cristão.


A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo


Autor: Max Weber
2008
288 páginas
Companhia das Letras

Atrelar prosperidade com religião, um assunto tão discutido hoje em dia no meio evangélico em geral - e neopentecostal em particular -, não é exclusividade do pensar teológico protestante. Max Weber fez isso e, através de um pensamento científico, procurou compreender um fenômeno presenciado na virada dos séculos 19 e 20: o maior desenvolvimento capitalista entre os peixes de confissão protestante e, ainda, a maior concentração do capital, nestas nações, nas mãos de protestantes. 

Weber articulou sociologia alemã com teologia protestante e não se prendeu apenas ao aspecto material (econômico-financeiro), ms também social, cultural e religioso, calçados em uma conduta moral e religiosa puritana. A primeira edição desta obra clássica de Weber foi publicada em 1904 e uma segunda, em 1920 vem entre colchetes juntamente com o primeiro a ser publicado, desta forma que leitores e estudiosos podem compara-los e verificar estas modificações no conteúdo.

O que Estão Fazendo com a Igreja


Autor: Augustus Nicodemus
206 páginas
Editora Mundo Cristão

Com uma escrita clara, concisa e lúcida, Augustus Nicodemus, consegue expor as diversas vertentes do pensa teológico mundial e seus reflexos na igreja evangélica brasileira. Discursa, critica e avalia os pontos de contato com o liberalismo teológico, neo-ortodoxia, pentecostalismo e neopentecostalismo e, com seu olhar conservador reformado, traça rumos para o fortalecimento do pensamento histórico cristão frente ao perigo crescente de outras teologias que permeiam não somente o cenário evangélico brasileiro, mas toda nossa sociedade. Provocativo, seu livro nos chama a reflexão sobre questões importantes, como por exemplo, as distorções que a Palavra de Deus sofre em certas denominações, diminuindo sua importância e relegando-a a um plano secundário criando assim, uma nova hermenêutica que favorece seus próprios interesses.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

A IGREJA DOS SONHOS DE DEUS

Em nossa vida temos sonhos e desejos, desejos que dependem de nós mesmos a sua realização, sonhos que lutamos para transformá-los em realidade, sonhos que queremos ver acontecer em nossa vida e na vida daqueles que buscam a Deus. Todos nós sonhamos com o tipo de igreja que, segundo o que nos for conveniente, seja "boa". Uma igreja adequada aos nossos desejos pessoais. Mas, como seria a igreja do sonhos de Deus? Eu creio que seja:

Uma igreja livre, adoradora, comprometida exclusiva e especificamente com a obra e com a verdade, que saiba adorar em espírito e verdade, e da honra e glória a Quem as pertence. Que seu único desejo seja evangelizar os povos, sem quaisquer preconceitos, cumprindo sua missão, sem precisar envolver-se com o mundo.

Uma igreja que seja livre da política suja e mal feita, dos políticos metidos a espertos, que se aproximam com segundas intenções, achando que cada membro vai se vender por um pedaço de pão.

Uma igreja em que cada cidadão decida por si só em quem votar, sem precisar ser forçado, manipulado ou até obrigado, apenas para alimentar o ego de quem o lidera, pela vaidade ou orgulho de ser bem visto na sociedade.

Uma igreja, onde os líderes se ocupem apenas com a palavra, que visitem, sirvam e cuidem do rebanho confiado por Deus, sem segunda intenções, apenas conduzindo-as ao céu, e que o lucro no fim de tudo, seja de um saldo positivo, de quantas almas ajudou a tirar das mãos do inimigo.

Uma igreja, onde os lideres não usem do cargo para se beneficiar, candidatar ou levantar uma bandeira apoiando A ou B mas que deixem o povo livre como cidadãos inteligentes fazerem a sua própria escolha, pois sabem escolher sem pressão, ameaças, ou promessas que não se cumprirão. 

Uma igreja que Jesus possa voltar e ainda encontrá-la inteira, sem remendos, sem maquiagens, sem muletas doutrinárias, sem que os homens a esfacelem, dilacerem e esmaguem, com a imbecilidade de brigar pelo poder absoluto, não faça o bem olhando a quem, mas que entenda o chamado para ser servo e que na missão não pode falhar.

Uma igreja, onde o político só tenha a oportunidade de participar, fazendo parte dela ou adorando ao Senhor e que os instrumentos sejam de fato consagrados, para aqueles que tem a vida no altar de Deus, afinal de contas é isso que dizem quando estimulam o povo a cooperar. 

Uma igreja que resista a imoralidade, que não absorva o discurso do mundo e que não se deixe contaminar com o pecado mortal.

Uma igreja, que tenha milhares de sonhadores e nem um utópico, que não se dobre diante das aberrações, que levante a sua voz profética como um atalaia. Que mudem a história sem temer aos ditadores de plantão. Que morram, se preciso for, mas não negociem a unção. Uma igreja, que não se venda nem se deixe levar, por alguém que há muito tempo já perdeu a visão de Reino, mas que saiba discernir entre o bem e o mal mesmo quando os que a lideram já tenham perdido esse discernimento.

Uma igreja que não esteja sob o feitiço da rebeldia, o encanto da desobediência e o engano da idolatria. Imagino ser essa a igreja dos sonhos de Deus. Será essa também a igreja dos nossos sonhos? Depende de cada um de nós transformar a igreja (ministério) onde estamos, na igreja dos sonhos de Deus. Será que temos feito nossa parte?

quinta-feira, 21 de maio de 2015

SAL INSÍPIDO

Hoje em dia, basta ligarmos o rádio ou a televisão e encontraremos muitos pregadores que sabem manusear bem as palavras. Objetivos e diretos, eles são conscientes de que demonstram uma acentuada convicção em tudo o que afirmam. Chegamos, algumas vezes, a ficar embasbacados ao ouvi-los. Assim, entre o entorpecimento de tal verborreia e a realidade da clássica frase "as palavras convencem, mas o exemplo arrasta", surge uma pergunta em nosso criticismo interior: Tal eloquência teria essência?

A Bíblia nos revela vários personagens eloquentes. Citemos apenas dois deles: Balaão, o profeta, e Paulo, o apóstolo dos gentios.

Vamos começar por Balaão. Ele não era apenas um grande orador (conforme podemos ver entre os capítulos 22 e 24 do livro de Números), mas também possuía uma grande veia poética. Sua riqueza literária era tão cirurgicamente profunda e bela que não erra quem considera que Balaão era um iluminado, um homem de profunda e inefável convicção. Um profeta pregador.

Ora, com tantas qualidades evidentes, o que poderia haver de errado com ele? A resposta é simples: o seu caráter. Por cobiça, tornou-se desleal. Tal deslealdade tornou-o um oportunista, ao ponto de amaldiçoar o povo de Israel, a caminho da Terra Prometida. Daí a jumenta que motava ter tido mais visão do que Balaão, que, perdido em sua cobiça, deslealdade e oportunismo, levaria o povo à idolatria e seria o responsável direto pela morte de 24 mil pessoas. 

Ainda que não cheguem a tanto (ainda bem!), assim também são os pregadores eloquentes de hoje. Ora, eloquência sem essência é sal insípido.

Por outro lado, encontramos na Bíblia fartas referências a outro notável pregador, que viveu no início da Era Cristã. Imagine-se sendo transportado até o Areópago, em Atenas, no ano 47 d.C. Eis então o destemido cristão, que levou o Evangelho aos gentios, surpreendendo os mais exigentes filósofos estóicos e epicureus - a elite cultural - ao afirmar para aquela plateia de areopagitas que os considerava "o povo mais religioso do mundo". S e analisarmos Atos, capítulo 17, observaremos que a exposição paulina foi breve. Ele, com sabedoria divina, apenas disse à seleta plateia que considerava os atenienses profundamente religiosos, já que, observando seus objetos de culto, viu até um altar dedicado ao "Deus Desconhecido" e, nele, o Deus Conhecido dele.

O que Paulo fez? Curvou-se à sabedoria dos filósofos? Encantou-se com a grandeza de Atenas? Desviou-se de sua fé e invocou para si alguma glória? Corrompeu-se pela nobreza de seus ouvintes? Não e não. Paulo enxergou, pelo Espírito, que a existência de um deus abstrato entre tantos outros cultuados no panteão grego, traria a fonte inesgotável do Cristianismo aos atenienses, pois Jesus, o Cristo, também era desconhecido por aquele povo. Ora, Paulo foi eloquente, mas com essência. Esta é a diferença: o apóstolo tinha caráter e compromisso com a vontade de Deus!

Ter eloquência nas palavras e pregações não é suficiente para demonstrar se um homem tem ou não comunhão plena com o Senhor - afinal, é possível ser eloquente e vazio ou eloquente e ter essência. Curiosamente, os dois exemplos citados tiveram fim semelhante: Balaão foi morto à espada e sem Deus. Já Paulo também tombou ao fio da espada, mas ao lado do Senhor. O apenas eloquente fala, gesticula e hipnotiza. Já o eloquente com essência, prega, ministra, exorta e converte os corações ao Deus da Bíblia, através da regeneração provida pelo Pai , da obra vicária do Filho e da ação dunamis do Espírito Santo.

VIDA DE LOUVOR - "MISERICÓRDIA, ESQUECI MINHA HARPA!"

É impossível pensar em louvor e adoração e não lembrar Davi. Talvez não haja personagem bíblico tão admirado e querido quanto ele. Sua personalidade está delineada em 1 Samuel 16 - quando o rei Saul precisa ouvir música para acalmar seu coração, um de seus servos dá testemunho sobre o menino pastor de ovelhas: "Eis que tenho visto a um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar e é valente e vigoroso, e homem de guerra, o prudente em palavras, e de gentil presença; o SENHOR é com ele." E Davi colhe momentos frutíferos por sua formosura nascida de um coração fiel a Deus: mata o gigante filisteu, cai nas graças do rei Saul, ganha a amizade de Jônatas, o amor de Mical e a admiração do povo por suas vitórias militares. Enquanto o rei Saul, por ciúme de Davi, atira-lhe lanças para matá-lo, é o salmista que, com o som de sua harpa, traspassa o coração perturbado do rei. Dia após dia, o salmista adorava a Deus. Mesmo na úmidas e escuras cavernas, quando precisou fugir de Saul, nesse lugar frio e sem vida, o pastor de ovelhas permitia florescer, em sua alma, em seu espírito, poesia e música ao Senhor. E a Palavra cita "como nos outros dias", Davi adorava a Deus. Infelizmente, sua atitude de adoração não durou muito! Ao obter vitórias nas batalhas e ter seu reinado consolidado, Davi parece não precisar tanto da harpa e de seus preciosos momentos com o Senhor, como acontecia nas cavernas.

Enquanto seus homens lutavam suas guerras, Davi permanecia em Jerusalém. E, numa tarde tranquila, ao levantar de sua confortável cama, o salmista não usa esse momento para, com sua harpa e lirismo poéticos, louvar a Deus. Ao contrário, passeava pelo pátio real. Do terraço do palácio, ele vê Bate-Seba, esposa de Urias... E a deseja. Para estar com ela, Davi retira qualquer obstáculo presente, inclusive planeja a morte de Urias. E obtém sucesso. A alma de Davi torna-se escura e sombria, como as cavernas por onde andou. E sua harpa também parece mofar, desafinada em algum canto do palácio real! Onde está o pastor de ovelhas que "sabe tocar e é valente e vigoroso, e homem de guerra, e prudente em palavras, e de gentil presença"? O homem que agora vemos não usa mais seu instrumento de adoração; é covarde e vil, não luta suas próprias guerras, não é prudente. Antes, protetor de ovelhas; agora, furta a "ovelha" de outro. Antes, colhia frutos de uma vida cheia de amizades, alegrias e louvores... Agora, seus feixes são vergonha, ressentimento, traição e dor. Prostrado diante de Deus e perplexo ao perceber o bolor de sua alma, talvez Davi tenha se lembrado da harpa. Podemos tentar imaginar o que passou na mente do salmista? ("Onde ficaram meus louvores?, Onde está meu instrumento de adoração?") Deus vê o arrependimento de Davi (descrito nos Salmos 32 e 51), perdoa seus pecados e derrama luz em suas trevas.

E Deus mesmo dá um testemunho sobre Davi em Atos 13:22: "Achei a Davi, filho de Jessé, homem conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade." Em Cristo Jesus, nosso redentor, teremos nosso Deus dando bom testemunho de nós mesmos - "aquele adorador sabe tocar, é valente, tem vigor para guerra, é prudente em palavras e de gentil presença, pois nos moldes que meus adoradores devem me adorar: em espírito e verdade!" Que som de santidade que convém à Casa de Deus! Que som de consagração deve fluir do Tabernáculo do Deus Vivo! Que som de louvor deve ecoar da Arca da Nova Aliança! Que dedilhar de harpa e poesias afinadas com os sentimentos e vontades do coração do Rei! Não podemos produzir uma "massa sonora" de desejos conflitantes com os do Pai, mas uma afinação de vida padronizada pelo diapasão da Palavra de Deus. Esse deve ser nosso maior prazer - cantar louvores ao Senhor! Eis o grande desafio: não esquecermos nossa "harpa"!!!

quarta-feira, 20 de maio de 2015

DEUS, POR FAVOR, APAREÇA NA TELEVISÃO

Há poucas semanas a estreia da novela Babilônia, atração do horário nobre na Rede Globo, de autoria do veterano novelista Gilberto Braga, causou alvoroço no meio evangélico. Com a exibição de um beijo lésbico, muito sexo e violência já no primeiro capítulo, a trama não agradou e foi rechaçada pelo grande público – capitaneado pelos evangélicos – e gerou até manifestações de repúdio e campanhas de boicotes nas mídias sociais. 

Há tempos tem uma discussão sobre as influências das telenovelas na sociedade. Elas influenciam? Fazem bem ou mal? Se há uma influência, ela é determinante nos rumos da sociedade? Esse assunto já foi pauta de mestrados, doutorados e a despeito dos anais acadêmicos, uma coisa é certa. Um número expressivo de indivíduos é noveleiro assumido. Do tipo que perde a vida, mas não perde o capítulo da novela. Tem até o caso de dependência crônica, daqueles indivíduos que assistem a todas as novelas das programações diárias nas TVs. E as novelas conseguem um feito hercúleo: a união de pessoas dos mais diferentes credos, dos mais diferentes níveis socioculturais em torno do mesmo "propósito". Louvável, convenhamos. O mais recente fenômeno aconteceu no dia de exibição do último capítulo da novela "Avenida Brasil". O Brasil parou na noite da sexta-feira para assistir ao capítulo final da telenovela, que com uma mistura de humor, drama, futebol e - mas, muita mesmo! - traição retratou a ascensão da classe emergente. Bares e restaurantes disputaram clientes com promoções anunciadas durante toda a semana que tinham como gancho principal a transmissão da novela da Rede Globo em telões montados especialmente para a ocasião. Em muitos locais de São Paulo e Rio de Janeiro, as ruas habitualmente cheias de automóveis e pessoas ficaram vazias, como se fosse uma final de Copa do Mundo. Fenômeno de audiência, a trama de João Emanuel Carneiro registrou uma média de 49 pontos, equivalente a 69% dos televisores ligados nos lares em que o Ibope fez medições e promoveu o novelista ao posto de autor principal na Rede Globo, posição que já foi ocupada por nome como o da novelista Janete Clair (1925-1983), uma das mais celebradas até hoje na teledramaturgia.

Epopeia 


Demonizada por uns e cultuadas por outros fato é que a telenovela continua rompendo e construindo mitos. Vilões de caráter duvidoso e capazes de cometer as maiores torpezas - como foi o caso da Nazaré Tedesco, vivida por Renata Sorrah em "Senhora do Destino", Carminha, defendida por Adriana Esteves, em "Avenida Brasil" e Felix, "a bicha má", interpretado pelo ator Mateus Solano, que, pelo brilhante desempenho do primeiro vilão gay da teledramaturgia, recebeu o prêmio de personalidade do ano de 2013 em arte e cultura, oferecido pela Editora Três (revistas IstoÉ, IstoÉ Gente e IstoÉ Dinheiro) - caem nas graças do telespectador e, mesmo com todos os contras em suas personalidades, se transformam nos preferidos do público. Inversão de valores ou apenas ficção, entretenimento? Há os que vão mais longe e afirmam que as novelas são "obras do diabo", usadas como estratégia para aprisionar as pessoas e enredá-las em sua tríplice intenção de matar, roubar e destruir. 

Os homens, as mulheres e as novelas - "triângulo amoroso"?


Foi-se o tempo em que novela era programa para mulheres. A tal disputa entre as novelas e o futebol é coisa do passado. Atualmente não faltam homens que são noveleiros de mão cheia. Mas, se as telenovelas afetam o bolso das mulheres, no homem, considerado o mais prático, a deformação é pior: afeta o cérebro, ou seja, o embrutece e o emburrece. A mulher é mais versátil nesse sentido. Os estudos recentes de neurolinguística mostram que se o homem tele maníaco sofrer um acidente que lesione o seu cérebro, ele terá mais dificuldades de recuperação. As chapadas que o homem recebe são mais impiedosas. Lamentavelmente, de vez enquanto encontramos homens comentando cenas de novelas em locais de trabalho… Ou seja, homens que assistem novelas emburrecem e se embrutecem. Mulheres que assistem novelas são manipuladas por padrões de moda e de beleza irreais. Em seu subconsciente querem "transportar" para suas vidas, toda a "magia" dos personagens engenhosamente criadas por seus "criativos" autores. 

Torre de Babel - Mudando ou criando conceitos?


As telenovelas querem reconstruir a torre de babel. Estão mutilando o futuro de muitas pessoas. A sexualidade e erotização abordada na TV é doentia e excessiva e exibida em horários inadequados para jovens e crianças. Quantos pais já não se envergonharam ao serem obrigados a assistir junto de seus filhos cenas “apimentadas” e optaram em fingir que nada viram? Outros temas são mal abordados como traições, homossexualidade (esse virou tema obrigatório nas novelas), mentiras etc. A sociedade está a criar uma geração dos filhos de Nietzsche. Deus está “morto” (só que Alá, Kardec, Buda... estão vivos) agora tudo é permitido: faltar respeito aos pais, demolindo os valores impostos pela tradição e acabar com a instituição chamada FAMÍLIA. 

O figurino do momento é ter uma geração de políticos, profissionais, estudantes, donas de casas egoístas, orgulhosos, arrogantes, seduzidos pela moda, pela conta bancária e seguem um modelo de conduta de burguês rumo aos povos que seguem o mesmo caminho. A inveja, delação, ciúme, perseguição, agressividade e humilhação estão quase sempre presentes. Que chatice. Deus nos acuda. A primeira novela brasileira se chamou: “A Sua Vida me Pertence” (Produzida e exibida pela extinta TV Tupi São Paulo, de 21 de dezembro de 1951 a 02 de fevereiro de 1952, às 20 horas e teve de 15 capítulos) - Seria uma "novela profética"? - e é isso que acontece quando a pessoa a ela se entrega de corpo e alma. Não é mais a pessoa que vive, mas a novela vive na pessoa. A novela passa a ser a sua senhora do destino. 

Controle remoto, “santo remédio”


Há outros aspectos de telenovelas que não vou discutir neste artigo, até porque já me alonguei muito e também são mais polêmicos, como, mensagens subliminares de passagem de ideologias e processos manipulatórios da mente do telespectador e da destruição de princípios cristãos. Vale lembrar que os princípios são imutáveis, enquanto que os métodos nós os adaptamos. Talvez isso explique a proliferação de igrejas que pregam a teologia da prosperidade e outras como o islamismo. A população está em acentuada e contínua perda do poder aquisitivo. Para a nossa população só a educação irá libertá-las.

Numa formulação de síntese, a televisão pública deve primar por conteúdo prioritariamente educativo. Em relação às novelas, se é para continuar a trilhar nesse caminho, cada país deveria então produzir suas, com base na realidade concreta, que retratem a realidade específica, estreladas e exaltem também valores do negro e analisem a administração pública, os interesses econômicos e privados, a política e os problemas sociais. E nós os outros, é preciso que cada pessoa tenha noção de sua própria identidade e seus alvos pessoais. Multipliquemos os prazeres lendo jornal e livros e cerrar fileiras em torna da família, a célula “mater” da nossa sociedade, da qual participamos e recebemos herança genética, principalmente, a moral. Dela depende a nossa personalidade.

Finalmente, o dia em que a cúpula que dirige as televisões públicas começar a sentir vergonha teremos um bom começo. Parece que o lema que reina nos donos do mundo da televisão, é: “a programação que aliena não se mexe”, parafraseando o Dr. Waldemar Essuvi Tadeu, sociólogo pesquisador do tema. O meu sonho é que o ser humano comece a usar a cabeça. Devemos começar a apelar para a cabeçada de vez em quando, sem medo de manchar nossas páginas de vida, contra esse programa crack da humanidade, cujo efeito é rápido e provoca aos nossos filhos, irmãs, pais, sociedade, destrói irreversivelmente o cérebro humano e o resto que “se dane”. Talvez só assim seremos craques mundiais, ou seja, os melhores do mundo. Fica, portanto, decretado que a telenovela é o “crack” da nossa sociedade.

UPGRADE CRISTÃ

Upgrade significa uma atualização em computação, para uma versão mais recente de um determinado produto. Upgrade é muito utilizado na área da informática e de equipamentos eletrônicos, e pode ser a troca de um harware, um software ou um firmware, por uma versão melhor ou uma versão mais recente, ocorrendo aí mais funcionalidade ou melhorando os sistemas já existentes. É um conceito usado especificamente na área de informática, mas que neste artigo eu o empregarei metaforicamente (uso e abuso da linguagem metafórica em meus artigos).

É possível observar que, ao longo do tempo, tem surgido uma nova versão do que seja um cristão.

O que torna alguém cristão? Hoje ser cristão acabou se reduzindo a "ir à igreja" ou ser membro em alguma denominação (de preferência uma bem grande), mas me pergunto "Se Cristo morreu por sua Igreja, nesta perspectiva Ele morreu por tijolos, madeira e equipamento eletrônico?" Nós não somos a Igreja? Igreja passou a ser um local, não mais gente salva pelo precioso sangue de Jesus Cristo. "Ir à igreja" passou a ser um ritual - e, em alguns casos, muito chato, diga-se -, se for, é abençoado, se não for, é castigado. E olha que não estou me referindo a congregar, pois congregar é algo bem mais além do que idas na igreja. Desse mesmo modo, ser cristão tem sido trabalhar na igreja. Quanto mais trabalho, mais sou abençoado, mais cresço na vida cristã.

Mas também se tem reduzido o ser cristão a ir aos cultos, ter certa crença ou ideologia (nada a ver com a FÉ DO TIPO DE DEUS), contribuir financeiramente, em especial para ser recompensado por Deus uma espécie de relação mercantil (nada a ver com o dízimo bíblico - oferta com valor específico, voluntária, porém não facultativa - em reconhecimento e agradecimento ao Senhor pelos seus feitos; e ofertas - voluntárias, sem valor específico em contribuição à manutenção e expansão da obra de Deus).

Por outro lado, esta reciclagem do [ou no] cristianismo também acabou por transformar a vida cristã numa espécie de ritual que o fiel procura praticar para conquistar as benção de Deus ou mesmo para evitar o seu castigo. Assim, participar de eventos ou de cultos, ter um tempo diário para ler certo número de capítulos da Bíblia, orar a Deus, seria uma especie de mandinga para ganhar o favor de Deus ou para evitar ter pesadelos à noite ou nas finanças pessoais.

Ao longo do tempo fomos lançando versões beta deste tipo de cristianismo e incutindo na mente do cristão que ele poderia com seus próprios esforços agradar a Deus vivendo um cristianismo de obras e numa relação de trocas. É a herança pragmática norte-americana que conseguiu reduzir cristianismo em trabalho, deixando de lado a sua essência, mas também a teologia da graça que indica que nossas obras não apenas não servem para nos salvar, como também, sendo imperfeitas (Isaías 64.6) não conseguem atingir os elevados ideais de Deus.

Precisamos reconquistar a perspectiva bíblica em nossa concepção de cristianismo de modo que ser membro da igreja, trabalhar, contribuir financeiramente para a igreja, ir aos cultos, sejam fruto de uma vida íntima aos pés do Senhor e não agente produtivo desta vida. Talvez por isso seja possível notar certo grau de carnalidade na vida eclesiástica. Ler a Bíblia, orar, sejam fruto de insaciável sede de comunhão com Deus. Participar no culto público seja produto de uma vida diária de adoração no altar de Deus.

Que o sentido mercantilista seja substituído pelo ato de dar deliberadamente com alegria, sem restrições de porcentagem, pois afinal, ser cristão é negar-se a si mesmo e devolver tudo a Deus a quem pertencemos (Romanos 11:36). É reconhecer nossas imperfeições e nos sentimos agasalhados pela sua graça, nos entregando a ele como seus instrumentos, canais de seu poder, de seus atributos. 

Nada mais do que sermos meramente cristãos sem upgrade, na versão original, primitiva.

terça-feira, 19 de maio de 2015

DISSONÂNCIA OU SÍNDROME DE ACÃ?

Em minha caminhada cristã tive algumas experiências no ministério de música. Há tempos fui integrante de coral e, mais recentemente, durante um tempo Deus permitiu que eu fizesse parte da equipe de louvor em minha congregação. Apesar de não ser esse o meu chamado, foi um tempo muito bom, de muitas experiências. Foi um tempo de Deus. Foi o tempo de Deus. Eu era um dos vocalistas da equipe e, apesar dos pesares, até que não fazia feio (nada de me comparar com uma gralha, pode acreditar, não chegava a ser um pardal, mas era bem mais afinado do que uma gralha). Nesse tempo maravilhoso tive a oportunidade de fazer algumas aulas de canto e aprendi algumas coisas que usarei metaforicamente neste artigo.

Consonância e dissonância 


Num contexto musical, consonância e dissonância são entrelaçadas numa partitura com o propósito de se construir uma teia que expressa emoções e sutilezas musicais. A consonância é estável e pode ser percebida num intervalo, acorde ou harmonia. De som agradável, seu uso é livre, ou seja, sem preocupação com as regras harmônicas (preparações e resoluções). As consonâncias soam nos intervalos de quartas e quintas juntas, nas oitavas e uníssonos, e nas terças maiores e sextas menores. No entanto, a dissonância é instável e, muitas vezes, definida por um som desagradável, inconstante, necessitando “resolução”. Seus intervalos e acordes característicos precisam ser conduzidos a uma consonância que traga repouso, aliviando a “tensão” causada pela dissonância do trecho musical.

No Renascimento [Cultural, um movimento histórico ocorrido inicialmente na Itália e difundido pela Europa entre os séculos XV e XVI. Foi caracterizado pela crítica aos valores medievais e pela revalorização dos valores da Antiguidade Clássica (greco-romana).], a quarta aumentada ou quinta diminuta eram considerados tão instáveis que foram tratados como intervalos do diabo (diabolus in musica ou tônus diabolicus, ou ainda, trítono – nos mosteiros, acreditava-se que os sons musicais carregavam um significado espiritual). A instabilidade gerada pelo trítono trazia a sensação de movimento e tensão na música. E essa “inconsistência” musical resultava no temido intervalo do diabo (três tons inteiros). Por isso, o uso excessivo e confortável de quintas paralelas no canto gregoriano.

Atualmente, percebemos com mais facilidade as diferenças entre consonância e dissonância, pois nossos ouvidos já assimilaram estilos musicais de diversos períodos e culturas. As regras harmônicas surgiram em um mundo não globalizado, quando cada nação vivenciava suas próprias descobertas e só respirava sua cultura. E, assim, foram definidos alguns conceitos musicais – a consonância, do latim consonare, significa soar junto; a dissonância, o oposto. Como uma bússola musical, a harmonia tornou-se padrão para o surgimento de estruturas sonoras. O compositor que quisesse ser respeitado academicamente precisaria segui-la.

Harmonia do erro


Hoje, não vivemos mais sob esse rigor musical e as regras da harmonia tornaram-se concessões, dando muita liberdade ao estilo de compor. Ainda assim, sabemos que alguns parâmetros são pilares na teoria musical e não devem ser ignorados. Se estamos tocando em um grupo instrumental, quando um músico erra a execução de determinado acorde, todo o grupo fica prejudicado. Se cantamos e alguém se perde nos improvisos vocais, não combinando sua melodia com as outras vozes e, simultaneamente, com a base produzida pelos instrumentos, todo o grupo se perde e tem seu objetivo frustrado. O mesmo acontece num coral, quando todos têm de responder pela qualidade sonora do grupo e uma voz desafinada sobressai às outras.

Por que essas coisas acontecem, se ensaiamos repetidamente os caminhos harmônicos, sequências melódicas, rítmicas e até mesmo os improvisos? Por que, no momento mais importante para o levita músico as combinações sonoras parecem soar somente como dissonâncias? Uma “sujeira” harmônica aqui, outra ali e, pronto. Todo o trabalho musical, esforço e objetivos desmoronam. Isso nos remete aos “ensaios” de Josué e da tribo de Israel.

Vitoriosos em Jericó, percebem que a aliança com o Senhor é verdadeira, pois aprenderam que Ele é fiel e não pode mentir (Nm 23:19). Deus é consoante com o que diz e zela para cumprir sua Palavra. Confiantes nessa aliança, saem para a batalha na cidade de Ai. Poucos homens são convocados para essa peleja, pois os inimigos, em menor número, não causariam tantas perdas, pensaram. Porém, um só homem, que estava em dissonância com a lei de Deus, trouxe a desafinação ao grupo que antes, com trombetas, fez cair as muralhas de Jericó. Aça escondeu uma capa babilônica que deveria ser queimada; tomou o outro e a prata que deveriam ir para o tesouro na Casa de Deus. 
“E respondeu Acã a Josué, e disse: Verdadeiramente pequei contra o Senhor Deus de Israel, e fiz assim e assim. Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro, do peso de cinquenta siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata por baixo dela.” (Js 7:20, 21)
Alimentando sua cobiça, roubando e mentindo, um só homem, um só coração trouxe derrota para o povo de Israel. Todo o grupo percebeu as consequências. Precisamos olhar para nossa “tenda” interior e desenterrar entulhos escondidos! Nossas atitudes não podem ser paralelas às do grupo musical que pertencemos. As dissonâncias em nossas intenções precisam ser resolvidas na cruz de Cristo. O sangue do Cordeiro pode trazer resoluções necessárias à harmonia de nosso interior e aperfeiçoar-nos em Cristo Jesus. Reincidir nos erros e atitudes do “velho homem” revelam acordes que não respeitam a boa condução vocal e instrumental que a Lei de Deus quer produzir. NÃO à desobediência, cobiças e mentiras. São dissonâncias nos louvores de Israel! É a síndrome de Acã!