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sexta-feira, 1 de agosto de 2025

AGOSTO LILÁS — A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NOS LARES EVANGÉLICOS


Imagem criada por Inteligência Artificial (IA)
O Agosto Lilás é uma campanha estabelecida pelo governo federal, transformando o mês de agosto em um período dedicado à conscientização e combate à violência contra a mulher. 

A escolha deste mês se deu pela sanção da Lei Maria da Penha (Lei Federal nº 11.340/ 2006), assinada no dia 7 de agosto, uma referência fundamental no enfrentamento da violência doméstica no Brasil. 

A campanha visa sensibilizar e informar a população sobre a identificação de situações de violência e os canais disponíveis para denúncias, promovendo uma rede de apoio e proteção para as vítimas.


A campanha do Agosto Lilás se destaca pela promoção de eventos e debates em todo o país, envolvendo agentes públicos e meios de comunicação para divulgar informações vitais sobre os tipos de violência — física, sexual, psicológica, moral e patrimonial. 
Além disso, enfatiza a importância de medidas de prevenção e suporte, como o Ligue 180, aplicativo Direitos Humanos Brasil, e a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Essas iniciativas são essenciais para reduzir os índices de violência contra a mulher no Brasil.
E se engana quem pense que a violência doméstica está longe dos lares evangélicos. Muito antes pelo contrário, em muitos casos, a omissão baseada em discursos ou crenças religiosas equivocadas, são uma densa cortina de fumaça ocultando essas ocorrências, subnotificando-as, na maioria das vezes com a conivência de líderes religiosos, que, na minha opinião, são cúmplices e, portanto, também merecem ser punidos junto com os agressores.

Ferida [nada] exposta


O aumento do contingente de mulheres que se declaram evangélicas, por si só tem sido objeto de pesquisas que visam compreender a dinâmica religiosa brasileira, porém, o aumento do número de mulheres evangélicas que declaram terem sido agredidas por seus parceiros ainda carece de mais atenção de pesquisadoras e pesquisadores que trabalham sobre a violência doméstica. 

Dependendo do nível de envolvimento das mulheres evangélicas com a Igreja, esta pode desempenhar papel fundamental para a permanência ou para a ruptura de suas "fiéis" com casamentos violentos. 

Essa constatação gera nosso interesse pela escuta de mulheres evangélicas em situação de violência e também de autores de violência, visando trazer à tona as formas como ambos compreendem as relações de dominação que se tecem no âmbito doméstico, e a possível influência de sua confissão de fé no processo de perpetuação ou de ruptura com o ciclo de violência. 
 

Lei Maria da Penha 


A já conhecida Lei Maria da Penha, que se constitui no mais importante instrumento, ainda que paliativo, de combate à violência doméstica e familiar também traz, em sua criação, a prova de que o poder público não dá às questões de gênero a importância que devem receber. 

Isso, porque a lei que recebeu o nome da brasileira Maria da Penha Maia Fernandes, que foi vítima de agressões no ambiente doméstico, não foi projeto de parlamentares atentos ao tema ou fruto da pressão popular, mas Projeto de Lei (PL) elaborado pelo poder executivo em virtude de recomendação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), após denúncia apresentada pela própria senhora Maria da Penha Maia Fernandes.


Dedo na ferida

 
Se fazem necessárias pesquisas nos sentidos atribuídos por mulheres evangélicas que vivenciaram tentativas de feminicídio sobre o papel das famílias nessa conjuntura. 

Os sentidos constituídos acerca do papel das famílias evangélicas são marcados por diferentes ações e posturas, muitas vezes contraditórias e pouco acolhedoras frente a situações de violência, exclusão e vulnerabilidade historicamente vivenciadas pelas mulheres.


Para as mulheres que receberam apoio familiar, os sentidos das famílias vinculavam-se ao contexto de proteção e afeto, mesmo diante do imperativo religioso. 

Nesse contexto, a família mostrou-se como instituição significativa no processo de socialização, na (re)constituição das relações, vínculos e afetos das mulheres e, notadamente, no enfrentamento das violências e prevenção de feminicídios.


Quanto às mulheres que não receberam acolhimento e amparo, o significado da família se revela implicado em formas de desproteção e reviolência. 

A dinâmica religiosa e a moralidade cristã presentes na vida familiar acarretam sofrimentos àquelas já vivenciadas na cotidianidade das relações conjugais. 

Na ótica das mulheres, a rigidez dos discursos religiosos dada pela impossibilidade de rompimento do casamento e pela supremacia masculina na vida familiar e social contribuíram para a agudização das violências domésticas.

Mais que números estatísticos: vidas! 



O relatório “Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil” chega à quinta edição trazendo dados inéditos sobre as distintas formas de violência contra meninas e mulheres brasileiras. 

O estudo, conduzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e pelo Instituto Datafolha, mostra que a violência de gênero nos últimos doze meses atingiu o maior índice desde o início da série histórica, em 2016. 

Apesar disso, 47,4% das mulheres vítimas de violência grave no ano passado afirmam não terem feito nada diante da agressão sofrida. Mas 6% procuraram a igreja.


O diagnóstico, feito com base em autodeclaração, levanta a discussão sobre o papel dos espaços de fé na prevenção da violência e no acolhimento às mulheres. 

Ainda segundo a pesquisa, uma em cada quatro brasileiras sofreu agressão física por parte de parceiro atual ou ex-parceiro. 

Dentre as entrevistadas, 42,7% das mulheres que se identificaram como evangélicas sofreram violência ao longo da vida, contra 35% das que se identificaram como católicas.

Além dos discursos de fé 



Alinhado ao discurso familiar e religioso que envolve desproteção e moralização das condutas, escolhas e modos de viver das mulheres, há o Estado que, no encontro com o patriarcado, negligencia a garantia do direito à vida e compactua com a morte delas. 
 
Diante da falha do Estado em proteger a vida das mulheres, o papel das famílias, tanto em fornecer apoio financeiro quanto emocional, parece ser imprescindível à manutenção da vida.

Por outro lado, nesse contexto, as vivências religiosas, especialmente as evangélicas, podem comprometer o enfrentamento das violências contra as mulheres e dos feminicídios. 

Considerando a complexidade, gravidade e as múltiplas intersecções que perpassam esses fenômenos, é certo que as famílias religiosas merecem especial atenção no que concerne à efetivação de políticas públicas. 

Juntamente à consolidação de políticas públicas de proteção e garantia do direito à vida das mulheres, é primordial o enfrentamento a estruturas de opressão e hierarquização das relações sociais.

O pecado da omissão


Portanto, pensem nisto: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz comete pecado. -- Tiago 4:17
Os pesquisadores também sugerem que a proximidade das fiéis com líderes religiosos, no caso das mulheres evangélicas, pode ser um dos fatores que representam uma oportunidade ou uma barreira ao enfrentamento da violência. 

Enquanto na igreja católica existe uma hierarquia, o relacionamento é mais distante, entre as evangélicas o pastor é mais acessível, seja para pedir conselho, conversar ou desabafar.
Entretanto, se ele se fizer omisso ou indiferente, espiritualizando um crime, apenas orientando que essa fiel "vá orar", ao invés de orientá-la a ir buscar os meios legais contra o agressor, ele se torna cúmplice de uma situação que pode  evoluir — como na maioria das vezes evolui — para as tragédias dos homicídios.
Para os pesquisadores, essa relação poderia ajudar a quebrar o ciclo de agressões. Mas, na prática, a mediação funciona muitas vezes como barreira para o auxílio.

 
Isso porque, a mulher é desestimulada a fazer a denúncia, a sair do relacionamento, justamente por causa da sacralidade do matrimônio. 

Ela é aconselhada a outras coisas, como a resignação e a oração para que o agressor mude seu comportamento. 

São conselhos que apenas fazem com que a mulher siga na situação de violência. 

Conclusão 


Nosso interesse com este artigo está centrado em compreender a relação das mulheres com as instituições religiosas e familiares, assumindo como foco central a experiência de violência doméstica e riscos de feminicídio nessa conjuntura. 

Ressaltamos que não teve como objetivo compreender a relação das participantes com a (des)proteção do Estado, sendo importantes novos estudos nessa direção e a partir de uma perspectiva sócio-histórica e interseccional.


Por fim, a superação da violência nesse contexto implica em tensionar o espaço que as instituições religiosas assumem na vida social, assim como provocar a tecitura de vivências religiosas comprometidas com mudanças e com a formação de líderes religiosos(as) com perspectiva, crítica e histórica sobre as relações familiares, de gênero, classe e raça/etnia. 

Essa desafiadora tarefa tem sido tensionada pela teologia feminista e pelo movimento de mulheres religiosas a partir de questionamentos sobre as relações de poder, as mulheres e as populações em situação de exclusão.
 

É fundamental garantir que as mulheres em situação de vulnerabilidade e violência — independente de raça, de credo e de posição social, cultural e financeira — recebam o suporte necessário para romper com o ciclo de violência. 

A assistência social atua de forma integrada com as políticas de segurança pública e saúde, oferecendo apoio psicológico, jurídico e socioeconômico às vítimas. 

Além disso, promove a reintegração social e a autonomia das mulheres, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.




[Fonte: Caminhos Revista de Ciências da Religião — original, por Sandra Duarte de Souza, Universidade Metodista de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião Doutora em Ciências da Religião (UMESP) com pós-doutorado em História Cultural (UNICAMP). Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo. Coordenadora do Grupo de Estudos de Gênero e Religião Mandrágora/Netmal. Claudia Poleti Oshiro, Universidade Metodista de São Paulo, Mestre em Ciências da Religião (UMESP). Diretora do Instituto Integrar – Núcleo de Capacitação para o Desenvolvimento Humano e Social. Integrante do Grupo de Estudos de Gênero e Religião Mandrágora/Netmal. Le Monde Diplomatique Brasil, original por Camila Caringe é jornalista e se dedica a cobrir assuntos de sustentabilidade ambiental, social e de governança no Brasil e no mundo. Acompanhe o canal ESG Insights no Instagram, Tik Tok e também no YouTube.]

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E nem 1% religioso.

CANÇÕES ETERNAS CANÇÕES — "ALVORADA VORAZ", RPM

'Alvorada Voraz' é um dos maiores sucessos do RPM, uma música de 1986 com instrumental marcadamente pop oitentista e letra altamente politizada, que critica os traumas deixados pela ditadura militar, a corrupção dos poderosos e o crescimento da violência no país, compara a realidade com uma espécie de filme de terror.

Quase quatro década depois de seu lançamento, é impressionante como a letra de 'Alvorada Voraz' é tão atual, basta trocar alguns nomes citados que teremos uma fiel descrição do turbulento e polarizado cenário político e social de hoje.

Por ser atemporal, 'Alvorada Voraz' está aqui neste capítulo da nossa série especial de artigos "Canções Eternas Canções".

'Alvorada Voraz'

A letra


Na virada do século
Alvorada voraz
Nos aguardam exércitos
Que nos guardam da paz
Que paz?

A face do mal
Um grito de horror
Um fato normal
Um êxtase de dor

E medo de tudo
Medo do nada
Medo da vida
Assim engatilhada

Fardas
E força
Forjam
As armações
Farsas e jogos
Armas de fogo
Um corte exposto
Em seu rosto, amor

E eu nesse mundo assim
Vendo esse filme passar
Assistindo ao fim
Vendo o meu tempo passar

Apocalípticamente
Como num clipe de ação
Um click seco, um revólver
Aponta em meu coração

O caso Sudam
Maluf, Lalau
Barbalho, Sarney
E quem paga o jornal
É a propaganda
Pois nesse país é o dinheiro que manda

E juram que não
Corrompem ninguém
Agem assim
Pro seu próprio bem
São tão legais
Foras da lei
Pensam que sabem de tudo
O que eu não sei
Eu sei!

Nesse mundo assim
Vendo esse filme passar
Assistindo ao fim

Vendo o meu tempo passar (hey!)

Contexto


Como podemos ver, a letra de 'Alvorada Voraz', da banda RPM, é uma crítica contundente e visceral à corrupção e à violência, com foco especifico na realidade brasileira dos anos 80, pós ditadura, entretanto, seus tópicos, infelizmente, adentraram os anos 2000 afora.

A música, obviamente, foi alvo de censura. Ela era para ter sido lançada no primeiro disco, o "Revoluções por Minuto", lançado em 1985, e que alçou a banda ao estrelato, mas acabou ficando de fora, só sendo lançada no ano seguinte, como uma das faixas do icônico álbum "Rádio Pirata  Ao Vivo", o segundo e grande sucesso da banda, em 1986. 
Não vou aqui falar sobre a história da banda RPM, pois acredito que a maioria de nós já sabe, como além de bem sucedida, foi marcada por muita polêmica, turbulência, idas e vindas. 

Atemporalidade metafórica


Nos versos de 'Alvorada Voraz' é narrada, de forma metafórica, a realidade que foi retratada nos anos 80, e que infelizmente ainda hoje continua, onde se aborda a violência social e o medo que nos torna reféns da marginalidade, onde alguns políticos parecem ser marginais de gravata e são o maior exemplo de hipocrisia no país.
A letra, com suas metáforas e imagens fortes, aborda o medo, a impotência e a hipocrisia presentes na sociedade, especialmente na política.
'Alvorada Voraz' se tornou conhecida do público há 39 anos. No entanto, parece que foi composta hoje, criticando os horrores causados pela sangrenta Ditadura Militar, a corrupção dos poderosos, a escalada da violência no Brasil traduzindo aquele momento do País como um filme de terror.

O título


E a contundência crítica já começa no título. Alvorada é um termo com múltiplos significados, mas geralmente refere-se ao amanhecer ou ao momento em que a luz do dia começa a surgir, precedendo o nascer do sol.

Além disso, "alvorada" pode se referir a um toque militar ou uma apresentação musical realizada ao amanhecer, comumente em contextos militares ou em eventos festivos em cidades do interior. 

Já voraz, remete ao que é consumido com rapidez, com violência, que destrói, dilacera. Por exemplo, o lobo é considerado um animal voraz, pela rapidez e violência com a qual persegue e ataca suas presas, dilacerando-as. 

Brasil e suas intermináveis alvoradas vorazes


De lá para cá são quase quatro décadas, mas a música é muito atual, dado que aquele filme de terror, descrito na letra que fala da realidade, continua em cartaz.

A música aborda a violência que impera no Brasil, a qual transmite um medo constante e faz a população refém dele dentro de uma sociedade igualmente refém da marginalidade dos marginais assumidos e dos marginais engravatados que infestam a política brasileira; mas que se dizem honestos, homens de bem e não têm o menor pudor em falar o nome de Deus.

Mas como surgiu a letra, a melodia, como foi o trabalho de composição?


O que você com certeza não sabia é que surgiu de um problema que a banda teve em um de seus primeiros shows, quando a corda da guitarra de Fernando Deluqui estourou. 

Dali saiu boa parte da melodia, depois o Luiz Schiavon fez o resto da música e o Paulo Ricardo escreveu a letra.

O fato ocorreu em um dos primeiros shows, realizados no Rio de Janeiro, no "Noites Cariocas", um barzinho do Morro da Urca, em regime de pobreza total, segundo contou o tecladista Luiz Schiavon (1958/2023). 
"Carregávamos as caixas e os instrumentos, tínhamos apenas um roadie, apenas uma guitarra, enfim... No meio do show, o Deluqui quebrou uma corda da guitarra, que ia demorar para consertar. Então o resto da banda teve que improvisar, e daí surgiu o 'Alvorada Voraz'."
Segundo Paulo Ricardo, antes do show, à tarde, enquanto faziam a passagem de som em uma jam session, começaram a improvisar e a música surgiu, então quando a corda da guitarra quebrou, para segurar a onda resolveram usar a música como saída ao problema gerado naquele momento.

Era só a música, não havia letra ainda, como conta Paulo Ricardo, 
"recorri a isso porque não tínhamos nada naquela época."
Um técnico de som gravou aquela jam e toda a passagem de som e entregou para o Paulo Ricardo, que resolveu colocar letra naquela música, e foi aí que surgiu 'Alvorada Voraz'.

A letra de 'Alvorada Voraz' é uma reflexão sobre casos e escândalos que marcaram o noticiário e as rodas de conversa em todo o país.

A mensagem da música é atemporal e universal, e continua inspirando gerações de fãs do RPM até hoje. 'Alvorada Voraz' é uma prova do talento da banda em criar músicas que transcendem o tempo e a geografia, pois nos lembra que corrupção existe em todo lugar.

A letra de Alvorada Voraz é uma das melhores letras da banda, bem construída, com belos efeitos sonoros e fundamentalmente com aquela carga que as músicas de protesto tem, e o quanto elas são importantes para uma banda de rock, como conta Paulo Ricardo:
"Alvorada é uma alusão ao palácio da Alvorada, numa época em que saíamos da ditadura militar, mas ainda tínhamos algumas coisas a dizer. 
Além disso, no final dos anos 80 estávamos cercados por essas expectativas sombrias, por esses pensamentos niilistas, que o mundo acabaria em 2000, a Bíblia, nostradamus. 
Era uma geração cercada pelo pensamento de que a bomba poderia cair a qualquer momento."

Contexto atual


A letra de 'Alvorada Voraz' faz um raio-X na estrutura de poder que existe no Brasil, que está assim há muito tempo e não parece que vai mudar.

Esse presidencialismo de coalizão e polarização coloca todos os brasileiros reféns do sistema político, que jamais votarão em mudanças que impeçam os políticos de continuarem atuando da mesma forma.

Nesse tipo de radiografia que se faz, a versão de 1986 cita casos que tentam retratar a situação da época.

O caso Morel, que embora faça parte de uma obra literária do romancista Rubem Fonseca (1925/2020) dos anos 1970, que mistura ficção com realidade, retrata a violência urbana que não distingue classes sociais e a marginalização no país.

Isso se aprofunda com a inclusão de processos policiais que tiveram grande destaque na época, como o crime da mala, que foi um dos primeiros grandes processos criminais do país.

A história diz que Giuseppe, um imigrante italiano, matou sua esposa e tentou colocá-la em uma mala para se livrar de seu corpo. O homem foi preso, ficou na cadeia 17 anos e por decreto do então presidente Getulio Vargas (1882/1954) em 1944, teve sua pena reduzida, foi solto em 1948.

O caso "Coroa Brastel", outro dos casos citados na letra, em 1985 foi divulgada uma manobra envolvendo ministros do governo da ditadura, foram processados pelo desvio de verbas e favorecer empresários da época, mais um exemplo da impunidade de alguns políticos.

São todos casos emblemáticos que retratam a época, e mostram como os poderosos estão sempre envolvidos nesse tipo de manobra, pode ser um escândalo de joias, ou contrabando, que apesar dos anos continua sendo um negócio para os mesmos de sempre.

Quiproquó na área


A letra de 1986 teve uma atualização em 2002, para o projeto  "RPM — Ao Vivo MTV", Paulo Ricardo decidiu que era hora de fazer uma atualização dos escândalos.

Isso fez com que a banda fosse processada por um dos citados nesta nova letra, Paulo Maluf iniciou um processo judicial, que anos depois foi arquivado pela Justiça.

Na atualização, Paulo Ricardo procurava retratar a situação atual do país a partir de casos ou personagens que na época estavam envolvidos em casos de corrupção, como Jader Barbalho que foi governador, deputado e senador, Paulo Maluf, então Governador de São Paulo, José Sarney ex-presidente da república e Nicolau Dos Santos Neto (1928/2020), também conhecido como Lalau ou Nicolalau,  após o desvio de recursos, ocorrido de 1994 a 1998, que seriam utilizados na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo. 

Já em 2011 a banda tocou uma versão onde colocavam novas caixas como a caixa dois e o mensalao.
E se reatualizássemos a letra hoje? Quem seriam os ilustres personagens citados? Fica a reflexão, cada qual, obviamente, trará a mente nomes alinhados a sua linha ideóligica político-partidária.

Conclusão


A letra assegura que no Brasil a mídia e a propaganda são pagas pelos mais poderosos, já que neste país quem manda é o dinheiro.

'Alvorada Voraz' é uma música poderosa e atemporal que continua a gerar reflexões sobre a realidade brasileira e a importância da luta contra a corrupção e a violência.

No Brasil, eleição é um vestibular para escolher os novos corruptos; se bem que quando o cara é bem corrupto mesmo ele é amado e não perde o posto.

Quanto mais safado, mais ele convence o eleitor. Enquanto os votantes continuar com essa paixão cega por políticos, vamos continuar na lama, buscando culpados e defendendo ladrões.

Acorda Brasil, já passou da hora da alvorada voraz. Até quando vamos permanecer assistindo a esse filme de horror?

A música, por honra ao mérito, já está aqui na nossa série. Agora, só falta o meu carimbo de
[Fonte: RPM Oficial]

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