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quarta-feira, 7 de maio de 2025

PRONTO, FALEI! — GRITARIA PENTECOSTAL: UNÇÃO OU EMOÇÃO?

Imagem criada por Inteligência Artificial (IA)
Para início de conversa, esclareço que o intuítuto deste artigo, mais um capítulo da minha série especial, Pronto, Falei!, não é fazer crítica pessoal, mas sim comportamental. Isto entendido, vamos ao texto.
Nos últimos anos, tem se tornado cada vez mais comum, sobretudo no meio pentecostal contemporâneo, a presença de manifestações musicais marcadas por gritos, histeria emocional, repetições frenéticas e comportamentos que muitas vezes parecem mais motivados por apelos psicológicos do que pela ação do Espírito Santo.

Este fenômeno, comumente chamado de "histeria gospel", tem encontrado espaço principalmente em cultos e eventos onde a música ocupa posição central, em detrimento da pregação expositiva da Palavra. Este texto se propõe a analisar esse fenômeno à luz das Escrituras e da teologia bíblica, com ênfase exegética e apologética.

Movimentos e mais movimentos...


Estamos vivendo uma época em que as emoções estão fluindo à flor da pele. Muitas pessoas são bastante sentimentais e sensíveis, elas são capazes de terem seus metabolismos alterados em determinadas situações, essas reações ocorrem em muitas áreas da vida.

No mundo religioso cristão muitos não sabem identificar as diferenças entre unção e emoção, até mesmo nas pregações, tratando a emoção como unção de Deus. Não se assustem com o que eu vou falar, mas ministrem a palavra de Deus, ela será a estrutura dos cristãos da sua igreja.

O grande desafio está aí: essa geração não está nem um pouco disposta a ouvir a Palavra de Deus. Estão ligadas é aos movimentos, às novidades que vêm e vão com a mesma facilidade.
Quem não se lembra, por exemplo, do movimento da tal "adoração extravagante", quando músicos e ministros, dentre outras baboseiras, se apresentavam de costas para o público nas congregrações? 
Isso virou mania em muitas congregações. Até que, assim como surgiu, sumiu. Eu duvido que se tratava de algo direcionado ou enviado por Deus. Se fosse, não teria passado e teria deixado frutos. Era o que, então? Overdose de emocionalismo!

Onde há unção, pode haver emoção, mas nem tudo que emociona é unção


Quando o homem se converte, ele recebe o selo do Espírito Santo, eu creio que nesse recebimento todos os dons espirituais são entregues ao convertido, não é preciso nenhuma experiência trancendental para que Deus entregue algo espiritual ao homem.

O que muitos chamam de batismo no Espírito Santo, plenitude do Espírito Santo, batismo com fogo, ou recebimento de dons espirituais, é na verdade uma liberação emocional para que dons espirituais se manifestem.

Os dons que já existem no espírito humano, ungido pelo Santo Espírito, são manifestados diante de um querer profundo, sincero e puro da alma humana.

Por que muitos demoram anos, ou outros, nunca provam os dons espirituais? Não, não é porque não os possuem, mas é porque não deram liberdade as suas almas para exteriorizarem algo que seus espírito já têm.

Portanto, o batismo no Espírito Santo, ou seja lá o nome que se queira dar a isso, é muito mais uma experiência emocional, que espiritual, é claro que o espírito humano precisa estar santo e obediente a Deus, mas são as emoções, liberadas em Deus, que dão vasão ao dons espirituais.

Por que isso? Porque o espírito usa as emoções, os sentidos humanos, para manifestar o mundo espiritual a nós homens, enquanto encarnados. 

Uma visão espiritual que é vista, uma revelação que é ouvida, um discernimento que é sentido, mesmo que sejam coisas invisíveis, inaudíveis e subjetivas, são entendidas pelos sentidos humanos, olhos, ouvidos e todo o nosso corpo e alma.

Por que muitos nunca têm experiências com os dons, principalmente aqueles cristãos de igrejas, chamadas tradicionais, que não buscam esses dons nos dias de hoje? Porque não dão liberdade às suas emoções, aos seus sentidos, para exteriorizarem, em toda a sua plenitude, os dons do Espírito Santo, mas isso não significa que tais cristãos não tenham os dons espirituais, ou ainda, não tenham o próprio Espírito Santo.

Eles têm sim, e muitos os usam, mas de maneira mais discreta, e mesmo inconscientemente, se não fosse assim o Espírito Santo não agiria, não abençoaria, não salvaria, não convenseria, não ensinaria, não curaria, não transformaria tantos em igrejas que não têm a mesma visão de dons espirituais que as chamadas igrejas pentecostais, neopentecostais ou renovadas têm.

A Natureza do Culto Bíblico

Espiritual sem perder a racionalidade


A Bíblia apresenta o culto como um ato racional, reverente e centrado em Deus. Em Romanos 12:1, Paulo exorta:
"Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional."
O termo grego usado para "racional" aqui é logikēn, de onde deriva "lógico" — culto com entendimento, fundamentado na Palavra, e não em estímulos emocionais descontrolados. 

Quando o culto degenera em espetáculo, barulho e histeria, ele perde sua essência bíblica e se aproxima mais do paganismo emocional do que do cristianismo neotestamentário.

A emoção, por si só, não é contrária ao cristianismo Jesus chorou, Paulo sentia angústia, Davi se alegrava. Contudo, a unção bíblica não é sinônimo de histeria. A presença de Deus se manifesta muitas vezes em silêncio e reverência, como mostra o encontro de Elias com Deus em 1 Reis 19:11,12. Deus não estava no vento forte, nem no terremoto, nem no fogo — mas "num sussurro suave".
Aliás, para Elias — um dos profetas mais cultuados no segmento pentecostal —, acostumado a ver Deus agir em manifestações mais poderosas, certamente, foi um grande aprendizado, para que ele não padronizasse o Soberano no limite de suas convenções, de seu entendimento.

 Efeito pipoca

A gritaria e o frenesi emocional muitas vezes servem como distração ou disfarce para a ausência de conteúdo espiritual e bíblico.
Por exemplo, quando o louvor se torna um meio de manipulação emocional, em vez de edificação, ele trai sua função original: glorificar a Deus e edificar a Igreja (Colossenses 3:16).

A música gospel histérica frequentemente gira em torno do "eu": "minha vitória", "meu milagre", "minha bênção"... Trata-se de antropocentrismo, ou seja, um culto voltado ao homem, em vez de Deus.

Isso se opõe frontalmente à teologia bíblica, que nos chama à negação do eu (Lucas 9:23) e à centralidade de Cristo (Cl 1:18).

Quando a música deixa de ser doutrinária e passa a ser emocionalista, ela não apenas perde seu valor teológico, mas se torna um risco para a saúde espiritual da igreja, pois alimenta a carne sob o disfarce de espiritualidade.

Em 1 Coríntios 14:40, Paulo ordena:
"Mas faça-se tudo decentemente e com ordem."
Esse princípio se aplica ao culto, à pregação, ao louvor e a todas as expressões espirituais. 

O contexto do capítulo trata justamente de manifestações espirituais desordenadas. O apóstolo não proíbe o mover do Espírito, mas o regula segundo o decoro e a edificação. 

O Espírito Santo não inspira confusão, gritaria ou descontrole:
"Porque Deus não é Deus de confusão, e sim de paz" (1 Coríntios 14:33).
A histeria gospel muitas vezes reflete um grave problema: a falta de discernimento entre o que é espiritual e o que é carnal. Em Hebreus 5:14, lemos:
"Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal."
Muitos cristãos, carentes de maturidade bíblica, confundem sensações com santidade, barulho com poder, movimento com mover. Esse é o resultado de um discipulado raso e de uma cultura eclesiástica mais voltada ao entretenimento do que ao ensino.

Conclusão

A Fé sem a Razão


No meu ponto de vista uma fé sem a razão é cega e pode ser destruída pela emoção. Ultimamente tenho visto muitos pregadores emocionados, mas se o ambiente não estiver favorável aos seus manejos eles inventam qualquer coisa para emocionar as pessoas, isso é perigoso porque afasta a possibilidade de que o povo seja fortalecido pela palavra de Deus, conforme Paulo, isso é coisa de menino e que precisa ser afastado (1 Co 13:11). 

O crente é aperfeiçoado pela palavra e não através de movimentos humanos. Eu estava presente em um determinado culto que o pregador da noite não leu a palavra e começo a falar em línguas, em seguida deu dois pulos, só bastou isso para toda igreja começar a pular e se emocionar, isso não é o normal. 

Então, ninguém se julgue melhor que ninguém, se a Igreja, em todas as manifestações de igrejas locais que existiram, existem e existirão pelo mundo, é de Deus, e se Deus acha por bem permitir e trabalhar assim, em tantas denominações cristãs distintas, não tenhamos nós a arrogância de nos acharmos melhor por ter essa ou aquela experiência emocional, seja de liberdade ou de controle. 

O Espírito Santo é o mesmo, indivisível, abençoador de todos os que buscam e servem a Deus, através de Jesus Cristo. A Igreja de Cristo precisa urgentemente retornar à centralidade da Palavra e ao equilíbrio do Espírito. 

É necessário discernir entre verdadeira unção e mero estímulo emocional. Gritaria, histeria e descontrole não são sinais de espiritualidade, mas de imaturidade.
"Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade" (João 4:24).
Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.

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E nem 1% religioso.

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