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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

PENTECOSTALISMO EM CRISE

Poucas coisas na vida são melhores que "malhar o Judas", contudo nada é mais difícil do que aceitar nossas falhas e reconhecer que elas podem ser piores que as que observamos nos outros. 

No texto deste artigo, vou traçar um panorama histórico e contextual do movimento pentecostal, especificamente aqui no Brasil. O objetivo desse artigo, não é o de fazer crítica leviana, mas sim fazer com que reflitamos acerca dos rumos que o movimento pentecostal tem tomado.

Conceito histórico do movimento pentecostal


O Pentecostalismo é um movimento ligado ao Protestantismo mas que possui algumas ramificações divergentes do propósito reformista. A revisão da literatura indica que o movimento pentecostal está ligado ao Protestantismo, tendo como origem histórica o movimento Holiness. 

Chegou ao Brasil e América Latina no início do século XX e, a partir da década de 50, alcançou a América Central. Essa expansão ocorreu através de ondas ou fases. 

A primeira e segunda onda caracterizam as igrejas pentecostais tradicionais e as igrejas surgidas da fragmentação das Assembleias de Deus, respectivamente, e a terceira onda representa o neopentecostalismo. 

Foto: Universidade Mackenzie
Para o historiador e doutor em História da Igreja, Alderi Souza de Matos, o pentecostalismo produziu transformações gigantescas no protestantismo brasileiro

O professor do Instituto Presbiteriano Mackenzie, faz uma retrospectiva histórica do pentecostalismo no Brasil e no mundo. Ele explica que o pentecostalismo é 
"filho de um movimento surgido nos Estados Unidos, chamado Holiness, ou santidade; este, por sua vez, é filho do metodismo, que é filho do anglicanismo. Essa seria a genealogia do movimento pentecostal".
O hitoriador ainda afirma que 
"as pregações ao ar livre, os cultos evangelistas com apelos fortemente emocionais, um novo estilo de música, as manifestações físicas, com pessoas levantando as mãos e batendo palmas, dizendo 'glória, aleluia' etc., tudo isso é herança do movimento pentecostal".
Seguindo sua análise, o professor esclarece que 
"no protestantismo tradicional sempre houve uma extrema valorização da vida espiritual, das realidades transcendentais em contraste com as realidades do mundo material, que era considerado de menor importância para o crente. O neopentecostalismo defende que não tem problema em aceitar esse mundo, de querer ser rico e importante, porque isso é bênção de Deus".
E acrescenta: 
"a riqueza e o sucesso são apontados como provas da fidelidade a Deus e das benções de Deus sobre a vida das pessoas, criando uma espiritualidade individualista, egocêntrica, onde a pessoa só busca seus projetos e objetivos pessoais, deixando de lado os interesses da comunidade. No entanto, há coisas positivas também. Muita gente foi beneficiada pelo trabalho das igrejas pentecostais. Muitas famílias e comunidades foram transformadas".

Influência


O pentecostalismo está inserido em todas as camadas sociais e tem influenciado a sociedade em todas as áreas. Especialmente o neopentecostalismo tem exercido maior influência na sociedade apresentando uma teologia voltada a atender as necessidades pessoais individualistas, com baixa preocupação com a conversão das almas e mudança de vida conforme escrito na Bíblia, e sim, com a busca de dons espirituais e com a bênção da prosperidade material.

Reconhece-se que a introdução do movimento pentecostal no Brasil foi muito positiva por proporcionar uma revolucionária expansão do evangelho neste país. Mas isso foi bom até meados do século passado quando o objetivo comum do movimento ainda era a salvação, cura, libertação e o derramar do Espírito sobre os seus seguidores. Porque logo os interesses escusos dos líderes sucessores ficaram acima da visão missionária de seus "progenitores" gerando grandes divisões e engajamentos internos na comunidade pentecostal.

Contexto atual


Criticar as igrejas tradicionais virou moda para os pentecostais desde seu início. Os motivos são desajuizados, como por exemplo, a presunção de se acharem mais avivados e de pertencer a um movimento que cresceu vertiginosamente.

Mas com o passar desses cem anos de movimento pentecostal no país, percebeu-se que este movimento também é falho, e por sinal mais falho ainda, dada as ocorrências de megas escândalos em tão pouco tempo de existência.

O pentecostalismo moderno tem assumido semelhanças com o Catolicismo, com a Umbanda, com o Espiritismo e outras formas religiosas. Essas semelhanças indicam a necessidade de se buscar o retorno às verdades bíblicas e a conversão dos que se dizem cristãos em vista de promover uma influência real e positiva na sociedade brasileira e latino-americana.

E o fato que não pode ser contextado, devido às evidências, o que é raro nas igrejas tradicionais virou corriqueiro nas igrejas oriundas do movimento pentecostal, como os escândalos e os absurdos erros doutrinários.

Os escândalos (em maior escala) são acontecimentos mais recentes de uns 30 anos pra cá. Mas os erros doutrinários já vêm de tempos atrás, com uma fraca interpretação bíblica e o predomínio do legalismo.

Hoje o movimento pentecostal produz uma nota desafinada e uma canção desarmônica por conta das volumosas divisões, em detrimento dos divergentes interesses dos líderes atuais. Interesses esses que estão bem mais acima do que os interesses de Cristo Jesus, que deveria ser o objetivo comum da igreja.

E tenho dito!


Por fim, é muito cômodo e fácil procurar e/ou apontar os erros alheios, mas é necessário a "galera do reteté" se colocar na frente do espelho e passar a enxergar que o movimento pentecostal no Brasil não é mais o mesmo há muito tempo, e que não produz mais o que produzia no início. 

Pois, embora a questão da interpretação bíblica tenha melhorado nos últimos anos (e ainda há muito que se fazer), por outro lado, se inseriu dentro do movimento muitos modismos que espiritualizaram o inanimado, tornando a fé quase que um verdadeiro cenário de desenho animado, que levaram as pessoas ao verdadeiro delírio espiritual afirmando enxergar um suposto "fogo" em galhos e gravetos, a "entregar" um turbilhão de profecias e visões numa única reunião, e também ensinando as pessoas a caírem no chão com tal famigerada "unção do cai-cai", e coisas semelhantes a estas que em nada acrescentaram a fé cristã, pelo contrário, antes deformaram a fé de muitos.

Hoje as reuniões promovem grandes barulhos, remexem o corpo das pessoas, e as fazem lacrimejar lágrimas de vidros, mas não são capazes de movimentar a vida moral e espiritual de ninguém. São movimentos vazios, nuvens que relampejam e trovejam, mas que não respingam uma gota da graça de Deus, verdadeiras "nuvens sem água" como disse o apóstolo Judas (12,13).

Falam de poder, mas não sabem o que é o amor. Pois se conhecessem o amor de Deus, saberiam no mínimo para o que serve a sua Graça e o seu Poder.

Quando penso no Movimento Pentecostal no Brasil de alguns anos atrás tenho boas recordações. Mas para onde foi esse movimento? Pois não é este o que estamos vendo na atualidade.

Conclusão

Legado pentecostal


O legado do pentecostalismo é misto. Ele trouxe contribuições valiosas, mas também trouxe elementos extremamente problemáticos e preocupantes para o protestantismo brasileiro, por exemplo, o personalismo, o culto da personalidade através desses líderes, que são quase que idolatrados por muitas igrejas e que fazem questão de criar entre seus fiéis uma profunda veneração por eles.

São líderes com grande influência midiática, algo que foi ainda mais potencializado pela internet, por meio de suas plataformas digitais. A riqueza e o sucesso são apontados como provas da fidelidade a Deus e das benções de Deus sobre a vida das pessoas, criando uma espiritualidade individualista, egocêntrica, onde a pessoa só busca seus projetos e objetivos pessoais, deixando de lado os interesses da comunidade.

No entanto, há coisas positivas também. Muita gente foi beneficiada pelo trabalho das igrejas pentecostais. Muitas famílias e comunidades foram transformadas.

Muitos cristãos ("tradicionais") podem não fazer tanto barulho dentro da igreja como fazem os (pseudos) pentecostais. Mas lá fora ("no mundo"), por onde passam, ouve-se o barulho de uma vida transformada, santificada e apaixonada por Cristo Jesus.
O Movimento só pode ser legitimado como Pentecostal quando for capaz de acender verdadeiramente uma profunda paixão pelo Evangelho de Jesus Cristo, e o comprometimento com sua expansão.
Por favor, vamos rever o que é ser pentecostal de verdade.

[Fonte: Exegese Bíblica, original por Fernando Magalhães; Revista Real Conhecer, original por Érico Tadeu Xavier; Revista Ihu On-Line, original por Alderi Souza de Matos — possui graduação em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul, de Campinas-SP, graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, graduação em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba, mestrado em Novo Testamento pela Andover Newton Theological School e doutorado em História da Igreja pelo Boston University School of Theology. É autor de, entre outros, "Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil (1859-1900): Missionários, Pastores e Leigos do Século 19" (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004); "A caminhada cristã na história: a Bíblia, a igreja e a sociedade ontem e hoje" (Viçosa - MG: Editora Ultimato, 2005); "Fundamentos da teologia histórica" (São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2008); e "Uma igreja peregrina: história da Igreja Presbiteriana do Brasil de 1959 a 2009" (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2009).]

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.

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