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domingo, 7 de agosto de 2022

DIRETO AO PONTO — O CRISTÃO E O DESAFIO DA NECESSIDADE DO "TRABALHO SECULAR"

"Esforcem-se para ter uma vida tranquila, cuidar dos seus próprios negócios e trabalhar com as próprias mãos, como nós os instruímos; a fim de que andem decentemente aos olhos dos que são de fora e não dependam de ninguém" (1 Tessalonicenses 4:10-12).
Quando Deus criou Adão no jardim do Éden, deu-lhe um trabalho para realizar: cultivar e cuidar do jardim. Isso foi antes do homem pecar e mostra que Deus pretendia que o homem trabalhasse mesmo que o pecado não tivesse entrado no mundo. 

Apocalipse 7:15 mostra que os fiéis no céu "servem" a Deus. O céu não deve ser encarado como uma folga infindável, mas sim como um período em que "trabalhamos" para o Senhor. Esse é o ideal do homem.

O trabalho pós queda


Quando Adão caiu, mudou a natureza de seu trabalho. Deus amaldiçoou o solo, de modo que produzisse espinhos e abrolhos (Gênesis 3:17-19). O trabalho do homem ficou mais difícil e laborioso. Dali em diante, o homem ganha o pão com o suor do seu rosto.

Como em todo aspecto da vida do homem, Deus deu instruções claras sobre o homem e o seu trabalho. No texto desse artigo, mais um capítulo da série especial Direto ao Ponto, vamos examinar essas instruções com cuidado.

Qual a razão de trabalhar?


Muitos fazem distinção entre o chamado "trabalho secular" e o trabalho sagrado (ou exercício ministerial). O que faz um "trabalho secular" ou sagrado é a postura. Em última análise, para o cristão não haverá "trabalho secular", se tudo quanto fizer, fizer para a Glória de Deus (1 Coríntios 10:31). 

Tudo quanto é feito, deve ser feito ao Senhor com dedicação. É claro que o trabalho que glorifica a Deus é aquele trabalho que está dentro dos padrões morais, éticos da Palavra de Deus. Se o trabalho envolver práticas pecaminosas consumadas não estará santificando o Nome de Deus, portanto não será sagrado.

No ambiente evangélico costuma-se em classificar algo como sagrado e outras coisas como seculares. Quando se faz esta classificação, muitas vezes, restringe-se o sagrado aquilo que se refere ao ambiente do templo, ou ao segmento religioso. Quando se fala em secular, fala-se naquilo que não envolve o religioso. Porém, creio que tal visão é simplista e reducionista.

O trabalho sob o contexto bíblico


A Bíblia oferece várias razões por que o homem deve trabalhar. Primeiro, é a ordem de Deus. Paulo deixou isso bem claro em 2 Tessalonicenses 3. É óbvio que alguns dos tessalonicenses não estavam trabalhando. Paulo os repreendeu fortemente e os exortou para que todos trabalhassem. 
"Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer trabalhar, também não coma. Pois, de fato, estamos informados que, entre vós, há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes, se intrometem na vida alheia. A elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranqüilamente, comam o seu próprio pão" (10-12 — grifos meus). 
Em segundo lugar, o homem deve trabalhar para sustentar a si e aos que dele dependem (conforme o versículo com o qual abri esse texto). Devemos ganhar o próprio pão sem contar com a ajuda das outras pessoas. 
"Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente" (1 Timóteo 5:8). 
Deve ficar claro que o trabalho não é uma opção deixada a nosso critério; Deus nos manda trabalhar. Em terceiro lugar, devemos trabalhar para podermos ajudar as outras pessoas. 
"Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado" (Efésios 4:28).
Há, obviamente, exceções à ordem de trabalhar. Quem é esposa e mãe tem uma tarefa especial a desempenhar no lar (1 Tm 5:14; Tito 2:5) — 
e aqui, por favor, entenda, não estou em absoluto dizendo que a mulher não possa trabalhar ou que deve apenas ser do lar, mas, apenas estou contextualizando.
Entretanto, a que se entender que a Bíblia não sugere que as mulheres devam trabalhar fora além de trabalharem em casa. Isto porque o papel de esposa e mãe geralmente é um trabalho de tempo integral. 

Há aqueles cuja saúde não permite que trabalhem. Há circunstâncias especiais em que alguém pode não estar apto para trabalhar ou em que alguém que trabalha ainda precisa de auxílio. Muitas dessas situações são mencionadas na Bíblia (veja Atos 2:44,45; 4:34,35; 6:1-6; 11:27-30; 2 Co 8:13-15).

De modo geral, porém, devemos trabalhar e nos sustentar. Há quem não ache que isso seja necessário. Às vezes, os jovens que têm idade suficiente para se sustentar preferem ficar sem fazer nada e deixar que o papai e a mamãe cuidem deles. 

Alguns não trabalham simplesmente porque não encontram o emprego que lhes agrade, ou porque ninguém lhes veio oferecer um emprego. O desemprego é um fato de vida, mas o cristão que está se esforçando para agradar a Deus pode fazer da procura de um emprego um trabalho de tempo integral.

No emprego


A prática do trabalho é digna, mas também tem que ser feita com dignidade. Para isso, há princípios bíblicos a serem praticados. Sirva ao seu patrão, se tiver, como se prestasse um serviço a Deus. 

Trate seus empregados, se tiver, com respeito e honestidade, sempre sendo norteado pelo temor a Deus, sem assenhorar-se dos seus empregados como se fosse um deus (Colossenses 3:22-24; Ef 6:5,6). 

Vários textos dão instruções específicas ao servo (em nossa sociedade, o empregado o equivale em muitas situações). 
  • 1. Não devem reclamar nem ser briguentos (veja Lucas 3:14); 
  • 2. Devem ser pacientes ainda que tratados injustamente; 
  • 3. Devem trabalhar esforçadamente, mesmo longe da supervisão do chefe; 
  • 4. Devem trabalhar como se estivessem servindo ao Senhor; 
  • Jamais devem roubar daqueles para quem trabalham, porque a vida deles deve ostentar a doutrina de Cristo.
As Escrituras também fornecem o padrão de conduta para os senhores (na sociedade atual, esses princípios podem ser aplicados aos que supervisionam os que trabalham): Ef 6:9, Cl 4:1

Lembrando sempre que Deus é Senhor e um dia prestaremos contas do que fizermos. Um dos homens que mais buscou sempre o sagrado apesar de trabalhar para uma potência tirânica foi Daniel. 

Ele estudou e se especializou no conhecimento babilônico sem se envolver com as práticas pagãs e pecaminosas da Babilônia. 

Toda a cultura humana possui coisas boas e más, cabe ao cristão, com fez Daniel, não ser cúmplice do mal, porém aquilo que for bom, dedicar-se com excelência. Daniel vivia em circunstâncias adversas, mas se destacou por causa da intimidade com Deus e pelo excelente trabalho que realizou.

O pecado da preguiça (que muitos disfarçam de "viver pela fé")


Devemos ser aplicados em tudo o que fazemos (Eclesiastes 9:10). O livro de Provérbios trata muito do ocioso, o homem que se recusa a trabalhar. O preguiçoso faz tudo o que deseja, menos trabalhar. 
"O preguiçoso morre desejando, porque as suas mãos recusam trabalhar" (PV 21:25). 
Inventa desculpas para evitar o trabalho: 
"Diz o preguiçoso: Um leão está lá fora; serei morto no meio das ruas" (22:13). 
Está sempre precisando de descanso, de relaxamento e de folga: 
"Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso" (6:10). 
O escritor compara uma porta que abre e fecha com o preguiçoso que vira na cama. 

O trabalho necessário para levar a mão do prato à boca para se alimentar o deixa completamente exausto, e ele precisa então descansar de novo (26:13-16).

O preguiçoso recebe a instrução de ser aplicado: Pv 6:6-8; 10:5, 12:27. O padrão apresentado no primeiro versículo citado é a formiga. A formiga trabalha sem ser mandada, e se prepara para os dias de escassez. 

Algumas pessoas pensam somente nas necessidades momentâneas, esquecendo-se de que precisarão comer amanhã também.

Provérbios é claro sobre as consequências da preguiça: a pobreza e a necessidade (6:10,11). Apresenta-se uma descrição completa do campo de um preguiçoso: 
"Passei pelo campo do preguiçoso e junto à vinha do homem falto de entendimento; eis que tudo estava cheio de espinhos, a sua superfície, coberta de urtigas, e o seu muro de pedra, em ruínas. 
Tendo-o visto, considerei; vi e recebi instrução. Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, a tua necessidade, como um homem armado" (24:30-34). 
O ocioso acabará sendo dominado pelo diligente, e ainda assim não terá nada (12:24; 13:4).

Os perigos e os desafios


O trabalho não é resultado de uma maldição divina como muitos pensam. Deus deu atribuições ao homem de governo, administração e trabalho antes do pecado. 

O que aconteceu depois do pecado foi que haveria a partir dele, o cansaço, a fadiga e o peso no exercício do trabalho. Deus colocou que o homem para subsistir economicamente precisa trabalhar. 

Sendo o salário a recompensa pelo esforço. O trabalho é o meio digno de subsistência, desde que não fira os princípios éticos da Palavra de Deus.

Dentre as pessoas que trabalham há aqueles que trabalham diretamente na causa do Evangelho. Dedicam-se integralmente fazendo um trabalho sagrado de forma sagrada. 

É bom que se destaque, que há alguns que exercem um ofício sagrado de forma profana, amando mais o dinheiro do que ao Senhor. Os obreiros do Senhor são dignos dos seus salários, mas o objetivo deles não é o salário, mas a expansão do reino de Deus aqui na terra e para isto se dedicam. 

Há base bíblica e respaldo para o exercício do ministério integral, mas que haja de fato um chamado de Deus para se exercer tal ministério. Alguns são de fato chamados para isto, outros não são, e muitas vezes objetivam tirar lucro e proveito do rebanho do Senhor. Acautelai-vos dos falsos profetas — disse Jesus.

Há certas áreas relacionadas ao trabalho em que se deve tomar um cuidado especial para evitar as armadilhas de Satanás. É importante que a necessidade de trabalhar e de se sustentar não se corrompam tornando-se ganância e cobiça. 

Há pessoas que ficam possuídas pelo trabalho e pelo dinheiro e agem desonestamente para conseguirem mais. Outras fazem do trabalho um deus que lhes domina todo o ser. Deus deve ser a prioridade máxima. 

Jesus descreveu um rico fazendeiro que usou toda a sua energia em seu trabalho; o fim dele foi muito triste (veja Lc 12:15-21). Jesus concluiu a história desta forma: 
"Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus" (12:21). 
Outros textos falam do contentamento e do grande perigo de amar o dinheiro (veja Mateus 6:19-21; 1 Tm 6:6-10).

Conclusão


O cristão deve trabalhar com diligência, mas jamais deve fazer do trabalho um deus. Resumindo, quando trabalharmos façamos sempre como que para Deus, sendo trabalho fora do ambiente religioso ou não. Sendo assim, será sempre sagrado. 

Quando digo, sagrado, refiro-me à consagração, separação e santificação. A nossa vida cristã não pode ter compartimentos profanos, pagãos e outros compartimentos sacros e santificados. 

Tudo tem que ser elevado a nível do sagrado, nada menos do que isto. Desta forma o Nome do Senhor será glorificado em tudo que fizermos, e foi para isto que fomos criados por Deus.

[Fonte: Estudos Bíblicos, por Gary Fisher; Com Cristo, Tudo Novo, por Pr. Eber Jamil]

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.

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