Com certeza, geralmente, a figura da serpente está sempre ligada a coisas ruins, malignas. Muito disso se deve por causa da passagem bíblica registrada em Gênesis 3:1-14, onde ela é a antagonista na narrativa do episódio sobre a queda com a entrada do pecado na humanidade.
No texto deste artigo, faremos uma análise sobre todos os significados simbólicos desse réptil, em uma análise sobre os contextos bíblico e espiritual.
O que a Bíblia diz sobre serpentes
As cobras são criaturas altamente simbólicas. Elas estão enraizadas na cultura dos EUA, em particular, por causa de nossa herança religiosa compartilhada. Na Bíblia, as serpentes assumem muitos significados.
O mais óbvio é a serpente que enganou Eva e a tentou a comer o fruto proibido da árvore do conhecimento. Esta serpente está relacionada a sentimentos de tentação e sexo, fé questionada e algo que se interpõe entre você e sua religião.
Ao longo da Bíblia, as serpentes são usadas em imagens negativas. No Evangelho de Mateus, João Batista chama os fariseus de "raça de víboras". Jesus usou termos semelhantes em Mateus 23:33, dizendo a eles:
"Vós serpentes, vós geração de víboras, como podeis escapar da condenação do inferno?"
Esta mesma conexão entre serpentes e desonestidade e baixa moral tem continuado até hoje. Chamem alguém de "cobra", e você estaria chamando alguém de uma vida baixa enganosa e desonesta.
Mas essa imagem não é tudo o que há para as cobras. Se você sonha com serpentes, esse é apenas um significado possível que você poderia tomar. Isso explica porque algumas pessoas têm medo de cobras e outras não se preocupam com elas de forma alguma.
O que as serpentes simbolizam nos sonhos?
Se as imagens dos seus sonhos contêm cobras, você primeiro tem que olhar para o contexto do sonho. Você se sentiu feliz? Você se sentiu triste? Você estava preocupado e ansioso, ou pensava em sua fé?
Por que o uso da serpente como um símbolo de malignidade?
Uma grande variedade de cobras, venenosas e não venenosas, é comum na Palestina e nas terras próximas. Estes incluem a áspide ou cobra egípcia (Naja haje; hb. peṯen; gr. aspís), a víbora de chifre (Cerastes cornutus; hb. šep̱îp̱ōn), a víbora do tapete (Echis colorata; talvez o hb. ṣep̱a’), o epha (Echis carinatus), a cobra-de-chicote (Coluber jugularis) e numerosas outras.
O termo hebreu nāḥāš e grego óphis são termos gerais que não diferenciam espécies; os termos para répteis em geral (hb. zöḥeleṯ; gr. herpetón) são às vezes aplicados a cobras.
O grego échidna é um termo geral para cobras venenosas. O hebreu ṣip̱‘ônî e ’ep̱‘eh podem ter sido aplicados a tipos particulares de cobras, mas que agora não são conhecidos. O hebreu ‘aḵšûḇ (Salmo 140:3) deveria ser tomado como "aranha" em vez de "víbora" (KJV "cobra").
A figura da serpente na Bíblia e na mitologia pagã
Por causa do lugar particular que as cobras mantêm nas antigas crenças populares e na mitologia, duas palavras hebraicas são usadas para designar não apenas cobras, mas também criaturas celestes e mitológicas, tannîn e śārāp̱.
A associação de cobras com criaturas mitológicas, especificamente monstros do caos, em relação à criação do mundo nas literaturas de outros povos antigos do Oriente Próximo é ecoada no Antigo Testamento (por exemplo, Jó 26:13, se referindo ao leviatã).
Durante as jornadas dos israelitas através do deserto, Deus respondeu às suas reclamações em um ponto, enviando serpentes venenosas ("de fogo") entre eles, o que matou muitas pessoas (Números 21:5,6). A solução dada por Deus era uma serpente de bronze feita por Moisés, a qual os aflitos deviam contemplar.
Assim como outros povos do antigo Oriente Próximo associavam cobras a divindades, especialmente no Egito, a serpente de bronze mais tarde veio a ser adorada como um ídolo e, portanto, teve que ser destruída (2 Reis 18:4).
O veneno é comumente referido como uma característica das cobras no Antigo Testamento, apesar de muitas cobras palestinas serem inofensivas. Essa compreensão das cobras como geralmente venenosas era a base para a associação forte e variada de cobras com o mal.
Várias figuras de linguagem surgiram dessa associação, incluindo figuras sobre os efeitos da violência na sociedade (Sl 58:4; 140:3), todo tipo de perigo que uma pessoa pode encontrar (91:13), os efeitos do vinho (Provérbios 23:32), os inimigos violentos (Deuteronômio 32:33; Jeremias 8:17), as pessoas más (Mateus 3:7), e do mal e da violência em geral (Isaías 14:29).
Jesus e a figura simbólica da serpente
Sem o Espírito Santo e essa chave é impossível compreender a Bíblia, a Palavra de Deus. Quando Jesus ensinava o seu emblemático discípulo Nicodemus, Ele usou essa chave que está no versículo 14 do terceiro capítulo do evangelho de João:
"Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna".
Jesus vai ao Antigo Testamento buscar um episódio ocorrido com os israelitas e o conecta a Si mesmo e à sua morte na cruz. Esta é a chave: sem o Novo Testamento e a obra consumada de Cristo é impossível entendermos o Velho Testamento, pois o que aconteceu no passado são símbolos e figuras de Cristo. Ao ler uma passagem do Antigo Testamento você deve sempre perguntar: onde está Cristo aqui?
Entendendo o contexto
Em sua peregrinação pelo deserto rumo à Terra Prometida os israelitas foram atacados por serpentes venenosas. Muitos morreram e o povo clamou por salvação. Deus ordenou a Moisés que fundisse uma serpente de bronze e a colocasse na ponta de uma haste, para que fosse levantada. Todos os que olhassem para ela eram imediatamente curados.
A figura da serpente nos remete ao jardim do Éden, ao pecado original. A serpente de bronze, traduzida às vezes como "serpente ardente", precisou passar pelo fogo para ser moldada, e há também a haste na qual a serpente é levantada.
Tudo isso aponta para Jesus na cruz. Apesar de ser sem pecado, Ele foi feito pecado por nós, suportou o fogo do juízo de Deus e foi levantado numa cruz. Os israelitas olhavam para a serpente de bronze levantada na haste e eram curados. Jesus crucificado é a cura para o pecado do homem.
Como um Doutor da Lei, Nicodemus conhecia muito bem o registro em Números, por isso Jesus fez essa conexão, não para que ele, como também nós, a entendêssemos.
Ou seja, a mensagem é: você só encontrará perdão e paz olhando para o Crucificado, crendo que Ele tomou o seu lugar, recebeu sobre o Seu corpo os seus pecados e suportou todo o castigo de Deus que era devido ao pecador.
O bendito resultado daquela obra consumada na cruz é que você agora pode ser salvo; pode receber de graça uma vida inteiramente nova vinda de Deus, e ser feito apto por Ele para viver eternamente no céu.
Há algo de bom na figura da serpente?
"Sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas" (Mateus 10:16).
Observar atentamente a natureza é extrair dela preciosas lições. Em diversas passagens bíblicas podemos encontrar ensinamentos que animais e plantas, em suas características, podem nos proporcionar.
O Senhor Jesus usou a serpente e a pomba, dois animais tão diferentes, a fim de aconselhar-nos sobre duas virtudes essenciais que devemos ter e, assim, nos mantermos protegidos das maldades alheias.
Para entender melhor o que o Mestre quis ensinar vamos analisar cada uma das características destes respectivos bichos.
A serpente é um animal extremamente prudente. Você não a vê por aí. Geralmente, seu ataque acontece sem ao menos a vítima perceber sua presença. Ela observa bem tudo ao seu redor. Ela evita expor-se ao perigo. É precavida.
Em contrapartida, é muito comum ver pombas pelas praças, por exemplo. Sua presença não intimida ninguém, pois são inofensivas.
E não só elas não fazem mal a ninguém como também não percebem o perigo. Inclusive, são capazes de pousar em frente a um predador.
Por isso, é necessário o equilíbrio entre essas duas características. Você deve ser inofensivo, porém, prudente.
Se você for só simples, ou seja, ingênuo como uma pomba, sofrerá danos.
"O prudente prevê o mal, e esconde-se; mas os simples passam e acabam pagando" (Pv 22:3).
Paulo e a Víbora na Ilha de Malta
Análise contextual ponto a ponto
- Com a víbora na mão
A vida de Paulo passa por uma cadeia de eventos que parece não terminar. Agora, em Malta, uma víbora se agarra em sua mão (Atos 28:3). Existem momentos que devemos escolher entre lamentar ou agir, esperar que a tela da provação se feche ou sacudirmos as mãos.
Na interpretação das pessoas, alguma maldição estava sob a vida de Paulo. Mas ele não se deixou levar nem pela víbora, nem pela opinião alheia. Existem palavras que nos paralisam e nessas horas é importante não somente sacudir as mãos, como também a mente (Romanos 1:1,2).
A atitude correta e a esperança (Rm 4:18; Colossenses 1:23; 1 Tessalonicenses 5:8). Não importa quantas víboras se prendam à nossa mão, Deus não nos chamou para sermos consumidos pelas víboras da desesperança e da dúvida, mas para sacudi-las no fogo.
- Uma víbora fugindo do fogo
Os bárbaros foram solidários com os sobreviventes do naufrágio (At 28:2). Por causa do frio e da chuva, eles foram se aquecer diante da fogueira e Paulo juntou alguns gravetos secos para lançar no fogo já existente. Então, para fugir do "calor", a víbora se revelou de onde estava camuflada (28:3).
O texto é claro: "o fogo" revelou onde estava a víbora. Se desejarmos de todo o coração um avivamento em nosso tempo, vamos ficar surpresos em ver a atuação de satanás em lugares e vidas aparentemente normais. O fogo tem como característica iluminar e tudo o que estiver acobertado pelas trevas há de se declarar (Daniel 2:22; 1 Co 3:13; Efésios 5:13).
- Uma víbora lançada no fogo
Todos esperavam que Paulo morresse, mas ele de modo simples sacudiu a víbora na fogueira e agiu como se nada houvesse acontecido (At 28:4,5). De repente, viram que Paulo já não era mais uma maldição e passaram a compará-lo com um "deus" (28:6).
Em nossa vida, sempre haverá fases que irão nos marcar e depende de nós deixarmos que as situações nos afoguem ou nos impulsionem a seguir em frente (Filipenses 3:12,13). Estar nas mãos de Jesus é sempre ir além do essencial (Fp 4:12).
Não podemos ser parados pelo que pensam ou acham de nós. Muitos não entendem como Deus está agindo conosco e traçam um perfil de acordo com o que veem. Para uns somos malditos, para outros somos deuses, mas o que importa, na verdade, é o que somos para Deus e o que Ele é para nós.
Os bárbaros eram politeístas e a "justiça" a quem se referem estava personificada na deusa "Dike" que segundo suas crenças, intervia para castigar os malfeitores (At 28:4). Paulo estava dentro do propósito divino e as circunstâncias lhe criaram possibilidades para atuar em nome do Senhor.
- Entre gravetos secos
Traçando aqui um paralelo da vida espiritual, entendemos que estar "seco" é estar sem vida (Ezequiel 37:11; Marcos 11:12-14; 20,21). Observemos que a fogueira já estava acesa e Paulo conduzia gravetos secos para adicioná-los ao fogo e este aumentar (At 28:2).
A víbora entre os gravetos secos é um símbolo da ação de Satanás numa vida sem frutos e sem comunhão (Provérbios 30:19). Quando essa vida é levada ao fogo da presença de Deus, o calor do Espírito Santo gera o incômodo, fazendo com que o inimigo se manifeste e parta em retirada.
A unção que estava sobre a vida de Paulo era mais forte que o veneno da serpente e assim também acontece com todo aquele que está cheio do poder do Espírito Santo (Lucas 10:19; Marcos 16:17; Ef 6:16).
- Víbora agarrada na mão
O fato de a víbora abocanhar a mão de Paulo nos ensina como satanás tenta nos frear, inutilizando nossas ferramentas de trabalho que, neste caso, eram as mãos de Paulo (2 Co 10:4; At 28:3). A mordida não aconteceu somente pelo fato da víbora fugir do fogo, foi um golpe de retaliação, um último golpe antes da derrota.
Em vários casos de libertação e batalha espiritual, a retaliação é certa, por isso devemos estar preparados como Paulo que não se importando com a víbora, de pronto a lançou no fogo, que é o seu lugar (Mt 25:41; Apocalipse 20:10).
- Maravilhas na ilha de Malta
Paulo não permitiu que a rejeição e a crítica frustrassem os projetos de Deus em sua vida. Públio, o chefe da ilha de malta, era o principal representante romano dessa ilha. Seu pai estava doente e Paulo teve a oportunidade de exercitar seu dom de curar e levar-lhe o consolo. Após serem informados acerca do milagre, os demais moradores da ilha que estavam doentes também vieram e foram curados pelas mãos de Paulo (At 28:9).
- Avivamento e provisão
A experiência nos ensina que as grandes provações são sinais de grandes maravilhas por parte do nosso Deus. Após a batalha com a víbora, Paulo se torna a esperança daqueles nativos e, como gratidão pela benção alcançada, eles tanto honraram quanto supriram as necessidades do apóstolo (At 28.9,10).
- O propósito do poder sobrenatural de Deus
No momento em que as pessoas viram a víbora agarrada à mão de Paulo, elas tiraram suas próprias conclusões, interpretando de forma errônea aquela situação.
Se nesse exato momento Paulo não estivesse cônscio de sua missão e firme na fé, os comentários poderiam alterar sua situação. Por que Paulo sacudiu a víbora no fogo?
Porque sabia em quem podia confiar. Quando confiamos em Deus e nos mantemos fiéis à sua Palavra, Ele transforma a vergonha em honra e escassez em abundância (Is 61:3; At 28:10).
Conclusão
O cristão e a serpente: absolutamente nada a ver
Ou seja, analisando todos estes contextos acima, fica reafirmado que não há nada de bom que possa ser associado à figura simbólica da serpente em seu simbolismo espiritual.
Não ignoramos que as aberrações doutrinárias, inspiradas por satanás, extrapolam as coisas que a nossa mente poderia conceber. Contudo, é destacável desde sempre a mais antiga e durável delas, que satanás se manifestou na serpente para enganar e iludir Eva.
Na verdade, o sábio rei Salomão, há muito já nos orientava quanto a isso ao dizer que
"nada há de novo debaixo do sol. O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará. Há alguma coisa que se possa dizer: Vê isto é novo? Pois já foi nos séculos passados que foram antes de nós" (Eclesiastes 1:8,9).
Paulo manifestou seu temor dizendo que
"assim como a serpente enganou Eva com sua astúcia, assim também, de alguma sorte, poderiam ser corrompidos os nossos sentidos, ocasionando afastamento da simplicidade que há em Cristo" (2 Coríntios 11:3).
O diabo, a antiga serpente, continuará falando e disseminando seus enganos. Mas nós, como eleitos de Deus, constituímos a verdadeira Igreja do Senhor e, como ovelhas, temos Jesus como o nosso supremo Pastor. Ele nos chama pelo nome. E nós reconhecemos a sua voz (João 10:2,3). Todo aquele que preza a verdade ouvi e obedece Sua voz (18:37).
A voz da serpente permanecerá ecoando pelo pouco tempo que lhe resta, e nós, como defensores da fé, devemos estar sempre preparados para responder com mansidão e temor àqueles que pedirem a razão da esperança que há em nós (1 Pedro 3:15). Devemos estar surdos à voz da serpente e prontos a escutar o que Deus nos diz. Não devemos nos voltar para a insensatez (Sl 85:8).
[Fonte: Biblioteca Bíblica — por Myers, A. C. (1987). "The Eerdmans Bible Dictionary". Rev. ed. 1975. (p. 926). Grand Rapids, Mich.: Eerdmans. Instituto Cristão de Pesquisa]
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.
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