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quinta-feira, 5 de novembro de 2020

PAPO RETO — VOCÊ TEM FÉ OU É AVARENTO?

"Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" (Mateus 6:19-21, ênfase por mim acrescentada).
Certamente estes são dos versículos mais conhecidos e também pregados da Bíblia. Porém, e digo com base em fatos, é também um dos menos vivido. Principalmente entre os propagadores da confissão positiva, um dos tentáculos da famigerada teologia (ou teoria) da prosperidade, o acúmulo e a aquisição financeira e de bens materiais, é o alicerce doutrinário e o que caracteriza que determinado indivíduo é abençoado. Mas, será isso mesmo que Deus nos ensina em Sua Palavra? É o que veremos no texto de mais um capítulo da série especial de artigos Papo Reto.

O problema da avareza

"E disse ao povo: 'Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui'" (Lucas 12:15).
Muitos líderes falham por não ensinarem e não conduzirem o povo de forma correta nas questões da contribuição e do uso do dinheiro, porque temem tonar-se um alvo de críticas, de zombarias e acusações; "avarenta", porque nem mesmo a liderança cristã, de modo geral, pode ser considerada como um exemplo de contribuição.

Alguns nem têm a coragem de ensinarem muito acerca do assunto para não ficar feio para eles mesmos. Uma vez que muitos dos próprios líderes não agem com desprendimento, acabam estabelecendo um modelo (oferecido por suas próprias vidas) para o rebanho, o qual, por sua vez, também caminha no mesmo padrão de falta de liberalidade. No entanto, creio que virão dias de uma mudança gerada por uma nova visão e compreensão das antigas verdades bíblicas!

A importância do ensinamento sobre o uso correto do dinheiro


Muitos crentes não percebem a importância do ensino nesta área. Na verdade, falar sobre dinheiro nas igrejas em geral causa desconforto. Porém, como é possível não falarmos acerca deste assunto? Quase a metade das parábolas de Jesus o mencionam. Além do Senhor Jesus, vemos que os apóstolos falavam, ensinavam, e corrigiam os crentes no tocante ao nosso relacionamento com o dinheiro. Este não é um assunto sem importância. As Escrituras falam mais dele do que de muitos outros temas que julgamos vitais para uma vida cristã sadia. Howard Dayton, em seu livro "O Seu Dinheiro" (Bless Editora, 2002) declara que, na Bíblia, há mais de dois mil e trezentos versículos sobre dinheiro, bens e posses.

É preciso entendermos que o dinheiro em si não é errado, e sim as possíveis atitudes e inclinações do nosso coração.

Para este estudo, vamos nos basear na parábola do rico insensato, narrada em Lucas capítulo 12 verso 16 ao 21, que diz respeito a um dos grandes problemas que interferem, decisivamente, em nossa vida cristã: o problema da avareza (e/ou ganância, cobiça).

Neste ensinamento, o Mestre Jesus nos chama à atenção para um fato que parece não ser percebido por muitas pessoas. O fato de que não nos será permitido cruzar a fronteira da morte com nenhum bem material. É como diz um velho adágio popular: "Caixão não tem cofre."

Veremos que a ganância é uma loucura:
"Como saiu do ventre de sua mãe, assim também se irá, nu como veio; e nada tomará do seu trabalho, que possa levar na mão" (Eclesiastes 5:15).

O propósito da parábola


Jesus contou a parábola do rico insensato após alguém da multidão ter apelado para que Ele interferisse na partilha de uma herança familiar:
"Disse-lhe alguém dentre a multidão: 'Mestre, dize a meu irmão que reparte comigo a herança'" (Lc 12:13).
Ao que Jesus respondeu, energicamente: 
"Homem, quem me designou juiz ou árbitro entre vocês? E disse ao povo: 'Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui'" (Lucas 12:14,15).
Ao falar com Jesus, o homem da multidão o chamou de "mestre". Isso não era um elogio: é que os mestres da época (rabinos ou escribas) eram também procurados para resolver questões judiciais, principalmente as que envolviam a divisão de heranças familiares. A situação desse homem podia ser a de um irmão mais novo descontente com a lei que dava ao irmão mais velho o dobro da herança, na hora da partilha dos bens. No fundo, o que havia no coração era um perigoso e ambicioso desejo de ter mais dinheiro, mais riqueza, mais herança.

Na verdade, essa ganância por riqueza estava presente também em muitos corações daquela multidão; afinal, a vida nunca foi fácil. Aquela gente vivia sob o abusivo domínio político e militar do império romano; a cobrança injusta de impostos trouxera pobreza e miséria para quase todos (qualquer semelhança com o contexto atual não é mera coincidência).

Por isso, o povo vivia sonhando e buscando a falsa segurança da riqueza. Contudo, a proposta da parábola é outra: 
"Buscai antes o seu reino, e estas coisas vos serão acrescentadas" (12:31).

A verdade da Parábola


A verdade principal ensinada pela parábola do rico insensato é a de que devemos tomar cuidado com a ganância e com a avareza. O discípulo do Reino de Deus deve ter o seu coração nos tesouros do Reino de Deus.

Insistentemente, somos alertados pela Palavra de Deus quanto ao perigo de termos um coração exercitado na avareza: 
"Tendo os olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecar; engodando as almas inconstantes, tendo um coração exercitado na ganância, filhos de maldição" (2  Pedro 2:14).
Pois quem amar o dinheiro jamais dele se fartará:
"Quem ama o dinheiro não se fartará de dinheiro; nem o que ama a riqueza se fartará do ganho; também isso é vaidade" (Eclesiastes 5:10).
"Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1 Timóteo 6:10 — ênfase por mim acrescentada; note que o texto que é o amor ao dinheiro, não o dinheiro [como dizem e pensam muitos] a raiz de todos os males).
Fazer das riquezas o propósito da nossa vida é um erro fatal que leva à perdição eterna.

O amontoar egoísta de bens materiais é indicação de que a vida já não é considerada e avaliada do ponto de vista da eternidade. O egoísta e o cobiçoso já não centralizam o seu alvo e a sua realização em Deus, mas em si mesmos e nas suas possessões. O discípulo de Cristo não deve apegar-se às riquezas materiais como um tesouro que lhe dê garantia pessoal; ao contrário, deve colocar essas riquezas nas mãos de Deus, para uso do seu Reino.

Cada crente deve atentar para essa advertência de Jesus e examinar se há egoísmo e avareza em seu próprio coração. A Bíblia identifica a busca insaciável e avarenta pelas riquezas como idolatria, que é demoníaca:
"E andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. Mas a prostituição, e toda sorte de impureza ou cobiça, nem sequer se nomeie entre vós, como convém a santos, nem baixeza, nem conversa tola, nem gracejos indecentes, coisas essas que não convêm; mas antes ações de graças. Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus" (Efésios 5:3 — ênfase por mim acrescentada; note que a cobiça e a avareza estão no mesmo patamar de outros pecados sobre os quais muitos crentes se fixam "em combater" e/ou denunciar). 
"Exterminai, pois, as vossas inclinações carnais; a prostituição, a impureza, a paixão, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria" (Colossenses 3:5 — idem). 
"Seja a vossa vida isenta de ganância, contentando-vos com o que tendes; porque ele [Deus] mesmo disse: 'Não te deixarei, nem te desampararei'" (Hebreus 13:5 — idem).
É verdade que existem irmãos cristãos ricos, fazendo bom uso de sua riqueza material, utilizando seus recursos para abençoar o próximo e edificar o Reino do Senhor. Porém, para muitos (a maioria, posso afirmar sem correr o risco de ser leviano), a riqueza traz grandes problemas e prejuízos espirituais, porque, infelizmente, apegam-se demasiadamente ao dinheiro, e, nessa ânsia de tê-lo cada vez mais, acabam se descuidando dos princípios cristãos, que ensinam a integridade e a honestidade de caráter.
"Tais são as veredas de todo aquele que se entrega à cobiça; ela tira a vida dos que a possuem" (Provérbios 1:19).
Quem não se guarda do espírito de ganância incorre em outros pecados, tais como:
  • Injustiça, 
  • Furto(s), 
  • Mentira(s), 
  • Homicídio, 
  • Idolatria e
  • Apostasia (dentre outros).

Os desafios da parábola

• 1º Desafio — Jesus deseja que evitemos o consumismo:


Aprendamos a separar aquilo de que precisamos daquilo que desejamos. Se não tomarmos cuidado, será fácil fazermos que nossos desejos se tornem necessidades urgentíssimas. As propagandas televisivas são especializadas em fazer que desejemos e consumamos coisas de que não precisamos; e o consumismo leva ao endividamento; este, à ansiedade, que nos faz desconfiar do cuidado providencial de Deus, garantido na Palavra (Lc 12:27-34)

Fique atento, pois talvez você nem precise dos bens móveis ou imóveis que deseja e cobiça ansiosamente! Aprenda a viver modestamente e com contentamento.

"Tendo, porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes." (1 Timóteo 6:8)

• 2º Desafio — Jesus deseja que deixemos o individualismo:


Tudo na vida do rico da parábola girava em torno do próprio eu: "meus frutos", "meus celeiros" , "meu produto", "meus bens". Em sua vida, não havia espaço para Deus e nem para o próximo, pois tudo era planejado e pensando em função de sua satisfação pessoal:
"Direi à minha alma...".
Não há dúvida de que esse apego excessivo às coisas é um dos mais danosos hábitos que alguém pode ter. Como é uma atitude bastante natural no ser humano, raramente reconhecemos a malignidade dela; mas suas consequências são trágicas, funestas.
"Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição" (1 Tm 6:9).
Meu irmão, cuidado com o egoísmo! Guarde-se de toda e qualquer avareza!

• 3º Desafio — Jesus deseja que vivamos a solidariedade:


Solidariedade e misericórdia são palavras banidas do vocabulário do rico da parábola. Isso nos ensina que, com dinheiro, podemos fazer muita coisa boa e muita coisa ruim: com dinheiro, uma pessoa pode, egoisticamente, atender a seus próprios desejos, mas também pode, generosamente, atender às necessidades daqueles que a cercam.

Caro irmão, quanto mais você ajudar as pessoas carentes, mais se afastará dos efeitos espiritualmente destruidores da ganância. Saiba que teremos de prestar contas a Deus de como usamos as coisas que recebemos nesta vida para abençoar o próximo e edificar o reino de Deus
"Vendei o que possuís, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que jamais acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" (Lc 12:33,34).

Doar é a essência do cristianismo

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16).
Através do homem rico da parábola, o Senhor Jesus nos adverte a não depositarmos nossa esperança nas riquezas desta terra. Devemos ter consciência de que, muito embora elas possam nos trazer conforto e prestígio, em nada contribuirão, além daqui.

Mas é possível afirmar que maior perigo é canalizar tanta energia, tanto vigor, tanta ansiedade em busca de algo que, na verdade, não é o bem mais precioso que nossa alma possa adquirir. 

Conclusão

O apego aos bens


A Igreja nos ensina que somos apenas administradores de todos os bens e riquezas que Deus põe em nossas mãos, para que, com eles, façamos o bem aos outros. Devemos prestar contar a Deus de tudo, como Jesus mostrou na parábola dos talentos (cf. Mt 25:14-30).

O apego aos bens deste mundo é algo muito forte em nós, quase que uma "segunda natureza"; portanto, só com o auxílio da graça de Deus podemos vencer essa tentação forte. Desde pequenos, fomos educados para "ganhar a vida". Será preciso a força do Espírito Santo em nossa alma para nos "convencer" da necessidade de uma vida de desprendimento e o devido contentamento com uma vida de humildade (válido salientar que humildade, não tem absolutamente nada a ver com miserabilidade, mas, sim em se viver de maneira confortável, sem a necessidade de uma vida luxuosa, se essa não é a sua realidade).

Para dominar esse forte impulso, que age dentro de cada um de nós, é preciso oração, meditação e grande esforço de nossa parte; sobretudo, no sentido de nos convencermos da grandeza do desprendimento. Mais do que nunca, o Espírito Santo terá que vir em nosso auxílio contra essa nossa fraqueza.

A sã doutrina nos ensina a caminhar por entre as coisas que passam, abraçando somente as que não passam. Sejamos, portanto, senhor de nossas posses, não escravos delas.
 
[Fonte: Casa do Senhor; Orvalho.com, por pr. Luciano Subirá]

A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

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