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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

TRAGÉDIA EM BRUMADINHO: 30 DIAS DE LUTO


Era o meio de um dia aparentemente comum. Uma sexta-feira que parecia mais um fim de semana como outro qualquer. Na manhã daquele dia 25 de janeiro de 2019, 313 pessoas se levantaram e começaram os seus afazeres cotidianos. Trabalhadores(as) se levantaram, tomaram seu café, se despediram de suas famílias e foram à luta. 

Muitos(as) deixaram esposos(as), filhos(as); outros deixaram mães, pais e irmão(ãs), alguns ainda dormindo. Profissionais dos setores administrativos entraram em suas salas, ligaram seus computadores e deram início aos seus despachos. Profissionais dos setores operacionais assumiram seus postos, suas máquinas, seus volantes, suas cabines, suas ferramentas. Pequenos agricultores encaminharam-se à suas hortas, já preparados para mais um dia de plantar, colher, ordenhar e alimentar seus animais... 

Todos já com o físico, a mente e até a aparência cansada pela labuta, porém, felizes pela semana que findava. "Graças a Deus, mais uma semana chega ao fim!", certamente era o pensamento de muitos deles - quiçá de todos eles.

Dentre eles, havia os que iriam emendar a semana para um ganho extra no intuito de dar uma equilibrada nas finanças, afinal os tempos são difíceis e a crise econômica pela qual passa o Brasil ainda resiste, apesar de números estatísticos insistirem em afirmar que ela está indo embora. Sendo assim, algumas horas extras sempre ajudam. Outros já se preparavam para relaxar no sábado e no domingo. Curtir a família. Tomar uma cervejinha gelada ("afinal, ninguém é de ferro..."), ir à missa ou ao culto no domingo ("há muito o que agradecer a Deus..."). 

"Nesse final de semana de calor intenso, vou curtir uma cachoeira com a galera." "Domingo é dia da peladinha com a turma, preciso acabar com essa barriga." "Minha última semana de trabalho. À partir de segunda-feira, enfim começam minhas férias."... Um dia como outro qualquer. Apenas mais uma sexta-feira no cotidiano. 

Após o almoço, muitos se espalharam em busca de um cantinho para fazer a sesta e depois recomeçarem a jornada. Outros jogavam conversa fora. Outros viam televisão no refeitório ou mesmo na sala de suas casas. Os mais privilegiados, desfrutavam das luxuosas instalações da Pousada Nova Estância, enquanto outros lá mesmo já estavam no exercício de suas funções profissionais (afinal, o trabalho não podia parar...).

O dia que ainda não acabou


De repente, não mais que de repente, ouve-se um barulho ensurdecedor! O que seria? Um vagão descarrilando? Uma batida de algum caminhão pesado (daqueles enormes, conhecidos como "fora-de-estrada", que transitam nas mineradoras)? Não, está mais parecendo o barulho da queda de um avião. Misericórdia! Pânico, correria, gritos, destruição, devastação. 

O som aumentando cada vez mais e não era som de nenhuma sirene. Era uma tsunami de lama de rejeitos de minérios que descia de uma das minas do Córrego do Feijão, pertencente à mineradora Vale. Com uma força descomunal e impossível de se conter, ela veio varrendo tudo com sua onda violenta: estruturas, edificações, máquinas... VIDAS! Muitas vidas.

Em um tempo recorde, apenas poucos minutos, sonhos, planos, projetos e futuros deixaram de existir e tudo o que se via, tudo o que sobrou foram destroços e corpos soterrados, inúmeros deles dilacerados. Assim, num abrir e fechar de olhos, aquele que parecia ser um dia como outro qualquer assumiu um tom cinza... ou melhor, cinza não, vermelho, da cor do sangue... Muito sangue. Choros, lamentos, dores, muitas dores.

O azul do céu foi tomado por um outro vermelho, mas não o vermelho que desceu misturado à lama e aos rejeitos do minério, mas o vermelho dos helicópteros do Corpo de Bombeiros. Cada decolagem, fazia nascer a esperança nos corações doídos de muitas famílias ainda consternadas, quase não acreditando no que estava acontecendo, apesar do que os olhos mostravam.

Cada pouso, se não trazia o alento esperado, ao menos trazia a dignidade devida a um ser humano, ainda que embrulhada em sacos pretos, ainda que não inteiros, apenas segmentos de corpos, mas símbolos da existência do ente querido de alguém. Em terra, o vermelho das fardas perdia a cor ao ser mergulhado no mar de lama. Rostos cansadas, sujos, mas com expressões bem delineadas de consternação e sensibilidade.

Corpos exaustos, porém, imbatíveis em busca de outros corpos que jaziam perdidos em meio ao lamaçal assassino. Embora não gostam de ser assim chamados, não há outra definição para estes homens e mulheres a não ser: HERÓIS e HEROÍNAS da vida real. Toda a heroica corporação representada em uma pessoa: voz equilibrada, coerente, gentil, firme, responsável, sem perder o tom da serenidade, da sensatez, da humanidade, da sensibilidade - vencendo o embargo imposto pela emoção e comoção que os olhos puxados dos traços orientais não conseguiam conter. Tenente Pedro Aihara. Um jovem de apenas 26 anos, uma presença e uma voz que diariamente deram o tom sombrio da tragédia de proporções tão devastadoras que ainda não é possível dimensionar. 

Vidas de pessoas, de animais, do tão celebrado e conhecido rio Paraopeba, habitat natural de outras centenas de vidas aquáticas que também se foram, levadas pela lama intrusa, invasora cuja matiz de cores perturbadoras pintou com o cenário de destruição, outrora cenário de um pacato e verde povoado, um monumento fúnebre à ganância de outros seres humanos que neste exato momento estão traçando seus planejamentos para os ganhos dos seus futuros que estão garantidos pela afronta e ousadia da impunidade grassante em cifras numerárias.

Conclusão


30 dias se passaram. O saldo até o momento é de 134 desaparecidos. O número de mortos chega a 179. Ricos, pobres, negros, brancos, magros, gordos, fortes, fracos, bebês, crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, homens, mulheres, bons, maus, humildes, arrogantes, religiosos, ateus...: 313 VIDAS, PESSOAS, SEMELHANTES!

De acordo com informações, a barragem, localizada a 57 quilômetros de Belo Horizonte, rompeu-se por volta das 12h20, de sexta-feira, 25 de janeiro. Sobreviventes relatam que um mar de lama tomou conta de estradas, do rio, do povoado e, sobretudo, da área da Vale, empresa responsável pela barragem. Como era hora do almoço, muitos funcionários ficaram retidos no restaurante. 

O misto de perplexidade, tristeza e indignação se instalou no país. As dificuldades causadas pela lama e riscos de contaminação aliados à chuva intensa aumentaram ainda mais a tensão nas buscas por vítimas. Famílias inteiras desapareceram. Nem todos foram localizados. Ontem (24), ocorreram manifestações em Brumadinho e em Belo Horizonte para homenagear os mortos. Pela estimativa do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, os trabalhos deverão se estender por três a quatro meses após o rompimento.

Pela estimativa do Corpo de Bombeiros, os trabalhos de resgate e de localização de vítimas deverão se estender por mais dois ou três meses. Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o rompimento é o pior desastre em uma barragem em todo o mundo na última década.

Oito profissionais da Vale ligados à segurança da estrutura seguem presos. Para o Ministério Público de Minas Gerais, não foi acidente, mas "crime doloso" (com intenção) e, por isso, é preciso investigar até a cúpula da Vale. Uma das linhas de apuração envolve descobrir quem detinha informações sobre a barragem antes do rompimento.

Enfim, para mim e você que leu este artigo, a vida continua, vida que segue até que...
"Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar algum tempo à jornada da sua vida?" (Mateus 6:27)

[Fonte: EBC - Agência Brasil; Veja]

A Deus toda glória.
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         E nem 1% religioso.

Um comentário:

  1. Muito bom!Realmente a vida pode ser breve como um piscar de olhos. Temos que viver intensamente e com a consciência tranquila.

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