A bordo do tradicional Rolls Royce, motivo de suspense até o início da cerimônia de posse, era cerca de 15 horas quando Jair Messias Bolsonaro (PSL) chegou ao Congresso Nacional como o eleito de 57,7 milhões para de lá sair quase uma hora e meia depois como o 38º presidente do Brasil.
O nascimento da Era Bolsonaro foi marcado por um forte esquema de segurança em Brasília - mais rígido do que nas posses presidenciais dos antecessores. Profissionais de imprensa chegaram a reclamar de restrições no acesso aos locais da cerimônia, rigidez no tratamento e pela obrigação de deslocamento prévio ao Centro Cultural Banco do Brasil - o quartel-geral da transição - no início da manhã, sete horas antes do início da cerimônia de posse.
"O capitão chegou!"
Sai o vermelho, entra o verde e amarelo
Empossado, o capitão da reserva do Exército e agora ex-deputado federal mostrou que o discurso que conquistou a maioria do eleitorado e deu vazão a uma onda conservadora que se espalhou pelo país não será abrandado com a chegada ao poder.
Vitorioso na campanha presidencial mais polarizada da história, Bolsonaro também terá de enfrentar um rombo fiscal que já dura cinco anos e um cenário econômico que conta com 12 milhões de desempregados e a necessidade de reformas como a da Previdência.
Bolsonaro, com 63 anos, tomou posse às 15h:00, em cerimônia no Congresso Nacional ao lado do general Hamilton Mourão, que será seu vice-presidente. Depois dirigiu-se ao Palácio do Planalto onde recebeu a faixa presidencial do agora ex-presidente Michel Temer (PMDB).
Em meio ao forte esquema de segurança que cercou a posse, o tradicional desfile em carro aberto dos presidentes recém-empossados ocorreu em um clima de intensa euforia pelo público formado por pessoas de todas as partes do Brasil. Uma onda verde-amarela inundou Brasília, algo bem diferente do ocorrido nas posses dos ex-presidentes Lula e Dilma, quando o que se via, era uma invasão vermelha, cor predominante da bandeira do PT.
Estima-se que entre 250 mil e 500 mil pessoas (os números nunca são precisos, podem ser mais ou menos) acompanharam a posse de Bolsonaro.
Além de simpatizantes e lideranças políticas brasileiras, também acompanharam a posse do novo presidente autoridades internacionais, como o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu - que já se encontrava há alguns dias no Brasil -, e o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, representantes de dois países com que Bolsonaro deverá buscar relações estreitas.
Estima-se que entre 250 mil e 500 mil pessoas (os números nunca são precisos, podem ser mais ou menos) acompanharam a posse de Bolsonaro.
Além de simpatizantes e lideranças políticas brasileiras, também acompanharam a posse do novo presidente autoridades internacionais, como o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu - que já se encontrava há alguns dias no Brasil -, e o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, representantes de dois países com que Bolsonaro deverá buscar relações estreitas.
Um ditador entre nós
Dentre os participantes da cerimônia de posse do Bolsonaro, uma controversa presença chamou a atenção. Evo Morales, um dos herdeiros do bolivarianismo de Hugo Chávez. Ao lado do presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, o líder cocaleiro convertido em presidente em 2006 na Bolívia, era o único político de expressão da esquerda latino-americana na cerimônia. Evo e Bolsonaro têm divergências ideológicas homéricas, mas trocaram efusivos apertos de mãos ainda no plenário da Câmara e, depois, na hora reservada às congratulações das delegações do Exterior. Mais um ponto para Bolsonaro que deu uma aula de diplomacia, atitude que a situação exigia.
Mudanças e desafios
No período de transição de governo, iniciado pouco depois de seu triunfo eleitoral em 28 de outubro, Bolsonaro manteve suas promessas de campanha, entre elas a de mudar a forma de negociação do Executivo com o Legislativo e de não buscar indicações partidárias para compor o primeiro escalão do governo, fugindo da nefasta prática das conchavos.
Em vez disso, nomeou auxiliares que mesmo alinhados à sua ideologia mais à direita, têm características mais técnicas e apontou que suas tratativas com o Parlamento se dariam por meio de conversas com bancadas temáticas - nomeou a coordenadora da Frente Parlamentar da Agropecuária, Tereza Cristina, para chefiar o Ministério da Agricultura, por exemplo.
Indicou também vários militares para postos-chaves do governo, casos dos generais Augusto Heleno e Carlos Alberto Santos Cruz, que estarão ao lado do novo presidente no Palácio do Planalto, o primeiro como chefe do GSI e o segundo à frente da Secretaria de Governo.
"Não é que não vai ter conversa, o modelo que vigora ainda, de ministério por votos, não deu certo. Mergulhou o Brasil em ineficiência e na corrupção. Os parlamentares mesmo não querem mais isso.
Alguns foram levados para o olho do furacão no vácuo, não queriam estar lá. E a grande parte deles, que temos conversado, é que o modelo que estamos adotando não é que pode dar certo, tem que dar certo",
disse em entrevista o agora presidente no final de novembro.
A efetividade dessa estratégia, no entanto, tem sido alvo de ceticismo por parte de lideranças partidárias acostumadas com os bastidores da política.
Bolsonaro deve inaugurar também um novo modelo de comunicação de presidente da República. Após vencer a eleição impulsionado por uma bem-sucedida estratégia nas redes sociais, o novo presidente fez de sua conta no Twitter o principal canal para anúncios de nomes do primeiro escalão.
O modelo, parecido com o adotado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de quem Bolsonaro é declarado admirador - e a recíproca se mostrou verdadeira, diga-se de passagem -, deverá permanecer com o capitão da reserva instalado no gabinete presidencial.
A mudança radical na política externa, que deverá ser uma das marcas do novo governo, poderá ser testada já no final do primeiro mês de mandato, caso Bolsonaro compareça
- como tem sinalizado que fará - ao Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça de Davos.
Após a sua estreia no palco internacional, o novo presidente se ausentará do cargo para realizar a cirurgia de retirada da bolsa de colostomia, colocada após a facada de setembro que perfurou seu intestino e o obrigou a passar por duas cirurgias de emergência.
Primeiro militar a assumir a Presidência desde o fim da ditadura em 1985, Bolsonaro será temporariamente substituído nesses dois períodos - a possível viagem a Davos e a cirurgia - pelo seu vice, o general da reserva Hamilton Mourão, que será assim o primeiro general a ocupar o Palácio do Planalto desde o fim do regime militar.
Linearidade
Logo no início do breve discurso, cerca de nove minutos, que fez no parlamento, Bolsonaro falou novamente em
"reconstruir nosso país e resgatar a esperança dos nossos compatriotas"
e esse foi o tom da fala - em consonância com as promessas que fez na campanha eleitoral e indicando a intenção de manter acesa a polarização com a esquerda que marcou o confronto com o PT do candidato derrotado Fernando Haddad. Bolsonaro prometeu um Brasil
"livre de amarras ideológicas",
citando a valorização das famílias, respeito às religiões sem abdicar da tradição judaico-cristã e combater o ensino de gênero nas escolas.
O presidente falou em governar para os brasileiros que
"querem boas escolas, capazes de preparar seus filhos para o mercado de trabalho e não para a militância política; que sonham com a liberdade de ir e vir, sem serem vitimados pelo crime; que desejam conquistar, pelo mérito, bons empregos e sustentar com dignidade suas famílias; que exigem saúde, educação, infraestrutura e saneamento básico, em respeito aos direitos e garantias fundamentais da nossa Constituição".
Bolsonaro reforçou a defesa da flexibilização do acesso às armas para legítima defesa, maior segurança jurídica para policiais que se envolvem em confrontos e a valorização das Forças Armadas - temas frequentes do candidato e que agora acompanham o presidente no Planalto. Pediu ruptura com vícios da classe política e garantiu que vai mudar as bases da relação com o Congresso. Faz acenos ao mercado prometendo responsabilidade fiscal, respeito a contratos e reformas - sem especificá-las.
Uma dama de primeira
Durante a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), foi outra pessoa quem roubou a cena, ao menos nas redes sociais: a nova primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Seu nome aparece na tarde desta terça-feira (1º) em segundo lugar nos trending topics do Twitter e é o segundo mais buscado no Google. Michelle também foi bastante exaltada pelo público presente na Praça dos Três Poderes. A nova primeira-dama quebrou o protocolo e levou o público ao delírio ao fazer, em libras, um discurso próprio direcionado às pessoas com deficiência auditiva.
Michelle de Paula Firmo Reinaldo era o nome de solteira daquela que, desde ontem (1/1/2019), assume oficialmente o posto de primeira-dama do Brasil. Evangélica, Michelle Bolsonaro mudou a trajetória do marido, tem pulso firme quando o assunto é a educação das filhas e já sabe muito bem o que quer fazer nesse período como esposa do presidente.
Sem perfil ativo no Facebook, a primeira-dama acompanhou a corrida eleitoral vencida pelo marido à distância e apareceu poucas vezes ao lado de Bolsonaro durante o período. Mesmo na biografia "Mito ou Verdade", escrita pelo enteado Flávio Bolsonaro, ela não é mencionada. Supostamente, uma estratégia para preservar a imagem de Michelle.
Algo mais do que Discursos e promessas
É certo que Bolsonaro foi eleito por uma fatia expressiva dos brasileiros que viram nele não o reformista de que o País tanto precisa, mas o homem que se comprometeu a varrer para o passado, quem sabe para o esquecimento, o petismo e seu terrível legado. O presidente cometerá um grave erro, no entanto, se limitar sua agenda e suas energias a essa faxina política e moral.
Pois não se pode ignorar que muitos eleitores de Bolsonaro esperam dele, antes de tudo, uma ação vigorosa e imediata contra o que enxergam como intolerável influência da esquerda na educação, nas artes e nos costumes. Na hipótese de ser levada a sério pelo presidente, essa visão tenderá a drenar forças políticas de um governo que deveria concentrar-se no essencial – e nem de longe o essencial, hoje, é fiscalizar o comportamento de professores, enquanto o sistema educacional continua em ruínas.
A encruzilhada em que o País se encontra não permite distrações desse tipo, úteis somente para quem pretende desviar a atenção dos reais e múltiplos problemas que devem ser enfrentados sem delongas. Se quiser realmente transformar o Brasil "em uma grande, livre e próspera nação", como prometeu em seu discurso da vitória, Bolsonaro terá de usar seu imenso capital político para convencer os brasileiros, a começar de seus eleitores, de que o mais importante neste momento é concentrar esforços para reformar a Previdência e racionalizar drasticamente os gastos públicos, medidas que normalmente são impopulares. Sem isso, o País não atrairá os investimentos que se traduzem em empregos.
Os desafios são abundantes. Nos quatro anos do mandato que ora se inicia, as despesas primárias (que não incluem o pagamento de juros) terão de ser reduzidas em R$ 148,8 bilhões, ou 0,5% do PIB, por ano. Um rombo desse tamanho não será eliminado sem grandes sacrifícios, que vão muito além do enxugamento de Ministérios e da venda de estatais. Será preciso cortar na carne.
É urgente discutir a sério o engessamento do Orçamento, que impede o uso racional das receitas, pois grande parte delas tem destinação definida pela Constituição, e não pela realidade. É previsível que qualquer proposta que vise a desvincular receitas, cortando gastos onde eles não são necessários, seja recebida com a já tradicional zanga das corporações, até aqui muito satisfeitas com o loteamento do Orçamento entre elas; logo, o governo terá de estar pronto para enfrentar a vigorosa tradição patrimonialista que tanto atravanca o País.
Ademais, o governo que está começando decerto sabe que não há espaço para novos aumentos salariais de servidores públicos, tema que gera profundo desgaste para qualquer presidente. Também é notório que a política de correção do salário mínimo, hoje bastante generosa, terá de ser revista, o que provavelmente terá repercussão negativa entre os milhões de trabalhadores que estão nessa faixa de remuneração, sem falar dos aposentados cujo benefício é reajustado por esse indicador.
Além disso, será preciso modificar substancialmente a política de subsídios e incentivos fiscais, que, a título de estimular determinados setores da economia, acabou transferindo renda dos mais pobres para os mais ricos e não resultou em aumento significativo nem da produtividade nem da geração de empregos.
E isso é só o começo. Há um profundo déficit de segurança pública, saúde, educação, saneamento básico e infraestrutura que está há anos à espera de quem se disponha a enfrentá-lo para valer, sem demagogia.
Conclusão
Sempre que começa um novo governo, a esperança de que isso finalmente venha a acontecer se renova. Só não é possível imaginar que tantos problemas se resolvam por mágica ou por ato de vontade. É preciso muito trabalho e, acima de tudo, a consciência de que é a solidez dos fundamentos da economia que assenta todo o edifício de um bom governo. Com Jair Bolsonaro vão as esperanças de todos os brasileiros.
As críticas reforçam outro ponto que marcou o candidato Bolsonaro e que subiu a rampa do Palácio do Planalto: o relacionamento conflituoso com a imprensa tradicional. Entusiasta da comunicação direta das redes sociais, o novo presidente fez um raro improviso no discurso lido ao agradecer
"a honrosa missão de governar o Brasil",
acrescentando ao texto a expressão
"governar com [ao invés de para] vocês".
[Fonte: NSC Total, por Upiara Boschi; Notícias Agrícolas; Estadão]
A Deus toda glória.
https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
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