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quarta-feira, 23 de maio de 2018

CANÇÕES ETERNAS CANÇÕES - "A WHITER SHADE OF PALE", PROCOL HARUM

Há décadas que eu me divirto com esta música. "A Whiter Shade of Pale" é a canção de estreia dos ingleses do Procol Harum, banda de rock progressivo. O compacto foi lançado em 12 de maio de 1967 - ou seja, esta belíssima canção já uma quinquagenária - e chegou à primeira colocação dentre as músicas mais ouvidas na Inglaterra em 8 de junho de 1967, permanecendo lá por seis semanas. Sem muita promoção, atingiu a quinta posição nas paradas americanas.

As versões e as trilhas sonoras


São conhecidas mais de 900 gravações por outros artistas. A música foi incluída em inúmeras compilações de sucessos da década de 60 e foi usada em trilhas sonoras de muitos filmes, como "O Reencontro (The Big Chill)" - 1983, "Purple Haze" - 1983, "Ondas do Destino (Breaking the Waves)" - 1996, "Os Piratas do Rock (The Boat That Rocked)" - 2009 e, com direção de Martin Scorsese, "Contos de Nova York (New York Stories)" - 1989 (falo mais sobre este filme abaixo). Outras versões da canção são utilizadas em outros filmes como, por exemplo, a de King Curtis em "Os Desajustados (Withnail and I)" - 1987 e a de Annie Lennox em "A Rede (The Net)" - 1995. 

Polêmica à vista


Os créditos de composição originais foram somente para Gary Brooker e Keith Reid. Matthew Fisher interpôs um processo em tribunal contra o vocalista Brooker e o letrista Reid por o terem excluído da assinatura dos créditos de autoria da canção e, consequentemente, dos direitos de reprodução. 

Porém, no dia 30 de junho de 2009 o Tribunal Supremo de Londres determinou que 40 por cento dos direitos de autor da música pertencem a Fisher. O teclista argumenta que se inspirou em Bach para compor a melodia da canção, a mais conhecida das músicas interpretadas pelos Procol Harum.

Já o vocalista Gary Brooker afiançava que tinha escrito o tema em conjunto com o letrista Keith Reid antes de Fisher ter integrado a banda em março de 1967. Certo é que, com a decisão do tribunal londrino, Brooker teve de pagar a Fisher mais de 700 mil euros de direitos da música.

A história da música


"A Whiter Shade of Pale" foi composta em 1967 e o sucesso foi tal que a banda vendeu à conta deste tema mais de dez milhões de discos em todo o mundo.

Enquanto o mundo se deleitava com o álbum Sgt. Pepper's..., dos Beatles, a música que estava em primeiro lugar nas paradas britânicas era "A Whiter Shade of Pale", o primeiro single do Procol Harum. A canção, que mistura rock, classissismo e música barroca, tem mais de 900 versões de outros músicos e estabeleceu um conexão da banda com os Beatles e Jimi Hendrix.

Sua importância é tal que abriu as comportas do rock para trabalhos como "Bohemian Rhapsody", do Queen, e toda a obra de Rick Wakeman. Assim como "Money For Nothing", do Dire Straits, nasceu de uma conversa ouvida casualmente, Keith Reid, tomando café, ouviu alguém dizendo para uma garota
"You’ve gone a whiter shade of pale",
e Bummm! aí estava o título da canção que começou exatamente assim: pelo título. A letra faz referência de Shakespeare ao nosso Milton Nascimento, e contém elementos sobrenaturais e mitológicos. Até hoje estudiosos tentam explicar o seu significado sem completo sucesso.

A música é romântica, trágica e sombriamente mágica. De difícil tradução, "A Whiter Shade of Pale" fala sobre muitas coisas e muitas outras ficam subentendidas (ou, como preferem alguns, "subliminares"). As traduções que encontrei na Internet, para o português, não me satisfizeram nem um pouco, nem puderam me servir de base, então eu mesmo fiz a tradução e adaptação da letra para o português. A métrica e a poesia ficaram, sim, prejudicadas, mas o conteúdo não. Fiz o possível para que a mensagem ficasse clara para vocês e o trabalho é revelador. Leiam e tirem suas conclusões. 
"A Wither Shade of Pale" 
We skipped the light fandango
Turned cartwheels 'cross the floor
I was feeling kinda seasick
But the crowd called out for more
The room was humming harder
As the ceiling flew away
When we called out for another drink
The waiter brought a tray
And so it was that later As the miller told his tale
That her face, at first just ghostly
Turned a whiter shade of pale 
She said, 'There is no reason
And the truth is plain to see'
But I wandered through my playing cards
And would not let her be
One of sixteen vestal virgin
Who were leaving for the coast
And although my eyes were open
They might have just as well've been closed
And so it was that later
As the miller told his tale
That her face, at first just ghostly
Turned a whiter shade of pale
And so it was that later...
 
"Translúcida e Pálida Como a Morte" 
Dançamos um alegre fandango,
Deslizando em círculos pelo soalho
Eu estava me sentindo meio mareado,
A multidão gritava pedindo mais.
O lugar rangia duramente e o teto voou para longe,
Quando pedimos um outro drink
O garçom trouxe uma gamela.
Era uma hora tão tardia,
Que quando a mariposa contou sua história,
A face dela, antes apenas fantasmagórica,
Tornou-se translúcida e pálida como a morte. 
Disse ela: 'Não há o que discutir,
A verdade é evidente, pode-se ver'.
Mas eu estava perdido em meu baralho, e não permitiria que ela se tornasse uma das dezesseis
virgens vestais que partiam para o litoral.
Embora meus olhos estivessem abertos, talvez tenham sido fechados.
E era uma hora tão tardia,
Que quando a mariposa contou sua história,
A face dela, antes apenas fantasmagórica,
Tornou-se translúcida e pálida como a morte.
E foi aí que mais tarde...

Recordes


Em 2009, a música "A Whiter Shade of Pale", foi eleita como a mais reproduzida em espaços públicos do Reino Unido em 75 anos, segundo a organização PPL, responsável por arrecadar dinheiro por direitos autorais de compositores e cantores. A canção esteve durante seis semanas no topo da lista dos singles mais escutados desde 1967. 

Depois de "A Whiter Shade of Pale" está "Bohemian Rhapsody", do Queen, e a terceira posição ficou para "All I Have to do is Dream", do grupo The Everly Brothers. A PPL publicou lista com 75 canções mais reproduzidas em locais como supermercados e elevadores. 

O caso de "A Whiter Shade of Pale" do Procol Harum é diferente de "I Don't Want to Talk About It" da banda Crazy Horse e "Without You" do Badfinger. Pois assim que "A Whiter Shade of Pale" foi lançada, foi reconhecida por público e crítica e obteve o sucesso merecido; sendo que até hoje é uma música sempre relembrada em shows, premiações, filmes, artigos de revistas especializadas, etc. 

Conclusão


Não me lembro quando foi que ouvi "A Whiter Shade of Pale" pela primeira vez, talvez pelo rádio, em vinil no toca-discos de alguém. Pode ter sido em alguma trilha sonora de algum filme, propaganda ou novela na TV, de qualquer maneira a melodia nunca mais saiu da minha cabeça. Tenho dúvidas se ouvi pela primeira vez a versão original do Procol Harum ou do "bom moço" do rock, Johnny Rivers (ouça ➫ aqui). As duas versões são muito boas, mas a versão original do Procol é a melhor! 

Há muito que eu não ouvia "A Whiter Shade of Pale", mas de qualquer maneira a canção estava arquivada para sempre em minha mente desfragmentada. Lá pela metade da década de 1990, peguei numa locadora de vídeo-cassete o filme "Contos de Nova Iorque". O filme era dividido em três curtas tendo como tema central a cidade de Nova Iorque. 

Os curtas foram dirigidos por diretores diferentes. A primeira história 'Life Lessons' foi dirigida por Martin Scorsese e escrita por Richard Price; a segunda 'Life Without Zoe', foi dirigida por Francis Ford Coppola e escrita por Sofia Coppola e Francis Ford Coppola; e a terceira 'Oedipus Wrecks' foi dirigida e escrita por Woody Allen. As três histórias ocorridas em Nova Iorque relatam os dramas, sonhos e conflitos de pessoas comuns em situações interessantes e pessoais de forma distinta, mas que ainda assim mantém a unidade do filme. 

Na história 'Life Lessons' (Lições de Vida) o tema de abertura e encerramento era simplesmente "A Whiter Shade of Pale" com o Procol Harum. 'Lições de Vida' foi protagonizado por Nick Nolte e Rossana Arquette. Nolte fazia o papel de um pintor abstrato nova-iorquino em evidência que tinha uma relação conflituosa com sua amante, assistente e aspirante ambiciosa, interpretada pela então jovem atriz Rosanna Arquette, que coincidentemente ou não, tinha um tom de pele levemente claro de pálido. Enfim, vale a pena assistir e, lógico, vale mais que a pena ouvir a música:
Vídeo clipe original de 1967 com banda Procul Harum interpretando a canção "A Whiter Shade of Pale"

Obviamente, esse super clássico recebe o meu merecido carimbo de:


A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso.

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