"Descansa no Senhor, e espera nele; não te indignes por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do homem que executa astutos intentos" (Salmos 37:7).
A verdadeira prosperidade é ter a salvação de Deus em Cristo Jesus.
"Verdadeiramente bom é Deus para com Israel, para com os limpos de coração.
Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos.
Pois eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios.
Porque não há apertos na sua morte, mas firme está a sua força.
Não se acham em trabalhos como outros homens, nem são afligidos como outros homens.
Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como de adorno.
Os olhos deles estão inchados de gordura; eles têm mais do que o coração podia desejar.
São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente.
Põem as suas bocas contra os céus, e as suas línguas andam pela terra.
Por isso o povo dele volta aqui, e águas de copo cheio se lhes espremem.
E eles dizem: Como o sabe Deus? Há conhecimento no Altíssimo?
Eis que estes são ímpios, e prosperam no mundo; aumentam em riquezas.
Na verdade que em vão tenho purificado o meu coração; e lavei as minhas mãos na inocência.
Pois todo o dia tenho sido afligido, e castigado cada manhã.
Se eu dissesse: Falarei assim; eis que ofenderia a geração de teus filhos.
Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso;
Até que entrei no santuário de Deus; então entendi eu o fim deles" (Salmos 73:1-17).
O salmista teve a sua fé duramente provada ao procurar entender porque os ímpios prosperam tanto, enquanto os justos, embora temam a Deus e pautem exemplarmente a sua vida, sofrem, às vezes, tremendos dissabores. Contudo, Deus é justo. Se não entendemos tudo o que acontece no mundo, um dia, quando chegamos à divina presença, compreenderemos todos os mistérios.
I. Bom é Deus para com Israel
O salmo começa com uma conclusão incisiva. O salmista previne o leitor o que exporá com relação aos ímpios, refere-se a uma situação já superada. Essa conclusão é a razão de ser do Salmo 73. Mais do que uma lamentação sobre a prosperidade dos ímpios, este salmo é um hino de fé e de confiança em Deus.
Uma das características que o servo de Deus têm é continuar a esperar nEle. Sabemos que corremos por uma coroa incorruptível (1 Coríntios 9:25) e que nosso galardão está no céu (Mateus 5:12a). Não devemos nos preocupar com os prazeres e riquezas do mundo, pois o Senhor tem grandes bênçãos reservadas para nós (16:27).
II. Asafe e a prosperidade dos ímpios (vs. 4-12)
O salmista enfoca diversas facetas da vida dos ímpios. Muito perturbado, refere-se a estes como sendo os poderosos deste mundo. Parece esquecer-se dos ímpios que estão sempre marcados pela pobreza e miséria.
1. Não trabalham muito
Na realidade, pode-se perceber claramente que muitos homens abastados são ímpios da pior espécie. Ganham dinheiro facilmente através de atividades desonestas tais como tráfico de drogas, prostituição (inclusive de menores), contrabando, extorsão, corrupção etc. Há muita gente trabalhando para eles, de modo que não precisam afadigar-se nem se consumir em suor.
2. São soberbos e violentos (v. 6)
Asafe ressalta o fato de os ímpios cercarem-se de orgulho como de um colar; eles "vestem-se de violência como de um adorno". A violência do ímpio, na prática, é uma arma de defesa. A Bíblia declara que "a soberba do homem o abaterá..." (Provérbios 29:23).
3. Bem alimentados e criativos (v. 7)
Na verdade, os ricos, que não têm compromisso com Deus, vivem de banquetes e de festas, que são símbolo do poder humano. Eles não encontram tempo para refletir acerca do seu destino eterno.
4. São corruptos e opressores (v. 8)
Infelizmente, até no meio evangélico, há pessoas que procedem injustamente contra operários e trabalhadores. Não é à toa que Tiago condena os ricos opressores (5:4).
5. São Incrédulos e blasfemam contra Deus (vs. 9-11)
Temos visto exemplos marcantes de ímpios que se voltaram contra Deus e, hoje, encontram-se esmagados pela mão do Altíssimo. Eis o que Davi deixou-nos escrito:
"Aquele que habita nos céus se rirá... o Senhor zombará deles" (Sl 2:4).
E, na Epístola aos Hebreus, esta advertência:
"Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo" (10:31).
III. Como Asafe sentiu-se ante a prosperidade dos ímpios
1. Quase desviado (v. 2)
Após afirmar que Deus é bom para com Israel, Asafe passa a narrar o que lhe sucedeu ao contemplar a prosperidade dos ímpios. Sua mente ficou perturbada. Ele mesmo o confessa:
"Quanto a mim, os meus pés quase se desviaram."
2. Invejando os soberbos (v. 3)
Como pode um homem de Deus, como Asafe, ser assaltado por um sentimento tão baixo quanto a inveja? Só o entenderemos, analisando sua crise a partir do prisma da fraqueza humana. Ele teve inveja dos soberbos "ao ver a prosperidade dos ímpios".
Não é difícil, nos dias de hoje, encontrarmos irmãos assaltados por esse sentimento tão nocivo quanto a inveja, que é uma obra da carne (Gálatas 5:21). A Bíblia chega a comparar a inveja com câncer nos ossos (Provérbios 14:30). Todos nós estamos sujeitos a sucumbir nesse sentimento, principalmente quando estamos enfrentando lutas. Clamemos, então, sobre nós o sangue de Jesus.
Quem foi Asafe
Antes de continuar com o estudo desse salmo, acho importante que saibamos quem de fato foi Asafe na história bíblica, por isso vou abrir um parêntese aqui e fazer um resumo biográfico sobre esse levita.
Asafe foi um levita, filho de Baraquias, descendente de Gerson, filho de Levi (1 Crônicas 6:1; 6:39-43). Asafe foi um músico importante da época de Davi, e foi nomeado pelos principais levitas como responsável pela música, juntamente com Etã e Hemã, quando a arca foi transportada da casa de Obede-Edom para a cidade de Jerusalém (15:16-19).
- O músico Asafe
Asafe foi constituído pelo rei Davi como líder dos levitas que foram postos como ministros perante a Arca do Senhor (16:4,5). O instrumento principal de Asafe era os címbalos, um instrumento que pertence à categoria de percussão, formado por dois discos metálicos, utilizado geralmente para acompanhar a harpa, trombeta, saltério e os tímbalos.
Quando o serviço do culto foi definitivamente organizado, das três famílias encarregadas da música e do canto, a família de Asafe foi uma delas (25:1-9). Os "filhos de Asafe" permaneceram como a principal família responsável pela música até à restauração (25; 2 Cr 20:14; 35:15; Esdras 3:10; Neemias 11:17-22; 12:35).
- Asafe além da música
Além de um exímio instrumentista e líder da música, Asafe também tinha reputação de vidente, que na época era alguém que recebia mensagens de Deus para a nação de Israel por meio de visões ou sonhos (2 Cr 29:30). Na mesma referência podemos perceber que Asafe era reconhecido como autor de alguns salmos utilizados por Ezequias no reavivamento da adoração no templo.
Não se sabe exatamente se Asafe viveu o bastante para ver o Templo erguido pelo rei Salomão já consagrado, ou se as referências feitas a ele significam simplesmente "a família de Asafe” ou “os filhos de Asafe".
- Os salmos de Asafe
Conforme já dito anteriormente, Asafe foi reconhecido como tendo sido um dos autores do livro de Salmos, escrevendo assim alguns dos salmos mais conhecidos. Tradicionalmente, são atribuídos como salmos de autoria de Asafe, ou de seus descendentes, o salmo 50, e os salmos 73 (ora em estudo) a 83.
Uma característica marcante nos salmos de Asafe é o seu questionamento acerca da prosperidade dos ímpios em contra partida ao sofrimento dos justos. Nitidamente percebemos que ele teve dificuldades em entender tal condição, a ponto de entristecer-se profundamente. Porém no próprio salmo 73, temos a certeza de que ele foi confortado em relação aos seus questionamentos, pois entendeu que haverá um dia em que Deus se levantará, e o ímpio será destruído.
- Outros homens chamados de Asafe na Bíblia
A Bíblia também fala de um Asafe que foi cronista ou escrivão no tempo do rei Ezequias (2 Reis 18:18,37), e de outro Asafe que era um oficial do rei da Pérsia e guarda do bosque real, sendo, muito provavelmente, um judeu.
Agora vamos dar sequência ao estudo do salmo.
3. Ficou perturbado
"Quando pensava em compreender isto, fiquei sobremodo perturbado" (v. 16).
4. Ficou desiludido com a sua vida espiritual (vs. 13, 14)
Diante de tantas evidências quanto à prosperidade dos ímpios, o salmista concluiu que, em vão, havia purificado o seu coração e lavado as suas mãos na inocência.
5. O coração azedou (v. 21)
Muitas pessoas deixam-se dominar por esse tipo de emoções e, como resultado, acabam acometidas por muitas doenças. O dr. Mc Millen, PhD cristão, afiança que 90% das enfermidades são de origem emocional. Por isso, a Palavra de Deus recomenda:
"Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem" (Hb 12:15).
IV. Entendendo a verdadeira prosperidade (vs. 15-20)
O salmista, então, descobre que ele próprio era próspero, e não o sabia. Por isso, glorifica a Deus.
1. Teve prudência ao falar (v. 15)
"Se dissesse: 'Também falarei assim; eis que ofenderia a geração de teus filhos'"
Mostra-nos isto que Asafe, embora houvera pensado negativamente, a ninguém manifestou o teor de seu pensamento. Nada disse à esposa, nem aos filhos ou aos amigos. Se o tivesse feito, teria pecado duas vezes. Uma, por achar que Deus era injusto. Outra, por abrir a boca e dizer coisas inoportunas.
Apesar de tudo, Asafe teve uma uma atitude louvável: levou suas dúvidas diretamente ao Senhor, sem comentá-las com ninguém.
2. Entrou no santuário de Deus (v. 17a)
Ao invés de falar, de murmurar, como muitos hoje em nossas igrejas, Asafe entrou no santuário para orar, buscar a Deus, e derramar, diante dEle, suas mágoas e frustrações. Ele não se fingiu de espiritual, mas demonstrou sua limitação humana.
3. Entendeu o fim dos ímpios (v. 17b)
Deus não revelou a Asafe o progresso, nem a prosperidade dos ímpios, mas o fim destes. O que estava acontecendo, o salmista já sabia. Deus permite que o ímpio prospere. Mas só materialmente. Espiritualmente, o ímpio é um miserável. Ele se gaba:
"Rico sou, e estou enriquecido e de nada tenho falta".
Todavia, a resposta de Deus logo vem:
"e não sabe que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu" (Apocalipse 3:17).
Por mais que não entendemos, questionemos e até não concordemos, é fato que Deus permite a prosperidade material do ímpio, mas o que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma (Marcos 8:36).
O salmista, por conseguinte, teve uma visão do futuro dos ímpios, a partir do que acontece no presente:
"...então, entendi eu o fim deles".
Meditemos no que o salmista entendeu:
- a) Deus os põe em lugares escorregadios (v. 18a) - Refere-se isso à falta de solidez dos ímpios. Eles não têm a casa edificada sobre a areia.
- b) Deus os lança em destruição (v.18b) - Por mais que prosperem, o fim dos ímpios (se não se converterem) é a destruição.
"Os ímpios serão lançados no inferno..." (Sl 9:17a)
- c) Eles caem em solação e são consumidos por terrores (v. 19) - Podem ter muitas riquezas, mas, no final, serão atormentados (ver Lucas 16:19-31).
- d) Deus despreza a aparência deles (v. 20b) - A essa altura, orando no templo, o salmista já houvera entendido que a glória e a prosperidade dos ímpios são apenas aparentes.
4. A verdadeira prosperidade (vs. 23-28)
Em sua estada no templo, o salmista teve profundas revelações. Não só quanto a falsa prosperidade dos perversos, mas, também, do que é ser realmente próspero.
- a) É estar com Deus (v. 23a)
"Todavia, estou em contínuo contigo."
Na presença do Senhor há fartura de alegria (Sl 16:11).
- b) É estar seguro por Deus (23b) - O salmista reconhece:
"...me seguraste pela mão direita..."
Asafe, agora, reconhece que, na verdade, ele é quem estava prosperando. Mesmo tendo sido tentado, o Senhor o sustentou em todas as coisas.
- c) É ser guiado por Deus até a eternidade (v. 24)
"Guiar-me-ás com teu conselho e, depois, me receberás em glória".
Quem é guiado por Deus tem segura prosperidade, principalmente no que tange às riquezas eternas.
- d) É ser rico, espiritualmente, no céu e na terra (v. 25)
"A quem tenho eu no céu senão a ti?"
Ele conclui que ninguém é mais valioso que o Senhor. Nenhuma riqueza material supera o fato de se ter Deus na vida. Isso contraria a ideia que muitos crentes alimentam quanto à prosperidade que é vista do ponto de vista utilitarista e material. Bens materiais são bênçãos de Deus para o crente, mas a verdadeira prosperidade é a das riquezas espirituais eternas.
- e) É ter Deus como fortaleza e porção da vida (v. 26) - O salmista, em sua oração/canção, viu que a sua carne era fraca, mas Deus era a fortaleza do seu coração. E acrescentou que Deus é a porção da sua vida. Essa é a verdadeira prosperidade.
- f) É aproximar-se de Deus e confiar nEle (v. 28) - Asafe conclui o salmo, dizendo:
"Mas, para mim, bom é aproximar-me de Deus."
Ele não avaliava mais prosperidade com ênfase na transitoriedade dos bens materiais, mas na prevalência do espiritual sobre o material e, principalmente, no relacionamento com Deus. Por fim, ele coloca no Senhor a sua confiança para anunciar aos outros às grandes obras de Deus.
Conclusão
Que a experiência de Asafe, permitida por Deus, e registrada em sua Palavra, sirva de preciosa lição para nós, hoje, e que jamais nos deixemos abater pelo fato de vermos os ímpios prosperarem. Davi, no Salmo 37:1, recomenda:
"Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade, porque cedo serão ceifados como a erva e murcharão como a verdura".
A Deus toda glória.
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