Apesar de ter escolhido em permanecer solteiro - não há absolutamente nada nem na esfera física e nem na esfera espiritual que me impeça o direito dessa escolha -, nunca deixei de reconhecer que o casamento seja uma benção. Apesar de tantas distorções sobre o conceito de família que temos visto na sociedade atual, o casamento é a coluna mestra na constituição familiar. Entretanto, o casamento não é apenas uma instituição social (um contrato) - que a filosofia modernista insiste em afirmar que já está falida - e sim uma aliança com fundamentos físicos e espirituais. Por qual motivo (ou, por quais motivos) os casamentos têm durado cada vez menos tempo? Como explicar o "fenômeno" do "casa-separa/separa-casa"? Será que as pessoas que estão se casando, sabem à fundo a importância dessa decisão? Neste artigo buscaremos equilíbrio nas Sagradas Escrituras, para que tenhamos uma visão divina sobre o casamento. Procurei não colocar meus posicionamentos pessoais e tentei ser o mais biblicamente equilibrado possível.
Porque (e não "para que") Deus criou a mulher?
"E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele." Gênesis 2:18
Analisando esse versículo do Gênesis, concluímos facilmente que a criação da mulher foi uma decisão de Deus, visando abençoar o homem. A mulher, então, é uma benção. Queremos responder a pergunta: Porque Deus achou bom criar a mulher para o homem? Respondendo a esta pergunta vamos, por necessidade, recapitular alguns fatos importantes enquanto adicionamos fatos complementares a esses. Para isso vejamos o que o casamento é e o que ele não é.
A. Instituição Divina
1. O que o casamento é
Entendendo o que é que Deus ajuntou podemos perceber o que é que Ele não fez. Vamos entender o que o casamento é:
a. União divina
Deus tem ajuntado - "Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem"(Mateus 19:6). - Casamento não é invenção de homem nenhum, nunca foi. Foi Deus quem ajuntou o homem e a mulher mesmo antes do pecado (Gn. 2:21, 22: formou [criação]; 1 Co 7:7, um dom; 1 Tm 4:3, criou [instituiu]). Se podemos concluir que o casamento é uma instituição de Deus não devemos tratá-lo como se fosse do homem usando a sabedoria do homem para o "melhorar", manipular ou regulamentar. Deus tem dado a Sua palavra sobre o assunto e é essa que precisamos (devíamos querer) e devemos seguir.
b. União perfeita
A perfeição aqui não se dá no sentido de ausência de erros (isso é impossível, uma vez que temos a união entre duas pessoas imperfeitas), mas de "união madura". O casamento pela Bíblia simboliza relacionamentos perfeitos e nisso podemos ver que casamento não "falta algo", afinal, Deus não criaria algo incompleto, faltando peças complementares. Quando Deus fez o casamento Ele o fez com a mesma perfeição quanto fez a luz, a terra seca, sistemas solares, animais, etc. Quando a relação de casamento é usada para representar algo, as qualidades do casamento estão vistas naquilo que é representado. Estude bem o relacionamento nestas duas maneiras que casamento é usado para simbolizar uma verdade: Deus Pai e Israel (Is 54:5; Jr 3:14)- Deus Filho e a Igreja (Ef 5:23-32; Ap 9:7-8).
c. União permanente na terra
Sempre terá o casamento na terra. Foi iniciado por Deus e continuará aqui na terra até a segunda vinda de Cristo (Lc 17:26, 27). No céu não terá casamento (Mc 12:25). Gênesis 2:24 diz que há relacionamentos temporários aqui na terra ("...deixará o homem o seu pai e a sua mãe..."), e há relacionamentos permanentes também ("...o homem apegar-se-á à sua mulher..."). Relacionamento de filho/pais ou filha/pais é temporário pois no casamento é necessário o que está se casando "deixar" os pais. Mas, no casamento, quem está se casando "apegar-se-á" para nunca mais deixar e, quer concordemos ou não, esta é a visão de Deus para o matrimônio conjugal.
d. União importante
Alicerce da sociedade, antes de qualquer outra instituição, o lar foi instituído. Isso quer mostrar que todas as ramificações da sociedade que surgiram, tem a família como o alicerce. Nada o que viria depois entraria em contradição com a primeira. Tudo foi estruturado dentro do contexto da família.
e. União contratual
Em Ezequiel 16:8, um dos símbolos do casamento (Deus pai com Israel) há o entendimento de contrato nas palavras "juramento" e "aliança" (ver também Malaquias 2:14). No casamento entre Rute e Boaz pode se ver testemunhas e algo feito para confirmar o negócio do casamento (Rute 4:2, 7-13).
Vendo as verdades acima relacionadas pode ser concluído o que se passa hoje por casamento ou é ignorância ou é nada mais que uma invenção conveniente do homem para exercer prazeres desordenados sem assumir nenhuma responsabilidade. É a vontade de Deus que o homem e mulher casados, que são chamados por Deus para serem casados, andem como Deus os designou andarem entre as suas responsabilidades, cada um desempenhando seu papel na organização familiar, enquanto estiverem aqui na terra (1 Cr 6:15-20; 2Cr 6:14-18). Só assim alguém pode conhecer as bênçãos de Deus no lar.
2. O que o casamento não é
Vendo o lado negativo de qualquer assunto ajudará entender o que qualquer assunto realmente é. Queremos examinar o que o casamento não é para formular opiniões sobre o casamento desde muito liberal ao lado muito conservador.
a. Instituição para procriar
Muitos acham que casamento foi uma maneira moral inventada para que o mandamento de Deus de "frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra. (Gn 1:28)" fosse possível. É certo e lógico o que diz que procriação fora de casamento é biblicamente ilícita, mas não é certo o raciocino que diz que casamento foi instituído para não ser pecaminosa a geração de filhos. Afinal, a consequência nunca deve ser considerada a causa.
b. Instituição para legalizar o sexo
Casamento também não pode ser igualado à moralização de sexo. Não há moralidade de sexo fora de casamento é certo, mas pode ter casamento sem a prática de sexo. O exemplo disso é de José e Maria. Eram casados legitimamente mas José "não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito (Mateus 1:24)". Se relações conjugais não fazem um casamento ser verdadeiro então as mesmas não podem anular um também. Um fator menor de casamento não pode ser a causa maior. Casamento é algo além de procriação ou de sexo. O sexo é uma satisfação carnal de ambos os cônjuges, mas não é, como afirmam alguns, os tais 90% em um casamento. Tal afirmação é de uma leviandade absurda, uma vez que há valores muito mais importantes na composição de um casamento. O sexo, então, deve ser uma consequência e nunca uma causa em um casamento.
3. O Porquê do Casamento
A resposta da pergunta "porque Deus instituiu o casamento?" pode ser nas próprias palavras de Deus em Gênesis 2:18, "E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele." (Ver também vv. 24, 25). Além da glória de Deus companheirismo é a razão principal de casamento ser instituído.
Em geral tanto o homem quanto a mulher são criados por Deus com uma necessidade de ter um ao outro e os dois glorificarem a Deus. Quando um não tem o que complementa, há solidão e um vazio. Deus falou que esta solidão não era boa. Foi por isso que criou o cônjuge e instituiu o casamento. Todo demais que muitos confundem com casamento (procriação, sexo, abertura um com o outro em todos os aspetos) vem como fruto de uma pessoa achar o companheirismo no seu cônjuge que Deus intentou que achasse. Em Provérbios 2:17 é dito que a mulher estranha "deixa o guia da sua mocidade". A palavra "guia" vem duma palavra hebraica que quer dizer "familiar", "amigo" ou "amansado (domesticado)" e mostra pelos significados das palavras uma intimidade sincera, pois quando essa mulher deixou o "guia" ela deixou a sua intimidade. Não é bom para homem ou mulher ser sem essa intimidade. Em Malaquias 2:14 é dito que o homem deixou "a mulher da tua mocidade" e diz que ela era "a tua companheira". Essa é a única vez no Velho Testamento que essa palavra hebraica é usada e significa "consorte" bem como "o navio que navega junto com outro". Significa associação e outras palavras que entendem uma união intima (Strongs #2278 e Novo Michaelis). Outra vez a Bíblia mostra que casamento tem na sua alma a ideia de companheirismo, que é uma associação que atua no interior de um ser humano.
4. As Bênçãos de Casamento
Quando os pretendentes consideram o casamento, eles o fazem para o seu próprio benefício. Estes mostram uma atitude de submissão ao exemplo Bíblico para duas pessoas conviverem e abre-se para elas o ambiente apropriado para receberem tudo o que um casamento pode ser. Casamento é venerado (Hb 13:4), abençoado (Sl 128:1-3) e a cerimônia de casamento Jesus assistiu pessoalmente (João 2:1, 2) mostrando o seu agrado no assunto. Os que querem viver juntos diferente do que a maneira bíblica é vista por Deus como prostituição e adultério, dos quais Deus julgará (Hb 13:4). Não pode melhorar a maneira com qual Deus ajuntou o homem e mulher. Outro fato importante a se destacar é o casamento do crente com o descrente, que, por ser um assunto bastante complexo, merece um artigo específico.
Enfim, o conceito mundano de que "juntado com fé, casado é", para justificar as chamadas uniões estáveis, pode até ser uma prática comum ao mundo (sistema social) e regulamentadas por leis que protegem os amásios quanto às questões judiciais de heranças patrimoniais e direitos financeiros, quanto a isso, eu não discuto - à César o que é de César. Entretanto, aos olhos de Deus, segundo as Escrituras, a única união conjugal reconhecida é o casamento.
Já que falei sobre o casamento nesse artigo, em breve falarei sobre o divórcio. Aguardem. Sola Scriptura!
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