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sábado, 6 de maio de 2023

PERSONAGENS BÍBLICOS — AGAR (OU HAGAR)

Atendendo a pedidos dos leitores e seguidores do blogue, retorno com minha série especial de artigos Personagens Bíblicos, onde trago o perfil de alguns personagens registrados nas Escrituras Sagradas. 

Neste capítulo de retorno da série, escolhi uma personagem feminina, muito emblemática e que, embora sua história nos traga muitos ensinamentos relevantes e bastantes contextuais, não é muito explorada pela maioria dos pregadores em suas ministrações.

Quem foi Agar?


A história de Agar está diretamente relacionada com a história de Abraão e Sara — estes sim, protagonistas nas ministrações e abordagens teólogicas — e ela é contada no Antigo Testamento do cânon bíblico, no livro das origens, o Gênesis. O nome "Agar"  tem origem hebraica e seu significado é incerto. 

Não se sabe muito bem a origem de Agar. Embora sua vida tenha sido marcada por dificuldades e sofrimentos, ela encontrou forças para continuar seguindo em frente confiando em Deus. Sua história é uma fonte de ensinamentos valiosos que podem nos ajudar a enfrentar nossos próprios desafios e dificuldades.

A história de Agar também tem um significado simbólico e teológico. Ela representa a escravidão e a opressão que as mulheres podem sofrer em uma sociedade patriarcal, bem como a ideia de que Deus cuida daqueles que são marginalizados e oprimidos.

A história de Agar é frequentemente usada como uma analogia entre a lei e a graça em Cristo. Conforme mencionado na Bíblia, Agar representa a antiga aliança baseada na lei, enquanto Sara representa a nova aliança baseada na graça.

Essa analogia é para mostrar como a graça de Cristo é superior à lei e como podemos ser libertos da escravidão do pecado por meio dela.

O que a Bíblia diz sobre Agar?


Segundo a Bíblia, Agar foi uma mulher egípcia e serva de Sara, esposa de Abraão. De acordo com a história registrada no livro de Gênesis (capítulo 16). Resumindo a história, Sara não podia ter filhos e por este motivo ela ofereceu Agar a Abraão, de 85 anos, como concubina, para que ela pudesse gerar a criança.
  • Válido enfatizar que, tal prática, comum ao contexto social e cultural da época,  embora tolerada por Deus, não era direcionada por Ele.
Um dia a Sara propôs a Abraão, seu marido, que se deitasse com Agar para que ela gerasse um filho e Abraão atendeu ao seu pedido. E assim, depois de dez anos em que Abraão habitava na terra de Canaã, sua esposa tomou Agar e a entregou como mulher ao seu marido.

Agar engravidou e, quando soube que estava grávida, começou a desprezar Sara. Isso levou a conflitos e discussões entre as duas mulheres. Eventualmente, Sara reclamou com Abraão e pediu que ele resolvesse a situação — situação essa, que, como vimos, foi causada pela própria Sara, em seu afã de "dar uma mãozinha pra Deus". Abraão permitiu que Sara fizesse o que quisesse com Agar.

Sara então tratou Agar tão mal que ela decidiu fugir para o deserto. Enquanto estava lá, um anjo do Senhor apareceu para ela e disse-lhe para retornar a Sara e se submeter a ela. O anjo também prometeu que sua descendência seria tão grande que não poderia ser contada.

Agar voltou para Sara e deu a luz ao seu filho, a quem chamou de Ismael. Anos mais tarde — aí sim, em cumprimento à promessa e como consequência do agir de Deus —, Sara finalmente deu à luz seu próprio filho, Isaque. Assim que Isaque cresceu e foi desmamado, Sara pediu a Abraão que expulsasse Agar e Ismael de sua casa.

Novamente, Abraão acatou a decisão de Sara — da pra ver o poder de manipulação da matriarca sobre seu marido, né? —, mas ficou relutante em enviar Agar e seu filho para o deserto sem recursos. Então, ele deu a eles água e pão e os despediu para o deserto.

Quando estavam caminhando errante pelo deserto de Berseba, acabou-se a água e, temendo a morte de seu filho, Agar colocou Ismael debaixo de um arbusto, levantou a sua voz e chorou.

Então, Deus ouviu o choro de Agar e enviou um anjo para atender as suas necessidades e firmar uma promessa, que faria de Ismael uma grande nação. Agar e Ismael sobreviveram no deserto e Ismael cresceu e teve filhos.

Deus esteve com o menino, ele cresceu, habitou no deserto, e tornou-se um flecheiro. Ele viveu no deserto de Parã e sua mãe, Agar, conseguiu lhe uma esposa da terra do Egito.

Os netos de Agar


Agar foi avó de doze filhos de Ismael: Nebaiote, Quedar, Adbeel, Mibsão, Misma, Dumá, Massá, Hadade, Temá, Jetur, Nafis e Quedemá (Gn 25:13-16).

Foram estes os doze filhos de Ismael, que se tornaram lideres de suas tribos. Seus povoados e acampamentos passaram a ser chamados por seus próprios nomes. Ismael viveu cento e trinta e sete anos (v. 17).

Seus descendentes estabeleceram-se na região que vai de Havilá a Sur, perto da fronteira com o Egito, na direção de quem vai para Assur. E viveram em hostilidade contra todos os seus irmãos, cumprindo o que o Senhor tinha dito quando Agar foi “visitada” pelo anjo do Senhor enquanto fugia de Sara (16:9-12).

Características positivas de Agar

  • Coragem

Agar mostrou coragem quando fugiu para o deserto com seu filho Ismael, mesmo quando ela não sabia o que o futuro reservava para eles. Ela enfrentou muitos desafios e confrontos, mas nunca desistiu. Sua coragem inspira outras pessoas a enfrentarem seus próprios medos e desafios.

  • Resiliência

Agar mostrou uma grande resiliência quando foi maltratada por Sara e teve que fugir para o deserto. Ela também provocou muitos outros desafios em sua vida, mas nunca perdeu a esperança. Sua resiliência é um exemplo para todos nós de como superar as adversidades.

  • Lealdade

Agar era leal a Abraão e Sara, mesmo quando eles a trataram mal. Ela cuidou do filho de Abraão e Sara, Ismael, com grande dedicação e amor. Sua lealdade é uma qualidade admirável que inspira outras pessoas a serem mais dedicadas e comprometidas em seus relacionamentos.

Características negativas de Agar

  • Orgulho

Quando Agar engravidou de Abraão, ela começou a desprezar Sara e agir com orgulho. Ela pensava que por ter um filho com Abraão, era superior a Sara. Esse orgulho causa conflitos e sofrimento, mostrando como o orgulho pode levar a problemas em nossos relacionamentos.

  • Falta de humildade

Agar também mostrou uma falta de humildade quando ela agiu com orgulho em relação a Sara. Ela pensava que merecia mais respeito e consideração do que Sara, o que a levou a desprezá-la. A falta de humildade é uma qualidade negativa que pode nos cegar para nossos próprios erros e limitações.

  • Falta de perdão

Quando Agar fugiu para o deserto, ela estava relutante com Sara por ter tratado mal. Ela levou algum tempo para perceber que ela também tinha responsabilidade no conflito. A falta de perdão é uma qualidade negativa que pode nos manter presos ao passado e nos impedir de seguir em frente.

Lições que podemos aprender com Agar


O que podemos aprender com Agar são lições valiosas, pois mesmo em meio ao deserto com a morte batendo em sua porta, Agar ouviu e atendeu a voz de Deus.

  • 1. A importância da paciência e confiança em Deus

Agar esperou por anos para ter um filho e sofreu muito por causa disso. Mas ela nunca perdeu a esperança e a confiança em Deus, mesmo quando ela se encontrou no deserto sozinha. Isso nos ensina a importância de sermos pacientes e confiantes em Deus, mesmo quando as coisas parecem difíceis ou impossíveis.

  • 2. O perigo da desobediência

Agar foi dada a Abraão como uma esposa secundária por sua esposa, Sara. Quando Agar engravidou, ela começou a desprezar Sara, o que levou a conflitos e sofrimento. Isso nos ensina que a desobediência às leis e às regras pode causar muitos problemas e conflitos.

  • 3. A necessidade de assumir responsabilidade por nossas ações

Quando Agar começou a desprezar Sara, ela estava assumindo uma atitude errada. Ela acabou tendo que assumir a responsabilidade por suas ações e sofreu por isso. Isso nos ensina que precisamos assumir a responsabilidade por nossas ações e comportamentos, mesmo quando as consequências são difíceis.

  • 4. O poder do arrependimento e do perdão

Agar fugiu para o deserto depois de ser maltratada por Sara. Mas Deus falou com ela e a guiou de volta para Abraão e Sara. Isso mostra o poder do arrependimento e do perdão, tanto de Deus quanto dos outros. O arrependimento pode nos levar a uma maior compreensão de nós mesmos e dos outros, enquanto o perdão pode curar relações quebradas.

  • 5. A importância de reconhecer nossa posição social

Agar era uma serva egípcia em uma cultura patriarcal. Ela não tinha muito controle sobre sua própria vida e estava em uma posição de servidão. Isso nos ensina a importância de reconhecer nossa posição social e como isso afeta nossas vidas e nossas escolhas.

  • 6. A necessidade de cuidar dos mais independentes

Quando Agar fugiu para o deserto, Deus a guiou de volta e o protegeu. Ele também cuidou de seu filho Ismael, que era vulnerável e dependente dela. Isso nos ensina a importância de cuidar dos mais dependentes em nossa sociedade, especialmente aqueles que não têm ninguém para cuidar deles.

  • 7. A força de vontade e a resiliência em momentos difíceis

Agar enfrentou muitos desafios em sua vida, incluindo ser uma serva, ser dada como esposa secundária, sofrer nas mãos de Sara e ter que fugir para o deserto com seu filho. Mas ela mostrou uma força de vontade e uma resiliência incrível, o que nos ensina que podemos ser fortes e resistentes, mesmo em momentos difíceis.

  • 8. A importância de ter fé em Deus

A história de Agar é um testemunho de sua fé em Deus. Ela confiava em Deus mesmo quando coisas pareciam impossíveis e incertas, e Deus a guiou e protegeu ao longo do caminho. O que eu aprendo com a vida de Agar é que a fé em Deus pode nos ajudar a superar os momentos difíceis e nos guiar em direção a um futuro melhor.

O trágico resultado da confusão gerada pelas decisões equivocadas de Abraão, Sara e Agar


O mundo assiste, atônito, ao conflito entre Israel e Palestina. Alguns criticam o governo de Israel pelos ataques, outros o governo palestino, liderado pelo Hamas. No entanto, é preciso conhecer a história de ambos, desde o princípio dos tempos. A história judaica começou há cerca de 4.000 anos, com Abraão, Isaque e Jacó. 

Documentos encontrados na Mesopotâmia, que datam de 2000-1500 a.C., confirmam aspectos da vida nômade desses patriarcas, tal como a Bíblia descreve. Após 400 anos de servidão, os israelitas foram conduzidos à liberdade por Moisés que, segundo a Bíblia, foi escolhido por Deus para tirar seu povo do Egito e levá-los à terra de Israel, prometida aos seus antepassados.

Após a 2ª Guerra Mundial, as Nações Unidas cederam uma porção da terra de Israel para o povo judeu, que era habitada por árabes, cuja maioria protestou, veementemente, contra o fato de a nação de Israel ocupar aquela terra. 

As nações árabes, inimigas entre si, resolveram se unir para atacar Israel, numa tentativa de exterminá-lo, mas foram derrotadas. Aí nasceu toda essa hostilidade entre Israel e seus vizinhos árabes. 

O território israelense é pequeno e está cercado por nações árabes como a Jordânia, a Síria, a Arábia Saudita, o Iraque e o Egito. Israel é, portanto, a terra que o Senhor deu aos descendentes de Jacó, neto de Abraão.

Mas, qual a diferença entre judeus e árabes? Os judeus são descendentes de Isaque, filho da promessa de Deus a Abraão. Os judeus são monoteístas, creem em um único Deus (Javé ou Jeová). Também é o povo escolhido por Deus para que, deles, nascesse o Salvador Jesus Cristo.

Os árabes são descendentes de Ismael, também filho de Abraão. Sendo Ismael filho de uma mulher escrava e Isaque o filho prometido que herdaria as promessas feitas a Abraão, obviamente haveria alguma animosidade entre os dois filhos. 

Como resultado das provocações de Ismael contra Isaque, Sara pediu para Abraão mandar embora Agar e Ismael. Isso causou no coração de Ismael ainda mais contenda contra Isaque.

Ismael não desapareceu das páginas da história sagrada e muito menos ficou sem bênção, meramente por não pertencer à linhagem de Israel. Deus tinha um lugar e um destino reservados para ele. 

O Messias, da linhagem de Isaque, também seria o Salvador dos demais descendentes de Abraão e de todas as famílias da terra. Entretanto, os descendentes de Ismael se tornaram inimigos ferrenhos de Israel, descendentes de Isaque (Salmo 83:1-18). E permanecem assim até os dias de hoje.

Que Deus abençoe a todos e que haja paz em Israel e na Palestina.

Conclusão

A morte de Agar


Por fim, para além do livro de Gênesis, alguns estudiosos identificam Agar com Quetura, a mulher com quem Abraão se casou após a morte de Sara e com quem teve seis filhos: Zinran, Jokshan, Medan, Midian, Ishbak e Shuah. 

Ademais, o Alcorão, bem como alguns judeus, acreditam que Agar foi uma princesa. Por outro lado, Agar é frequentemente admirada como o símbolo das mulheres submissas que perseveram e lutam contra a opressão. Não há registro da morte de Agar.

A história de Agar é um exemplo inspirador de perseverança, fé em Deus e superação de adversidades.

Ao longo deste estudo bíblico, exploramos algumas das lições que podemos aprender com a história de vida de Agar, incluindo a importância da obediência a Deus, a necessidade de confiar em sua providência e a compreensão da diferença entre a lei e a graça.

Enfim, espero que essa história possa inspirar todos aqueles que buscam compreender melhor a Bíblia e a importância de personagens como Agar para nossa vida e fé.

[Fonte: Projeto GospelJornal O Tempo, por pastor Jorge Linhares]

Ao Único e Todo-Poderoso Deus, seja toda glória.
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E nem 1% religioso.

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