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quinta-feira, 24 de setembro de 2020

PAPO RETO: PORQUE É MAIS FÁCIL CHORAR COM OS QUE CHORAM...

...do que se alegrar com os que se alegram?

"Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram..." (Romanos 12:15)
Na epístola do apóstolo Paulo, enviado à igreja em Roma, no capítulo 12, do versículo 13 ao 21, vemos o apóstolo dos gentios dando uma interessante e conflitante série de orientações aos irmãos que ali congregavam.

Interessante por se tratar de orientações práticas que deveriam ser aplicadas nos relacionamentos sociais, intersociais, pessoais e interpessoais que caracterizam o estilo de vida não só para aquele grupo, mas para toda a comunidade cristã na face da Terra, sem limitação de tempo e independente de contextos sócio-culturais.

Conflitante no sentido de que, convenhamos, na quase maioria dos casos (quiçá, na maioria deles), o que vemos é justamente o contrário, com muita, mas muita rara exceção mesmo. O que parece é que essas instruções bíblicas só foram válidas para os crentes romanos daquela igreja. Muitas vezes dizemos que esse tipo de conduta é praticamente impossível. 

Mas, será mesmo? E porque as coisas são assim? Porque lemos, pregamos aos outros, cobramos dos outros, entretanto, quando é a hora da gente praticar, consideramos as dificuldades? Este é o cerne da reflexão proposta no texto deste artigo.

"Pimenta nos olhos dos outros é refresco"


Acredito que todos nós conhecemos e já fizemos uso inúmeras vezes desse antigo e clássico dito popular. E ele traduz a mais pura realidade. Você já parou para analisar o quanto as pessoas gostam de compartilhar as desgraças alheias? 

Com o advento das redes/mídias sociais/digitais esse fenômeno se tornou mais evidente. É muito comum as pessoas postarem imagens e vídeos de confusões, brigas, escândalos, de tragédias, de acidentes e de tudo mais que por ventura envolva os outros, quer sejam celebridades ou anônimos, do que as conquistas, os sucessos e as vitórias obtidas. 

Quando alguém é vitimado por algum revez, atingido por algum infortúnio, logo a notícia (e suas variadas versões) se espalham, são compartilhadas e viram pautas de acalorados debates e rodinhas de fofocas. Agora, o mesmo não acontece ao contrário. Quando alguém, por exemplo, fala publicamente sobre uma conquista, sua postagem pode receber até milhares de visualizações, mas quase nenhum comentário ou curtida.

Me lembro que quando o jornalista Ricardo Boechat (☆1952/✟2019) faleceu vítima de um trágico acidente, quando a aeronave na qual ele viajava bateu na parte dianteira de um caminhão, na Rodovia Anhanguera, em São Paulo, no início da tarde de uma segunda-feira, 11/2/2019, enquanto uma moça que testemunhou o acidente, se arriscava na tentativa de resgatar os envolvidos no acidente, outras pessoas estavam de longe, com seus smartphones a postos, na tentativa de conseguir uma melhor imagem para postar em grupos de redes sociais. Eu fiquei chocado tanto com o acidente, quanto com a covardia daqueles caras que ao invés de ir ajudar a corajosa moça, estavam mais preocupados em conseguir um melhor ângulo, uma melhor imagem do acidente e das vítimas.

E essa morbidez medonha não foi uma exclusividade do acidente do jornalista, mas há tempos se tornou uma epidemia social. É impressionante o quanto as pessoas gostam de gravar e fotografar os acidentes e suas vítimas. Se houver pessoas com os corpos mutilados então, aí é que o desejo fica desenfreado. E, quando postadas nas redes sociais, a velocidade com a qual essas imagens grotescas são compartilhadas e se tornam virais é algo assustador.

Uma outra coisa que as pessoas adoram repercutir em redes sociais são os escândalos envolvendo líderes ou personalidades evangélicas. Se as pessoas tivessem o mesmo interesse em compartilhar toda a contribuição social e humana que muitos líderes cristãos fazem diariamente, ajudando na restauração de vidas, através da pregação do Evangelho de Jesus ou mesmo através de serviços sociais, seria uma maravilha. 

Mas, que nada! Isso é do interesse de quem afinal de contas? A pastora acusada de ser a mentora do assassinato do marido pastor ou os cantores gospel que disseram coisas infelizes e desnecessárias dão muito mais ibope. Ou saber sobre aquela pessoa que se dizia evangélica e foi pega em um flagrante de alguma prática imoral ou ilícita, é muito mais interessante compartilhar e repercutir.

O fato é que as pessoas são sempre céleres em compartilhar as desgraças alheias do que o sucesso de alguém. As desgraças alimentam a alma dos invejosos, já o sucesso faz com que eles morram de inanição.

O que temos anunciado?

"Como são maravilhosos, sobre as colinas, os pés do mensageiro que anuncia as Boas Novas, que comunica a todos a Paz, que traz boas notícias, que proclama a Salvação, que declara a Sião: 'O teu Deus reina!'" (Isaías 52:7; cf. Rm 10:15).
Paulo faz uma citação do Antigo Testamento aplicando a mensagem de Deus através de Isaías, ao contexto da pregação do Evangelho pelo mundo. A expressão 
"Quão formosos são os pés dos que anunciam boas novas"
 é uma forma poética para indicar o quão bem vindos eram essas pessoas portadoras de boas notícias. No contexto da Carta aos Romanos, essas boas notícias são as novidades de salvação, ou seja, o Evangelho de Cristo.

Vimos que quando Isaías escreve 
"Quão formosos são, sobre os montes, os pés daqueles que anunciam as boas novas...",
basicamente ele diz que a mensagem que os profetas anunciavam é muito animadora e maravilhosa. Por isso os pés desses arautos eram formosos; eles levavam pelos montes aqueles que eram portadores das boas notícias de Deus para a restauração de Israel. Através daqueles mensageiros os israelitas ouviram que, pelo favor divino, poderiam novamente retornar a sua pátria.

Então o apóstolo Paulo usou a declaração do profeta Isaías justamente em referência àqueles que pregam o Evangelho de Cristo. O Evangelho é a boa notícia de Deus para a libertação do pecador e para a restauração de seu relacionamento com Ele.

De fato faz todo o sentido dizer que são formosos os pés dos que anunciam o Evangelho. Se noutro tempo a mensagem de restauração do cativeiro era uma boa notícia, que dirá então a mensagem que proclama a libertação do homem do cativeiro do pecado. Numa expressão poética, sem dúvida são também formosos os pés daqueles que anunciam o Evangelho de Cristo. Sim, os arautos do Evangelho são mais do que bem vindos!

Quando um mensageiro percorria grandes distâncias para levar as boas notícias à cidade, frequentemente seus pés chegavam machucados e empoeirados pela longa viagem. Mas ainda assim eram pés formosos, pois eles traziam as boas notícias tão esperadas. Assim também é o ministério dos que anunciam o Evangelho — e, não tenha dúvida, assim também eram os pés do peregrino Jesus, aqueles que foram lavados com as lágrimas e enxutos com os cabelos da mulher na casa de Simão (Lucas 7:36-38)

Há muito desgaste, e nem todos ouvem verdadeiramente a mensagem proclamada. Mas apesar de tudo, nada tira a formosura do privilégio de ser embaixador do reino de Deus, proclamando as boas novas de Cristo. Por isso 
"quão formosos são os pés dos que anunciam o Evangelho".
 Ou seja, mesmo que a ministração da Palavra não atraia os holofotes, todos os que receberam o desafio de anunciá-la, devem se sentir privilegiados e diferenciados.

Alegria ou tristeza, qual a sua opção?


Depois de ter demonstrado aos cristãos de Roma os grandes presentes que Deus deu à humanidade com a pessoa de Jesus e o dom do Espírito Santo, o apóstolo Paulo dá indicações sobre o modo de responder à graça recebida, especialmente nas relações entre os próprios cristãos e deles com todos os outros.

Paulo convida a passar do amor para com aqueles que partilham a mesma fé ao amor evangélico, isto é, ao amor para com todos os seres humanos, uma vez que, para quem tem fé, o amor não conhece fronteiras, nem pode ser restrito apenas a alguns.

Um detalhe interessante: a frase
"Alegrai-vos com que se alegram..."
apresenta em primeiro lugar a partilha da alegria com os irmãos. Realmente, a inveja torna muito mais difícil alegrar-se com a alegria dos outros do que sofrer com suas aflições.

Pode até parecer que viver dessa maneira seja como querer escalar uma montanha inacessível demais, um cume impossível de atingir. No entanto, isso se torna possível porque as pessoas de fé são sustentadas pelo amor de Cristo, do qual nada nem criatura alguma poderá jamais separá-las (cf. Rm 8:35-39).

Ou seja, Paulo disse aos cristãos que eles devem cultivar a empatia. Empatia não é coisa fácil. Mais do que simpatia, que é sentir com o outro, empatia é sentir como que dentro do outro.

Por alguma razão estranha, parece que mais facilmente choramos com o que chora. Nem sempre ficamos contentes com a alegria do outro. Será que a vitória do outro me incomoda, porque eu não venci como ele? Será que o elogio que deram a ele deveria ter sido dado a mim? Será que o que eu tenho sentido por ele não é bem amor, mas um sentimento mascarado de competição? Afinal, ninguém se alegra com a vitória do inimigo.

Na descrição que Paulo faz do amor, aprendemos que o amor 
"...não inveja..." 
"...se alegra com a verdade..." (1 Coríntios 13:4b, 6b). 
Somente alegra-se com a alegria do outro aquele que, realmente ama o outro. Faça o teste da empatia. Procure alegrar-se com a alegria do outro.
"...Chorai com os que choram"
no contexto do que diz a Palavra de Deus, nos ensina que sim, haverá um tempo em que as pessoas enfrentarão dificuldades, situações que podem trazê-las aflição e lágrimas. O que fazer então? Não devemos ser insensíveis. Devemos ter compaixão e compreensão. Isso, em absoluto, quer dizer que devemos ficar na torcida para que os outros se deem mal.

Quando os três amigos de Jó foram vê-lo, eles rasgaram suas vestes e choraram com ele (Jó 2:11-13). Quando Jesus foi visitar a família de Lázaro, Ele chorou, já que amava àquela família e dor de Marta e Maria pela perda do irmão, era também a dor dEle (João 11:35). Como lemos em 1 Coríntios 12:24-26: 
"Mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela; Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele."
Haverá um tempo que um membro do corpo será honrado. Alegremo-nos. E haverá tempo em que um membro sofrerá. Soframos com ele. 

Conclusão


A síntese é: se um irmão está em dificuldades? Não o evite. Sofra com ele. Há um tempo para chorar e um tempo para sorrir, diz a Palavra de Deus (Eclesiastes 3:4). Isto não é apenas para alguns, mas para todos. Se, portanto, é um tempo de choro para um irmão, nãos sejamos indiferentes, mas soframos com ele. E de modo contrário, se for um tempo de júbilo e alegria, não sejamos ciumentos, invejosos, mas alegremo-nos com ele.

A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

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