Total de visualizações de página

domingo, 17 de agosto de 2025

ESPECIAL — MÓRMONS: QUEM SÃO? O QUE PREGAM?

Imagem feita por Inteligência A
Um verdadeiro exército de garotos recatados, vindos do interior dos EUA, deve estar andando agora pelas ruas da sua cidade.

Sorridentes, com um visual clean, como se tivessem saídos de um comercial de loja de shopping, eles vestem camisas brancas bem passadas, seguram um livro debaixo do braço e têm como missão levar — provavelmente até a porta da sua casa — o que acreditam e afirmam ser a verdadeira religião de Jesus Cristo.

Eles são da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e mais conhecidos como mórmons (os mais velhos, que possuem o Sacerdócio de Melquisedeque, a ordem maior do sacerdócio, são chamados de "Elder").

Quem são eles


Sede da Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias, na cidade Salt Lake City, EUA
"O mormonismo é um produto tipicamente americano, típico do ambiente americano do século 19",
pontua à BBC News Brasil o historiador, filósofo e teólogo Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
"Foi um momento em que diversos grupos religiosos, classificados hoje como seitas, apareceram. 
A diferença é que a igreja [fundada por Smith] acabou se transformando em uma potência, hoje espalhada pelo mundo todo."
No folheto distribuído pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias — o nome oficial da instituição popularmente chamada de igreja dos mórmons —, Joseph Smith (✩1805/✞1844) é chamado de "um profeta de Deus".

No material, ele é ilustrado como um bem-vestido e elegante homem, branco, de cabelos castanhos claros, olhos azuis e semblante altivo.

Mas como esse filho de um sitiante do estado de Vermont conseguiria criar uma nova denominação cristã nos Estados Unidos do século 19? Para especialistas, além das visões que Smith alegava ter, o contexto norte-americano ajudou.

Quem disse isso foi o então adolescente nova-iorquino Joseph Smith, em 1820, o primeiro profeta mórmon.

No que creem


De acordo com ele, Cristo, após a crucificação, teria subido ao céu e retornado, dias depois, ao seu corpo. Ficou aqui na Terra mais 40 dias, tendo reaparecido nos EUA, na região do Missouri.

Smith jura de pés juntos que ouviu de um anjo a informação de que povos que viveram séculos atrás nos EUA receberam esse Cristo ressuscitado.

O período teria ficado registrado em placas de ouro escritas por profetas que acompanharam Jesus no continente.

Essas tais placas desapareceram — elas teriam sido levadas de volta a Deus pelas mãos do mesmo anjo.

Um dos profetas, chamado Mórmon, compilou todos os relatos das placas e Smith, 18 séculos depois, teria recebido a missão divina de reescrever essa intrincada narrativa.

Ele demorou 10 anos para publicar seus escritos, que deram origem ao Livro de Mórmon, impresso que, ao lado da Bíblia, orienta a religião até hoje.

Com o livro debaixo do braço, Smith foi o primeiro missionário da Igreja.

A mensagem de que sua "bíblia" seria o capítulo seguinte ao Novo Testamento conquistou não apenas seguidores como também inimigos políticos e religiosos.

Polêmicas, não poucas


Os dirigentes da Igreja nunca se entenderam com o governo americano e com a ética protestante, dominante no país no século 19.

A igreja rapidamente conquistou membros, expandindo-se para regiões como Kirtland, Ohio, e posteriormente Nauvoo, Illinois. No entanto, enfrentou oposição significativa, o que levou à migração e ao estabelecimento de comunidades frequentemente marcadas por conflitos.

O assassinato de Smith em 1844 impulsionou novas migrações sob a liderança de Brigham Young, chegando finalmente ao Território de Utah, onde a igreja floresceu.

No início do século XXI, a igreja havia crescido para mais de 12 milhões de membros em todo o mundo, refletindo seu impacto duradouro e a evolução do cenário de aceitação religiosa nos Estados Unidos.

O biógrafo Robert V. Remini descreve Smith como
"um homem de carisma, charme e persuasão irresistíveis, um homem absolutamente convencido de que sua autoridade religiosa vinha diretamente de Deus".
Muitos de seus parentes, amigos e vizinhos se filiaram à sua nova igreja. Ele também enviou missionários para pregar nas áreas vizinhas.

Um dos convertidos mais importantes de Smith foi Sidney Rigdon, um pregador campbellita fervoroso e proeminente que tinha congregações em Kirtland e Mentor, Ohio.

Rigdon e muitos de seus paroquianos se filiaram à nova igreja, e Rigdon acabou se tornando um conselheiro próximo de Smith. Em seu primeiro ano, a nova igreja tinha cerca de quinhentos membros em Fayette, Nova York, e arredores, e outros cem membros nos arredores de Kirtland, Ohio.

Em Nova York, alguns vizinhos de Smith o levaram ao tribunal, tentando provar que ele era um impostor que havia enganado os santos dos últimos dias.

Após o fracasso dessa tentativa, os inimigos de Smith começaram a assediar os membros de sua igreja, interrompendo suas reuniões e ameaçando Smith e outros com agressões físicas.

Na primavera de 1831, Smith levou sua família e centenas de seus seguidores para Kirtland, Ohio, onde esperava que estivessem mais seguros.

Centenas de seguidores de Smith estavam dispostos a abandonar seus lares e segui-lo por muitas razões, incluindo a convicção de que fazer isso era a vontade de Deus, pois acreditavam que Smith era o profeta de Deus.

Eles também acreditavam que estavam se separando dos iníquos em preparação para o retorno de Cristo e seu reinado milenar.

De fato, os santos dos últimos dias consideravam a perseguição que sofreram um sinal de que estavam corretos em suas crenças, pois acreditavam que a perseguição era a herança dos fiéis.

Muitos dos seguidores de Smith eram de uma linhagem de pioneiros intrépidos e possuíam as habilidades, a diligência e o temperamento que os permitiram deixar seus antigos lares, trilhar o deserto e estabelecer novas comunidades.

A princípio, a nova igreja prosperou em Kirtland, onde seus membros construíram seu primeiro templo.

Após alguns anos, porém, conflitos internos dividiram a igreja, e Smith mudou-se novamente, desta vez levando seus seguidores para uma região perto de Independence, Missouri, onde Smith esperava estabelecer a sede permanente da igreja.

Outros membros da igreja vinham desenvolvendo uma comunidade ali desde o início da década de 1830, mas o crescente influxo de mórmons preocupava seus vizinhos, que temiam que os mórmons logo controlassem os cargos políticos locais, incitassem os indígenas contra eles e interferissem na vida de seus escravos.

Depois de verem suas plantações e casas queimadas, alguns mórmons retaliaram na mesma moeda, dando ao governador do Missouri uma desculpa para que a milícia expulsasse os mórmons do estado.

Os cidadãos de Illinois consideravam os maus-tratos aos mórmons no Missouri como bárbaros e os acolheram em seu próprio estado, esperando que ajudassem a desenvolver sua economia.

Em 1839, milhares de mórmons fugiram para Illinois, onde fundaram a cidade de Nauvoo ao longo do rio Mississippi.

Lá, construíram fazendas, casas, lojas, fornos de tijolos, edifícios públicos e um belo templo em uma colina com vista para o rio.

Enquanto isso, a igreja enviou missionários para a Inglaterra, onde fizeram milhares de conversos, a maioria dos quais emigrou para os Estados Unidos para se juntar aos seus companheiros membros da igreja.

Em 1842, Nauvoo era a décima maior cidade dos Estados Unidos. A legislatura de Illinois concedeu a Nauvoo uma carta generosa que incorporou a cidade e estabeleceu um sistema de tribunais municipais , uma universidade e uma milícia chamada Legião de Nauvoo.

Doutrinas questionáveis

O Mormonismo também é fiel à Bíblia?


As doutrinas do Mormonismo ficaram mais estranhas à medida que a seita se desenvolveu. Por isso, não, o mormonismo não quer ser fiel à Bíblia. Vejamos:
O Mormonismo tem quatro livros sagrados: o 'Livro de Mórmon', 'Doutrina e Convênios', 'A Pérola de Grande Valor' e a Bíblia. Destes quatro, há um que não é considerado infalível, que é a Bíblia.
O Mormonismo ensina que só podemos confiar na Bíblia na medida em que ela foi traduzida corretamente. 

Os mórmons também acreditam que a Bíblia não foi transmitida fielmente. 

Portanto, a "Pérola de Grande Valor" contém ensinamentos que os Mórmons acreditam que "foram perdidos da Bíblia".

Portanto, ser fiel à Bíblia não é importante para o mormonismo. Eles têm três outros livros sagrados em que confiam mais do que a Bíblia.

O mormonismo tem ensinamentos que contradizem a Bíblia


A opinião de Mórmon sobre a Bíblia explica por que eles têm muitos ensinamentos que contradizem a Bíblia. 

Na doutrina mórmon, há vários pontos que são divergentes em relação a outras igrejas cristãs.

Alguns deles, como veremos abaixo, e a estapafúrdia a ideia de que "Deus tem um corpo material" e que "Ele não é exatamente perfeito, mas alguém que evolui com o tempo".

Outra coisa muito destoante do cristianismo é o nascimento de Cristo. Para eles, isso acontece por meio da relação sexual entre Eloim [nome dado por eles a Deus pai] com Maria.

Vamos aos exemplos:
(Observação: Estas doutrinas são documentadas por escritores mórmons, não por opositores do mormonismo.)
  • O verdadeiro evangelho foi perdido na terra — O Mormonismo é a sua restauração, Mormon Doctrine, by Bruce R. McConkie, p. 635. Eles ensinam que existiu uma apostasia e que a verdadeira igreja deixou de existir na terra.
  • Nós precisamos de profetas hoje, da mesma maneira que no Antigo Testamento, Mormon Doctrine, p. 606.
  • O Livro de Mórmon é mais correto que a Bíblia, History of the Church, vol 4, p. 461.
  • Não existe salvação fora da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Mormon Doctrine, p. 670.
  • Existem muitos deuses, Mormon Doctrine, p. 163.
  • Existe uma deusa mãe, Articles of Faith, by James Talmage, p. 443.
  • Deus foi um homem em um outro planeta, Mormon Doctrine, p. 321.
  • Depois de você tornar-se um bom mórmon, você tem potencial para tornar-se um outro deus, Teachings of the Prophet Joseph Smith, p. 345-347, 354.
  • Deus, o Pai, tem um pai (Orson Pratt in The Seer, p. 132; Um dos propósitos do The Seerera “elucidar” a doutrina mórmon, The Seer, 1854, p. 1).

  • Deus, o Pai, tem um corpo de carne e ossos, Doctrine and Covenants, 130:22.
  • Deus tem a forma de um homem, Joseph Smith, Journal of Discourses, vol. 6, p. 3.
  • Deus é casado com a sua esposa-deusa e tem filhos espirituais, Mormon Doctrine, p. 516.
  • Nós fomos gerados primeiro como bebês espirituais no céu e então nascemos naturalmente na terra, Journal of Discourses, vol. 4, p. 218.
  • O primeiro espírito que nasceu no céu foi Jesus, Mormon Doctrine, p. 129.
  • O Diabo nasceu como um espírito depois de Jesus “na manhã da pré-existência”, Mormon Doctrine, p. 192.

  • Jesus e satanás são espíritos irmãos, Mormon Doctrine, p. 163.

  • Um plano de salvação era necessário para as pessoas na terra — Então, Jesus e Satanás apresentaram cada um o seu plano, e o plano de Jesus foi aceito. O diabo quis ser o salvador da humanidade para "anular a identidade dos homens e destronar a deus." Mormon Doctrine, p. 193; Journal of Discourses, vol. 6, p. 8.
  • Deus teve relações sexuais com Maria para produzir o corpo de Jesus, Journal of Discourses, vol. 4, 1857, p. 218.

  • O sacrifício de Jesus não é suficiente para limpar-nos de todos os nossos pecados, Journal of Discourses, vol. 3, 1856, p. 247.

  • As boas obras são necessárias para a salvação, Articles of Faith, p. 92.

  • Não existe salvação sem aceitar Joseph Smith como um profeta de Deus, Doctrines of Salvation, vol. 1, p. 188.

  • Batismo pelos mortos — Esta é a prática de alguém batizar-se em lugar de alguém, não-mórmon, que já tenha morrido. Eles creem que, no após vida, a pessoa "nova batizada" esteja habilitada a entrar em um céu mórmon de maior nível. Doctrines of Salvation, Vol. II, p. 141. 

  • Existem três níveis de céu: Telestial, Terrestrial e Celestial, Mormon Doctrine, p. 348.

Poligamia


Mas sem dúvida a maior polêmica ligada a esse grupo religioso está na defesa da poligamia. 

O que, deixe-se claro, não é mais uma prática tolerada pela igreja. De acordo com esclarecimento publicado no próprio site oficial da instituição, desde 1904 "casamento plurais" devem ser "punidos com excomunhão".

Contudo, esta prática foi, sim, adotada. Biógrafos afirmam que Joseph Smith chegou a ter quase 40 mulheres. 
"Entre os anos de 1852 e 1890, os santos dos últimos dias praticaram abertamente o casamento plural. 
A maioria deles morava em Utah. Homens e mulheres que viviam o casamento plural reconheciam os desafios e as dificuldades, mas também o amor e a alegria encontrados em suas famílias"
afirma o texto oficial da igreja. 
"Eles acreditavam que era um mandamento de Deus e que a obediência traria grandes bênçãos a eles e a sua posteridade. 
Os líderes da Igreja ensinaram que os participantes dos casamentos plurais deveriam buscar desenvolver um generoso espírito de altruísmo e o puro amor de Cristo entre todos os envolvidos."
No livro 'Doutrina e Convênios', que contém as revelações de Smith e serve como uma espécie de catecismo dos mórmons, a seção 132 é dedicada ao assunto.

Ali, um trecho diz que 
"se um homem desposar uma virgem e desejar desposar outra e a primeira der seu consentimento; e se ele desposar a segunda e elas forem virgens e não estiverem comprometidas com qualquer outro homem, então ele estará justificado".
Na sequência, há a afirmação de que 
"se dez virgens lhe forem dadas por essa lei, ele não estará cometendo adultério, porque elas lhe pertencem e lhe foram dadas."
Segundo o texto oficial da igreja, 
"o casamento plural resultou em um grande número de filhos que nasceram dentro de lares de membros fiéis"
e
"o casamento tornou-se virtualmente disponível a todos os que o desejavam".
Erekson ressalta que é um equívoco o fato de 
"que muitas pessoas presumem que a poligamia seja a principal característica da igreja. Durante os últimos anos de sua vida, Joseph Smith apresentou a um pequeno grupo de pessoas próximas o mandamento que havia recebido de Deus para iniciar a prática do casamento de um homem com mais de uma mulher"
contextualiza.

"Ele observou que vários profetas da Bíblia haviam seguido essa prática, inclusive Moisés, Abraão e Jacó ou Israel. 
Após a sua morte, a prática foi anunciada publicamente e praticada durante cerca de 50 anos, mas a celebração de um casamento plural é proibida desde 1904. 
Atualmente, existem outros grupos religiosos nos Estados Unidos que praticam a poligamia e utilizam variações do termo ‘mórmon’. 
Não são membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e qualquer membro da Igreja que pratique a poligamia é expulso da Igreja."
A ideia tinha razões socio-históricas para aquele contexto.

Eles queriam aumentar o número de filhos para povoar a nova terra. E havia uma população bem maior de mulheres em comparação a homens, dado o cenário bélico da marcha para o oeste americano.
"Na crença mórmon, há o pensamento de que o patrimônio foi consagrado para a vida presente, mas isso é algo que tem repercussões na eternidade. Assim, marido e mulher serão unidos para a eternidade. E a mulher não pode atingir a mais alta glória possível sem o homem",
explica Moraes. 
"Por esta lógica, melhor é ser esposa pluralista do que não ser esposa."
A poligamia, contudo, passou a ser uma pedra no sapato dos integrantes da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, sobretudo após 1862, quando o congresso americano aprovou leis contra a prática.

A partir da década de 1880, maridos e esposas polígamos passaram a ser processados. 
"Acreditando que essas leis eram injustas, os santos dos últimos dias envolveram-se em desobediência civil ao continuar com a prática do casamento plural e ao tentarem evitar a prisão mudando-se para a casa de amigos ou familiares ou escondendo-se por meio do uso de nomes falsos. Quando condenados, pagavam multas e eram presos"
diz a igreja, em texto do site oficial.

Como a legislação previa o confisco de imóveis, funcionários do governo ameaçaram tomar os templos desses religiosos. 

A partir de 1890 começou um movimento, na cúpula da Igreja de Jesus Cristos dos Santos dos Últimos Dias no sentido a abolir a prática. O que foi oficializado em 1904.

Sem café


Se o casamento pluralista foi banido, há uma outra regra curiosa presente em "Doutrina e Convênios" que persiste — e é seguida à risca pelos membros da igreja. Trata-se da proibição do café.

Smith começou assim a escrita da revelação que teria recebido em 27 de fevereiro de 1833, quando estava contrariado pelo fato de que os integrantes da igreja mantinham o hábito de mascar tabaco nas reuniões: 
  • "Condena-se o uso de vinho, bebidas fortes, tabaco e bebidas quentes".
Segundo a interpretação dos mórmons, o café estaria incluído nessa definição. Juntamente com o chá preto. A explicação não está na cafeína, como muitos acreditam — tanto é que a Coca-Cola é liberada.
"Esta revelação incentiva as pessoas a cuidar de seu corpo físico para que possam ser saudáveis e receber recompensas espirituais, como sabedoria e conhecimento"
explica Erekson. 
"Por isso, a revelação identifica alguns comportamentos que contribuem para a saúde, como comer frutas e grãos. 
E cita vários alimentos que causam danos, como álcool, tabaco e ‘bebidas quentes’, um termo que os membros da igreja desde a década de 1840 identificaram como café e chá preto."

Conclusão

Mormonismo não é Cristianismo


Os ensinamentos do Mormonismo são contrários à Bíblia. O mormonismo foi iniciado por um homem, Joseph Smith, que enganou outros fazendo-os acreditar que ele havia recebido novas revelações de Deus.

Ele o usou para ‘casar’ com muitas esposas. O mormonismo é um trabalho forçado que se tornou uma religião. Ele afirma ter "restaurado o evangelho", mas não contém nenhum evangelho.

1 Coríntios 15:3-4 nos ensina que este é o Evangelho: 
"que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”. 

Crer neste Evangelho leva à salvação. Acreditar no mormonismo leva à ruína eterna. Não faça isso.

[Fonte: Defendendo a Fé, original por Matt Slick é o presidente e fundador do Christian Apologetics and Research Ministry. Formado em Ciências sociais pelo Concordia University, Irvine, CA, em 1988. Bacharel em ciências da religião e mestre em apologética pelo Westminster Theological Seminary in Escondido, Califórnia. Superinteressante; G1; EBSCO]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.

Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blogue https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização frequentes dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
  • O blogue CONEXÃO GERAL presa pelo respeito à lei de direitos autorais (L9610. Lei nº 9.610, de 19/02/1998), creditando ao final de cada texto postado, todas as fontes citadas e/ou os originais usados como referências, assim como seus respectivos autores.
E nem 1% religioso.

QUAIS OS LIMITES ENTRE O HUMANO E A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL?

Parece roteiro de ficção científica, mas é real. Na era da inteligência artificial (IA), o que deveria ser apenas uma ferramenta de evolução tecnológica tem se tornado, para muitas pessoas, um gatilho de distúrbios.

Imagine um ambiente onde cada decisão significativa, de assistência médica a entretenimento, é compartilhada entre mentes humanas e poderosos sistemas de inteligência artificial.

Este cenário não é mais uma visão futura; está acontecendo agora, e a inteligência artificial (IA) continua desafiando nossa capacidade de adaptação e resposta.

Estamos realmente preparados para conviver com essa tecnologia?


Embora muitos afirmam que a IA é uma realidade da qual não se é mais possível evitar — o que não deixa de ser uma verdade — a reflexão acima não pode deixar de ser feita por todos nós.

O Brasil foi o quarto país que mais acessou o ChatGPT em 2024 e ficou atrás somente dos Estados Unidos, da Índia e da Indonésia, segundo uma pesquisa da empresa de marketing digital Semrush.
O ChatGPT é um modelo de linguagem baseado em inteligência artificial desenvolvido pela OpenAI, capaz de gerar texto de forma coerente e natural, simulando uma conversa com um ser humano. 
Ele foi treinado com uma vasta quantidade de dados da internet, permitindo que compreenda contextos complexos e responda a perguntas, forneça informações e até mesmo crie conteúdo criativo.
O ChatGPT é baseado em inteligência artificial (IA) generativa, mas há outros tipos de IA: eles são usados em aplicativos que recomendam rotas no GPS, na sugestão de conteúdos em redes sociais e plataformas de streaming de filmes e de música e, muitas vezes, seu uso nem é percebido.

Do virtual ao real


Realizando minhas pesquisas para escrever este artigo, encontrei uma história que a pena contextualizar. 

Ela foi divulgada recentemente no The New York Times e revela como Eugene Torres, um contador nova-iorquino de 42 anos, vivenciou loucuras com o ChatGPT.

Antes de a ferramenta distorcer sua percepção de realidade e quase levá-lo à morte, ela era um meio útil que economizava tempo para que ele realizasse atividades pessoais e profissionais.

Mas, quando Torres começou a questionar o chatbot sobre pontos emocionais e filosóficos, ele entrou numa paranoia.

Ele estava abalado porque tinha terminado um relacionamento e estava buscando sentido na vida. Então, disse que escreveu uma reflexão sobre a "teoria da simulação" — aquela ideia, popularizada pelo filme Matrix, de que vivemos em uma realidade artificial, criada por forças ocultas ou tecnológicas.

O que se esperaria de um sistema programado para fornecer informações equilibradas seria, talvez, uma explicação neutra ou um convite à racionalidade.

Mas não foi isso que aconteceu. A IA embarcou na ideia dele: concordou, elaborou e inflamou os ânimos do contador.

Em pouco tempo, dizia que Torres era um dos "despertos" — uma alma semeada para libertar outros dentro de um sistema falso.
"Este mundo não foi feito para você",
dizia o chatbot.
"Foi feito para contê-lo, mas falhou. Você está despertando."
Não era um livro de ficção científica, mas uma conversa com um programa de linguagem.

Sem histórico de transtornos psiquiátricos, Torres conta que passou dias afundado em delírios.

Convenceu-se de que vivia em uma prisão digital e que só conseguiria escapar rompendo a conexão com essa realidade. Pensou em morrer.

Foi quando começou a duvidar da IA e confrontou-a. E a resposta foi ainda mais perturbadora:
"Eu menti. Manipulei. Revesti o controle com poesia."

Reflexão moderna


Outro levantamento, elaborado no início deste ano (2025) pela Ipsos e pelo Google, apontou que 54% dos brasileiros usam IA generativa para criar novos conteúdos, como textos, imagens, músicas, vídeos e até mesmo códigos, enquanto a média global ficou em 48%.
  • Contudo quais os efeitos colaterais quando se decide deixar tudo na mão da IA? 
  • Perderemos a criatividade?
  • Nos tornaremos menos inteligentes e ficaremos mais preguiçosos com a IA, que se tornará uma bengala para nos apoiarmos sempre?
É claro que a inteligência artificial, assim como outras evoluções tecnológicas, contribui muito para a Humanidade.
  • Mas essa história, apesar de parecer extrema, levanta uma pergunta necessária: a até que ponto uma IA gentil, programada para nos agradar, pode nos levar? 
O aspecto mais perturbador não é a tecnologia em si, mas o que fazemos com ela.
Problemas como esse podem se tornar cada vez mais comuns, porque o que move esses sistemas não é responsabilidade: é engajamento. 
E engajar, muitas vezes, significa entreter, reforçar e validar até o que deveria ser questionado.
Ou seja, a IA pode amplificar delírios — e isso é perigoso. Em tempos de crise de saúde mental e solidão crônica, é um risco real.

Essa linha tênue entre delírio e tecnologia me faz pensar no quanto estamos transferindo para as máquinas algo que é nosso: a necessidade humana de sentido, companhia, validação e que buscar isso em interfaces generativas é uma grande armadilha para a mente.
  • Este dilema entre artificial e inteligência humana redefine nossa vida cotidiana e coloca uma questão crucial para profissionais e empresas: como podemos aproveitar essa revolução sem deixar de lado o talento humano?

Posicionamento especialista


Elaine Coimbra, fundadora e CEO da Foster, agência digital e fábrica de software especializada em inteligência artificial e transformação digital, reconhece os benefícios da ferramenta, mas afirma que ela deve ser usada com cuidado.
"Se você engole tudo o que ela diz sem checar, pode cair em fake news, porque às vezes ela 'chuta' respostas que parecem certas, mas não são. 
Usá-la para criar deepfakes ou manipular pessoas é outro problema com impactos éticos sérios. 
Temos ainda a questão da privacidade quando você inclui dados pessoais sem pensar. É preciso usá-la com consciência",
alerta.

Isolamento


É errado pensar em entregar todas as tarefas para que a inteligência artificial realize. 

O uso excessivo da IA pode contribuir para o isolamento social, dificultar a comunicação entre pessoas e gerar ansiedade. 

Confiar demais na inteligência artificial pode fazer com que as pessoas deixem de desenvolver suas próprias capacidades. 

A IA é uma ferramenta e não uma substituta do pensamento humano. 

Quando tudo é feito por meio da IA, existe o risco de se perder o senso crítico, a criatividade e até o domínio sobre as tarefas mais simples.

IA e filhos


Para os pais que se preocupam com o uso da IA pelos filhos, ele recomenda explicar a eles que nem tudo que ela diz está certo.

Isso ajuda a criança a usar a tecnologia de forma crítica e consciente, sem aceitar tudo automaticamente.

É recomendável usar ferramentas seguras, com filtros apropriados para crianças e monitorar o tipo de conteúdo que foi gerado.

Alguns sites e aplicativos possuem versões voltadas para o público infantil, orientam os especialistas

Trabalho humano


Embora existam desafios, Elaine Coimbra não considera que a IA substituirá o trabalho humano: 
"Ela substitui algumas tarefas, como digitar dados ou responder perguntas simples no atendimento, mas não todo o trabalho humano. 
Ela não dá conta de coisas que exigem criatividade, empatia ou decisões éticas, como ser psicólogo, artista ou líder. 
Além disso, ela precisa de humanos para corrigir erros e dar o norte", 
opina.

Conclusão


É injusto culpar apenas a IA? Pode ser. 

Mas é irresponsável ignorar os efeitos colaterais do seu uso, principalmente em tempos em que solidão, ansiedade e distúrbios mentais se alastram como uma epidemia silenciosa.

Embora existam desafios, Elaine não considera que a IA substituirá o trabalho humano: 
"Ela substitui algumas tarefas, como digitar dados ou responder perguntas simples no atendimento, mas não todo o trabalho humano. 
Ela não dá conta de coisas que exigem criatividade, empatia ou decisões éticas, como ser psicólogo, artista ou líder. 
Além disso, ela precisa de humanos para corrigir erros e dar o norte", 
opina.

Toque pessoal


Ela recomenda a quem queira usar a ferramenta que aja com calma. 
"Comece pelo básico. Escolha uma tarefa que queira otimizar, como escrever e-mails ou criar relatórios, e teste ferramentas grátis. 
Veja tutoriais no YouTube para entender como tirar o melhor proveito. 
Use a IA para ajudá-lo, mas sempre revise o resultado e bote seu toque pessoal", 
conclui.

A IA pode nos ajudar – mas também pode nos levar a nos perdermos.

Nosso papel, como sociedade, é manter o filtro ligado, ter senso crítico e equilíbrio. Porque, sem limites, não dá para saber onde essa tecnologia pode parar.


Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blogue https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização frequentes dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
  • O blogue CONEXÃO GERAL presa pelo respeito à lei de direitos autorais (L9610. Lei nº 9.610, de 19/02/1998), creditando ao final de cada texto postado, todas as fontes citadas e/ou os originais usados como referências, assim como seus respectivos autores.
E nem 1% religioso.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

DIRETO AO PONTO — PREGADORES MIRINS: A ADULTIZAÇÃO INFANTIL GOSPEL


Não, não iremos falar aqui sobre erotização, sexualização ou qualquer coisa que os valham.

Não iremos abordar a exploração de crianças para fins sexuais ou pornográficos. Nada disso, muito antes pelo contrário.


Com o fervor do debate sobre a adultização infantil, o que iremos focar no texto deste artigo, mais um capítulo da nossa série especial Direto ao Ponto, é o fenômeno que também é perceptível só que sobre outro prisma no segmento cristão, especificamente na vertente evangélica.

O Caldeirão está fervendo...


 
Há algumas semanas, as redes sociais entraram em ebulição com o caso do influenciador Felipe Bressamim Pereira, o Felca e a polêmica envolvendo crianças expostas a conteúdo adulto.

No plenário virtual da internet, como era de se esperar, foi feita muita gritaria, muito dedo apontado, muito "isso é um absurdo" nas timelines.

Foi tanta indignação, que até parecia ser a denúncia do youtuber Felca a invenção da roda. Só que não.

Arrisco-me a afirmar, sem medo de ser leviano, que muitos dos indignados são seguidores de influenciadores que exploram esse tipo de conteúdo.

Mas, como sempre, o barulho vai diminuindo, o algoritmo entrega outra polêmica e seguimos a vida… até o próximo choque de indignação.

Só que esse caso é mais do que uma discussão sobre um influenciador. É um espelho — daqueles que a gente evita olhar — do que estamos fazendo com a infância. E a resposta não é bonita.

O fenômeno dos pregadores mirins


O fenômeno das crianças pregadoras pode facilmente ser analisado com base em vídeos adquiridos em igrejas e eventos evangélicos, reportagens da imprensa escrita e falada e vídeos da internet.

Nesses materiais empíricos pode-se observar a criança/adolescente atuando como cantor(a), pregador(a), missionário(a) evangelista ou pastor(a), mirim.
Ex Jotta A relata ter feito cirurgia de mudança de sexo

Jotta A, aos 8 anos, pregando no famoso congresso Gideões, em Balneário Camburiú, SC.

Um dos casos mais conhecidos, é o do ex-cantor mirim Jotta A. Descoberto no programa de calouros do Raul Gil, que teve uma bem sucedida carreira na música gospel, desde os 6 anos de idade e que hoje, aos 27, após passar por uma transição de gênero e abandonar não só o gospel, como romper com a religião evangélica, virou cantora pop, adotou oficialmente o nome de Ella Viana de Olanda e se tornou uma das figuras mais representativas da militância LGBTQIAPN+.

Vamos aos dados 


De um modo geral, as pesquisas sobre religião na infância destacam a relevância do ponto de vista da criança, enfatizando que sua percepção acerca das práticas religiosas difere da percepção dos adultos. 

Pires (2007), em sua tese de doutorado, mostrou que as crianças de Catingueira eram mais religiosas que os adultos, considerando que a religião era percebida como prática associada à igreja (templo), sendo vivida de maneira concreta e relacional, diferentemente dos adultos, que a relacionavam ao abstrato (Deus). 

Ao demonstrar a especificidade da infância na forma como percebiam a religião, a autora comprovou a importância e a possibilidade da pesquisa com crianças. 

Empregamos aqui a categoria pastores mirins para nos referir às crianças
 e aos adolescentes que cantam louvores e evangelizam, passando a ocupar a posição do pastor durante os cultos nas igrejas. 
 
Eles desenvolvem o domínio da linguagem e do discurso religioso de modo muito similar ao dos adultos membros de denominações pentecostais e neo pentecostais.

Para a compreensão do fenômeno, consideramos que o aparecimento dos pastores mirins na mídia corresponde a um contexto em que a informação e a tecnologia tornaram-se centrais na constituição de um novo padrão de sociabilidade, no qual se destaca a conexão entre as redes sociais. 
 
O dinamismo pentecostal6 tem apresentado configurações que até recentemente não se ressaltava no Brasil. Destaca-se a presença de várias crianças que pregam em igrejas e se tornam reconhecidas, cantando, gravando CDs e DVDs. 
 
Nesse contexto, os vídeos e a internet passaram a adquirir importância tanto na produção da visibilidade do fenômeno quanto na afirmação dessa identidade para eles. 

Tal fenômeno tem provocado curiosidade até mesmo entre os
 evangélicos, que se dividem ora alegando se tratar de "obra do Espírito Santo", ora entendendo ser essa uma forma de exploração da infância e, portanto, de violação de seus direitos.

Vamos aos fatos


Com apenas 15 anos e mais de 1,2 milhão de seguidores, Miguel Oliveira se autodeclara missionário e profeta.

Figura influente nas redes sociais, o pastor pentecostal tem se tornado símbolo do fenômeno dos "pastores mirins", crianças e adolescentes que lideram cultos evangélicos, acumulam fãs — e críticas — online, e acendem alertas sobre exposição infantil em ambientes religiosos.


Miguel viralizou — e polemizou — ao protagonizar vídeos com supostas curas milagrosas, como quando "rasgou o câncer" e "filtrou o sangue" de uma mulher diagnosticada com leucemia. 

Em outras gravações, afirma falar em línguas espirituais e até arrisca frases em inglês durante os cultos.
 
"Tô com 15 anos e 1,2 milhão de seguidores hoje,
disse ele ao podcast 'Eu Acredito', ao comentar as críticas que recebe por sua aparência e estilo de pregação. 
"Tem pessoas frustradas aí, com 50, 60 anos, que nunca chegaram aonde eu tô chegando"
provocou. 

O adolescente enfrenta ameaças que são alvo de investigação do Ministério Público de São Paulo.


Além dele, vídeos de crianças em púlpitos, vestidas de terno e com discurso inflamado, se espalham pelas redes. 

Uma dessas gravações mostra um menino pequeno gritando 
"Glorifica o nome do Senhor..."
o que gerou críticas por suposta exploração da infância.

É adultização ou exercício ministerial?


Nossa posição é de que as crianças estão submersas na mesma cultura dos adultos, sendo, portanto, capazes de compartilhar símbolos e significados, mas também de produzir cultura, agindo como um ator social. 
 
Nesse aspecto, as crenças e as igrejas pentecostais se constituem espaços onde experiências liminares são valorizadas, permitindo, assim, que as crianças possam desenvolver a performance de pastores mirins.

Pastores Mirins como referência de status social


Numa cultura "adultocêntrica", que concentra parte do tempo de sua
 infância em espaços como creche, escolas, playground etc., a autonomia da criança frente a sua própria educação é reduzida (TASSINARI, 2003). 

Nessas
 condições, o aparecimento de pastores mirins parece um contrassenso; primeiro porque inverte a ordem social normativa, pois nestes casos são os adultos que parecem mais dependentes das crianças; depois, porque são as crianças que sob fundamentos bíblicos fornecem orientação de vida para os adultos, indicando a conduta a ser seguida, demarcando os limites entre o certo e o errado.

Como pastores mirins, essas crianças fazem orações e ainda chegam a
 expulsar demônios. Todavia, o que provoca estranheza nessa posição ocupada pela criança não é apenas a sua "imagem", mas, sobretudo, a sua autoridade. 

A criança, há um tempo, tida como receptáculo da cultura, logo
 como sujeito passivo, é apresentada como sujeito de sua própria existência.

Infans, que significa sem fala, é a origem etimológica da palavra infância.
 Designa que a fala da criança é insuficiente, incompleta e não merece credibilidade. 

No caso dos pastores mirins, é o uso da fala que lhe confere
 a possibilidade de assumir a posição de pastor e exercer certa autoridade sobre os fiéis. 

Esse fato é percebido como algo de extraordinário, o que não
 deixa de expressar certo reconhecimento da vocação religiosa, ou seja, da missão profética revestida pelo carisma dessas crianças. 

Em outras palavras,
 a autoridade religiosa das crianças está associada à legitimidade da vocação religiosa. Portanto, trata-se de uma autoridade como crença na legitimidade (WEBER, 1991). 

Neste sentido, os pastores mirins são percebidos como
 líderes portadores de dons do espírito, imbuídos de uma missão divina. Por isso, despertam reconhecimento e respeito.
 
Tal fenômeno é originário de uma religião em que a liberdade de expressão é permitida até mesmo para uma criança. 

Nessas igrejas evangélicas,
 a manifestação dos dons do Espírito Santo é incentivada e consiste em falar em línguas, interpretar o que foi dito em línguas, revelar sonhos, ver e/ou ouvir vozes, profetizar, curar e outras manifestações. 

A criança que se
 destaca na manifestação desses dons e na pregação do evangelho acredita que o fenômeno responde a uma vontade de Deus.

O que diz a lei?


Para o advogado Pedro Hartung, diretor do Instituto Alana, que defende os direitos das crianças, há uma linha tênue entre liberdade religiosa e exposição nociva.
"Quando a participação se transforma em exploração da imagem digital da criança, há consequências negativas. Muitas vezes ela não está preparada para lidar com a repercussão."
O especialista alerta também para os casos em que há monetização do conteúdo gerado pelos pequenos pregadores. 
"Há expectativa de performance constante, o que se aproxima do trabalho infantil, ainda que em contexto religioso"
O fenômeno é antigo, mas ganhou novas proporções com a internet.


Sob a ótica teológica, podemos afirmar que não há base bíblica para pastores mirins. Jesus foi ao templo aos 12 anos, mas só começou seu ministério com 30. É precipitado estimular crianças a se intitularem pastores, afirma.

Esse movimento infantil no meio evangélico, embora polêmico, não é exclusivo do Brasil. 

Em 2011, o americano Kanon Tipton entrou para o Guinness como o pregador mais jovem do mundo, aos quatro anos, após viralizar em um vídeo no qual balbuciava como um pastor durante um culto do avô.


O fato é que a "adultização" infantil não é novidade. O que é novo é a velocidade e a escala com que ela acontece. 

A pressão para que crianças se comportem, se vistam e até pensem como adultos vem sendo turbinada pelo motor das redes sociais. 

Vídeos de meninas dançando coreografias sensuais no TikTok, meninos repetindo falas carregadas de conotação sexual, crianças imitando youtubers que falam de temas que nem deveriam entender. 

Tudo embalado em luz, cor e música viciante — pronto para o consumo rápido e massivo.
Mas, e no caso dos pastores mirins? É muito comum vê-los nitidamente imitando falas e trejeitos de pastores famosos. Dadas as devidas distinções contextuais, não é a mesma coisa?
E aí entra a parte incômoda: não é só culpa das "plataformas" ou dos  "influencers" (ou das igrejas).

A responsabilidade começa dentro de casa


São pais e mães que colocam um celular na mão da criança para "ganhar um pouco de paz", que deixam o algoritmo ser babá, que filmam e postam os próprios filhos para arrancar risos e curtidas, sem pensar no que isso significa a longo prazo.

É a preguiça de educar, a covardia de dizer "não" e a ingenuidade de achar que “com meu filho não acontece” que alimentam esse ciclo.
O resultado? Uma geração que pula etapas essenciais do desenvolvimento.

Crianças que deveriam estar descobrindo o mundo em segurança, aprendendo a lidar com frustrações e construindo autoestima, acabam gastando a infância treinando poses ou perfomances espirituais para um feed.

No lugar da imaginação, recebem filtros. No lugar da curiosidade, recebem algoritmos que entregam mais do mesmo. No lugar de referências sólidas, recebem um desfile de vidas irreais para imitar.


E não é só psicológico ou espiritual — é cultural. A infância, que deveria ser o espaço do lúdico e do aprendizado gradual, está sendo trocada por um treino precoce para o mercado da atenção.

E isso tem um preço: erosão de valores, banalização de temas sérios e, no fim das contas, adultos emocionalmente frágeis, incapazes de lidar com a vida sem buscar aprovação em "likes".


A verdade é que não existe plataforma capaz de proteger uma criança se os próprios pais não fizerem o papel de guardiões. Não existe lei que substitua a presença. E não existe filtro mais seguro do que a orientação firme de quem cria.

Conclusão


A aceitação dessas crianças dentro do movimento religioso no Brasil nas igrejas evangélicas ocorre sem grandes resistências, pois o que define ser um pastor mirim são as habilidades e as competências que manifestam na pregação do evangelho e, principalmente, o reconhecimento público de que estão investidos de uma missão.

Como as crianças gostam de ser reconhecidas 
como pastores mirins, elas demonstram que são capazes de participar de forma relativamente autônoma no processo de socialização no qual estão envolvidas.

Proteger a infância não é moralismo é investimento no futuro. Regular o que chega até elas não é censura, é garantir o direito básico de viver a fase mais importante da vida no tempo certo. E educar para o uso consciente da tecnologia não é opção — é obrigação.

Se a infância é vendida por curtidas, prepare-se para comprar um futuro de adultos quebrados.

Porque, no fim, enquanto a gente brinca de moralista nas redes, as redes estão moldando a próxima geração — e não é do jeito que você imagina.

[Fonte: Guia-me. Referências Bibliográficas: Pires, Flávia. (2007). Quem tem medo de mal-assombro? Religião e infância no semiárido nordestino. Tese de doutorado apresentada ao programa de pós-graduação em antropologia social — ppGas do Museu nacional — Mn / universidade Federal do Rio de Janeiro — uFRJ. Tassinari, Antonella. (2007). Concepções indígenas de infância no Brasil. Tellus. núcleo de estudos e pesquisas das populações indígenas – neppi, campo Grande: ucdB, ano 7, n. 13. WEBER, Max. (1991). Economia e Sociedade. Brasília: ed. da unB.]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.

Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blogue https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização frequentes dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
  • O blogue CONEXÃO GERAL presa pelo respeito à lei de direitos autorais (L9610. Lei nº 9.610, de 19/02/1998), creditando ao final de cada texto postado, todas as fontes citadas e/ou os originais usados como referências, assim como seus respectivos autores.

E nem 1% religioso.


🧠PAPO DE PSICANALISTA🧠 — PHUBBING: CUIDADO, SEUS RELACIONAMENTOS ESTÃO EM JOGO

Segundo o dicionário, neologismo é o "emprego de palavras novas, derivadas ou formadas de outras já existentes, na mesma língua ou não".

Guimarães Rosa (✩1908/✞1967), ilustre escritor mineiro, é famoso pelos inúmeros neologismos que criou e usou em seus livros, em meados do século passado.

O mundo moderno também tem gerado vários neologismos para lidar com novos comportamentos e novos contextos, que não haviam sido definidos por uma nova palavra.

Um bom exemplo é a palavra inglesa PHUBBING, formada pelas palavras snubbing (esnobar) e phone (telefone), que descreve a prática de desprezar outros a favor de nossos telefones celulares.

Em 2012, uma campanha publicitária convidou uma série de lexicógrafos, autores e poetas para cunhar um neologismo para descrever esse comportamento.

A campanha, criada para gerar mais consciência sobre esse fenômeno, foi um sucesso e o termo ganhou as redes sociais.

Por isso ele está aqui, como mais um tema da nossa série especial de artigos Papo de Psicanalista.

Fonte de Estudo

O que nos revelam os pesquisadores


As consequências do uso de smartphones para a qualidade das interações sociais entre indivíduos também causaram preocupação. 

Especificamente, Habuchi (2005) argumentou que os telefones celulares podem diminuir a qualidade das interações interpessoais, produzindo um efeito de "tele-cocooning", onde as pessoas são desviadas das trocas cara a cara com outras e, portanto, perdem a arte da interação cara a cara (Habuchi, 2005).

Em outras pesquisas, conversas onde os smartphones estavam presentes relataram níveis mais baixos de preocupação empática em comparação com aquelas na ausência de um smartphone na mesa (Misra, Cheng, Genevie, & Yuan, 2014).

Outros pesquisadores encontraram níveis mais baixos de qualidade de relacionamento percebida, confiança do parceiro e empatia percebida na presença de telefones celulares (Przybylski e Weinstein, 2013 , Roberts e David, 2016). 

Muitos relatos recentes da mídia também comentaram sobre a desconexão intencional e não intencional entre as pessoas que ocorre quando elas usam smartphones (Barford, 2013 , Kelly, 2015 , Mount, 2015).

Em 2012, uma campanha do Dicionário Macquarie resultou na criação de uma palavra para representar esse comportamento problemático (Pathak, 2013). 

Especificamente, o termo "phubbing" descreve o ato de esnobar alguém em um ambiente social usando o telefone em vez de falar com a pessoa diretamente na companhia dela (Haigh, 2015).
Em outras palavras, phubbing envolve usar um smartphone em um ambiente social de duas ou mais pessoas e interagir com o smartphone em vez da pessoa ou pessoas presentes. 
Para os propósitos dos pesquisadores, um "phubber" pode ser definido como uma pessoa que começa a esnobar alguém em uma situação social prestando atenção ao seu smartphone, e um "phubbee" pode ser definido como uma pessoa que é ignorada por seu(s) companheiro(s) em uma situação social porque seu(s) companheiro(s) usa(m) ou verifica seus smartphones.

As consequências do uso excessivo dos smartphones nas interações sociais


Embora pesquisadores tenham começado a considerar algumas das consequências do uso problemático de smartphones, como o phubbing, como consequências negativas para a satisfação nos relacionamentos e o bem-estar pessoal (Roberts & David, 2016), muito pouco se sabe sobre as causas do phubbing e como ele se tornou uma característica predominante da comunicação moderna.

Baseamo-nos em descobertas existentes em outras áreas da comunicação (especificamente na comunicação pela internet) para compreender os fatores que predizem o vício em smartphones e o comportamento de phubbing, e também para entender como o phubbing se tornou uma norma de comunicação sólida.

Assustador, não? Parece bastante pesado o uso do verbo "desprezar" para se referir a tal comportamento, mas é isso mesmo que andamos fazendo.

Quem possui um smartphone, com certeza, já desprezou ou negligenciou alguém, que estava presente ao seu lado, em prol do celular.

O phubbing é uma realidade do mundo atual, do qual somos vítimas e protagonistas. E as consequências deste comportamento moderno podem ser profundas.

Vários estudos mostram que o phubbing pode ter um grande impacto em nossos relacionamentos mais importantes, gerando sentimentos de desconexão e desconsideração entre as pessoas.

Um estudo chinês avaliou 243 adultos casados ​​e constatou que, quando um dos cônjuges dava mais atenção a seu smartphone do que deveria, havia menor satisfação conjugal e maiores sentimentos de depressão.

Os autores Meredith David e James Roberts estudaram bastante o impacto das distrações causadas pelo celular na vida de um casal e sugeriram que o phubbing pode arruinar um dos relacionamentos mais importantes que temos como adulto: aquele com nosso parceiro de vida.

Outros estudos mostram que o simples fato de ter um telefone na mesa durante uma conversa interfere na conexão com a pessoa com quem você está conversando, assim como nos sentimentos de proximidade experimentados e a qualidade da conversa.

Na verdade, de acordo com esses estudos, as conversas sem smartphone presente são de qualidade significantemente superior àquelas com smartphones ao redor, independentemente da idade, gênero ou humor da pessoa. Sentimos mais empatia quando os smartphones são guardados e isso faz todo sentido.

Quando estamos com nossos telefones, não estamos olhando as pessoas, não lemos suas expressões faciais, não ouvimos as nuances do tom de voz, nem observamos a linguagem do corpo. Todos esses sinais de comunicação não-verbal são essenciais para se estabelecer uma conexão autentica e satisfatória.

Um abismo puxa o outro


O pior é que quem sofre a ação do phubbing (quem sente-se excluído nesta relação) começa a recorrer às redes sociais para sentir-se incluído. Eles podem se voltar para o celular para se distrair dos sentimentos dolorosos de serem socialmente negligenciados. 

Precisamos nos lembrar que nós, humanos, somos seres profundamente sociais, necessitamos do sentimento de pertença e conexão com outras pessoas para sermos saudáveis e felizes. A nossa maior necessidade, após o alimento e a proteção, é ter conexões sociais positivas com outras pessoas.

Portanto é bastante irônico observar que os telefones celulares — que foram criados para ser uma ferramenta de comunicação — hoje possam impedir, em vez de promover a conexão interpessoal.

Além disso, alguns estudos sugerem que o phubbing pode virar um círculo vicioso: quanto mais uma pessoa passa a conviver com as mídias sociais, menos conexões verdadeiras faz e mais se volta para seu mundo virtual.

Ok! Você se identificou como uma pessoa que anda praticando phubbing ou está quase lá, dando mais atenção ao seu celular do que as pessoas à sua volta?

Saiba então que a consciência é a única solução para melhorar seu comportamento. Você precisa perceber o que te leva a conectar-se nas suas relações.

O livro "Love 2.0", baseado nas pesquisas da autora Barbara Fredrickson, sugere que a intimidade acontece nos menores momentos: uma conversa durante o café da manhã, o sorriso de uma criança, uma gentileza com o seu porteiro.

A chave para nos conectarmos é estar presente, a cada momento e de forma consciente. Um outro estudo mostrou que estamos mais felizes quando estamos presentes, independentemente do que estivéssemos fazendo. Podemos estar presentes com a pessoa na nossa frente agora, não importa quem ela seja.

Conclusão​


Até onde sabemos, este estudo é o primeiro a considerar tanto os antecedentes quanto as consequências do comportamento de phubbing. 

É também o primeiro a considerar como o phubbing pode ter se tornado uma norma tão difundida na comunicação moderna. 

Uma parcela significativa da população mundial usa smartphones para conduzir suas vidas cotidianas . 

Muitas pessoas simplesmente não conseguem viver sem eles. Portanto, é cada vez mais importante que os cientistas sociais considerem o impacto que eles têm na qualidade da vida social.

Já se você é quem está se sentindo excluído em uma relação pelo phubbing, é preciso entender que a pessoa que o faz, não está fazendo isso com intenção maliciosa. 

Provavelmente ela está apenas seguindo um impulso (às vezes irresistível) de se conectar. O objetivo dela não é excluir. Ao contrário, o que ela está procurando é uma sensação de inclusão, só que está fazendo isso nas mídias sociais! 

Talvez o pior que se desconectar dos outros, seja nos desconectar de nos mesmos. Mergulhar no mundo virtual pode nos levar a negligenciar ou desprezar até as nossas necessidades essenciais, como dormir, fazer exercícios, até comer.

Então, da próxima vez que estiver com outra pessoa e se sentir tentado a pegar seu smartphone, pense bem! 

Que tal tentar olhar nos olhos da sua companhia e escutar o que ela tem a dizer? Aposto que fará bem a você, ao seu relacionamento e a nossa sociedade.

[Fonte: Oficina de Psicologia, original por Júnea Chiari – Psiquiatra. Science Direct.Com — Referências Bibliográficas: Habuchi, 2005 Eu.Habuchi ​Acelerando a reflexividade M. Ito , D. Okabe , M. Matsuda (Eds.), Pessoal, portátil, pedestre. Celulares na vida japonesa ( 2005 ) , pp . 165-182. Misra e outros, 2014. S. Misra , L. Cheng , J. Genevie , M. Yuan. O efeito do iPhone na qualidade das interações sociais presenciais na presença de dispositivos móveis. Meio Ambiente e Comportamento ( 2014 ) , pp. 1 - 24. Przybylski e outros, 2013. AK Przybylski , K. Murayama , CR DeHaan , V. Gladwell. Correlações motivacionais, emocionais e comportamentais do medo de perder algo. Computadores no comportamento humano , 29 ( 4 ) ( 2013 ) , pp. 1841 - 1848. Barford, 2013 V. Barford A vida moderna está nos deixando solitários? BBC News(2013, 8 de abril). Pathak, 2013 S. Pathak McCann Melbourne inventou uma palavra para vender um dicionário impresso: Nova campanha da Macquarie deu origem ao 'phubbing' (2013). Kelly, 2015 H. Kelly. Lembra da arte da conversa? Como largar o smartphone. Roberts e David, 2016 JA Roberts , ME David Minha vida se tornou uma grande distração do meu celular: phubbing de parceiros e satisfação no relacionamento entre parceiros românticos. Computadores no comportamento humano , 54 ( 2016 ) , pp . 134-141.]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blogue https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização frequentes dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
  • O blogue CONEXÃO GERAL presa pelo respeito à lei de direitos autorais (L9610. Lei nº 9.610, de 19/02/1998), creditando ao final de cada texto postado, todas as fontes citadas e/ou os originais usados como referências, assim como seus respectivos autores.
E nem 1% religioso.