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quarta-feira, 19 de novembro de 2025

CONTÉM SPOILERS — "CLICK"

Você já se perguntou como os filmes podem refletir complexidades psicológicas profundas e influenciar nossa percepção sobre a vida e as escolhas que fazemos?

É o caso dessa comédia estrelada pelo Adam Sandler. Aliás, eu devo até confessar que não gosto desse ator. Acho ele extremamente sem graça e seu humor um tanto quanto forçado, mas vi o filme para um propósito específico: análise psicanalítica.

Pois é, vamos ao filme. "Click" estreou em 2006 e se tornou um fenômeno. Mas, por trás das risadas e situações engraçadas, o filme aborda temas profundos como morte e escolhas de vida. 

Por isso, trouxemos para você essa análise mais psicológica do filme "Click" em mais um capítulo da nossa série "Contém Spoilers"!

O que há além das situações cômicas


Neste texto, vamos explorar a jornada do protagonista e desvendar as mensagens que o enredo nos traz sobre a importância de encontrar equilíbrio e definir prioridades.

Ao mergulharmos na análise psicológica do filme "Click", abordaremos temas como o desejo humano por controle, a relação intrínseca entre tempo e saúde mental, e como nossas escolhas automáticas podem ter um impacto emocional duradouro.

Mas, o que esses elementos revelam sobre nós mesmos e sobre a sociedade em que vivemos? E quais ferramentas a terapia para gerenciar ansiedades que esses temas podem despertar?

Sinopse do filme


A história se concentra na vida de Michael Newman (Sandler), um arquiteto workaholic de meia idade muito preocupado com sua profissão.

Assim, como sua maior motivação é o trabalho, negligencia momentos em família e entra em brigas constantes com a esposa.

Após uma dessas brigas, Michael sai para comprar um controle remoto universal.

Ao chegar em casa, descobre que o aparelho tem a capacidade de controlar a sua vida: pausar, avançar e voltar no tempo. E é a partir daí que a história se desenvolve.

Michael descobre que seu controle sobre o tempo vem com consequências inesperadas e muitas vezes indesejadas.

Essa é uma metáfora poderosa para as armadilhas de tentar controlar demais nossas vidas.
Muitas vezes, a busca por controle pode levar a um ciclo de ansiedade e exaustão, à medida que lutamos para gerenciar todos os aspectos de nossas vidas.

O desejo e a busca pelo prazer

(Princípio do prazer)

"Click" é um filme que, sob a superfície de uma comédia, oferece uma rica oportunidade para uma análise psicanalítica profunda sobre o desejo, o inconsciente e o arrependimento humano.

A história de Michael Newman, que ganha um controle remoto universal para sua vida, ilustra vários conceitos psicanalíticos.

A busca por controle é um tema central no filme "Click" e reflete um desejo humano universal.

Michael, o protagonista, deseja controlar o tempo para gerenciar sua vida agitada e equilibrar suas responsabilidades profissionais e familiares.

Essa busca por controle é uma metáfora poderosa para a nossa própria busca por ordem e previsibilidade em um mundo caótico e imprevisível.

Michael, inicialmente usa o controle remoto para pular momentos que considera desagradáveis ou tediosos (brigas com a esposa, doenças dos filhos, conversas longas).

Isso reflete a busca incessante por gratificação imediata e a evitação da dor, características do princípio do prazer, que rege o Id na teoria freudiana.

Ele deseja o sucesso profissional rápido, sem o "esforço" do processo.

Ansiedade exacerbada

A ansiedade e o estresse muitas vezes surgem da sensação de perda de controle sobre nossas vidas.

A ansiedade é uma resposta natural do nosso corpo a situações estressantes ou desconhecidas. 

No entanto, quando a ansiedade se torna excessiva ou persistente, ela pode interferir negativamente na nossa qualidade de vida. 

Apesar de ter o controle, o que ele conseguia controlar? 

Apesar de parecer, Michael não tinha o controle do que acontecia ao longo da sua vida. Sua única opção era vivenciar os eventos ou não.

Até porque, depois de um tempo, Michael sequer controlava o que queria avançar, porque o controle já tinha guardado suas preferências e avançava sem que ele quisesse.

Nós, como seres humanos, tendemos a buscar padrões e previsibilidade para nos sentirmos seguros e em controle.

No entanto, a vida raramente segue um roteiro previsível e aí que vem a origem de muitas frustrações e a sensação de impotência, que são gatilhos para a depressão.

Tentativa de controlar a vida pra ter o que quer


É interessante notar que a possibilidade de controlar os eventos da vida faz com que Michael passe a avançar momentos desagradáveis, como doenças e discussões.

Isso mostra a nossa dificuldade de lidar com o desconforto, e o desejo de simplesmente não ter que passar por aquilo.

A lição que aprendemos aqui é tomar cuidado com o desejo de acelerar a vida, retendo só o que é bom e evitando o que é ruim.
Quantas vezes não entramos no piloto automático igual ao Michael, só esperando que algo acabe logo?
Porém a verdade é que emoções, sentimentos e situações desconfortáveis também são de extrema importância para nossa vida.

Afinal, são nesses momentos que aprendemos mais sobre resiliência e ganhamos repertório para lidar melhor com situações futuras.

O filme também nos lembra de que não podemos controlar os eventos que acontecem na vida.

A morte do pai, o divórcio e as doenças são alguns exemplos que Michael vivenciou independente da sua preferência.

Dessa forma, podemos aprender a abrir mão daquilo que não está em nossas mãos e a focar no que podemos fazer de melhor com as oportunidades que temos aqui e agora.

Ele sabia definir prioridades e equilibrar a vida?


Escolher apenas o prestígio profissional fez Michael se esquecer de sua família e de sua saúde.

Portanto, não saber definir prioridades trouxe muito sofrimento ao personagem.

Por isso, precisamos pensar com cuidado no que é importante de verdade, para que nossa atenção seja voltada para as coisas que valorizamos.

É necessário, assim, praticar o autoconhecimento e entender o que faz sentido para você, quais são seus valores inegociáveis e como colocar isso em prática.

O impacto emocional das escolhas automáticas é um tema crucial em "Click", e uma reflexão sobre como nossas ações e decisões podem ter consequências profundas e duradouras em nossas vidas e nas vidas dos que nos cercam.

Michael, o protagonista, descobre da maneira mais difícil que suas escolhas automáticas, aquelas feitas sem pensar nas consequências, podem levar a resultados devastadores.

  • Vida profissional

O filme deixa muito claro que a vida de Michael foi dedicada exclusivamente à sua profissão, e que no final não valeu a pena.

Veja, não significa que não devemos focar no nosso crescimento profissional. Isto é muito importante.

Mas o que o filme ensina é que apenas a conquista do emprego dos sonhos e a riqueza pode não ser suficiente para uma vida que vale a pena ser vivida.

Dessa forma, é importante lembrar que o trabalho é apenas parte da sua vida e não ela toda.

  • Casamento e família

O filme também nos mostra que as relações familiares precisam ser cuidadas, por mais difícil que seja. 

Isto significa que é importante dedicar tempo e energia com as pessoas que amamos.

Permanecer sempre no automático sem dar atenção às necessidades de nossos entes queridos é um grande passo para perdê-los.

É importante ter tempo de qualidade, conversar, fazer um passeio e várias outras opções que geram laços familiares mais fortes.

Por que na hora da morte ele se arrepende?


Michael se lamenta por perceber tarde demais que perseguir o cargo mais alto da empresa não trouxe felicidade, afinal, custou sua família e sua saúde.

Permanecer no piloto automático por tanto tempo fez com que ele perdesse a criação dos filhos, a morte do pai e a esposa.
No final das contas, o personagem percebe que os momentos em família que negligenciou eram os mais valiosos.


A Realidade e as Consequências

Princípio da Realidade

O controle remoto, no entanto, começa a se "autoprogramar" com base em seus comandos repetidos de pular a vida real.

Isso introduz o princípio da realidade, que é a função do Ego. 

O controle atua como um mecanismo de defesa patológico que, ao ignorar a realidade e as complexidades da vida, acaba por fazê-lo perder o controle sobre sua própria existência, automatizando-a.
  • O Inconsciente e o Arrependimento
Ao avançar automaticamente por anos de sua vida, Michael perde momentos cruciais: a infância dos filhos, a morte de seu pai e o distanciamento de sua esposa. O filme sugere que, ao reprimir ou pular essas experiências (evitando o confronto com a realidade), esses eventos e sentimentos "pulados" retornam simbolicamente como profundo arrependimento e miséria. O inconsciente mostra a ele, de forma devastadora, o que ele negligenciou.
  • A Culpa e o Superego
O sofrimento e o luto que Michael sente ao perceber tarde demais o valor do tempo e da família são manifestações do Superego, a instância psíquica responsável pela moral e pela culpa.

A dor emocional intensa serve como uma punição por suas escolhas egoístas e sua negligência em relação aos valores humanos fundamentais, como o amor e a família.
  • A Experiência de Quase Morte/Alucinação
Algumas interpretações sugerem que toda a experiência com o controle pode ser uma experiência de quase morte ou uma alucinação, onde Michael é forçado a uma autorreflexão profunda para reavaliar suas prioridades.

Morty (Chirstopher Walken), o vendedor do controle (que pode ser interpretado como o Anjo da Morte), guia Michael através dessa jornada de autoconhecimento forçado.
  • Simbolismo do Controle
O controle remoto em si é um símbolo do desejo de onipotência e controle absoluto sobre o destino, uma fantasia infantil de poder que, na realidade adulta, leva ao desastre e à perda da humanidade.

Conclusão

Qual a lição do filme click?


Por fim, a grande lição que podemos aprender com "Click" é que o tempo passa e precisamos aprender a valorizá-lo, vivenciando a vida como ela se apresenta.

Sem desejar pular as fases difíceis e equilibrando as áreas da vida.

Além disso, o filme nos lembra como certos eventos e decisões influenciam a nossa vida toda.

Por isso, é importante pensar com clareza em como estamos levando nossas vidas, se nossas escolhas estão sendo conscientes e se estamos dando valor aos pequenos momentos do dia a dia que podem fazer falta depois.

Em suma, "Click" utiliza elementos de fantasia e comédia para explorar o drama da condição humana moderna, que muitas vezes prioriza o sucesso material em detrimento das relações interpessoais e do "viver o agora", servindo como um alerta contundente sobre o que realmente importa na vida.
[Fonte: Eurekka]

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