sexta-feira, 27 de novembro de 2020

A REALIDADE DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM LARES EVANGÉLICOS

"Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar contas" (Hebreus 4:13).
1º Tempo — Recentemente, uma das cantoras mais conhecidas do mundo gospel, Cassiane atraiu a ira dos internautas após lançar um polêmico videoclipe da música "A voz" (acima). A produção aborda a violência contra a mulher, mas o direcionamento acabou irritando a web.

Na produção, a atriz protagonista surge sendo agredida pelo marido. Entretanto, a vítima decide orar pelo agressor após deixá-lo. A mulher deixa ainda um cartão de perdão dentro de uma Bíblia para que o companheiro lesse.

Os internautas, entretando, alegam que o certo seria mostrar a vítima denunciando o agressor para que ele não fizesse isso com outras mulheres. Após a polêmica, a MK Music, produtora do vídeo, fez algumas edições, mudando o desfecho da história e tendo, inclusive, colocado o número 180, que é o oficial para denúncia de agressão contra as mulheres. 
A cantora Cassiane também foi às redes sociais, postando vídeos e textos, tentando desfazer a polêmica de seu clipe. Só que, o leite já havia derramado e a emenda saiu pior que o soneto.

 

2º Tempo — A cantora gospel Quesia Freitas foi agredida fisicamente pelo marido, Bruno Feital, no último sábado (21), no interior de um shopping no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. As imagens foram compartilhadas pelo irmão da artista, o também cantor Juninho Black, que pediu ajuda para dar visibilidade ao caso e para o marido dela ser preso. 
"Minha irmã de sangue Quesia Freitas foi agredida no shopping anteontem na frente de todos. O agressor é o atual marido dela que vem a agredindo há mais de um ano. Minha irmã vem sofrendo tortura psicológica, abuso emocional, agressões físicas e coação"
relatou Juninho no Instagram.

Em entrevista ao programa Balanço Geral, da Record TV, nesta terça-feira (24), a cantora contou que o marido era muito ciumento e possesivo e a proibia de sair sozinha. Ela ainda revelou que as agressões começaram há cerca de um ano, logo após o casamento.

Lar não tão doce assim


Uma recente pesquisa revelou que 40% das mulheres que se declararam vítimas de agressões físicas e verbais de seus maridos são evangélicas. Este dado alarmante foi obtido por meio de depoimentos coletados das vítimas, por Organizações não governamentais (ONGs), e demonstra a dimensão da violência doméstica no Brasil.

No contexto das mulheres evangélicas, o estudo apontou que muitas se sentem coagidas por seus líderes religiosos e não denunciam a violência sofrida, como mostra trechos do documento: 
"A violência do agressor é combatida pelo 'poder da oração'. As 'fraquezas' de seus maridos são entendidas como 'investidas do demônio', então a denúncia de seus companheiros agressores as leva a sentir culpa por, no seu modo de entender, estarem traindo seu pastor, sua igreja e o próprio Deus".
De acordo com os responsáveis pelo estudo, as instituições religiosas deveriam incentivar as denúncias de violência contra a mulher, e não culpá-las, acusando-as de fracas ou sem fé. Para os pastores, é mais fácil mandar essas vítimas de volta pra casa com a promessa de que somente a oração lhes salvaria, do que ajudá-las a enfrentar o agressor.

Levantando o tapete da omissão

Toda moeda tem dois lados


A partir daqui, proponho uma análise da pauta sobre suas duas faces. Essa sem dúvida é uma questão complexa. Em nosso mundo, se um homem bater em sua esposa e ela reagir esfaqueando-o, então ela seria aclamada como uma heroína por muitos. Se o inverso ocorrer e uma mulher bater no marido e ele reagir esfaqueando-a, então ele seria visto como o vilão.

Infelizmente, não é incomum em muitas congregações haver casamentos onde a violência doméstica é um problema. Sou grato pelas igrejas estarem finalmente começando a considerar de modo sério a questão da violência doméstica. Ainda assim, pergunto-me se, quando usamos o termo "violência doméstica", nossas mentes logo imaginam a mulher sendo a vítima e o homem o agressor?

Eu me pergunto se, quando você leu o título deste artigo, sua suposição imediata foi que seria sobre mulheres abusadas? Pergunto-me se, de modo subconsciente, vemos os homens abusados como sendo "fracos" e os tratamos menos seriamente?

Por que, quando essa é uma ocorrência tão comum em nossa cultura, vemos tão pouco sobre o tema da perspectiva masculina como vítima? Gostaria de saber o quanto essa nova onda evangélica de machismo está ajudando os homens que sofrem em relacionamentos cruéis e atormentados.

Como um homem pode vir até o seu pastor ou líderes para pedir ajudar sobre essa questão, se a cultura prevalecente é beber cerveja, ir a clubes de luta cristãos onde homens "de verdade" têm a barba crescida e assistem a lutas em ringues? Que esperança há para um homem preso nessa situação há muito tempo (e geralmente é assim) se ele já se sente menos do que um homem? 

Sim senhor, há irmãzinhas que são o verdadeiro "cão chupando manga": richosas, manipuladoras, autoritárias, arrogantes, insubmissas... não se guiam pela Palavra, mas sim pela doutrina de Jesabel. 

A ira (e a violência) é destrutiva tanto quando manifesta por uma mulher quanto por um homem. É falso crer que, porque as mulheres podem ser pequenas na estatura (ou apenas porque são mulheres), elas podem causar menos dano físico e psicológico. Não ajuda quando perpetuamos o mito de que as mulheres não abusam de seus maridos e que as que o fazem não são tão más e, portanto, seus padrões de comportamento abusivo não são tão graves quanto os de seus correspondentes masculinos.

É uma verdade lamentável que em alguns casamentos as mulheres usam a violência como um meio para obter o que desejam (alguns números apontam uma elevada taxa de violência doméstica de 38% em relação aos homens).

Mais comumente isso se revela em uma explosão de ira que era eminente sob a superfície. O teólogo americano David Powlinson o descreve assim:
"A ira de uma pessoa pode ser 'reprimida'… As pessoas podem estar 'perturbadas', 'cheias' de raiva, esperando para 'explodir'. Elas 'ficam prestes a extravasar'. Ira antiga e não resolvida pode ser 'guardada', 'abrigada' por décadas. Se você 'tirá-la do seu peito' até que sua raiva seja 'consumida', você se sente melhor."
Essas palavras soam verdadeiras para muitas mulheres que, nunca tendo lidado adequadamente com suas emoções, despejam esses sentimentos sobre os seus cônjuges como uma forma de libertação. O resultado final é sempre alguma forma de abuso. Mas aqui há uma verdade que é tão aplicável aos abusadores do sexo feminino quanto masculino.

Como a Igreja pode ajudar?


Quando um cônjuge se torna o objeto de ira, pode haver muitas mentiras que os agressores dizem a si mesmos para justificar a explosão de raiva. Devemos reforçar a seguinte verdade.
Ele não fez você fazer isso — ninguém faz você bater e/ou abusar do seu cônjuge.
A Bíblia afirma claramente que todas as formas de autoengano sempre provêm do "coração" (Marcos 7:20-23). Precisamos perguntar: "O que está na raiz de sua ira?". Poderia ser uma luta de poder dentro do casamento? É uma falta de submissão bíblica? É um ressentimento antigo? Tem a ver com dívidas ou outras pressões? Talvez alguém testemunhou um abuso quando criança?

Para ser honesto, há uma multiplicidade de respostas que poderiam nutrir a ira. Mas essas não são desculpas para o comportamento pecaminoso. Portanto, em última análise, para entender a violência e o conflito, precisamos buscar respostas para os problemas interiores. Devemos encorajar as pessoas a examinarem os seus corações. O que elas precisam que não estão obtendo? O que realmente está na essência da questão?
"Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros" (Tito 3:3).
Tiago 3:13 e 4:12 oferece um resumo do problema e apresenta a solução de Deus.
  • 1. Em nossa ira, nosso coração exigente e egoísta terá o fruto da violência, raiva e conflito.
  • 2. Deus é generoso com aquele que se arrepende!
  • 3. Um coração sábio, humilde e receptivo dará fruto de uma vida de pacificação.
Para conhecer a essência de sua raiva e violência, devemos encorajar os agressores a examinarem os seus corações, a confessarem a verdade, a se arrependerem e a buscarem a ajuda de Deus. Em Filipenses 4:13, Paulo diz à igreja: 
"Tudo posso naquele que me fortalece".
Essa é uma verdade mesmo para aqueles que lutam contra a ira e o ódio. Sem uma compreensão correta de nós mesmos, do nosso próprio coração e do glorioso evangelho, nunca acabaremos com a violência no lar.

Há uma caminhada longa, lenta e dolorosa enquanto aconselhamos aqueles que estão sendo abusados e aqueles que estão abusando. Mas não vamos demonizar os homens como as únicas pessoas que cometem violência doméstica. A probabilidade é que você tenha alguém (ou mais de uma pessoa) sofrendo silenciosamente em sua congregação. Não sejamos culpados de mantê-los presos no medo e escravidão por medo de serem considerados fracos ou não serem levados a sério.

Conclusão


Por que falar de violência contra as mulheres na Igreja? Este é um assunto que tem a ver com a nossa vida de fé? Seguramente que sim, é um assunto que tem a ver com as igrejas, uma vez que tudo aquilo que afeta a um dos membros do corpo de Cristo, afeta a todo o corpo. Não é possível pensar que mulheres continuem sendo espancadas, machucadas em seu corpo e tendo a sua integridade física ameaçada e que o silêncio continue a reinar nas nossas congregragações. 

Já não queremos e não podemos mais ficar com os olhos fechados ou fazendo de conta que não escutamos os gemidos das nossas irmãs que sofrem, muitas vezes em silêncio, por vergonha, por medo, por não encontrarem lugar e espaço para falar de sua dor.

Se queremos ser Igreja que segue o exemplo de Jesus Cristo, o assunto da violência contra as mulheres precisa ser tratado em nossas reflexões e em nossos grupos de estudo. Ah, amada irmã e leitora, caso você esteja sendo vítima de violência doméstica, não pestaneje, nem titubeie: denuncie o agressor à Polícia!
  • Escrevi mais sobre esse tema aqui e ➫ aqui.
[Fonte: Jornal Opção, por Leicilane Tomazini; Ministério Fiel; Diacona, por Pastora Elaine Neuenfeldt]

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terça-feira, 24 de novembro de 2020

FILMES QUE EU VI — 61: "NASCE UMA ESTRELA", DE 1976


O filme "Nasce uma Estrela", de 2018, estrelado por Lady Gaga e Bradley Cooper ("Sniper Americano", 2014), fez muito sucesso, arrecadando milhões de euros e colecionando prêmios. Além disso, a atuação e química dos atores foi muito elogiada. A cantora pop Lady Gaga surpreendeu com sua brilhante atuação como protagonista (muitos, aliás, pensaram que ela não consegueria dar conta do recado, em sua estreia como atriz, em um papel de tanto peso).

Porém, o que muitos não sabem é que essa não foi a primeira vez que a trama de Hollywood "Nasce uma Estrela" chegou aos cinemas. Em 1937, o filme foi lançado pela primeira vez, com Janet Gaynor (✩1906/✞1984, "Garota do Interior", 1936) e Fredric March (✩1897/✞1975, "O Médico e o Monstro", 1936) nos papéis principais, os quais tinham os nomes fictícios de Esther Blodgett e Norman Maine. 

A história ganhou o primeiro remake em 1954, com Judy Garland (✩1922/✞1989, "O Mágico de Oz", 1939) e James Mason (✩1889/✞1959, "Condenado", 1947), e o segundo em 1976, com Barbra Streisand ("O Príncipe dos Mares", 1991) e Kris Kristoofferson ("Blade, O Caçador de Vampiros", 1998). E é sobre esse remake que vou falar, pois, o original eu não cheguei a assistir e nem o de 1954. Assisti ao de 1976 e o de 2018, com a Lady Gaga e Bradley Cooper, mas, entre os dois, fico com o de Barbra Straisend e Kris Kristoofferson, que, na minha opinião, não tem como comparar.

Porque é melhor

(Mesmo com os contras)

O mais interessante nesta versão da história de "Nasce Uma Estrela" é sua transposição ao cenário decadente dos artistas setentistas.

Kris Kristofferson interpreta um clássico exemplo de artista que já passou de seu auge e hoje encontra-se num caminho rumo à decadência: é alcoólatra, fadado ao fracasso, enquanto Barbra encarna uma cantora amadora, mas que desde os primeiros instantes em cena transpira o status glamouroso que a própria celebridade carrega. 

Não há uma tentativa de esconder que essa versão do clássico é mais próxima de uma maneira de consolidar Barbra Streisand num cânone artístico do que qualquer tentativa de validar-se artisticamente.

Comparando, é evidente que há pouco esforço em firmar John, rockstar decadente perto de Esther, uma presença única de corpo e alma. Ele beira o superficial e o estereótipo da época e não há um bom balanço em comparação à Barbra, que é o grande veículo do filme.

É um cenário mais vivo e com melhores oportunidades de encenação, durante um contexto bastante interessante de ser explorado, mas é dependente demais da figura de uma estrela que acaba não compensando no final das contas.

Drama em essência


De acordo com a análise do saudoso crítico de cinema Rubens Ewald Filho (✩1945/✞2019), dramaticamente há menor dependência da musicalidade, comparado à versão de 1954, onde Judy Garland talvez tivesse maior peso a ser segurado que Barbra, mas há essa abordagem fria que pouco funciona. 

Rubens, em sua análise, diz ainda que tudo é trabalhado de forma descompensada, deixado de lado, um filme sem eira nem beira sobre artistas numa época anárquica da música. Realmente, dá para se observar uma certa falta sentimento e pessoalidade nesse trabalho concupiscente que demanda pulso mais firme, justamente devido ao período de turbulências social, cultural e artística, pano de fundo de toda a trama, da época. Se Kristofferson interpreta um músico descompensado e louco no palco, muito reflete o trabalho de roteiro e direção do próprio filme.

Tenta-se romper com antigos regimes cinematográficos, mas não há noção de como fazer ao menos o básico. Há a preferência por uma estrutura de filme-show onde faça Barbra Streisand brilhar musicalmente, e é cativante o suficiente para satisfazer por momentos, mas o fascínio acaba assim que qualquer outra peça é posicionada ou qualquer drama é plantado. 

Duas horas e vinte é tempo demais para um filme tão incipiente que não é capaz de explorar a década de excessos que foram os anos 70. Em certos momentos, o tédio bate a porta mais que o aceitável. Ainda de acordo com o Rubens, mesmo duas décadas depois, o filme de Frank Pierson (✩1925/✞2012, "Um Dia de Cão", 1975) não é mais enxuto ou dinâmico que a versão de três horas estrelada por Judy Garland, que além de contar com o carisma da artista é composto brilhantemente em quase todos os aspectos.

Por mais que seja um projeto situado num contexto brilhante do cenário de rock dos anos setenta, "Nasce Uma Estrela" é largado demais, sem vetor guiando a condução do filme e busca uma estratégia egocêntrica de abusar da figura da Barba Streisand para atingir o sucesso. 

Não digo que não vá cativar em seus melhores momentos, mas há largos instantes onde pouco acontece, além de ser desorganizado e nitidamente feito sem qualquer carinho. Mesmo assim, com todos esses contras, o filme ainda é melhor do que o remake de Bradley Cooper (que também atua como o protagonista Jackson). 

Tá bom, confesso, sou fã de Barbra Straisend e nem um pouco de Lady Gaga, mas reconheço que ela fez por merecer os prêmios recebidos (embora eu considere a música 'Shallow' um horror que a tal de Paula Fernandes fez a proeza de conseguir piorar, com sua famigerada pérola 'Juntos [e Shallow Now]', num dueto inaldível com o tal de Luan Santana).

Conclusão



A trama, que faz sucesso por mais de 80 anos, conta a história da jovem que se apaixona por um complicado homem famoso, que vê seu prestígio cair, enquanto ela ascende. O filme retrata pontos muito importantes, além do nascer de uma estrela, ele aborda o lado ruim da fama e apresenta críticas sociais envolvendo não só a decadência e o fracasso, mas também a depressão.

Por fim, em essência, o filme permanece o mesmo, apresentando uma perspectiva sobre a construção e manutenção da fama em cada época, além, é claro, de seguir o mesmo enredo principal. Contudo, apesar da estrutura não sofrer tantas alterações, os roteiristas tomaram a liberdade de adaptar a história de forma a tornar essa franquia relevante a cada década.

Entre os quatro filmes é possível notar diversas semelhanças e diferenças. Mas, obviamente, não vou falar sobre isso aqui, mas indico a matéra do site Prosa Livre: "As Diferenças e Semelhanças Entre as Quatro Versões de 'Nasce Uma Estrela'".

Ficha Técnica


  • Nasce Uma Estrela (A Star Is Born) – EUA, 1976

  • Direção: Frank Pierson

  • Roteiro: Robert Carson, Frank Pierson, John Gregory Dunne, Joan Didion, William A. Wellman

  • Elenco: Barbra Streisand, Kris Kristofferson, Gary Busey, Oliver Clark, Paul Mazursky, Joanne Linville, Venneta Fields, Clydie King, Marta Heflin, Sally Kirkland, M.G. Kelly, Bill Graham, Rita Coolidge

  • Duração: 139 min.
[Fonte: Plano Crítico, por Bruno dos Reis Lisboa Pires]
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sábado, 21 de novembro de 2020

QUANTO DE ABSALÃO HÁ EM NÓS?

2 Samuel 3:1-5; 13:21-29; 14:24-33; 15:1-12; 18:9-17, 33


Uma síndrome é um grupo de sintomas que aparecem juntos. Para que alguém seja caracterizado como portador de determinada síndrome, é preciso que o conjunto de sintomas se apresente, todos, indistintamente nessa pessoa. Ao falar da "síndrome de Absalão", os que conhecem a Bíblia Sagrada, sem nenhuma dificuldade, lembrar-se-ão do mais perfeito e atlético filho de Davi (14:25). Contextualizando, fisicamente, Absalão faria o maior sucesso com as meninas nas igrejas. Deus não saberia a qual oração responderia por tal "escolhido". Contudo, esse formoso moço se enquadra num velho adágio popular que diz:
"Por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento."

Quem foi Absalão?


A Bíblia nomeia Absalão (Em hebraico, אַבְשָלוֹם. Significado: "o meu pai é de paz" ou "pai da paz") como o terceiro filho de Davi cuja mãe era Maaca. Havia muita crise relacional na família real. Cada filho nascia de uma mulher diferente.  Infelizmente, essa anomalia está acontecendo com assustadora frequência em nossa sociedade. 

Como vemos em 2 Samuel 14:25 e 26, Absalão não é era apenas bonito, ele era o mais bonito, já que não havia, em Israel, homem mais belo e formoso do que ele. Desde a planta dos pés até a cabeça, não havia defeito algum. E olha que naquela época, não havia clínicas de estéticas e nem academias de fisiculturismos. Ele não era "bombado",  mas tinha o corpo naturalmente sarado.

Sua cabeleira era longa e cacheada. Era cortada uma vez ao ano e pesavam dois quilos e setecentos gramas. Como se não bastasse os atributos físicos naturais,  Absalão usava uma essência misturada com ouro em pó a fim de realçar a beleza. Na linguagem da galera jovem da atualidade Absalão era um "filezão", um "gatão". Foi arranhado. "Pegou" e "arranhou" muitas e, ao final, morreu cedo e tragicamente.

Absalão mandou matar seu irmão Amnom, porque ele estuprou sua meia irmã Tamar, praticando o incesto. Depois fugiu para Talmai. O jovem rebelde conspirou contra o seu próprio pai para derrubá-lo do trono. Trapaceando, conspirou contra seu pai e arregimentou cinquenta homens com carros e cavalos que iam adiante dizendo 
"Absalão reinou em Hebrom"
e com mais duzentos soldados, formava um pequeno exército. Davi fugiu para o deserto, porque não queria lutar contra seu filho Absalão. Joabe matou Absalão.

O jovem formoso montado em seu cavalo, embaraçou-se nos galhos de um grande carvalho ficando suspenso pelos cabelos entre o céu e a terra, pois o cavalo saiu disparado. Joabe veio e traspassou o seu peito com três dardos.  Estando Absalão ainda vivo, vieram dez jovens lanceiros e o mataram. 

Cusi, o enviado de Joabe, correu para dar a triste notícia. Quando Davi percebeu a chegada de Cusi, perguntou duas vezes: 
"Tudo vai bem com o mancebo, Absalão?"
Mas, para a tristeza daquele fracassado pai, nada estava bem. Findou-se a vida do jovem cheio de sonhos. O rebelde estava morto. O rei Davi, andando e chorando, dizia: 
"Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!" (18:33).
Sem dúvida essa é uma história triste, mas tem uma grande lição para a vida. A beleza espiritual e moral precedem a beleza física e material, porque são a essência vida.

Cuidado com o "espírito [ou a síndrome] de Absalão"


O espírito de Absalão é um espírito fraco, pequeno e mesquinho que muitas vezes é resumido pela expressão: 
"Se fosse eu, faria diferente"!
Esse é um espírito de murmuração, contenda e crítica que semeia discórdia e confusão no meio o povo de Deus. Um espírito que tenta confundir os irmãos e toda a Igreja de Cristo

Embora o nome Absalão signifique "pai da paz", na realidade suas atitudes não condizem com o significado do seu nome, e não obstante o seu nome significar "pai da paz" ele, Absalão foi pai da contenda, da mentira e da encrenca, pois sendo ele filho do rei Davi, seria com certeza um forte candidato, a suceder o trono no lugar de seu pai, mais infelizmente se deixou levar por esse espírito mesquinho, pequeno, mentiroso e contencioso, trazendo a maldição e a morte para a sua vida.

A egolatria foi a porta para o abismo no qual Absalão caiu


Em 2 Samuel 15:4, encontramos Absalão assentado junto aos portões de Jerusalém interceptando as pessoas que iam procurar o rei Davi e dizendo
"Ah! Quem me dera ser juiz desta terra, para que viesse a mim todo homem que tivesse demanda ou questão, para que fizesse justiça!"
Automaticamente Absalão estava com isto querendo dizer que Davi seu pai não sabia administrar o reino e não estava nem ai com a situação do povo, principalmente os mais pobres e necessitados, mas se ele fosse rei ele resolveria os problemas deles e faria justiça por eles.

Infelizmente muitos irmãos e obreiros dentro da igreja são usados por satanás e sofrem com a mesma síndrome de Absalão, eles estão sempre murmurando, falando mal [uns] dos outros, tentando atrapalhar o ministério e a obra do Senhor, sempre tentando denegrir a imagem de alguém para tirar vantagens e galgarem alguma coisa.

São pessoas que sabem fazer tudo (e, claro, sempre melhor que os outros), mas não fazem nada, estão sempre usando pretextos e dizendo: 
"Se eu estivesse na direção da igreja..., se eu estivesse administrando..., se eu fosse o pastor presidente..., se fosse eu que cantasse..., "se fosse que dançasse..." se fosse eu que pregasse...", "se fosse eu que tivesse feito isso ou aquilo teria dado certo"
tais pessoas são verdadeiramente têm a essência de Absalão e sofrem da mesma síndrome que ele sofria, pensam que sabem, mas, na verdade não sabem nada.

Quem são os Absalões que podem estar em nosso meio (ou mesmo dentro de nós)?


Identificar, assumir e corrigir as mazelas, deficiências e debilidades em nosso caráter, é um tripé onde se equilibra a única maneira de nos livrar deles: o arrependimento. Fazendo uma análise do caráter de Absalão, de acordo com os elementos que as Escrituras nos dão, eu pontuei algumas falhas. Vejamos:
  • 1) São aqueles que tentam ajuntar pessoas em torno de si [2 Sm 15:1].
  • 2) São aqueles que procuram (ou inventam) motivos para murmurar e falar mal [15:2].
  • 3) São aqueles que Elogiam as pessoas para ganhar a confiança delas  (15:3).
  • 4) São aqueles que Falam mal da liderança [15:3].
  • 5) São aqueles que Se revelam por suas palavras [15:4].
  • 6) São aqueles que Abraçam as pessoas se fazendo de humildes [15:5].
  • 7) São aqueles que Furtam e enganam o coração dos mais humildes [15:6].
São cães, lobos, falsos obreiros, falsos profetas, falsos cristãos, verdadeiros opositores e tropeços dentro das igrejas não fazem nada e sempre estão causando divisão, caluniando, murmurando, opondo-se e impedindo o crescimento da obra de Deus.

Observamos pela palavra do Senhor, (15:16) que foi exatamente assim que Absalão filho de Davi colocou em seu coração o propósito de ser rei e usurpar o trono de Israel começando então a desenvolver estratégias para derrubar seu próprio pai.

Covardemente começa a cativar os desiludidos e descontentes, se fazendo de bonzinho e oferecer favores, dizendo que eles não tinham um juiz ou um rei para atender as suas necessidades, mas, se ele fosse rei faria aquilo que necessitavam, e resolveria todos os seus problemas bastava tão somente que aderissem aos seus planos e conspiração para usurpar o trono do rei.

Como identificar a atuação do "espírito de Absalão" em nosso meio?


Absalão representa muitos que pensam em conquistar um lugar ou espaço na base da traição, engano, cobiça, etc.

Muitos Absalões se levantam, inventam mentiras, fazem promessas falsas, se amotinam, provocam as divisões com o desejo de ocupar o lugar daquele que foi colocado legalmente. Esta síndrome vem assolando ministérios, igrejas, vidas, instituições, famílias e empresas. Por onde passa este espírito destruidor, o resultado é catastrófico. 

Estes homens (e até, mulheres) sempre terão seguidores. Haverá, em todo tempo alguém que dê ouvidos a tais Absalões. Exatamente por isso que Absalão teve seus seguidores, aqueles que acreditavam que poderiam derrubar o rei e terem seus sonhos realizados. Se firmando na palavra de um traidor.

Assim, também, muitos em nossos dias acreditam em palavras e seguem, cegamente, aquele que já está fracassado pela inveja, pelo ódio e pela sede de querer ser e de poder. Desta forma, ambos caem no engodo de satanás na valeta da desgraça, da vergonha e da dor. Aquilo que esta destinado para tais pessoas com a essência de Absalão ninguém irá tirar, nem mesmo tomar ou ocupar seu lugar, mas infelizmente eles mesmos terão que enfrentar aquilo que realmente merecem.

Devemos entender que os degraus do sucesso devem ser subidos um a um lembrando sempre de deixar uma base forte para sustentá-los, caso tenha que descer de novo. Alguém que está acima de nós pagou o preço para que chegasse onde está. Vamos nós também pagar para que possamos alcançar nossos objetivos e alvos. Estude, trabalhe, invista, dê frutos, mostre resultados, revele sua competência e, então, aguarde que no tempo de Deus, o que tiver de ser seu, seu será. 

Seu sucesso chegará e seus objetivos serão realizados. Deus abençoa quem nEle confia e espera. O fim de Absalão foi uma trágica morte, triste fim para quem poderia ocupar um lugar de honra no reino, afinal seu pai era o rei. Este foi o prêmio para Absalão, o qual continua a ser dado aos que seguem seu exemplo, pois, só a morte seja física, moral, financeira ou espiritual é a recompensa o troféu para os que têm a Síndrome de Absalão.

Se porventura alguém após ler este artigo, tem identificado a síndrome de Absalão em sua vida, busque a graça e a ajuda do Espírito Santo rapidamente, pois ao contrário essa síndrome diabólica e maligna de Absalão o levara a ficar pendurado pela própria cabeça em algum carvalho que surgirá em sua frente como aconteceu com Absalão (2 Sm 18:9) e infelizmente seus planos, projetos e alvos serão eliminados para sempre.

Que Deus em sua infinita graça tenha misericórdia de nós, e que, se tivermos algum mérito, algum chamado, alguma vocação, algum dom, ou tivermos que alcançar alguma posição jamais seja através de golpes, de corrupção, de uma conspiração ou uma usurpação, mas que tudo isso seja alcançado através da oração, da humildade, da graça, da misericórdia, através de uma vida de intensa intimidade, sincera comunhão e plena cumplicidade com o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Conclusão


Lendo essa história bíblica, é impossível não fazer um paralelo com o que a gente vê diariamente. E, quando a gente pensa que já viu tudo, que não mais é possível haver superação, quebra de recorde do absurdo ou coisas do gênero, pasmem, existe espaço ainda para as mais sórdidas, estapafúrdias, escalafobéticas, infelizes e covardes posturas. 

Atitudes que fazem revirar o estômago. Pior é admitir que não existe campo mais propício e favorável à proliferação dessas vilezas, que a religião. No terreno fértil do misticismo e com uma pose de "guardião da lei", muita gente vai se fazendo e impondo-se por aí.

Há muitos anos, li no jornal cristão Mensageiro da Paz um artigo que dizia o quanto os homens conseguem superar o diabo na empreitada de "tentar". Lembrei-me de uma outra estória que ouvi o pastor Silas Malafaia contar, sobre um sacerdote ascético que isolou em uma caverna um grupo de jovens aspirantes ao serviço religioso no intuito de obrigá-los a jejuar. 

No outro dia, quando veio apanhá-los, o velho percebeu alguns fragmentos de cascas de ovos espalhados pelo chão. Ao indagá-los acerca da "quebra do jejum", ouviu a seguinte resposta: 
"O diabo tentou-nos, achamos alguns ovos de codorna, os cozinhamos em uma colher aquecida por uma vela e acabamos comendo".
Conta-se que, na mesma hora, o Tentador apareceu e defendeu-se: 
"Nem eu sabia que dava para cozinhar ovos usando uma colher e uma vela".
Assim, não tenho dúvida que muito da falta de vergonha e deficiências no caráter, da diabolicidade das atitudes, dos cinismos disfarçados de espiritualidade, do oportunismo com os deslizes involuntários do próximo e outras demonstrações de torpezas, acontecem com a "relativa autonomia" dos indivíduos para fazerem e arquitetarem o mal. 

Os elementos conseguem deixar o Tentador com inveja de seus planos maquiavélicos por uma razão muito óbvia e simples: Eles aprendem com o diabo, mas conseguem superá-lo ao pensar em dimensões que o próprio Tentador não vislumbrou! Provérbios 27:20 acusa a receita do porque desse comportamento.

A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso. 
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Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

sábado, 14 de novembro de 2020

ESPECIAL — MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Quando nos debruçamos no estudo da consciência, acabamos por ver um grande problema que já perpassa toda história da filosofia, relativo a não univocidade do conceito de consciência. Nas palavras iniciais de Searle [John Rogers Searle, filósofo analítico e escritor norte-americano, professor da Universidade de Berkeley, na Califórnia, Estados Unidos.] vemos um conceito simples de se definir, a saber, a consciência é o conjunto de estados subjetivos de sensibilidade (sentience) ou ciência (awareness), que se iniciam quando uma pessoa acorda na parte da manha, e que se estendem ao longo do dia. Ou seja, em resumo de conceptualizações filosóficas e também psicológicas, a consciência é a percepção imediata do sujeito daquilo que se passa, dentro ou fora dele. 

A consciência pode definir-se como o conhecimento que o Homem possui dos seus próprios pensamentos, sentimentos e atos. Podem-se distinguir dois tipos de consciência, a consciência imediata e a refletida. A consciência imediata ou espontânea caracteriza-se por ser a que remete para a existência do Homem perante si mesmo, no momento em que pensa ou age. A consciência refletida ou secundária é a capacidade do Homem recuar perante os seus pensamentos, julgá-los e analisá-los.

Consciência negra ou humana?


A história do Brasil é marcada por quase quatro séculos de escravidão da população africana e afro-brasileira, porém, apesar da abolição da escravatura (13 de maio de 1888), não houve a ruptura do formato "dominante x dominado". Os ex-escravizados foram jogados à margem da sociedade sem reparação pelos séculos de violência. 

Angela Davis, filósofa e ativista afro-americana, explica 
"Nós proclamamos a abolição da escravidão pensando que os impactos econômicos, culturais e sociais da escravidão fossem desaparecer automaticamente".
Com o desenvolvimento da lógica capitalista, a elite, outrora senhores de escravos, continuou intacta e usou o racismo como elemento estruturante das divisões de classe, concentração de renda, superexploração do trabalho, além de estabelecer mecanismos repressivos contra os dominados. 

Isto é, foram empreendidos processos muito bem articulados para o estabelecimento do racismo estrutural e a permanência do status quo. Nesse sentido, o racismo é configurado no estabelecimento do fosso entre negros e brancos, onde somente os últimos encontram-se numa posição privilegiada e condenam a sobrevivência dos que estão no degrau inferior de qualquer hierarquização no sistema político-econômico. 

No Brasil, o mês de novembro é tradicionalmente dedicado à consciência negra. A data se refere à morte do líder de quilombo Zumbi dos Palmares, ocorrida em 20 de novembro de 1695, símbolo de resistência negra na história do país. Embora criticada por muitos que, em vez, defendem um "Dia da Consciência Humana" já que somos todos humanos e iguais, ainda há muito o que se falar em "Dia da Consciência Negra" em um país onde a humanidade não é ofertada igualmente a todos.

Paleta de cores e raças

Iguais, porém, diferentes


A Constituição Federal de 1988 dispõe em seu artigo , caput, sobre o princípio constitucional da igualdade, perante a lei, nos seguintes termos:
  • Artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. 
Conclui-se, portanto, que o princípio constitucional da igualdade, exposto no artigo , da Constituição Federal, traduz-se em norma de eficácia plena, cuja exigência de indefectível cumprimento independe de qualquer norma regulamentadora, assegurando a todos, indistintamente, independentemente de raça, cor, sexo, classe social, situação econômica, orientação sexual, convicções políticas e religiosas, igual tratamento perante a lei, mas, também e principalmente, igualdade material ou substancial.

O artigo , caput, da Constituição Federal assegura mais do que uma igualdade formal perante a lei, mas, uma igualdade material que se baseia em determinados fatores.

Somos diferentes, porque somos diversos. E não só no tom de pele ou na textura do cabelo; nossa cultura, nossa história, nossa ancestralidade são diferentes daquilo que sempre foi considerado norma de civilidade neste país: a branquitude e seu legado colonial europeu. Nosso apelo por igualdade deve ser compreendido como uma afirmação de respeito e inclusão de nossas diferenças. Hoje precisamos ter um mês de consciência negra para que elas não sejam mais usadas como fator de discriminação.

"Somos todos iguais" pero no mucho


Somos diferentes e isso é maravilhoso. Quando vazio, o discurso do "somos todos iguais" também é perigoso porque camufla o desejo de se apagar as diferenças em nome de um ideal hegemônico. Nesse caso, o que há no contexto social é uma pretensa igualdade que vai silenciosamente eliminando o diferente e negando as diversidades.

O poeta inglês do século 18, William Cowpern (✩1731/✞1800), já dizia que 
"a variedade é o tempero da vida e o que dá a ela seu mais verdadeiro sabor".
Eu reafirmo: nossas diferenças e diversidade é o que dá vida e sabor à democracia. 

Dia da Consciência Negra, mais do que uma data, é tempo forte de reflexão sobre os males sociais resultantes do pós 13 de maio de 1888, quando, em uma abolição que indenizou os senhores de escravos e deu apoio aos imigrantes europeus que substituíram o povo negro no trabalho, o Estado nada fez para dar aos ex-escravos condições de ascensão social, antes os abandonou à própria sorte.

No Brasil, atos de racismo são presentes no dia a dia de muitos negros e afro-brasileiros, todavia, sob os mantos do negacionismo e silencionismo, o assunto ainda é muito ausente das discussões cotidianas. Aqui não vivemos conflitos segregacionistas abertos como os que ocorrem nos Estados Unidos, contudo, dados apresentados pelo IBGE apontam que três em cada quatro pessoas que estão na parcela dos 10% mais pobres do país são negras. Além de fulgurarem na ponta de tal estatística que revela a cor da pobreza nacional, pessoas negras também encabeçam estatísticas das vítimas de homicídios.

"O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons" (Martin Luther King).

Aqueles que pedem o silêncio ao debate da questão racial, o fazem exatamente por não perceber que o racismo não os afeta. Ledo engano. O racismo atinge a todos, negros e não negros, atores de Hollywood e de qualquer outro lugar. Porque racismo não é apenas xingar alguém de macaco (e assim retirar a humanidade da pessoa) ou "preto preguiçoso". Mais do que isso, racismo é um sistema estrutural de opressão, que favorece quem o pratica e empobrece quem o sofre.

Nos últimos 40 anos, tivemos avanços significativos da população negra em relação a alguns aspectos, como: acesso, permanência e sucesso na trajetória escolar tanto na educação básica quanto na superior; acesso ao mundo do trabalho, reconfigurando os lugares socialmente estabelecidos para a população negra; avanços significativos na política pública na área da saúde e assistências. Contudo, o fato é que há muito o que se fazer, sem vitimismo, sem usar a questão como pauta ideológica, mas, sim, encarar o problema de frente e com determinação, ação e reação, continuar lutando para que essa balança de pesos e valores tão desiguais se equilibre no bom senso.

Conclusão


Nossa luta deve ser pela coletividade e contra o racismo invisível, institucional e estrutural que mina o país e destrói vidas negras. Enquanto ainda existir gente achando normal uma morte negra ou anormal e espantoso um negro em um lugar de destaque na sociedade como juízes, médicos, cientistas, professores..., isso é um claro sinal de que ainda temos, sim, que conversar sobre o racismo e em todas instâncias. 

E não apenas no mês de novembro. Por conta disso, em nosso meio, vergonhosamente, ainda se manifestam expressões tipo: "[você é um(a)] negro(a) de alma branca", "negro(a) da cor do pecado", "negros batalhões", "urubu", "chipanzé", "macaco", "veja se não vai fazer um serviço de preto, hein?", "o preto, quando não caga na entrada, caga na saída", "apesar de negro(a) é inteligente/bonito(a)", dentre outras tão desprezíveis e estúpidas quanto.

O caminho é longo. Que Deus nos ajude a trilharmos por ele pautados no enfrentamento, justiça, confissão, perdão, cura e restauração.
  • Já abordei este assunto anteriormente: ➫ aqui, ➫ aqui, ➫ aqui e ➫ aqui.
[Fonte: TJDFT, por Noemia Colonna dos Santos, técnico judiciário do TJDFT, participante do curso Promoção da Igualdade Racial no Judiciário realizado pelo Projeto Justiça Comunitária, edição 2018; Expositor Cristão, por Sara de Paula]

A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

ESPECIAL — 13 DE NOVEMBRO, DIA MUNDIAL DA GENTILEZA

Gentileza é uma característica pessoal que torna a pessoa capaz de ser amável, educada ou cordial. Uma pessoa gentil distingue-se por agir de maneira elegante e nobre, sendo atenciosa, respeitosa e cuidadosa com os outros. Infelizmente, nem sempre encontramos gentileza em nosso cotidiano. A ausência de gentileza torna os contatos sociais mais distantes, agressivos e desconfiados. Lugares onde se falta gentileza sobram o egoísmo e falta empatia e solidariedade.

A importância da gentileza nos relacionamentos sociais


Este gesto é tão importante que em 1966 foi criado o Dia Mundial da Gentileza para se valorizar a importância deste tipo de comportamento. A gentileza é considerada uma qualidade da personalidade da pessoa. É também um adjetivo utilizado para se referir aos comportamentos de alguém que demonstra educação, generosidade e delicadeza.

Infelizmente, em nossos dias, esta atitude parece cada vez mais rara. É comum nos depararmos com pessoas que não respeitam o próximo, não cumprimentam, tomam atitudes individualistas, sem se importar com quem está em volta. 

Para entender os motivos que levaram a essa situação, é fundamentalmente importante sabermos qual a importância da gentileza do ponto de vista pessoal, profissional e religioso e de que modo a atitude pode ser resgatada. Enquanto o individualismo, a criminalidade, o aumento do trânsito são apontados como alguns dos fatores que contribuem para esse tipo de comportamento, governos, ONGs e muitas pessoas procuram soluções, por meio de leis, ações de voluntariado e práticas cotidianas. 

Se por um lado uma atitude egoísta não leva a lugar algum, ser gentil pode ser muito benéfico e gratificante pessoalmente, pelo sentimento positivo gerado ao fazermos bem ao próximo, pela certeza de que se está agindo de forma cidadã. Afinal de contas, este é o motivo de vivermos em sociedade: nos relacionarmos uns com os outros da melhor maneira possível. Quando uma pessoa está bem e age de modo gentil, quem está por perto também é contagiado.

Gentileza ontem, hoje e sempre


Desde os primórdios, o ser humano busca ser o mais forte, o mais rápido, o mais poderoso. Porém, muitas vezes acaba se esquecendo de outras questões humanas importantes, como a gentileza. A gentileza pode ser definida como a capacidade de perceber uma necessidade de alguém e (ou) retribuir algo que lhe foi feito, sem ser pedido. A gentileza faz parte de um dos principais ensinamentos do Mestre Jesus:
"Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (João 13:34,35).
Atitudes como ajudar uma senhora idosa a subir no transporte público, ser cordial no convívio urbano ou até mesmo conversar com uma pessoa que parece triste ou cabisbaixa são alguns exemplos de atitudes gentis que não estão mais tão presentes na rotina das pessoas. Ao contrário, quando praticadas podem até se tornar estranhas ao olhar de pessoas que não estão mais habituadas a ser amáveis o problema está vinculado ao individualismo. 

De acordo com especialistas em comportamento, vivemos em uma sociedade com discursos e práticas em que as pessoas se preocupam apenas consigo mesmas. Temos um individualismo exacerbado, ao mesmo tempo em que não encontramos os indivíduos refletindo sobre si. Para esses especialistas, esse tipo de postura impede que os indivíduos sejam pessoas plenas e altruístas. 

Individualismo Latente


Ainda de acordo com os especialista, a falta de gentileza e o individualismo são fatores que se agravam através do tempo. Sendo que, com a busca cada vez maior por status social e financeiro, as pessoas acabam deixando em segundo plano as relações afetivas para priorizar a relação com o dinheiro. 

Sinais dos tempos


Antigamente, ter uma postura gentil era algo normal dentro de uma sociedade onde os cidadãos se relacionavam mais uns com os outros. As crianças, de todas as classes sociais, brincavam nas ruas e todos conheciam seus vizinhos de bairro. 

Atualmente, a distância entre as pessoas está mais latente e muitos dos relacionamentos reais foram substituídos por contatos virtuais. Para os pesquisadores, a tecnologia e outros fatores como o aumento da criminalidade e do trânsito nas grandes cidades dificultam a relação entre as pessoas.

De acordo com pesquisas realizadas sobre o tema, essa situação se torna normal a partir do momento que é aceita de maneira generalizada. Naturalmente não é desejável que isso ocorra. O ser humano poderia, e deveria, viver uma vida muito mais plena.

Para construir uma sociedade mais justa, cidadã e gentil é preciso retomar antigos hábitos. Atitudes como abraçar alguém — hábito do qual hoje fomos privados por força da pandemia do novo coronavírus —, elogiar um trabalho bem feito, dar bom dia ao porteiro do prédio, ao motorista do ônibus, ajudar o outro sem esperar nada em troca..., são maneiras práticas e efetivas de exercitar a gentileza em todos os locais.

Conclusão


Ninguém nasce gentil e nem todos conseguem ser gentis. Somente as pessoas observadoras e dedicadas conseguem atingir esse "refinamento" e isso será sempre uma propriedade sua, sua marca indelével. Por sua vez, cidadania está ligada à noção de direitos.

Cidadania pressupõe contrapartida de deveres, onde o indivíduo exerce papéis distintos, em enlaces de seriedade, honestidade e desprendimentos. A relação entre ambas encontra-se nas suas próprias essências.

Enquanto a gentileza é um refinamento que parte de dentro do indivíduo, a cidadania forma um conjunto de "direitos" que vêm de fora para usufruto do indivíduo- a se destacar o fato de a ação da gentileza facilitar e favorecer sempre o seu praticante. 

Fica esse pequeno texto para sua reflexão sobre esse tema sempre tão importante nos relacionamentos pessoais, interpessoais, profissionais e eclesiásticos.

A Deus toda glória. 
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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

A BÍBLIA COM ELA É — ENTENDENDO JÓ 41:22 (NA PRESENÇA DE QUEM "A TRISTEZA 'DANÇA' DE ALEGRIA"?)

"Diante de Deus até a tristeza salta de alegria?"
Será que este texto está correto ou é mais um "equívoco teológico"?

As armadilhas do texto fora do contexto


Nessas minhas quase três décadas de caminhada cristã, já vi tanta coisa absurda nos círculos evangélicos (principalmente nas vertentes pentecostal e neopentecostal).

O hábito de isolar versículos de seus contextos, fazer deles bases doutrinárias, frases de efeitos e interpretações literais, a despeito de suas distinções e divergências, é um elo de ligação entre as muitas vertentes evangélicas.

Já ouvi pastores e líderes "estuprarem" os textos bíblicos e o pior, passando isso para os membros de suas igrejas "seitas" e esses erros e ignorância teológica se tornado verdades intocáveis. Lastimável.

Por exemplo, ouço pregadores afirmarem (e serem aplaudidos por tal afirmação): 
"Irmãos, se alegrem, 'porque a Bíblia diz' que diante de Deus até a tristeza salta de alegria!"
Alguns cantores também, querendo motivar suas plateias, ou até mesmo para manipulação das massas, sempre tão ávidas por movimentos (ou melhor, "moveres") e interesse próprio dizem: 
"Deus está aqui, e 'a Sua Palavra diz' que, diante dEle, até a tristeza tem que saltar de alegria!".
Convenhamos, tal "convite" num show gospel, acompanhado de um "tire os pés do chão" é infalível!

Pingando os "is"


Mas, a bem da verdade, a Bíblia não afirma nada disso. A pedido de um amado irmão e colega de mistério pastoral, por quem, aliás, tenho profundo respeito fiz esta análise do suposto texto. 

O fato é que o pseudo versículo não consta nas Páginas Sagradas. Por outro lado, vejo que muitos interpretam mal um versículo específico que consta no livro de Jó.

Muitos, hoje, estão afirmando que na presença do Senhor, até a tristeza salta de alegria. Existem até hinos, gravados em CDs de cantores, bandas e ministérios famosos, afirmando isto. 

Pode até parecer algo bonito e verdadeiro, mas esta expressão não se refere ao Senhor. É mais uma “mancada” dos intérpretes afobados.

Esta expressão foi arrancada do livro de Jó de uma forma completamente fora de contexto. Em Jó 41:22 encontramos esta expressão. 
"Perante ele, até tristeza salta de prazer".
Há traduções que dizem. 
"Em sua presença até a tristeza salta de alegria".
A expressão está correta, mas perguntamos. Na presença de quem? Se você ler o contexto, que é uma obrigação de todo estudante da Bíblia, descobrirá que, desde o versículo primeiro do capítulo 41 de Jó, não está se referindo a Deus, mas está se referindo ao leviatã, que algumas versões chamam de crocodilo.

Análise hermenêutica e exegese do contexto

As traduções X as traduções


Hermenêutica e Exegese, você sabe as diferenças entre essas duas palavras? Antes de voltar ao tema do artigo, acho oportuno explicá-las. É muito comum entre teólogos, estudiosos da Bíblia, ou em pregações, a citação destas duas palavras, Hermenêutica e Exegese. São sempre utilizadas quando relacionadas à interpretação das Escrituras.
 
Etimologicamente, a palavra Hermenêutica tem origem grega, que primariamente tem o significado de interpretar, expor, explicar. Já a Exegese, é aparentemente semelhante, significa extrair do texto, interpretar, arrancar para fora do texto o que ele significa. Entretanto, apesar dos conceitos serem muito parecidos há uma significativa diferença entre as duas palavras, tanto no conceito quanto na aplicação, tais aspectos são extremamente relevantes para aquele que quer analisar as Escrituras de forma correta.
  • Utilizando-se dos vernáculos linguísticos, a Exegese tem a função de dar clareza ao texto, analisando o seu significado de forma objetiva e profunda, sendo que essa especificidade pode-se dar tanto a um texto, quanto a uma frase, ou a uma palavra. Isso denota extrair do texto aquilo que ele significa de forma literal.
  • A Hermenêutica já tem uma essência mais ampla, pois abrange outros aspectos, tanto às generalidades quanto às especificidades. Isso significa dizer que a hermenêutica analisa não somente o texto, mas também o contexto, tornando-se imprescindíveis elementos como fator histórico, momento político em que o texto ou livro fora escrito, fator social, cultura, econômico, etc. A hermenêutica também tem entre seus principais aspectos a semântica, algo que é imprescindível à exegese, logo, podemos dizer que a exegese é extremamente relevante para execução da hermenêutica. Algumas pessoas evitam estudar a hermenêutica bíblica por acreditarem erroneamente que isso limitaria a sua capacidade de aprender novas verdades da Palavra de Deus ou sufocaria a iluminação das Escrituras por parte do Espírito Santo. Entretanto, os seus receios são infundados. A hermenêutica bíblica trata-se de encontrar a correta interpretação do texto inspirado. O propósito da hermenêutica bíblica é nos proteger da má aplicação da Escritura ou de que qualquer outra concepção influencie a nossa compreensão da verdade. 
Como vimos, apesar dos sinônimos aparentarem semelhança, entendemos que há diferença entre as duas palavras, mas, o que é indiscutível, é que ambas, tanto a hermenêutica quanto a exegese, são ferramentas importantes na interpretação e elucidação das Escrituras. Que você possa aprimorar essas duas técnicas, e aplicá-las na busca do conhecimento da Palavra, como diz em João 5:39, 
"Examinai as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam".
 Isto posto, voltemos ao tema. Veja o que diz Jó 41:22: 
"No seu pescoço reside a força; diante dele até a tristeza salta de prazer" (Versão Almeida Revista e Corrigida). 
Na NVI (Nova Versão Internacional) o mesmo texto foi traduzido assim
"Tanta força reside em seu pescoço que o terror vai adiante dele."
Já a TEB (Tradução Ecumênica da Bíblia) traduziu desta forma 
"No seu pescoço reside a sua força; diante dele salta o espanto".
Outra pergunta que deve ser feita ao texto é a quem se refere o pronome prepositivo "dele"? Será que se refere a Deus? Bem. Antes de responder a esta pergunta, vou transcrever o mesmo versículo mais uma vez agora traduzido de acordo com a (Versão Almeida Revista e Atualizada): 
"No seu pescoço reside a força; e diante dele salta o desespero."
E agora? 
  • 1) "Diante dele a tristeza salta de prazer (alegria)" 
ou
  • 2) "O terror vai adiante dele" 
ou 
  • 3) "Diante dele salta o espanto"
ou ainda
  • 4) "Diante dele salta o desespero"
Parece confuso, haja vista os termos "prazer" e "desespero" serem palavras antagônicas, não é mesmo? E "terror" e "espanto" até que dá pra associar a desespero. No entanto, não há qualquer confusão no texto bíblico. A confusão está nas traduções que temos disponíveis em nossas mãos

Essas traduções, em muitas passagens, são controversas e um verdadeiro trunfo nas mãos dos líderes de seitas e daqueles que se opõem à veracidade absoluta das Escrituras Sagradas. Por isso, é muito importante que, tendo uma oportunidade, conheçamos a Bíblia em seu original.

Bom, mas voltando um pouquinho atrás, vamos saber quem é o "dele", mencionado no versículo em análise. 

Já posso lhe adiantar que não tem nada que ver com Deus. Dizer que "diante de Deus até a tristeza salta de alegria", usando o tal versículo como apoio, é um erro teológico. 

"Então o texto bíblico se refere ao quê (ou a quem), pr. Léo, já que não se refere a Deus?"


talvez você já esteja me perguntando. Antes de lhe responder, sugiro que leia todo o capítulo 41 do livro de Jó.

Em Jó 40:6, Deus inicia um discurso (lembrando que se trata de uma descrição poética) com Jó, demonstrando o Seu Poder, e neste discurso, que prossegue até o final do capítulo 41, Deus menciona dois animais: o beemote (que é uma espécie de hipopótamo), um quadrúpede selvagem (40:15), e o "famoso" leviatã, uma espécie de crocodilo, ou monstro aquático, que possuía escamas duras e pontudas (41:1,30,31 — já escrevi um artigo sobre esse "bicho esquisito" [QUE NÃO É UM DEMÔNIO, conforme afirmam alguns] aqui). 

A quem então se refere o pronome "dele"? Claro está que se refere ao tal leviatã, o crocodilo, e não a Deus

Sendo assim, a expressão 
"diante dele salta o desespero"
significa, literal e contextualmente, de acordo com a interpretação da hermenêutica e da exegese 
"diante do leviatã [o crocodilo] salta o desespero"
Na Versão Bíblia Viva Jó 41:22 está assim: 
"Com sua tremenda força concentrada em seu pescoço, o crocodilo espalha o 
medo por onde passa."
que na minha opinião é a melhor tradução deste texto, isto porque, o tradutor não traduziu as palavras do texto hebraico, e sim o seu sentido.

Conclusão


Repetindo, para não restar dúvidas, neste caso não é na presença de Deus que a tristeza salta de prazer, mas esta metáfora que trata realmente do susto que a pessoa tem, refere-se ao leviatã, o crocodilo, e não a Deus.

Mais uma vez, faço um alerta feito com frequência, inclusive de púlpito: 
  • Cuidado para não tirar conclusões precipitadas, principalmente quando se refere à Palavra de Deus. E, nunca, jamais, em nenhuma hipótese, retire ou isole um texto do seu contexto.
Enfim, se você tinha (ou tem) por costume citar Jó 41:22 para dizer que diante de Deus até a tristeza salta de alegria, a partir de hoje creio que você evitará dizer isso. 

Para você não ficar chateado(a) comigo, deixo um versículo que mostra que, na presença do Senhor, há alegrias de sobra: 
"Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente" (Salmo 16:11).
Espero ter ajudado a você compreender melhor este texto. A paz do Senhor, fica com Deus e se precisar é só falar. O que eu não souber, terei enorme prazer em pesquisar, afinal, o conhecimento é a base da inteligência e o fundamento da sabedoria.

A Deus toda glória. 
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