terça-feira, 11 de setembro de 2018

SETEMBRO AMARELO: SUICÍDIO, O PROBLEMA É NOSSO

Suicídio: eis aqui um assunto cercado de muitos mitos, tabus e nem tanta atenção quanto merecia. De um lado encontramos os que simplificam tudo e acusam de ser fraco, covarde quem chega ao extremo de tirar sua própria vida. De outros há os que tratam o assunto com insensibilidade e fingem que o problema não é deles... até que aconteça com alguém próximo.

Devo confessar que eu mesmo não só já pensei, como já tentei tirar minha vida. O fato foi na minha adolescência, fase comum e propensa aos conflitos existenciais. E conflitos existenciais eu os tinha me cercando de todos os lados. Mas, para a glória de Deus, o Autor da vida, nada do que eu tentei deu certo, pois prevaleceram os planos dEle que são infinitamente superiores a tudo. Uma coisa é certa, este é um assunto muito sério e que não pode passar desapercebido a ninguém e nem tratado de forma simplista.



A próxima vítima pode ser...


Você sabia que a cada 40 segundos uma pessoa no mundo tira a própria vida? Isso significa mais de um milhão de mortes por ano, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), traduzindo-se em uma grave questão de saúde pública.

Pesquisa do Instituto Schaeffer revela que 80% dos pastores acreditam que o ministério pastoral tenha afetado negativamente suas famílias 
e 70% deles creem que não possuem um amigo próximo e outros 70% lutam contra a depressão. 

São centenas de casos de suicídios de líderes e pastores registrados nos últimos meses. 
O que leva pastores, vistos pela sociedade como referências de fé e força, a tirarem a própria vida?

No Brasil, são registrados 12 mil casos anualmente, o que o coloca na oitava posição mundial em números absolutos. A depressão, que já foi chamada de "mal do século", ainda é uma das principais motivações. Estima-se que 400 milhões de pessoas sofram de alguma forma da doença, e isso representa algo em torno de 5% da população do planeta.

Setembro amarelo


A OMS tem como meta a redução dessa taxa de mortalidade em 10% até 2020. Nesse intuito, a Associação Internacional de Prevenção do Suicídio desenvolve a campanha do "Setembro Amarelo" desde 2014, e estabeleceu 10 de setembro como o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. A ideia é discutir amplamente esse assunto em todas as esferas da sociedade e divulgar ações preventivas.

O perfil dos suicidas


A Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina fizeram um alerta de que homens com idade entre 15 e 30 anos e os acima de 65, sem filhos, desempregados ou aposentados, são os que apresentam maior predisposição em dar fim às suas vidas.

Os dados foram validados por um dos mais completos estudos sobre o tema, realizado por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que concluiu que homens têm 3,7 vezes mais chances de se matar que do que mulheres. A diferença de taxas entre os gêneros é geralmente atribuída a "maior agressividade, maior intenção de morrer e uso de meios mais letais" entre eles, enquanto elas são consideradas "mais religiosas", o que pode se tornar um fator de proteção.

Para reverter este quadro, foi criado o movimento mundial Setembro Amarelo, que é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. A campanha ocorre deste 2014 e consiste em iluminar ou sinalizar locais públicos com faixas ou símbolos amarelos, além da realização de atividades sobre o tema. O objetivo é alertar a população sobre o problema e mostrar que nove em cada 10 casos poderiam ser prevenidos.

Dados a se considerar sobre o suicídio


  • Quem tenta o suicídio sempre tem algum distúrbio mental?

Duas escolas tratam dessa matéria: a sociológica e a psiquiátrica. A escola sociológica acredita que não. E eu também penso assim! Nós não podemos afirmar, por exemplo, que Getúlio Vargas tinha distúrbio mental. É possível que a pessoa tenha plena saúde mental, mas em determinado momento da vida sofra determinadas pressões ou seja acometida por doenças de outra ordem para que venha a cometer suicídio.

As causas para esse atentado contra a vida são várias, tais como: a depressão e o isolamento, a bipolaridade, a perda de um relacionamento significativo, sentimentos passionais, violência doméstica, drogas, motivações de cunho religioso, entre outras. Por essa razão, não podemos concluir que todas as pessoas que cometem suicídio têm distúrbios mentais.

  • Quem pretende se matar dá sinais?

É provado estatisticamente que mais de 80% das pessoas que cometem suicídios deram claros sinais de que iriam fazê-lo. Isso quebra o mito de que "quem fala em suicídio não se mata". A verdade é o contrário! Os sinais precisam ser encarados como gritos de socorro. Nós precisamos estar atentos às pessoas que deixam pistas em suas falas – por exemplo - 
"Não aguento mais", "Minha vida está sem sentido", "Eu queria morrer" –, 
ou ainda em seus comportamentos, como tomar uma dose exagerada de remédios, provocar cortes nos pulsos ou outros ferimentos. Tem algumas pessoas que ficam flertando com a janela ou demonstram desinteresse pela vida. Tudo isso são sinais que podem ser facilmente monitorados.

  • A depressão continua sendo a principal motivação para o suicídio?

Ainda hoje a depressão é tratada como a principal causa do suicídio, mas o que considero mais relevante explicar é que esse assunto, especialmente no meio evangélico, é muito mal interpretado, pois há dois extremos. O primeiro, vindo por um escritor e pregador conhecido como T. L. Osborn, diz que depressão é "demônio". Então, imagine, uma pessoa depressiva também tendo que carregar o peso de que está possessa ou sendo instigada por satanás. 

O outro extremo vem de uma linha mais conservadora, de um escritor chamado Jay Adams, que acredita que depressão não é doença, mas que a pessoa está em pecado. Quem subscreve essas ideias acha que a cura é só pela Palavra, por não aceitar que a depressão seja uma doença, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) entende. 

Mas ela é uma doença e precisa ser tratada como tal, com medicamentos, terapia e fé. É bem verdade que uma das causas da depressão pode estar relacionada a problemas demoníacos e a pecados escondidos, como Davi retrata nos Salmos 32 e 51. Mas um crente cheio do Espírito Santo também pode ficar deprimido, assim como pode ter um problema renal, câncer, gastrite e outras doenças.

  • Após a suspeita ou confirmação de uma pessoa com pensamentos suicidas, como a família e os amigos devem proceder?

Primeiramente é preciso investigar as causas. É uma depressão? Crise financeira? Uma dependência química? Ou seria o rompimento de um namoro, noivado ou casamento repentinamente? São várias as motivações, mas no momento em que a causa é identificada é preciso que se tomem ações imediatas para o acompanhamento da pessoa, como indicação ao psiquiatra, terapia, uso de medicamentos. A medicina é uma bênção de Deus. Mas só isso não basta! A pessoa também precisa cuidar da sua alma, buscando ter fé e esperança. A depressão, fundamentalmente, tem cura, porque Deus restaura a alma (Salmo 42:27). Vale lembrar que a depressão é cíclica, ou seja, tem começo, meio e fim.

  • A crise financeira e o desemprego estão associados ao aumento de casos de suicídios em 2016. Como a Igreja pode dar suporte às pessoas que estão sofrendo os impactos dessa turbulência?

Via de regra, as pessoas mais carentes não se suicidam por causa de ausência do dinheiro, pois elas já estão acostumadas a lidar com a crise e com as dificuldades do dia a dia. Quem mais sofre são os ricos, pessoas que têm alto poder aquisitivo e que, de repente, perdem tudo. Muitos que viveram no luxo acham que não sabem viver sem ele e acabam cometendo o suicídio. 

A questão do desemprego acelera o processo, pois a pessoa passa a lidar com o sentimento de angústia e de vergonha por não conseguir sustentar a família. A Igreja tem papel importante nesse processo, com a pregação da Palavra, reforçando que a provisão vem de Deus e que Ele é o mesmo em tempo de crise. Além disso, também pode ajudar no atendimento às necessidades mais urgentes. No meio cristão, todos temos que nos ajudar.

CVV


No Brasil, uma das instituições que trabalham na prevenção do suicídio é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que existe há 55 anos e conta com mais de 70 postos e cerca de 2.000 voluntários no país. No Estado há dois postos, um deles em Vitória, com 33 anos, e outro em Linhares, criado no ano passado. 

O trabalho dos voluntários do CVV consiste em ouvir as pessoas e deixá-las compartilhar momentos difíceis pelos quais estão passando. Iniciado no Brasil pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Setembro Amarelo realizou as primeiras atividades em 2014 concentradas em Brasília. Em 2015 já conseguiu uma maior exposição com ações em todas as regiões do País.

Mundialmente, a Associação Internacional para Prevenção do Suicídio (ASP) estimula a divulgação da causa, sendo 10 de Setembro o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

Conclusão


A Bíblia nos ensina que nada pode separar um cristão do amor de Deus e que podemos ter a garantia da vida eterna a partir do momento em que verdadeiramente crermos em Cristo. O suicídio pode separar um cristão do amor de Deus? Se eu falasse que sim, estaria contradizendo o texto. Nada é nada! O grande ponto dessa pergunta, que é a dúvida de muitos, é: se eu me suicido, posso ser salvo?

O suicídio não é uma coisa simples. Ele é um atentado contra a autoridade de Deus. Só o Senhor é o autor da vida e só Ele tem o poder de tirar a vida. Quando alguém comete suicídio, está usurpando o direito que só pertence ao Pai. A Bíblia diz que ninguém vive para si mesmo e morre para si mesmo. Nós pertencemos a uma família, a uma igreja. Por isso, quando ceifo a minha própria vida, estou cometendo um ato totalmente egoísta. 

No entanto, afirmar que todo suicida vai para o inferno não tem base na Bíblia, porque a tese de que todo suicida é um Judas Iscariotes não é verdadeira. Judas não foi para o céu porque não era convertido. Olhe a vida de cada um desses homens citados na Bíblia que agiram como ele. Eles viviam no pecado, e o suicídio não foi a causa de sua condenação, mas a consequência. 

Dessa forma, afirmo que é possível um crente sofrer algum distúrbio mental ou uma depressão severa e chegar ao ponto de tirar a sua própria vida. Mas algumas denominações acreditam piamente que a salvação não se perde. Uma vez salvo, salvo para sempre. Nós não temos competência de nos assentar na cadeira do Juiz e lavrar a sentença de condenação dessa pessoa. Só Deus a conhece, e o julgamento cabe a Ele. 

Considerações finais:


Se você está sofrendo com algum drama pessoal neste momento ou está desencantado com a vida, saiba que há esperança no amor de Deus e na família. Existem recursos legítimos para você sair desta fase ruim e que devem ser usados como bênção da providência de Deus. Valorize relacionamentos saudáveis, busque ajuda, rompa o silêncio, retire essa casca grossa que encobre suas feridas e aceite ser tratado com a graça de Deus.

A quem interessar possa, escrevi mais sobre os temas depressão e suicídio. Seguem os links abaixo: 

[Fonte: Revista Comunhão] 

A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso.

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