terça-feira, 30 de janeiro de 2024

OS "HERÓIS DESCONHECIDOS" DA BÍBLIA — JETRO

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No segundo capítulo da minha série especial de artigos "Os 'Heróis Desconhecidos' da Bíblia", trago um breve resumo sobre a vida desse personagem que foi fundamental na história do grande profeta Moisés e que na maioria das vezes é pouquíssimo lembrado, mesmo apesar de sua importância na narrativa bíblica.

A primeira menção a Jetro ocorre logo após Moisés ter fugido do Egito. Moisés havia matado um egípcio que estava espancando um hebreu (Êxodo 2:11,12) e, consequentemente, fugiu para Midiã. Foi lá que ele se deparou com as sete filhas do sacerdote de Midiã, que vieram tirar água e encher os bebedouros para dar de beber ao rebanho de seu pai (2:16). 

Quando alguns pastores impediram as filhas do sacerdote de dar de beber às suas ovelhas, Moisés se levantou para salvá-las (2:17). Quando essas mulheres, que por acaso eram filhas de Jetro, contaram a situação a seu pai, Jetro convidou Moisés para ficar com ele, e Moisés aceitou. (20,21). Moisés acabou se casando com Zípora, filha de Jetro, e teve dois filhos, Gérson e Eliezer (18:3,4).

Quem foi Jetro


Ao ler Êxodo 2 e 3, você deve ter notado algo que parece ter uma discrepância no nome do sogro de Moisés. Ele também é chamado na Bíblia de Reuel (2:18). Jetro era um sacerdote entre os nômades midianitas. O pouco que se sabe sobre a história de Jetro está registrado no livro de Êxodo. 
Este artigo, para os propósitos deste blogue, evitará ir muito fundo em todos os lados do debate, pois essa é a área dos estudiosos bíblicos e desnecessária para a pessoa comum que está simplesmente buscando respostas mais objetivas sem os intermináveis imbróglios teológicos.
Jetro, sendo midianita, era descendente de Abraão. Após a morte de Sara, Abraão casou-se com Quetura, que lhe deu seis filhos, um dos quais foi Midiã (Gênesis 25:1-6). Jetro não era apenas um parente distante de Moisés, mas também parece ter continuado a adorar o único e verdadeiro Deus de Abraão. 

A fidelidade de Jetro ao Deus de Abraão pode ser vista no que ele ensinou às suas filhas. Sua filha Zípora estava obviamente familiarizada com o pacto da circuncisão porque ela realizou o rito em seu filho quando se acendeu a ira do Senhor contra Moisés, aparentemente por não ter cumprido esta ordem (4:24-26). 

Jetro 
"...se alegrou por todo o bem que o Senhor havia feito a Israel..." (18:9) 
e ele 
"...trouxe holocausto e sacrifícios a Deus..." (18:12). 
Parece, então, que Jetro era parente de Moisés tanto de sangue quanto pela fé compartilhada em Deus (18:10-12).

Jetro e Moisés


Após a libertação de Israel do Egito, Jetro desempenhou um papel importantíssimo na vida de Moisés e do povo de Israel. Ele, o sacerdote de Midiã, ouviu falar de todos os feitos que Deus havia realizado por Moisés e pelo povo de Israel, incluindo a libertação do Egito (18:1). Jetro também trouxe de volta Zípora, esposa de Moisés, junto com seus dois filhos: Gérson e Eliezer (18:2-4).

Jetro enviou uma mensagem a Moisés, anunciando sua chegada, e Moisés foi ao seu encontro, demonstrando respeito e consideração, e eles entraram na tenda para uma conversa (18:6,7). A relação entre Moisés e seu sogro Jetro era claramente próxima e afetuosa.

Moisés começou a ajudar o sogro a cuidar de suas ovelhas (3:1). 
Foi durante esse período que Moisés teve seu primeiro encontro com Deus na sarça ardente, um momento que mudou radicalmente sua vida. Deus ordenou a Moisés que tirasse Seu povo, Israel, da terra do Egito e os ajudasse a se libertar de sua cruel escravidão.
Moisés, após esse encontro divino, que deu início ao seu ministério profético, voltou a Jetro, seu sogro, e pediu permissão para retornar ao Egito para ver a situação de seus irmãos (4:18). Jetro respondeu favoravelmente, dizendo: 
"Vá em paz". 
Assim, Moisés partiu para liderar os israelitas na libertação do Egito, uma jornada que levaria quarenta anos.

Característica na personalidade de Jetro

  • Jetro era grato
Quando Moisés fugiu do Egito, ele defendeu as filhas de Jetro de outros pastores que as impediam de tirar água do poço para as ovelhas delas. Eles foram contar a Reuel e ele ordenou que chamassem Moisés para agradecê-lo com comida (2:20).
  • Jetro era respeitoso
Jetro deu sua filha Séfora a Moisés como esposa. Pouco tempo depois, Deus chamou Moisés para libertar Israel da escravidão no Egito. Jetro respeitou esse chamado e abençoou Moisés para ir sem sua família para essa missão (4:18). Depois, Jetro levou a esposa e filhos de Moisés para estar com ele (18:1-7).
  • Jetro ficou feliz pelo bem dos outros
Isso o levou a oferecer sacrifício a Deus pela salvação de Israel (Êx 18:9,10, 12).
  • Jetro era um homem íntegro e um sogro exemplar 
Praticou a hospitalidade convidando Moisés a ficar com ele. Ele desejou paz a Moisés, quando o profeta seguiu o chamado de Deus para retornar ao Egito (4:18). Ele protegeu sua filha e seus netos quando Moisés os enviou de volta a Midiã (Êxodo 18:2–4). Jetro até deu bons conselhos ao genro. Quando ele viu Moisés 
"...sentar-se sozinho [como juiz], e todo o povo ficar ao seu redor desde a manhã até a noite..." (18:14), 
Jetro sugeriu que Moisés delegasse os casos mais fáceis a outros homens capazes e apenas assumisse os mais complexos. Ele explicou: 
"Assim será mais fácil para ti, e eles carregarão o fardo contigo" (18:22). 
Depois de devolver com segurança sua filha e seus netos a seu genro Moisés no Monte Horebe e ver que as coisas estavam em ordem lá, Jetro 
"...foi para sua terra" (18:27). 
Assim, Jetro atua como sogro e avô modelo: acolhendo seu novo genro como parte da família, liberando-os para seguir a orientação de Deus, cuidando e protegendo sua filha e netos conforme necessário, compartilhando bons conselhos para apoiar o sucesso do genro — tudo isso sem ser intrometido ou autoritário.
  • Jetro sabia o valor do trabalho em equipe
Êxodo 18:13-23 descreve a sabedoria de Jetro e sua habilidade administrativa: 
  • primeiro — Jetro avaliou o exaustivo sistema de trabalho de Moisés (v. 13);
  • segundo — ele permitiu que Moisés explicasse o sistema de liderança dele (v. 14-16); 
  • terceiro — ele explicou a Moisés as deficiências de seu trabalho e as consequências que trariam a ele (v. 17,18); finalmente, Jetro lhe aconselhou como estruturar uma liderança eficiente (v. 19-23).
  • Jetro honrou o significado de seu nome porque soube aconselhar Moisés na hora certa
Moisés honrou a Deus porque — com humildade — ouviu, aceitou e pôs em prática o conselho de um homem sábio. A excelência de ambos resultou no bem-estar do povo de Deus. A vida de Jetro nos lembra que sempre precisaremos do conselho de homens sábios e experientes que guiem os líderes mais jovens.

Conclusão


A história de Jetro é uma verdade poderosa de como a fé e a conversão podem transformar vidas, unir famílias e fortalecer relacionamentos. Assim como Jetro encontrou a verdade em Deus, todos nós somos chamados a buscar a verdade e colocar nossa fé em Cristo, reconhecendo nossa necessidade de salvação.

Que Deus nos ajude a ser como Jetro nisso e viver de uma forma que dê glória a Ele em tudo o que façamos para o avanço do evangelho e edificação do corpo de Cristo (Colossenses 3:23,24).

[Fonte: Coalizão do Evangelho, original por Nimrod López (traduzido por David Bello) acessado em 30/01/2024. Personagem Bíblico, original acessado em 30/01/2024.]

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domingo, 28 de janeiro de 2024

OS "HERÓIS DESCONHECIDOS" DA BÍBLIA — PRISCILA E ÁQUILA

Inicio aqui mais uma série especial de artigos. Na série "Os 'Heróis Desconhecidos' da Bíblia", vou traçar o perfil biográfico de personagens que tiveram uma importante e, porque não dizer fundamental, participação nas histórias de grandes homens, estes muito conhecidos por seus atos em defesa da Fé, no cumprimento de seus respectivos exercícios ministeriais.

Em síntese, os Heróis da Bíblia também chamados de Heróis da fé. Foram homens e mulheres que ultrapassaram barreiras e tiveram grande intimidade com Deus. Todos eles deixaram exemplo de fé para todos aqueles que desejam viver uma verdadeira comunhão com o Senhor.

O que é um herói

Herói é o termo atribuído ao ser humano que executa ações excepcionais, com coragem e bravura, com o intuito de solucionar situações críticas, tendo como base princípios morais e éticos.
Além de bravura e coragem, um ato é reconhecido como genuinamente heróico quando a pessoa desempenha ou toma determinada atitude de modo altruísta, ou seja, sem motivos egoístas ou que envolvam o seu ser, mas apenas o bem-estar ou segurança de terceiros.

De acordo com a mitologia grega, os heróis eram vistos como semideuses, figuras míticas que se destacavam por serem supostamente filhos dos deuses. Para os gregos, uma atitude baseada num pensamento e lógica não egoísta era considera "sagrada", excedendo os limites das capacidades e dons humanos.

Aliás, etimologicamente, o termo herói se originou a partir do grego hrvV, que mais tarde foi adaptado para o latim heros. A partir desta etimologia, o herói também servia para designar o protagonista de uma história, seja obra literária, teatral, cinematográfica e etc.

As grandes narrativas gregas, como a Odisseia e a Ilíada, contam histórias de importantes personagens consideradas como heróis gregos, como Aquiles, Teseu e Hércules, por exemplo.

Os chamados super-heróis

Quem nunca sonhou em ter superpoderes? É uma fantasia tão antiga quanto a própria humanidade.
Atualmente, a figura dos super-heróis são bastante populares entre as pessoas de todas as idades e em todo o mundo. Os super-heróis são personagens fictícios que foram popularizados graças as histórias em quadrinho, principalmente nos anos que se seguiram ao pós-Guerra.

Super-heróis já existiam muito antes de histórias em quadrinhos os popularizarem e do cinema transformar figuras como Homem-Aranha, Super-Homem e Mulher-Maravilha em máquinas de fazer dinheiro.

Milhares de anos atrás, gregos, romanos, nórdicos, indígenas americanos e centenas de outras culturas já criavam seus heróis com poderes sobre-humanos.

Na verdade, muitos de nossos super-heróis contemporâneos, suas características e habilidades foram inspirados nesses personagens clássicos e, em alguns casos, foram copiados diretamente, como o Thor, da Marvel.

Dotados de poderes especiais, os super-heróis vistos nos quadrinhos têm o dever de salvar a humanidade de todos os tipos de perigos e inimigos. Normalmente, as histórias são permeadas pela constante luta entre o bem e o mal (herói contra vilão).

Entre os super-heróis mais populares está o Superman, o Batman, o Homem-Aranha, os X-Men, entre muitos outros.

Eu, particularmente, não sou fã dessas famosas franquias de super-heróis.

Definição de herói na pespectiva bíblica


Os Heróis da Bíblia (ou Heróis da fé) são todas as pessoas que se destacaram por sua vida de fé. Vamos de maneira mais clara entender como as Escrituras Sagradas conceituam e/ou caracterizam um herói.

Para a tradicional cultura grega o herói situa-se na posição intermediária entre Deus e o homem. Ou seja, o herói é aquele que possui a dimensão semidivina. São inúmeros os heróis da Bíblia. Todas se superando em atos, atitudes e pensamentos.

O capitulo de Hebreus 11 explica como os grandes heróis da Bíblia no Antigo Testamento se destacaram por sua fé. Sem fé eles nãos seriam lembrados e nem visto os milagres de Deus na sua vida e na vida do povo de Israel.

A fé essencial para a vida cristã dedicada e santa


Nessa conhecida lista — também chamada de "galeria" — incluem profetas e muitas pessoas que nem seus nomes foram citados. Elas viram grandes milagres e enfrentaram grandes dificuldades.
Apesar de tudo e nunca verem as promessas do Senhor cumpridas em Jesus. Eles não abandonaram a sua convicção em Deus. Pois não viam com olhos humanos, mas com os olhos espirituais e por nós foram aperfeiçoados (11:39).
A Galeria dos Heróis da Fé conforme descrito em Hebreus 11, fala sobre importantes exemplos de fé do antigo testamento. O escritor de Hebreus mencionou os nomes de alguns heróis da Bíblia e outros de forma generalizada.

Faz parte dessa galeria tanto homens e quanto mulheres usadas de forma sobrenatural por Deus. Contudo, embora tanto admiremos Noé, José, Moisés, Rute, Sansão, Ester, Daniel, Davi e outros heróis da Bíblia, não vamos, não podemos e não devemos jamais nos esquecer que todos eles apontam para o super-herói supremo de todos — Jesus. Ele é o nosso maior modelo. Como um Ser sem pecado, Ele viveu uma vida perfeita da qual podemos imitar.

Entendido o conceito sobre herói (e super herói), passemos aos primeiros personagens que abrem essa série especial de artigos: o casal

Áquila e Priscila.


No Novo Testamento, encontramos um casal muito especial, que foi importante na expansão do evangelho durante o primeiro século; e o que me impressiona é que sempre são mencionados os dois, nunca em separado. 

Esse pequeno detalhe fala muito sobre o relacionamento entre eles; eu teria gostado de conhecê-los pessoalmente visto que sempre fizeram tudo juntos; entenderam com precisão o significado do casamento exatamente como Deus o estabelecera.

O segundo pormenor é que algumas vezes o nome da mulher precede o do marido. Num tempo em que as mulheres não tinham praticamente qualquer valor para a sociedade (Jesus e os primeiros cristãos foram aqueles que lhes devolveram a dignidade), quando um dos apóstolos falava sobre eles, não tinha qualquer problema em mencionar a esposa por primeiro. Isso fala muito sobre o casamento!

Suponho que, com essas duas "pistas", você já saiba de quem estou falando: Áquila e Priscila (ou Prisca). Esta é a apresentação deles no livro de Atos 18:1-3.

Primeira observação importante: Paulo encontra os dois e toma conhecimento de que eles, assim como o próprio Paulo, fabricavam e consertavam tendas. Além disso, como em outros casos no livro de Atos, eram pessoas hospitaleiras; assim, Paulo permanece com eles em várias ocasiões para trabalhar… e para falar de Jesus e orar. Dessa forma não fica qualquer dúvida! Porque a Bíblia diz que, depois de muitos dias juntos, o casal foi em viagem missionária com o apóstolo (18:18-28).

Paulo os deixou em Éfeso onde havia uma igreja nascendo. Ele tinha toda a confiança neles porque amavam ao Senhor e haviam se comprometido com a Sua Palavra. Tanto foi assim que, quando Apolo começou a pregar, eles o ajudaram a entender melhor o plano de Deus. 

Fizeram isso de maneira correta e cheia de unção ("...eles o chamaram à parte…", não o acusaram em público) e o fortaleceram (despertaram nele o entusiasmo) de tal maneira que Apolo chegou a desempenhar um papel importante na expansão do evangelho. Lucas diz que ele falava de Jesus "com precisão". Não era um evangelista comum!

O legado do casal herói


Apesar de Priscila e Áquila serem "apenas" fabricantes de tendas, eles estudaram e compreenderam de uma forma extraordinária a Palavra de Deus. Tanto é que o próprio apóstolo Paulo os chama de seus "cooperadores": 
"Saudai Priscila e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus" (Romanos 16:3). 
Com o tempo, Áquila e Priscila ficaram conhecidos em toda a região porque a igreja se reunia na casa deles. 
"As igrejas da Ásia vos saúdam. No Senhor, muito vos saúdam Áquila e Priscila e, bem assim, a igreja que está na casa deles" (1 Coríntios 16:19). 
Abriram seu lar para as reuniões onde se adorava o Senhor e se estudava a Palavra de Deus, além de ajudar a todos os necessitados. E tudo isso sem deixar de fabricar tendas, sem abandonar o seu trabalho.

Priscila e Áquila são mencionados sempre juntos na Bíblia e são um bom exemplo de um casal atuante na obra de Deus. Áquila era judeu natural de Ponto; já Priscila não teve sua origem revelada na Bíblia (At 18:2). O casal morava em Roma e teve que sair da cidade após o decreto do imperador Cláudio, que ordenou a expulsão dos judeus da capital romana.

A fim de fugirem da perseguição, Priscila e Áquila foram para Corinto, onde conheceram Paulo de Tarso. Paulo e o casal tinham a mesma profissão e passaram a trabalhar juntos na fabricação de tendas (18:3). Paulo passou a morar com o casal em Corinto — é provável que Priscila e Áquila tenham se convertido nesse período.

Depois que Paulo passou a se dedicar totalmente à pregação, o casal navegou com o apóstolo para Éfeso. Em seguida, estabeleceram-se na cidade, e o apóstolo continuou sua viagem missionária (18:18-21).

Em Éfeso, o casal conheceu Apolo, um judeu de Alexandria. Apolo só conhecia acerca do batismo de João — foram Priscila e Áquila que lhe ensinaram o Evangelho (18:24-26). E, depois dessa experiência, Apolo passou a pregar com vigor que Jesus é o Cristo (18:28).

Conforme já vimos, mas é válida a repetição, a igreja em Éfeso se reunia na casa de Priscila e Áquila, tornando-se uma base importante para sua edificação. Alguns estudiosos acreditam que o casal continuou seu ministério em Roma após a morte do imperador Cláudio, em 57 d.C.

Paulo enviou diversas cartas com saudações ao casal (Rm 16:3; 1 Co 16:19; 2 Timóteo 4:19). O apóstolo chegou a relatar que Priscila e Áquila arriscaram suas próprias vidas para salvá-lo (Rm 16:4). 
Assim, os dois nos dão um grande exemplo de como é possível exercer um ministério como casal.

Conclusão


Priscila e Áquila não mediam esforços para servir ao Senhor. Sempre estavam prontos para auxiliar, seja com recursos financeiros ou com seus ensinamentos. Sua casa sempre foi um suporte para as viagens missionárias, funcionando como uma igreja.

Entre tantos exemplos de famílias cristãs que temos nas Escrituras Sagradas, nenhuma é tão impactante quanto Priscila e Áquila, que, por essa devoção e paixão, tiveram a alegria de receber em casa dois dos maiores pregadores de todos os tempos, Paulo e Apolo. Que possamos aprender com esse casal, e que também possamos ter a alegria de acolher grandes homens e mulheres de Deus.
Como seria diferente a evangelização na contemporaneidade se houvesse mais trabalhadores que conhecessem dessa maneira a Palavra de Deus e a proclamassem com entusiasmo!
[Enciclopédia Significados, original acessado em 28/01/2024. Viver e Crer, original por Isaías Gomes, acessado em 28/01/2024. BBC News Brasil, original acessado em 28/01/2024. Ministérios Pão Diário, original acessado em 28/01/2024.]

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quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

EU NÃO ME ESQUECI — O DESAPARECIMENTO DE PRISCILA BELFORT

Foto: Arquivo pessoal
Todas as informações contidas no texto deste artigo, são de acordo com os autos do Ministério Público e inúmeras publicações disponíveis na internet.
Um documentário, que está em produção na plataforma de streaming Disney+, visa contar a vida de Priscila Belfort e desmentir rumores que circularam na época de que ela seria usuária de drogas.

Em entrevista ao Canal Ciências Criminais, Joana Prado, esposa do lutador de MMA Vitor Belfort, desabafou sua indignação sobre essas especulações:
Foto: Reprodução redes sociais
"Minha cunhada não teve a oportunidade de concluir a faculdade dela, de casar, de ter filhos. A gente não sabe, na verdade, se a Pri tá viva ou se a Pri tá morta.

Se ela passa frio, se ela tá feliz ou se ela está lá com o nosso Senhor. A dor é grande. A dor é diária. Eu estou aqui para alertar você que o caso de desaparecimento de pessoas é real”,

 disse Joana.

Ela também expressou sua preocupação com o caso e destacou o estranhamento em torno do desaparecimento de Priscila desde o início. Joana Prado concluiu alertando sobre a realidade dos desaparecimentos de pessoas e o impacto que isso causa nas famílias.

O intrigante e ainda misterioso caso do desaparecimento de Priscila Belfort, é mais um capítulo da minha série especial de artigos "Eu Não Me Esqueci".

Relembre o caso


Em recente reportagem, o programa Fantástico da Rede Globo, disse que no Brasil teve mais de 200 mil desaparecidos de 2019 a 2021, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Ainda de acordo com a matéria, em média, a cada dia, 183 pessoas desaparecem no país. É como se um avião sumisse do radar diariamente. Na outra ponta dessas estatísticas, 112 mil pessoas foram encontradas neste período. Mas e as outras?
 
Sempre que Vitor Belfort ou alguém da família dele aparece para falar sobre Priscilla Belfort, o momento é de comoção. A irmã do lutador está desaparecida há 20 anos, tendo 29 anos de idade na época, e o caso permanece sem solução.

Funcionária pública da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, no Rio de Janeiro, Priscilla foi vista pela última vez quando saiu durante uma pausa do trabalho para almoçar, nas proximidades do emprego. Ela nunca mais foi vista!

O desaparecimento de Priscila, é ainda um grande mistério e tristemente um caso sem solução. Há 20 anos a família, que já sofreu demais, ainda chora e luta por respostas.

No dia de 9 de janeiro de 2004, dia do desaparecimento, aos 29 anos, Priscila acordou indisposta e resolveu pegar uma carona com a mãe, Jovita Belfort, até o trabalho. Priscila só foi por insistência da mãe. A jovem entrou no trabalho e saiu horas mais tarde, sozinha, avisando aos colegas que ia almoçar. Foi a última vez que Priscila foi vista.

Não houve nenhum pedido de resgate. Nos meses seguintes, os parentes levantaram várias possibilidades para o sumiço, inclusive algum tipo de confusão mental. Segundo a família, ela já havia sofrido lapsos de memória no passado, mas nunca a ponto de perder o contato com os parentes.

Ao longo da investigação, a polícia apontou suspeitos e chegou a realizar exame de DNA em um corpo encontrado carbonizado numa favela do Rio. De acordo com a família, no dia do desaparecimento, Priscila tinha apenas R$ 40 no bolso.

As especulações


Em 2007, foi feita uma denúncia de que, devido a uma dívida de R$ 9 mil que Priscila tinha com um casal de traficantes do Morro da Mangueira teria sido a causa do seu desaparecimento, em janeiro de 2004, segundo Elaine Paiva da Silva, que, à época, com 27 anos, se entregou ao Ministério Público e confessou ter participado do assassinato da jovem.

De acordo com o depoimento de Elaine, Priscila e o namorado deviam R$ 9 mil a um casal, que conhecida o traficante preso em Bangu I. Eles teriam pedido ao TAL bandido para fazer uma "pressão psicológica" em Priscila para o pagamento da dívida. 

Ainda segundo Elaine, o primeiro contato do bandido com ela foi feito em outubro e a ação do sequestro, que envolveu oito pessoas, aconteceu em janeiro. Além disso, ela disse que outras oito pessoas estariam envolvidas. 

Através de investigações, os policiais da 75ª DP (Rio D'Ouro) conseguiram prender alguns dias depois mais quatro supeitos de envolvimento no suposto, entre eles uma outra mulher.

Em seu depoimento, a denunciante ainda disse que Priscila teria passado por dois cativeiros e foi morta porque o casal que queria receber o pagamento teria desistido da cobrança. Foi quando o bandido de Bangu I disse para os sequestradores que não haveria mais pagamento e eles poderiam fazer o que quisessem com a vítima. 
"Segundo Elaine, o pessoal do cativeiro ficou com medo porque ela (Priscila) viu o rosto de todo mundo. Foi aí que o tal do Adriano (outro envolvido no crime) resolveu matar Priscila"
disse o delegado do caso. 
Porém, nada disso nunca foi comprovado e todos os suspeitos que haviam sido presos, foram soltos posteriormente.

Conclusão


Foto: UOL
Não importa o tempo que passou, quase inconscientemente as famílias de pessoas desaparecidas ainda nutrem uma esperança de rever os entes queridos.
"Vivo ou morto, todas as mães querem respostas. É uma ferida aberta"
diz Jovita Belfort,  em um trecho do excelente e necessário documentário "Cadê você?", sobre os casos de várias pessoas desaparecidas no Brasil, em casos até hoje não solucionados.

Priscila Belfort teria comemorado seu aniversário de 49 anos de idade no dia 5 de dezembro do ano passado, e esse foi o momento ideal para que Vitor e a família relembrasse e homenageasse a irmã.

Embora a polícia trabalhe com a hipótese de homicídio e não de sequestro, já que nunca houve um pedido de resgate, a família de Vitor acredita que Priscila esteja viva.

O fato é que o desaparecimento de Priscila Belfort segue ainda como um grande mistério e um sentimento de verdadeiro e compreensível desconforto por parte da família da moça, assim como os de todas as famílias com histórias semelhantes, imersas num sentimento de saudades, incertezas, frustração e impunidade. 
Ainda que muitos se esqueçam, eu não me esqueci!

Escrevi mais sobre este tema nos artigos:

[Fonte: Canal Ciências Criminais, original por Daniele Kopp (acessado em 24/01/2023). Observatório da TV, original por Cintia Lima (acessado em 24/01/2023). Gazeta do Povo, original (acessado em 24/01/2025).]

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segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

A BÍBLIA COMO ELA É — ENTENDENDO DANIEL 5 [O BANQUETE DE BELSAZAR]

"Porque o Dia do Senhor dos Exércitos será contra todos os orgulhosos e arrogantes e contra todos os que se exaltam, para que sejam humilhados" (Isaías 2.12).
Retomando a minha série especial de artigos "A Bíblia Como Ela É", vou falar um pouco sobre o quinto capítulo do livro do profeta Daniel. O livro de Daniel, por si só, já é um dos livros mais intrigantes e complexos do Antigo Testamento, muito por causa de seu viés escatológico e uma linguagem cheia de simbolismos que muito o assemelha ao livro do Apocalipse.

Dentre as muitas complexidades do livro de Daniel, este capítulo 5 é, na minha opinião, um dos mais confrontadores, pois fala sobre algo que é um dos grandes males da humanidade em todos os tempos: o maligno, nocivo e fatal 

Orgulho!


Isaías, como profeta do Senhor, denunciou o perigo do orgulho, pois ele descaracteriza o ser humano do propósito para o qual Deus o criou; e mais, o perigo do orgulho é que ele toma o lugar que só pertence a Deus.
O orgulho faz a pessoa assumir para si prerrogativas que deveriam ser somente de Deus, ou faz com que ela agarre-se à glória que deveria ser somente dada a Ele. O orgulho faz ainda que a pessoa centre sua vida em si mesma, e não em Deus.
O orgulho faz com que a pessoa falsamente acredite que ela é a fonte última de suas próprias necessidades, descartando a provisão de Deus. O orgulho leva a pessoa a confiar em si mesma como o supremo provedor, sustentador, doador, protetor e salvador. O orgulho faz a pessoa rivalizar diretamente com Deus. O orgulho é pecado, e é muito perigoso.

Nós não vemos a dimensão do orgulho nem estamos acostumados a declarar a feiura dele. Mas, na verdade, ele é assim, e muito pior. A face horrenda e louca do orgulho é que ele descaradamente tenta destronizar Deus e entronizar o "eu".
Se o orgulho é um pecado perigoso, pois a natureza essencial dele é usurpar as prerrogativas e a posição que pertencem a Deus, o tratamento contra ele exige radicalidade. Exige não só reconhecê-lo como pecado diante do Senhor, mas exige humilhar-se diante dEle.
A verdadeira humildade deve expressar-se reconhecendo somente a Deus como o Senhor, confiando somente nEle, exaltando e glorificando somente a Ele. O orgulho, com certeza foi o grande veneno que culminou com a destruição do rei Beltsasar e, consequentemente, com a queda da Babilônia.

Daniel 5

texto e contexto


Ao nos aproximarmos de Daniel 5, vemos um homem que desafiou tudo — especialmente o Deus a quem Nabucodonosor se entregara anos antes (4:34-37).

O ano é 538 a.C., 23 anos depois da morte de Nabucodonosor. O novo rei é o neto de Nabucodonosor, Belsazar — um homem devotado a qualquer deus, menos ao Deus verdadeiro.

Belsazar foi um dos sucessores do rei Nabucodonosor, que tinha destruído Jerusalém e deportado os judeus. Outras fontes históricas revelam que Belsazar reinou durante vários anos como co-regente com seu pai (os dois reinaram ao mesmo tempo, como uma equipe). 

Ele nunca chegou a ser rei sozinho. Por isso, ele era o segundo no comando do reino mas exercia todas as funções de rei, enquanto seu pai estava fora, lutando em guerras.

Essa devoção traria sua própria queda e a de seu reino. A cidade de Babilônia estava cercada pelos exércitos do Império Medo-Persa. Daniel, agora octogenário, teve que confrontá-lo.

Belsazar foi o último rei da Babilónia, antes de sua conquista pelos persas. O profeta Daniel condenou Belsazar por sua idolatria e irreverência para com Deus.

O banquete de Belsazar


Agindo como Nero que se divertia enquanto Roma incendiava, Belsazar decretou um feriado nacional — apesar do cerco que ameaçava a cidade. O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus grandes e bebeu vinho na presença deles (v. 1).

Um dia, Belsazar reuniu muitos nobres e deu uma grande festa na cidade de Babilónia. Quando estava bem embriagado, ele se lembrou que Nabucodonosor tinha levado várias taças de ouro do templo em Jerusalém, quando o destruiu. 

Belsazar mandou trazer essas taças para ele, os nobres, suas mulheres e concubinas beberem nelas. A festa se degenerou e todos adoravam seus deuses falsos (5:3,4).

Por que faria isso? Há várias razões possíveis:
  • Primeiro, para despreocupar o povo. Como alguém que assobia nervosamente ao passar por um cemitério, ele convidou mil líderes da cidade para demonstrar uma atmosfera de confiança apesar do perigo. 
  • Segundo, Belsazar pode ter desejado demonstrar a autoridade de seu reino.
  • Terceiro, ele queria celebrar os deuses babilônicos. Estes estavam representados nas paredes da sala do banquete, e Belsazar dedicou um brinde a cada um deles individualmente. 
Quando estavam todos bêbados, o rei cometeu seu erro fatal.

Lembre-se: a nação está cercada e o rei está tentando de algum jeito escorar o seu reino abalado. Então, em bêbado estupor, ele pede que lhe tragam os utensílios do Templo que foram saqueados de Jerusalém anos antes. Por que esse rei faria isso? Talvez…
  • quisesse desafiar a Deus;
  • quisesse provar que a velha profecia (de Daniel ao avô de Belsazar) sobre a queda da Babilônia era falsa;
  • lembrou-se de como Daniel humilhara Nabucodonosor e pode ter decidido demonstrar sua superioridade.
Qualquer que fosse o motivo, Belsazar, na hora em que deveria estar jejuando ao invés de festejando, demonstrou seu total desprezo pelo Deus Altíssimo. Brindou aos seus ídolos em taças feitas para a adoração a Deus.

Essa afronta a Deus não passou despercebida. Durante a festa, apareceu uma mão humana do nada, que escreveu algumas palavras na parede (5:5,6). Quando viu isso, o rei Belsazar ficou com tanto medo que seus joelhos batiam um no outro!

Belsazar mandou chamar logo todos os sábios e prometeu tornar a pessoa que lesse a inscrição no terceiro no comando do reino (5:7). No entanto, ninguém conseguia ler o que estava escrito. Isso deixou o rei ainda mais assustado.

Belsazar e Daniel


A rainha então veio e contou a Belsazar sobre o profeta Daniel, que tinha interpretado alguns sonhos de Nabucodonosor e que tinha grande sabedoria (5:11,12). Ele chamou Daniel e pediu que lesse e interpretasse a inscrição. Daniel não queria nenhuma recompensa mas ele deu a interpretação.
Diferentemente do que muitos pensam, as palavras escritas na parede não estavam em outro alfabeto nem em outro idioma. Eram quatro palavras na língua deles, o aramaico.
Daniel explicou que as palavras que estavam escritas na parede eram:
  • Mene mene — mene significa "contado"; ou seja, os dias do reinado de Belsazar estavam contados.
  • Tequel — significa "pesado"; ou seja, Belsazar tinha sido pesado na balança do Senhor e achado em falta.
  • Parsim — significa "dividido"; ou seja, o reino de Belsazar seria dividido entre outros povos (os medos e os persas).
Daniel também repreendeu Belsazar por sua arrogância e falta de respeito para com Deus (5:22,23). Belsazar conhecia a história de seu predecessor, Nabucodonosor, a quem Deus tinha humilhado por sua arrogância. Apesar disso, Belsazar não deixou de fazer coisas erradas e repugnantes diante de Deus. Agora, Belsazar iria sofrer as consequências.

Quando Belsazar ouviu a interpretação, ele fez o que tinha prometido e colocou Daniel como o terceiro no governo do reino. Mas, nessa noite, a Babilônia foi tomada pelos medos e os persas (5:29-31). O império babilónico chegou ao fim e Belsazar foi morto.

Conclusão


Belsazar, que foi consumido pelo mesmo orgulho que quase destruiu o seu avô, tentou desafiar Deus. Porém, falhou. Aconteceu, então, que foi "pesado na balança e não atingiu o peso necessário", levantando uma questão importante que cada um de nós precisa responder: 
E eu, como estou? Qual é a minha avaliação — não aos olhos da multidão, não aos olhos da plateia, mas aos olhos de Deus, o Único acima de qualquer plateia?
Jamais devemos esquecer que somos chamadas do princípio ao fim para vivermos diante da Única pessoa acima de qualquer plateia — não de outras pessoas. Diante de nós a questão é clara. Vivamos de tal maneira que alcancemos os propósitos de Deus para a nossa vida. Vivamos como Daniel o fez para sermos avaliadas somente pelo Senhor.

Não insista em seu orgulho. Não mantenha como valor a sua autossuficiência. Quebrante-se e humilhe-se diante de Deus! Atente, reflita e considere as palavras de Tiago 4:6: 
"…Deus resiste aos soberbos [ou orgulhosos], mas dá graça aos humildes".
[Fonte: Ministério Pão Diário, original acessado em 21/01/2024. Estilo Adoraçãooriginal 1 e original 2 por Daniel Conegero, acessados em 21/01/2024. ICECO, original por Roberto Naves Amorim, Pastor da Igreja Cristã Evangélica do Setor Oeste em Goiânia – GO – Brasil, acessado em 22/01/2024.]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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domingo, 21 de janeiro de 2024

CONTÉM SPOILERS — EDIÇÃO ESPECIAL: "UM ENCONTRO COM LACAN"

Como estudante de Psicanálise, eu sempre deixei bem claro o quanto me identifiquei com as teorias lacanianas. Essa identificação fez com que eu me debruçasse em pesquisas por saber um pouco mais sobre Lacan: quem foi, de onde veio e, principalmente, o que fez, qual foi seu legado e sua contribuição para a Psicanálise Contemporânea.

Eis que, em minhas pesquisas, eu encontrei esse excelente documentário que traz um resumo biográfico sobre ele. Em contribuição para os meus colegas acadêmicos — e também para quem seja apenas um simpatizante pelo tema —, apresento essa edição especial da minha série de artigos "Contém Spoilers".
O documentário "Rendez Vous Chez Lacan (Um Encontro com Lacan)", de Gérard Miller, foi produzido em 2011. Com 52 minutos de duração, o filme, classificado como um curta-metragem, conta a história do psiquiatra, nascido em uma família católica de classe média no século 20, que se destacou no exercício prático e teórico da psicanálise defendendo teorias que geraram fortes polêmicas entre colegas de profissão.
O filme traz depoimentos de antigos analisandos de Jacques Lacan e dos psicanalistas Eric Laurent, Jacques-Alain Miller e Judith Miller (✩1941/✞2017).
Com a ajuda do irmão, Jacques-Alain, um dos maiores pupilos de Lacan, Gérard Miller tenta desvendar a personalidade do psiquiatra francês que até hoje é considerado um dos mais instigantes e controversos pensadores da história da psicanálise.

Quem foi Jacques Lacan


Lacan: o inconsciente como linguagem 
Foto: Metaética – Flickr – USP Imagens

Enquanto criava e desenvolvia as bases teóricas e práticas da psicanálise, Sigmund Freud (✩1856/✞1939) se correspondia e participava de encontros com colegas e discípulos. 

O grupo promoveu congressos regulares a partir de 1908 e formou a Associação Psicanalítica Internacional. Das ramificações desse núcleo surgiram as gerações posteriores de psicanalistas, uma delas tem como principal representante o médico francês Jacques Lacan (✩1901/✞1981).
"Numa época em que a psicanálise buscava fundamentações na Biologia, Lacan escolheu a lingüística e a lógica para reconfigurar a teoria do inconsciente"
Foto: Arquivo pessoal
afirma Christian Dunker, psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).

Sua obra foi responsável por construir alicerces filosóficos para a psicanálise e transbordou sua influência a outros campos das ciências humanas.

Com Lacan, que se considerou um comentador de Sigmund Freud, propondo um retorno a suas ideias, a psicanálise bateu asas de sua fundamentação nas ciências biológicas e encontrou desenvolvimento na relação com a linguística. 

Sua afirmação de que o inconsciente se estrutura como linguagem, somada às noções de simbólico, imaginário e real, são algumas das contribuições decisivas de seu trabalho.

Seu nome completo era Jacques Marie Émile Lacan, nascido na cidade de Paris em 1901, em plena belle époque. Formado em medicina, especializou-se na psiquiatria com uma tese de doutorado defendida em 1932 que não fez eco entre os pares, mas acertaria direto na cabeça dos surrealistas, um encontro que tingiria decididamente os rumos teóricos de Lacan.

Por mais de 20 anos, manteve um seminário semanal, sensação entre a intelectualidade perambulante pela França, reunindo frequentadores que iam do antropólogo Claude Lévi-Strauss (✩1908/✞2009) ao cinemanovista Glauber Rocha (✩1939/✞2009), passando por entidades como Michel Foucault (✩1926/✞1984) e Gilles Deleuze (✩1925/✞1995). 

Foi nesses encontros públicos que realizou a maior parte de sua obra, já que publicou pouquíssimos livros. Disse até o fim que era freudiano, realizando uma radicalização das ideias e do projeto de Freud, uma afirmação que até hoje provoca controvérsias na psicanálise. Morreu em 9 de setembro de 1981.

Crítica e cisma


O psicanalista francês Jacques Lacan 
Imagem: CEA – Flickr – USP Imagens
Para compreender a trajetória de Lacan, é preciso ter em vista que a psicanálise se instala tardiamente na França em relação a países como Inglaterra, Alemanha, Itália e Estados Unidos. 
Em grande parte, por conta do influente Pierre Janet (✩1859/✞1947), psicólogo concorrente de Freud que chegara mesmo a acusar o austríaco de plágio.
"Na França, a psicanálise entra de uma maneira diferente de outros países"
explica Dunker. 
"Ela entra na cultura ligada ao Surrealismo, às vanguardas críticas e à epistemologia marxista, a uma psiquiatria inquieta com a sua própria época, uma psiquiatria que é ao mesmo tempo teoria da cultura."
Dessa forma, quando Lacan começa a ganhar reconhecimento, nos anos 1950, a psicanálise já estava assimilada à psiquiatria e à psicologia em diversos países, ainda que chegando atrasada na França. 
"Podemos caracterizar Lacan como uma espécie de crítico da psicanálise da sua época — de reinventor da psicanálise para alguns –, alguém que recolocou a psicanálise no debate com a ciência, com a filosofia, com a cultura e com a literatura"
comenta o professor.

Lacan soube articular a psicanálise a diferentes campos do saber, como arte, literatura, ciência e filosofia, sendo lembrado como um importante representante da psicanálise do século XX e um dos seus principais representantes.

Sobre o documentário


O documentário "Um encontro com Lacan", relata um pouco da história de vida de Jacques Lacan, como também relata a sua relevância para a psicanálise, relatos de alguns analisados e o quanto para muitos ele era considerado o maior psicanalista desde Freud.

Para a psicanálise os sintomas têm um sentido e se relacionam com as experiências do sujeito, sendo assim ele repete pelos sintomas tudo que criou em sua vida. O sintoma é uma formação de compromisso entre desejo, recalque e sua realização, pois quando o sujeito deseja algo que não pode ser realizado, ele recalca e como não recalca por completo, as falhas vêm como sintomas.
O trabalho do analista está na tentativa de fazer com que o paciente dê um novo sentido ou direção, fazer com que ele veja os sintomas de outro ângulo, de forma que ele saia do discurso repetitivo e dê um novo sentido ao sintoma. 

Nos relatos de seus pacientes pode-se perceber este trabalho e o quanto ele é importante no tratamento, quando eles diziam que ele dava atenção para as questões consideradas banais por eles, fazendo-os enxergar que não são banais e sim relevantes ao seu tratamento, dando então uma nova direção ao sintoma.

Conclusão


Jacques Lacan – Foto: Reprodução – USP Imagens
Evidentemente, a centralidade da linguagem na teoria lacaniana desova diretamente na prática terapêutica. 

O resultado é uma abordagem atenta à forma e à maneira como o paciente fala, voltada para ajudá-lo a escutar o que está dizendo, para além das intenções de sua própria vontade.

No documentário "Encontro com Lacan", o diretor Miller revela ainda que Lacan foi amigo do antropólogo, professor, filósofo e sociólogo Claude Lévi-Strauss (✩1908/✞2009); do pintor, escultor, ceramista, cenógrafo, poeta e dramaturgo Pablo Picasso (✩1881/✞1973) e do filósofo, escritor e crítico francê Jean-Paul Sartre (✩1905/✞1980)

Lacan nasceu em berço católico e sua família burguesa pôde proporcionar todas as experiências, inclusive dentro da psiquiatria, para suscitar seu interesse pela psicanálise.
Jacques Lacan, hoje, talvez seja o psicanalista mais controverso desde Freud, entretanto, sua teoria moderna e escrita barroca proporciona uma leitura fabulosa sobre os mistérios do inconsciente. 

Esse documentário é uma autêntica lição de história, recomendo você reservar um tempinho para ter um encontro com Lacan e desvendar um pouco sobre a história da psicanálise.


 

Ficha Técnica


  • Produção: Gerard Miller, Leslie Grunberg
  • Fotografia: Arthur Cemin, David Perressetchenshy
  • Som Direto: Laurent Meyer
  • Empresa(s) produtora(s): 2 Cafes L'Addition, PMP - Penelope Morgane Productions
  • Direção de Produção: Cecile Deborde
  • Assistente de Direção: Anais Feuillette
  • Pós-produção: Christophe Plebs, Fabrice Ferreira, Nicolas Ambroziewicz
  • Montagem: Damien Thoumas, Jerome Brehier
[Fonte: Psico Educa, Jornal da USP, original por Luiz Prado, acessado em 21/04/2024, YouTube]

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sábado, 20 de janeiro de 2024

PERSONAGENS BÍBLICOS — GAMALIEL, O MESTRE E MENTOR DO APÓSTOLO PAULO

Retornando com minha série especial de artigos sobre os "Personagens Bíblicos", neste capítulo vou falar um pouco sobre um personagem que, apesar de sua importância, ainda que indireta, não é muito citado nas pregações. 

Ele foi usado por Deus para a realização de algum milagre sobrenatural? Não! Participou de alguma das grandes conquistas do povo de Deus? Não! Foi algum dos grandes profetas? Também não! Então, afinal, qual foi a importância dele que justifique sabermos mais a seu respeito? Ele foi o mestre, instrutor, orientador e mentor do grande apóstolo Paulo: Gamaliel!

A importância de Gamaliel no treinamento de Paulo


Quando o apóstolo Paulo disse à multidão em Jerusalém que tinha sido 
"...educado aos pés de Gamaliel...", 
o que queria dizer com isso? O que envolvia ser discípulo dum instrutor tal como Gamaliel? Referente a esse treinamento, o professor titular Dov Zlotnick, do Seminário Teológico Judeu da América, escreve:
"A exatidão da lei oral, portanto, sua confiabilidade, depende quase que inteiramente do relacionamento entre mestre e discípulo: do cuidado do mestre no ensino da lei e da presteza do discípulo em aprendê-la... Por isso, instava-se com os discípulos a sentar-se aos pés dos eruditos... 'e beber as suas palavras com sede'."
Estudiosos do judaísmo, afirmam em consenso que os rabinos mais famosos muitas vezes reuniam em sua volta grande número de jovens desejosos de instrução, com o fim de familiarizá-los cabalmente com a chamada "lei oral" muito ramificada e verbosa. 

A instrução consistia num contínuo e persistente exercício de memória. O instrutor apresentava aos seus alunos diversas questões legais para as resolverem, e deixava-os responder ou ele mesmo as respondia. Permitia-se também aos alunos fazer perguntas ao instrutor.

No conceito dos rabinos, para os alunos estava em jogo muito mais do que apenas serem aprovados. Advertia-se os que estudavam sob tais instrutores:
"Quem se esquecer de uma única coisa do que aprendeu — a Escritura o considera como pondo a vida em jogo. O maior louvor era dado ao estudante que era como 'um poço rebocado, que não perde uma só gota de água'."
Este foi o tipo de treinamento que Paulo, então conhecido pelo seu nome hebraico, Saulo de Tarso, recebeu de Gamaliel.

No julgamento dos Apóstolos (Atos 5:33-40), Gamaliel apresentou um discurso persuasivo, recomendando moderação no tratamento dos Apóstolos. Alguns intérpretes consideram que esse fato reflete o temperamento equilibrado de Gamaliel, enquanto outros acreditam que Gamaliel tenha usado de ironia em tal discurso para atacar o ceticismo Saduceu em relação à providência divina.

O que significou para Paulo?


Será que o treinamento que Paulo recebeu de Gamaliel influenciou o ensino de Paulo como cristão? É provável que a instrução rigorosa nas Escrituras e na lei judaica tenha sido útil para Paulo como instrutor cristão. 

No entanto, as cartas divinamente inspiradas de Paulo, encontradas na Bíblia, mostram claramente que ele rejeitava a essência das crenças farisaicas de Gamaliel. Paulo orientou seus conterrâneos judeus e todos os outros não para seguir os rabinos do judaísmo, nem para adotar tradições humanas, mas para seguir a Jesus Cristo (Romanos 10:1-4).

Se Paulo tivesse continuado a ser discípulo de Gamaliel, ele teria usufruído grande prestígio. Outros do círculo de Gamaliel ajudaram a definir o futuro do judaísmo. Por exemplo, Simão, filho de Gamaliel, talvez colega de estudos de Paulo, desempenhou um grande papel na revolta judaica contra Roma. 

Após a destruição do templo, o neto de Gamaliel, Gamaliel II, restabeleceu a autoridade do Sinédrio, transferindo-o para Jabneh. O neto de Gamaliel II, Judá ha-Nasi, foi o compilador da Míxena, que se tornou a base do pensamento judaico até o dia de hoje.

Saulo de Tarso, como aluno de Gamaliel, poderia ter obtido grande destaque no judaísmo. Mas Paulo escreveu a respeito de tal carreira: 
"As coisas que para mim eram ganhos, estas eu considerei perda por causa do Cristo. Ora, neste respeito, considero também, deveras, todas as coisas como perda, por causa do valor superior do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele tenho aceito a perda de todas as coisas e as considero como uma porção de refugo, para que eu possa ganhar a Cristo" (Filipenses 3:7, 8).
Válido salientar, portanto, que apesar de Paulo ter sido treinado e educado por um dos maiores instrutores rabínicos do primeiro século EC, sem dúvida, induziu a multidão em Jerusalém a dar atenção especial ao seu discurso.

Mas ele falou-lhes de um Instrutor muito superior a Gamaliel — Jesus, o Messias. Foi então como discípulo de Jesus, não de Gamaliel, que Paulo se dirigiu à multidão (At 22:4-21).
Por deixar para trás a carreira de fariseu e tornar-se seguidor de Jesus Cristo, Paulo fez uma aplicação prática do conselho do seu instrutor anterior, de prevenir-se para não 
"ser realmente achado como lutador contra Deus". 
Por cessar de perseguir os discípulos de Jesus, Paulo deixou de lutar contra Deus. Em vez disso, por se tornar seguidor de Cristo, tornou-se um dos "colaboradores de Deus" (1 Coríntios 3:9).

O que se sabe mais sobre Gamaliel?


Não se tem muitos registros com detalhes acerca da origem de Gamiliel. Nas pesquisas que eu realizei o que encontrei é que houve um outro Gamiliel, que foi chefe da tribo de Manassés no censo no Sinai (Números 1:10; 2:20; 7:54,59). Mas, este não é o mesmo de quem estou falando.

Sobre o Gamaliel citado no Novo Testamento, consta que ele foi filho do rabino Simeão e o neto do famoso rabino Hilel. Ele era um fariseu, e portanto oponente do partido dos saduceus. Ele era reconhecido por seu conhecimento, e foi presidente do Sinédrio durante as regências de Tibério, Calígula e Cláudio, e morreu, diz-se, cerca de dezoito anos antes da destruição de Jerusalém.

Gamaliel (No original hebraico Gamliy'el [גמליאל], Gamaliel provavelmente significa "Deus é minha recompensa".) era um bem-conhecido fariseu. Era neto de Hilel, o Velho, que fundara uma das duas grandes escolas de pensamento dentro do judaísmo farisaico.

O método de ensino de Hilel era considerado mais tolerante do que o do seu rival, Shamai. Depois da destruição do templo de Jerusalém em 70 EC, Bet Hilel (Casa de Hilel) era preferida a Bet Shamai (Casa de Shamai). A Casa de Hilel tornou-se a expressão oficial do judaísmo, visto que todas as outras seitas desapareceram com a destruição do templo de Jerusalém. 

As decisões de Bet Hilel servem muitas vezes de base para a lei judaica na Míxena, que se tornou o fundamento do Talmude, e a influência de Gamaliel, pelo visto, era um grande fator na sua predominância. Gamaliel era tão estimado, que foi o primeiro a ser chamado de raban, título superior ao de rabino.

Quando os apóstolos foram levados perante o conselho, acusados de pregar a ressurreição de Jesus, Gamaliel, como um fariseu zeloso, aconselhou moderação e calma. Referindo-se a acontecimentos bem conhecidos, ele os aconselhou que os "deixasse". 

Se a obra destes fosse do homem, isso não daria em nada; mas se fosse de Deus, eles não poderiam destruí-la, e portanto deveriam ter cuidado para não serem "achados lutando contra Deus" (At 5:34-40). 

A sabedoria de Gamaliel


Em harmonia com o ensino farisaico, Gamaliel promovia a crença na lei oral. Dava assim maior ênfase às tradições dos rabinos do que às Escrituras inspiradas. (Mateus 15:3-9) A Míxena cita Gamaliel como dizendo: 
"Arruma para ti um instrutor [um rabino] e livra-te da dúvida, porque não deves dar um dízimo excessivo por mera conjectura."
Isso significava que, quando o A.T não especificava o que fazer, não se devia usar o próprio raciocínio ou seguir a própria consciência para tomar uma decisão. Em vez disso, devia-se achar um rabino habilitado, que tomaria a decisão por ele. Segundo Gamaliel, só assim se podia evitar o pecado (veja Rm 14:1-12).

No entanto, ainda de acordo com afirmação de pesquisadores do judaísmo, Gamaliel, em geral, era conhecido pela atitude mais tolerante e liberal nos seus decretos jurídicos, religiosos. Por exemplo, ele tinha consideração para com as mulheres, ao decidir que ele permitiria a uma esposa casar-se de novo à base da atestação [da morte do seu marido] por uma única testemunha.  Além disso, para proteger a divorciada, Gamaliel introduziu diversas restrições na emissão da carta de divórcio.

Esse espírito é também percebido na maneira de Gamaliel tratar os primeiros seguidores de Jesus Cristo. Como já visto anteriormente, o livro de Atos relata que, quando outros líderes religiosos procuravam matar os apóstolos de Jesus, os quais eles tinham prendido por pregarem, ele os aceverou para que não o fizessem.

Conclusão

O estigma de Gamaliel


Figurativamente, estigma significa aquilo que "marca", que "assinala". A grande verdade é que aqueles que passaram a se respaldar no parecer de Gamaliel, em sua maioria, transformaram esse conselho em um "sinal' da parte de Deus para gerarem algo por vezes infamante, vergonhoso ou herético. 
Criaram os maiores absurdos sob a "marca" de que se aquilo que estavam propondo não estivesse vindo da parte de Deus certamente sucumbiria e isso é totalmente falso, pois, se assim fosse, não teríamos esse mar de "igrejas apóstatas" e "seitas" em nome de Cristo.
Gamaliel pode até ter sido usado pelo Senhor para que os Seus apóstolos fossem poupados da morte intempestiva, mesmo porque Deus pode usar até os ímpios para que os Seus soberanos propósitos se cumpram. 

Todavia a história não revela que Gamaliel tenha se convertido ao Senhor, apesar de certamente ter ficado extremamente impressionado com o testemunho de Jesus. Muitos em nossos dias, dentro das próprias igrejas, encontram-se na mesma situação, ou seja, influenciados, mas não convertidos; iluminados, porém sem experimentarem a verdadeira regeneração espiritual.

Tenho observado que, com certa constância, avoca-se o parecer de Gamaliel para justificar determinadas atitudes ou projetos que surgem a fim de garantir que a novidade lançada veio do coração de Deus: Se esta obra vem dos homens perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los (At 5:38,39), apesar de saberem que o conselho de Gamaliel serviu exclusivamente para a libertação dos servos de Deus, naquele momento, pois a perseguição à Igreja prosseguiu feroz inclusive com a participação de Saulo, um dos seus alunos, por certo o melhor, que consentia na morte de Estevão (8:1), e daí para frente levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém e todos os crentes foram dispersos com exceção dos apóstolos
O fato que fica é que a mensagem do verdadeiro cristianismo continua a ser proclamada nos nossos dias. Muitos, iguais a Paulo, fizeram mudanças dramáticas na sua vida. Algumas até mesmo renunciaram a carreiras promissoras, a fim de ter maior participação na pregação do Reino de Deus, que é deveras uma obra "de Deus". (5:39). Como nos sentimos felizes de ter seguido o exemplo de Paulo, em vez de aquele do anterior instrutor dele, Gamaliel!
[Fonte: Personagem Bíblico, original acessado em 20/01/2024; Boletim dos Obreiros, original por José Carlos Jacintho de Campos, acessado em 20/01/2024; Estilo Adoração, original por Daniel Conegero, acessado em 20/01/2024].

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