sábado, 18 de outubro de 2025

TEOLOGANDO — AFINAL, QUEM PISOU NA CABEÇA DA SERPENTE: MARIA OU JESUS?

"Então o Senhor Deus disse à serpente: 'Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.
E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar'" (Gênesis 3:14,15).
Desde o livro do Gênesis subsiste a ideia de que alguém deveria esmagar a cabeça de satanás, personificado na figura da serpente.

Quem será, porém, o responsável por esse aniquilamento completo do mal? Será a própria mulher ou a sua descendência? Maria ou Nosso Senhor Jesus Cristo?

É o que veremos minuciosamente no texto de mais um capítulo da nossa série especial de artigos Teologando.

Compreensão do contexto


Ao desobedecerem a ordem divina, Adão e Eva foram sentenciados por Deus e passaram a viver uma vida de dificuldades pós Éden.

Por sua vez, a serpente que foi o instrumento usado por satanás, também foi castigada:
"Maldita és entre todos os animais domésticos e entre todos os animais selvagens! Sobre o seu ventre rastejará, e pó comerá todos os dias da sua vida" (3:14).
Essa maldição é dirigida à serpente que o diabo usou.

No entanto, a declaração de que o descendente da mulher ferirá a cabeça da serpente, e está ferirá o calcanhar de seu descendente, aplica-se de modo específico a satanás.

O livro do Gênesis foi escrito em hebraico e, nele o que se lê é que é a semente da mulher, a descendência dela que esmagará a cabeça da serpente, frisando que a palavra semente naquela língua é masculina.

Maria ou Jesus?


A tradição Católica Romana, difunde a ideia de que a Virgem Maria é quem foi a responsável por pisar na cabeça da serpente. Só que não é isso o que diz a Palavra de Deus.
A confusão deu-se porque a Bíblia não foi traduzida diretamente para o latim, mas para o grego, na famosa tradução dos Setenta. 
Nessa língua, a palavra em questão é neutra, por isso ocorre uma indecisão na interpretação.
Na Vulgata, o mesmo versículo é traduzido como sendo feminino. Foi nesta versão que a novidade foi introduzida.

Ou seja, a interpretação de que a mulher e não a descendência surgiu por causa desse texto. Assim a interpretação literal do texto do Gênesis está resolvida. 

Contudo, ainda é preciso observar o que diz todo o contexto da Palavra, em uma análise exegética, pois o Antigo Testamento deve ser relido a partir do acontecimento maior, que é o apontamento profético para a figura de Cristo.

Compreensão de Apocalipse 12


No livro do Apocalipse, no capítulo 12, é narrada a alegoria escatológica profética da grande batalha entre o dragão e a mulher.
"E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele" (v. 9).
O que se vê, portanto, é que é o próprio apóstolo João, autor do livro do Apocalipse que faz a interpretação nesse sentido.
"E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho homem.

E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente" (vv. 13,14).
A inimizade e a batalha entre o dragão e a mulher continua e João descreve tudo o que foi profetizado no livro do Gênesis.
"E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo" (17).
Surge uma outra realidade: a semente da mulher (ou seja, o Filho) que foi arrebatado para o céu, mas o Dragão continuará travando uma batalha contra a Mulher (a Igreja), mas o restante dos filhos da Mulher lutarão contra a serpente.

Fazendo uma leitura em chave cristológica do Apocalipse, tem-se que o Filho é Jesus e a Mulher que esta grávida NÃO É MARIA e sim a Igreja.

Ou seja, essa Mulher na alegoria apocalíptica, simboliza também ao mesmo tempo o povo de Deus do Antigo Testamento — Israel — e o povo de Deus do Novo Testamento — a Igreja.

Jesus, portanto, esmaga a cabeça da serpente, isso está claro, mas a batalha entre a serpente e a Mulher continua.

Os homens é que devem escolher em qual lado lutar. Do lado da serpente ou se do lado da Semente da mulher — Jesus Cristo.
Mas, para não pairar (ou perpetuar...) dúvidas e equívocos referentes às tradições doutrinárias e de confusões referentes às inúmeras traduções, vamos nos aprofundar mais.

A Batalha jurídica


A cruz não foi apenas um momento de sofrimento para Jesus, mas o palco da grande batalha jurídica, onde o destino da humanidade foi decidido.

O escritor aos Hebreus, no capítulo 2, versículos 14,15, deixa claro que na cruz, Jesus 
"...destruíu aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo". 
A palavra "aniquilou (atapyno)" demonstra a natureza definitiva dessa vitória.

No evangelho narrado também pelo apóstolo João 12:31: Jesus declara:
"Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora".
A cruz era inevitável, pois era o momento de julgar o mundo e expulsar o príncipe deste mundo.

O Julgamento na Cruz


Na cruz, ocorreu um duplo julgamento
  • 1) o de Jesus — Foi injustamente condenado pelas autoridades humanas, mas voluntariamente se entregou à condenação divina, carregando os pecados da humanidade.
  • 2) o de satanás — Foi julgado e condenado por seus atos, perdendo seu poder como príncipe deste mundo, seu posto de acusador no céu e sendo expulso de todas as suas posições de autoridade.

As alegorias proféticas

  • A Cabeça Esmagada — A imagem da serpente com a cabeça esmagada (Gn 3:15) simboliza a derrota definitiva de satanás. Em João 16:11: Jesus afirma que "o príncipe deste mundo já está julgado". A cruz marcou o fim do seu domínio. Em Colossenses 2:15, Paulo afirma que Jesus "despojou os principados e potestades" na cruz, libertando os crentes do poder das trevas.
  • A Vitória Consumada — A vitória de Jesus na cruz não é apenas uma promessa futura, mas uma realidade presente. Em 1 Coríntios 15:54-57, lemos que a morte foi engolida pela vitória de Cristo e em Efésios 6:12, que os cristãos já não lutam contra carne e sangue, mas contra principados e potestades, sabendo que a vitória já foi conquistada.
A cruz não foi apenas um momento de sofrimento, mas a grande batalha escatológica onde Jesus venceu satanás.

Sua morte e ressurreição libertaram a humanidade do poder das trevas e inauguraram um novo reino, onde a justiça e a paz reinaram.

A promessa do Gênesis 3:15 já foi cumprida: a cabeça da serpente foi esmagada.

A Ascensão Triunfal e a Expulsão do Dragão


Após a vitória consumada na cruz, Jesus ascendeu ao céu, assumindo Seu lugar de glória à direita do Pai.

Essa ascensão marcou a expulsão definitiva de satanás do céu, lançando-o à terra.
"E houve batalha no céu. Miguel e seus anjos batalhavam contra o dragão. 
Também o dragão e seus anjos batalhavam, mas não prevaleceram, nem mais se achou lugar para eles no céu. 
E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e satanás, o sedutor de todo o mundo, foi lançado à terra, e com ele os seus anjos foram lançados" (Ap 12:7-9). 
A expulsão de satanás para a terra revela sua impotência diante da vitória de Cristo.

Consciente de que lhe resta pouco tempo, ele intensifica seus ataques contra os seguidores de Jesus, buscando desanimá-los e desviá-los do caminho da verdade.

Reinando com Cristo:

Uma Realidade Celestial

A vitória de Cristo na cruz abriu as portas do céu para os seus seguidores. Essa é uma realidade inefável, inviolável, inquestionável, insofismável...
Os santos, aqueles que creram em Jesus e foram lavados pelo seu sangue, agora reinam com Ele nos céus (2 Timóteo 2:12; Ap 20:4).

Essa realidade celestial não é apenas uma promessa futura, mas uma verdade presente.

Os cristãos já estão unidos a Cristo em espírito, participando da Sua vitória e da Sua glória.

Foi Jesus quem pisou na cabeça da serpente, quando na cruz do Calvário, ferido em seu calcanhar pela traição de seu discípulo Judas Iscariotes em quem o diabo havia entrado, despojou os principados e potestades e triunfou sobre eles (Colossenses 2:15)!

No mais, foi aos discípulos, não a uma pessoa em particular (seja Maria ou Pedro), que Jesus deu autoridade para também pisar em "serpentes e escorpiões e sobre toda a força do inimigo" (Lucas 10:19).

Essa promessa de poder para vencer o diabo é também para você e para mim que cremos em Cristo e recebemos o seu Espírito. Nas palavras do apóstolo Paulo sob inspiração do Espírito Santo:
"E o Deus de paz esmagará em breve satanás debaixo dos vossos pés" (Romanos 16:20). 
Não há, portanto, qualquer razão para exaltar uma figura que não seja a do próprio Cristo, a semente da mulher, semente (ou descendente) que esmagaria a cabeça da serpente, como bem prenunciou o próprio Deus ainda no Éden (Gn 3:15).
Jesus Cristo, foi o único que cumpriu a profecia de Gênesis 3:15, só Ele teve o poder de vencer satanás e trazer salvação para humanidade.

O nosso Campeão Jesus Cristo, venceu satanás, venceu a morte e o inferno, e também nos faz vencedores pelo poder do seu sangue.

A primeira promessa da vinda do Redentor foi feita no Éden, com o advento de Cristo, esta promessa foi cumprida.

Ele esmagou a cabeça da serpente (satanás), e nos deu poder para pisar sobre toda força do inimigo (Lc 10:19).

Jesus esmagou a cabeça da serpente e deixou a calda para a igreja, conforme subentendido o que disse o apóstolo Paulo escrevendo a igreja em Roma em Romanos 16:20.

A derrota final de satanás será quando ele for pisado pela igreja e em seguida lançado no tártaro, no lago de fogo e enxofre (Ap 20:10).

O apóstolo João declarou, que o Filho de Deus se manifestou para desfazer as obras do diabo (1 Jo 3:8). Aleluia!

O Descendente da mulher, Jesus Cristo, o Salvador da humanidade, esmagou a cabeça da serpente (satanás) mediante a sua morte e ressurreição e garantiu a nossa libertação e salvação para sempre. Amém!

Conclusão

Vivendo na Vitória da Cruz


A vida cristã não é uma luta para alcançar a vitória, mas uma vida de gratidão e obediência àquele que já venceu.

Devemos viver conscientes da vitória conquistada na cruz, confiando na promessa de Deus e caminhando na vocação para a qual fomos chamados.
"Porque todo aquele que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?" (1 Jo 5:4,5).

"Em todas estas coisas somos mais que vencedores por aquele que nos amou" (Rm 8:37).
🗣️"_ Ah, mas a tradição deste ou daquele seguimento religioso ensina de modo diferente",
alguém pode replicar; ao que respondo com as mesmas palavras de Jesus: 
🗣️"_ E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus" (Mt 15:6). 
🗣️"_ Respeite a minha fé",
poderá esse alguém insistir; 
🗣️"_Respeite a Palavra de Deus!",
responderei eu.

Que a certeza da vitória de Cristo nos inspire a viver vidas de fé, esperança e amor, refletindo a glória do nosso Rei.

[Fonte: Papo com Deus, por Pr. Max Mendes; Pregando a Verdade, por Geraldo Barbosa; CNP, por Pe. Paulo Ricardo]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.

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