domingo, 20 de abril de 2025

OS "HERÓIS DESCONHECIDOS DA BÍBLIA" — ARAÚNA

Um estrangeiro, Araúna, é o nosso herói neste capítulo da minha série especial de artigos "Os 'Heróis Desconhecidos da Bíblia'"

Araúna, uma figura relativamente obscura na Bíblia, que, a despeito de sua grande importância e relevância na história do rei Davi, que ao longo do tempo é o protagonista de inúmeras ministrações, pouco ou quase nunca é citado em pregações, emerge em uma narrativa significativa nos últimos capítulos de 2 Samuel, especificamente no capítulo 24

Eu diria que Araúna vem sendo "injustiçado" pela maioria dos pregadores que só o citam em suas pregações, como um mero figurante na história do grande rei de Isarel.

Entretanto, sua história está intimamente ligada ao rei Davi e serve como um momento crucial na história de Israel. Para entender o papel e a importância de Araúna, devemos nos aprofundar no contexto de sua aparição, nos eventos que o cercam e nas implicações teológicas de sua interação com Davi.

A Eira de Araúna e a lição sobre o valor de uma oferta agradável a Deus


O relato sobre a Eira de Araúna está presente em dois livros da Bíblia: 2 Samuel 24 (escrito por profeta Samuel) e 1 Crônicas 21 (escrito por Esdras). Os dois relatos trazem algumas diferenças, por exemplo: através de Samuel, toma-se conhecimento que a eira em questão pertence a Araúna. 

A mesma eira é descrita por Esdras como pertencente a Ornã. Araúna e Ornã são a mesma pessoa? Na teologia brasileira, os diferentes nomes definem a mesma pessoa. Existe, porém, uma publicação chamada "The New Man ("O Novo Homem", em livre tradução)" de Thomas Merton que considera Ornã e Araúna pessoas distintas, os dois seriam irmãos. O detalhe de identidade, contudo, não prejudica a história. É apenas mais uma daquelas curiosidades teológicas de valor periférico.

A essência da mensagem a ser transmitida, é a rapidez e a coragem em sua maneira de atuar que salvou a vida de milhares de pessoas. Araúna não precisou que alguém lhe lembrasse o que era importante, não lhe pediram seus "dízimos e ofertas" para o Senhor: ele entregou tudo. Ele sabia que os bens materiais tinham pouco valor diante de Deus. Compreendeu que o dinheiro nada vale (2 Sm 24:18-25).

Araúna não fazia parte do povo de Deus — ele era um jebuseu que habitou em Jerusalém antes de ser tomado pelos israelitas —, então, o que estava acontecendo não devia preocupá-lo. Além disso, Davi era quem havia derrotado o seu povo, os jebuseus. 

Podia ter chegado a pensar que a praga era um castigo de Deus (e não teria se equivocado). Mas a Bíblia diz que ele amava ao Senhor e que Deus o escolhera para curar o Seu povo. O profeta disse a Davi que fosse diretamente ao campo de Araúna porque era ali que Deus queria se encontrar com esse rei. Deus o escolheu.
Mesmo que tivesse razões para odiá-lo, Araúna deu a Davi tudo o que possuía para que pudesse salvar a vida do povo. Araúna ofertou não somente o terreno, mas também os bois, os trilhos, as juntas e a madeira que tinha para trabalhar. Ele ficou sem nada!
Deus costuma usar as pessoas que menos imaginamos! Um estrangeiro ofertou tudo para que o povo de Deus não perecesse. E, quando digo "tudo", é literalmente assim.

Mas isso não o preocupou em nada porque desejava salvar os que estavam morrendo ao seu redor, e, também salvar a sua família. 

Araúna estava com seus quatro filhos quando viu o anjo do Senhor. Sabemos disso pela passagem paralela no primeiro livro de Crônicas, onde ele aparece com o nome de Ornã devido a uma pequena diferença na raiz da palavra. 

Tanto Araúna como Ornã significam "nobre". Na verdade, seria difícil encontrar-lhe um nome mais apropriado (1 Cr 21:20-24).

Conclusão


Teologicamente e contextualmente, a história de Araúna ilustra vários temas-chave. 
  • Primeiro — destaca a inclusividade do plano de Deus. Araúna, um jebuseu, torna-se uma parte integral da história de Israel e do plano divino para expiação e adoração. Esta inclusividade prenuncia a posterior expansão do pacto de Deus para incluir os gentios através de Jesus Cristo.
  • Em segundo lugar — a narrativa sublinha a importância do sacrifício genuíno na adoração. A insistência de Davi em pagar pela eira e oferecer algo que lhe custe pessoalmente nos ensina que a verdadeira adoração envolve uma oferta sincera, não apenas um gesto simbólico.
  • Terceiro — a história de Araúna e Davi enfatiza a misericórdia e a graça de Deus. Apesar do pecado de Davi e da praga resultante, a disposição de Deus em se arrepender e aceitar as ofertas de Davi demonstra Sua prontidão para perdoar e restaurar. Este tema de misericórdia divina é ecoado ao longo da Bíblia e encontra sua expressão máxima na morte sacrificial e ressurreição de Jesus Cristo.
Em conclusão, Araúna pode parecer um personagem menor na grande narrativa da Bíblia, mas seu papel está longe de ser insignificante. Sua interação com Davi em um momento de crise leva ao estabelecimento de um local sagrado que se tornaria central para a adoração e identidade de Israel. 

A história de Araúna nos lembra da inclusividade do plano de Deus, da necessidade de sacrifício genuíno na adoração e da misericórdia infinita de Deus. Através desses temas, ganhamos uma compreensão mais profunda da natureza de Deus e de Seu relacionamento com a humanidade.


Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.

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E nem 1% religioso.

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