segunda-feira, 29 de novembro de 2021

A BÍBLIA COMO ELA — ENTENDENDO MATEUS 16

"Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16:18).
  • Em mais um capítulo dessa série especial, vamos entender o verdadeiro significado contextual desse versículo muito conhecido e usado pela maioria dos cristãos, mas, contudo, por estar isolado de seu contexto, é pouco entendido por muitos deles. 
  • O texto desse artigo foi inspirado pela ministração da palavra, feita pela pastora Gabi, no Culto da Família, realizada, no domingo, 28/11/2021, no templo do Ministério Evangélico Gilgal.

Entendendo o significado de "Igreja", sob a ótica de seu dono: Jesus!


A natureza, organização e propósito da Igreja é um dos meus assuntos favoritos na ciência da fé, a teologia. A área da teologia que estuda a Igreja é chamada de eclesiologia: do grego "ekklesia" (assembleia, chamados, convocação) + "logos" (palavra, conhecimento, estudo) = estudo ou doutrina da Igreja, e ela visa estudar o que a Igreja é de fato, o que a Igreja é chamada a ser, como a Igreja se organiza e para que a Igreja existe.

Dos textos bíblicos que falam sobre a Igreja, Mateus 16 é um dos que mais me chama a atenção. Não só pelo fato de ser o primeiro texto onde a palavra grega "eklésia" é usada com referência a uma comunidade de discípulos de Jesus, mas pelas declarações e promessas de Jesus no texto bíblico a respeito da Igreja.

Tudo começou com um "bate papo informal" entre o Mestre e seus discipulos


O versículo
"Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16:18, NVT).
está inserido numa conversa que Jesus teve com seus discípulos. Nesta conversa Jesus pergunta aos seus discípulos: 
"Quem os homens dizem ser o Filho do homem?" (Mt 16:13, NVT). 
Em outras palavras Jesus estava perguntando: 
"o que as pessoas dizem que eu sou?"
ou 
"quem as pessoas acham que eu sou?".
A qual, os discípulos responderam que alguns o identificavam como sendo João Batista, um homem de Deus — por sinal, primo de Jesus — que havia identificado como sua missão anunciar alguém que viria depois dele, alguém que era maior que ele e do qual ele não era digno de desatar as correias das sandálias (João 1:27).

O próprio Jesus já havia afirmado de João Batista que entre os homens não havia ninguém tão especial quanto ele, mas haveria um lugar onde até o menor daquele lugar seria maior do que ele (Lc 7:28). Mas apesar de, mesmo quando ainda era um bebê no ventre de sua mãe, ter saltado de alegria com a presença de Jesus (Lc 1:41), ele não era o Cristo (Jo 3:28–30), e aqueles que identificavam Jesus com ele, ainda não O reconheciam como de fato Ele era.

Além disso, os discípulos disseram que outros O identificavam com Elias. Elias, semelhantemente a João, também era um homem de Deus, identificado assim sem que nada precisasse declarar. Ele fez grandes prodígios, em seu ministério fogo descera do céu, chuva caiu sobre a terra seca. Ao fim do seu ministério, foi arrebatado para Deus e muitos dos profetas posteriores disseram que antes da grande vinda do Messias ele retornaria para preparar-lhe o caminho.

Ele não era o Cristo, sua missão dava testemunho do Cristo e mais uma vez os que identificavam Jesus a ele, ainda não O reconheciam como de fato Ele era. Por sua vez, outros identificavam Jesus com Jeremias e outros ainda com alguns dos profetas. Todos esses têm em comum uma coisa, ainda não reconheciam Jesus como de fato Ele era.

Foi então que, diante desta resposta, Jesus perguntou aos seus discípulos: 
"Mas vós, quem dizeis que eu sou?" (Mt 16:15, NVT). 
Agora Jesus tocou no ponto. Jesus trouxe a conversa para o nível do relacionamento. Jesus não queria mais saber a opinião da multidão que o seguia a distância. 

Jesus não queria mais saber a opinião dos fariseus que lhe confrontavam. Jesus queria saber a opinião dos seus discípulos, daqueles com quem Ele tinha relacionamento, daqueles que passavam dia e noite com Ele, comiam com Ele, choravam com Ele, andavam com Ele.

E diante desta pergunta, o discípulo mais hiperativo de Jesus, Simão Pedro, respondeu: 
"Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16:16, NVT).
Pedro, em poucas palavras, identificou o que nenhum dos outros grupos havia identificado. Um conhecimento que só é possível através de revelação espiritual, através de uma caminhada relacional com Jesus. Conforme disse Jesus: 
"Simão Barjonas, tu és bem-aventurado, pois não foi carne e sangue que te revelaram isso, mas meu Pai, que está no céu" (Mt 16:17, NVT).
Pedro reconheceu em Jesus uma missão maior, um projeto mais excelente, um realidade mais substancial do que as propostas anteriores. Seja João, seja Elias, seja Jeremias ou qualquer outro dos profetas, nenhum destes poderia afirmar sobre si: "Eu sou o Cristo, o Filho do Deus vivo".

Foi a esse projeto excelente que Jesus chamou de Igreja ao dizer para Pedro: 
"E digo-te ainda que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela"
 
Desta declaração de Jesus três afirmativas saltam aos olhos:

1. A Igreja é edificada sobre uma pedra — Jesus declara ao seu discípulo que ele é Pedro, uma pedra frágil, mas que é sobre esta pedra, sobre esse rochedo, ou seja, o conhecimento que Ele (Jesus) é o Cristo, o Filho do Deus vivo, alçado através de meios relacionais, que Sua Igreja seria edificada.

Tanto é que após o diálogo o evangelho afirma que Jesus instruiu os discípulos a não expor aos de fora do grupo, da "ekklesia", que Ele é o Cristo, pois, entendo eu, esse conhecimento seria adquirido a medida que se desenvolvesse um relacionamento com Jesus, onde se reconheceria como o Cristo, o Filho do Deus vivo.

Igreja é, portanto, uma comunidade de pessoas que se relacionaram com Jesus a ponto de o reconhecerem como o Cristo, o Filho do Deus vivo. E é sobre esse reconhecimento, essa confissão, que a Igreja está firmada, segura, e ninguém a pode abalar.

2. É Cristo que edifica a Igreja — Nessa declaração Jesus também afirma que Ele mesmo se asseguraria da edificação da Igreja. Em outras palavras, Jesus garantiu que Ele proveria todos os meios necessários, espirituais ou temporais, para a manutenção da Sua Igreja.

Mas Jesus não edifica sua Igreja apesar de seus discípulos, mas através de seus discípulos. Em outras palavras, quando Jesus edifica a Sua Igreja, Ele o faz através de discípulos, incluindo você! 
"Somente um Salvador crucificado e ressuscitado é o Rei dos reinos. Com essa autoridade, ele chama seus discípulos a irem fazer discípulos de todas as nações entre todos os grupos de pessoas, batizando-os e ensinando-lhes o que Ele ordenou" (Ed Stetzer, Pastor, Escritor, Paletrante, PhD em Teologia).
3. As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja — Em último lugar, mas, com toda certeza, não menos importante, Jesus garante que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Igreja. Outra interpretação possível é que os limites do inferno não seriam capazes de impedir o crescimento da Igreja, ou seja, a medida que a Igreja cresce, limites ou territórios que pertenciam ao reino das trevas, passam a ser dominados pelo reino de Deus. Sociedades que eram conduzidas por valores do reino das trevas, passam a ser conduzidas pelos valores do reino de Deus.

Para isso, a Igreja deve, como estabeleceu Jesus, pôr-se como uma cidade-luz, uma referência, um farol, como bolsões, ilhas, aonde o reino de Deus acontece e na prática dos valores deste reino, influencia a sociedade dominada pelo príncipe deste século (Mt 5:13-16).

A importância da identidade


Qual é a identidade da verdadeira Igreja apresentada por Jesus? Quais suas principais características? Quem é seu fundador? A verdadeira Igreja do Senhor não conhece outro legislador além de Cristo e descobre que seu gozo mais elevado na terra consiste em saber sua vontade e fazê-la. 

Sua maior glória no futuro será tornar-se semelhante a seu Senhor (1 Jo 3:1-3). Vestida da justiça de Cristo, cheia de seu amor, revestida de seu Espírito e cumprindo sua vontade, a Igreja eleva os seus olhos ao céu, esperando a volta daquEle a quem ama (1 Tessalonicenses 1:9,10).

Foi com referência a esta solene assembleia que Jesus disse: 
"Edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela".
A Igreja de Cristo tem três significados nas Escrituras: instituição, organização e comunhão espiritual.
  • A Igreja de Cristo como instituição explica a sua natureza. 
  • A Igreja como organização é a convocação visível num local, de crentes regenerados, salvos, pela graça de Deus, mediante a fé em Cristo crucificado e ressurreto, na comunhão do Espírito Santo e batizados num só corpo. 
  • A Igreja como uma comunhão espiritual, chamada Igreja em glória ou Igreja dos primogênitos, não é uma organização, mas um corpo místico, uma comunhão no Espírito. É a Igreja gloriosa, sem mácula e sem ruga; é a Igreja que existe através dos séculos, na terra e no céu, onde não existe barreira de raças e nações, e que se congregará ao redor do Trono de Deus.
No contexto dessa passagem do evangelho de Jesus sob a perpectiva de Mateus, apredemos, portanto, alguns aspectos importantes em relação à Igreja. Esta instituição, fundada por nosso Senhor Jesus Cristo, é única em todo o mundo, em sua missão, atribuições e ação, em prol da salvação da humanidade. 

Como "coluna e firmeza da verdade" (1 Tm 3:15), a Igreja congrega a reserva moral e espiritual, inabalável, sobre a terra, a servir de padrão para todos os que nela se firmarem. Que Deus nos ensine a compreender e valorizar mais a Igreja do Senhor.

Conceituação de Igreja


1. Origem da palavra — A palavra igreja vem do grego, ekklesia , significando, literalmente, em livre tradução, "os chamados para fora". Na Grécia antiga, identificava uma "assembleia", em que um arauto convocava as pessoas para uma reunião, que podia ser realizada ao ar-livre, numa praça, com finalidade religiosa, política ou de outra ordem. Na realidade, tomos tirados "para fora" do mundo e
"Ele nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus" (Ef 2:6).
2. Conceituação bíblica — No Novo Testamento, encontramos expressões que denotam o significado e missão espiritual da Igreja.
  • a) "Multiforme sabedoria de Deus" (Ef 3:10) — Neste aspecto, a igreja revela ao mundo a sabedoria de Deus, em suas muitas e variadas formas de manifestação. A criação do mundo, do homem, e do universo, bem como suas relações com as coisas criadas são expressões da sabedoria divina (ver Salmo 19:1-4; Romanos 1:19,20).
  • b) "Coluna e firmeza da verdade" (1 Tm 3.15) — É a única e exclusiva instituição, em todo o mundo, em todos os tempos, que tem credenciais para ser sustentáculo da verdade. As “verdades” dos homens mudam a cada dia. A verdade apresentada pela Igreja é imutável, pois é encarnada no próprio Cristo (vide Jo 14:6).

O Fundamento da Igreja


A edificação da Igreja — Em Mt 16:18, ainda vemos a promessa da edificação da Igreja sobre o próprio Cristo. Ele é a Rocha. Somente Ele satisfaz essa condição, conforme lemos em:
Repetindo — Sem dúvida, Pedro foi um dos líderes da Igreja primitiva, ao lado de Tiago e de João (At 12:17; 15:13; Gálatas 2:9). Contudo, não há base bíblica para afirmar que a Igreja teria Pedro como a rocha sobre a qual ela seria edificada. Jesus é o fundamento da Igreja (1Co 3:11). Se alguém tem dúvida, basta ouvir o que o próprio Pedro disse em At 4:8,11 e 1 Pe 2:4,5.

As chaves dadas a Pedro — Em sua resposta a Pedro, Jesus disse: 
"E eu te darei as chaves do Reino dos céus..." (Mt 16:19a.). 
As "chaves dos céus" são melhor entendidas como o poder e a autoridade para transmitir a mensagem do evangelho. No Dia de Pentecostes, Pedro foi usado por Deus para abrir as portas do Cristianismo aos judeus (At 2:38-42) e aos gentios, na casa de Cornélio (At 10:34-36). Portanto, Pedro não é o porteiro do céu, como pensam os romanistas.

Prerrogativas da Igreja


1. O poder de ligar e desligar — 
"...e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus" (Mt 16:19). 
Trata-se de autoridade dada por Cristo à Igreja, representada ali por Pedro, usado por Deus, e estendida a todos os apóstolos (Mt 18:18; Jo 20:23), no sentido de receber a aceitação de pecadores ao Reino dos céus, ou de desligá-los, mediante a autoridade concedida por Jesus. Esse poder não é absoluto. Só pode ser utilizado de modo legítimo, nos limites estabelecidos pela Palavra de Deus.

2. A autoridade para reconciliar — Jesus mostrou que há quatro passos importantes, para a reconciliação entre irmãos: 
  • a) o ofendido deve procurar o irmão: "...vai e repreende-o entre ti e ele só..." (Mt 18:15a); neste passo, há uma bifurcação; "...se te ouvir, ganhaste a teu irmão..." (Mt 18:15b); "...mas, se não te ouvir...", vem o segundo passo; 
  • b) "...leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas testemunhas toda a palavra seja confirmada..." (Mt 16:16); 
  • c) "...e se não as escutar, dize-o à igreja..." (v.17a); 
  • d) "...e, se também não escutar à igreja, considera-o como um gentio e publicano..." (v.17b). Aqui, temos algumas observações. Primeiro, Jesus não mandou o irmão ofendido pedir perdão ao ofensor, como ensina alguém, de modo ingênuo. Segundo, vemos, nesse texto, a autoridade da Igreja para respaldar a reconciliação e para excluir aquele que não quer reconciliar-se.

Autoridade da concordância (Mt 18.19,20).


a) "Se dois de vós concordarem na terra..." — Esta expressão mostra-nos o valor da união entre os crentes, bem como o valor da oração coletiva, a começar por um grupo de duas pessoas, que resolvem orar a Deus, em nome de Jesus (Jo 14:13), num só pensamento, num só propósito santo. Esse ensino previne contra o egoísmo na adoração. Deus é "Pai nosso", de todos, e não apenas de cada indivíduo. A oração individual é valiosa (Mt 6:6), mas não exclui a oração coletiva.

b) "...Acerca de qualquer coisa que pedirem.." — A expressão "qualquer coisa" tem levado muitos a uma interpretação forçada do texto, crendo que o crente pode pedir o que deseja a Deus, tendo este obrigação de atendê-lo. 

Ocorre que Jesus ensinou algumas condições para o crente ser ouvido. Não é só dois crentes se unirem e pedirem, por exemplo, a morte de um desafeto; ou para ganharem rios de dinheiro; ou para fazerem o casamento de alguém com outrem. 

É necessário que as pessoas estejam em Cristo, e que sua Palavra esteja nas pessoas (Jo 15:7). É importante lembrar que Deus nos atende se pedirmos algo de acordo com sua vontade (1 Jo 5:14).

c) "...Isto será feito por meu Pai que está nos céus..." — Conforme dissemos no item anterior, Deus atende o crente que lhe pede algo em nome de Jesus (Jo 14:13), e se tal pedido for da sua vontade (1 Jo 5:14).

d) "...Dois ou três..." (v.20) — Jesus nos garante que podemos ter sua presença, não só nas grandes reuniões, mas em qualquer lugar em que dois ou três crentes estejam em comunhão com Deus e com eles mesmos. Dessa forma, a dimensão da igreja local (At 20:28; 1 Co 1:2) ou universal (Hb 12:23) não depende de grandes números, mas de união e reunião em nome de Jesus.

Entendendo o vocábulo "pedra", dentro do contexto aplicado


Várias interpretações se têm dado ao vocábulo "pedra" registrado no versículo 18 do capítulo 16 de Mateus.

Os romanistas, por exemplo, costumam afirmar que a pedra é o próprio Pedro, sobre o qual é edificada a Igreja de Cristo. O Novo Testamento se opõe a esse gravíssimo erro. Pedro é apenas uma das pedras do fundamento. Jesus é a Rocha e Pedra de esquina do Cristianismo:
"Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, em nome desse é que este está são diante de vós. Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina" (Atos 4:10,11 — grifo acrescentado para efeito de ênfase).
Para isso, entendamos que: 
  1. Pedro, como o líder da equipe apostólica, é a pedra representativa, porque outros apóstolos também o são.
  2. Os apóstolos e profetas são fundamentos (1 Co 3:10; Efésios 2:19; Apocalipse 21:14).
  3. Todos os cristãos são "pedras vivas" (1 Pedro 2:4-8)
  4. Pedro apenas é um líder proeminente entre os apóstolos (Mt 18:1; Lucas 22:24).
  5. Pedro foi mandado, enviado por outros apóstolos, e obedeceu (At 8:14; 11:1-8).
  6. Pedro não é vigário de Cristo na terra (1 Pe 5:1-4).
  7. O Espírito Santo é o Vigário de Cristo na terra (Jo 14:16,17,26).
Como vimos acima, a pedra, ou seja o fundamento, é Cristo e não Pedro. Na resposta de Jesus (v.18), podemos ver que Ele próprio é a pedra sobre a qual a Igreja está assentada. Quando Ele disse: "Tu és Pedro", usou a palavra petros que quer dizer "pedrinha" ou "fragmento de pedra", que pode ser removida. 

De fato, Pedro demonstrou certa fragilidade, em sua personalidade. Numa ocasião, deixou-se usar pelo inimigo (Mc 8:33); num momento crucial, negou Jesus três vezes (Mt 26:69-75). 

Por isso, quando Jesus disse: "sobre esta pedra edificarei a minha igreja", Ele utilizou a palavra petra , que tem o significado de rocha inamovível, e não petros que é "fragmento".

Essa é a Igreja, uma cidade construída sobre o monte, uma cidade construída sobre a firme certeza que Jesus é o Cristo, o filho do Deus vivo! Esta é a Igreja, o sal da terra e a luz do mundo, a qual as portas do inferno ou os limites deste não podem impedir! 

Esta é a Igreja um sinal vivo do Reino de Deus, daquele lugar aonde até os menores podem ser maiores que João, que Elias, que Jeremias ou que qualquer dos profetas. Maiores não por seus merecimentos ou obras, mas porque foram chamados a ser parte, ser parcela, de um projeto maior, mais excelente, a Igreja de Cristo, a assembleia daqueles que foram chamados das trevas para a maravilhosa luz! 

Conclusão


A Igreja de Jesus Cristo, seja no sentido local ou universal, representa os interesses do Reino de Deus, na face da Terra. Sem ela, certamente a humanidade não teria como encontrar o caminho, a verdade e a vida, indispensáveis à salvação dos homens. 

No sentido espiritual, a Igreja é a noiva do Cordeiro, 
"igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível" (Ef 5:27). 
Que nos sintamos felizes e honrados de pertencer à Igreja do Senhor Jesus. As portas, podem ser várias, mas estão fixas, estagnadas, já a Igreja, em unidade, é um organismo vivo, que em sua marcha triunfante, não permite a prevalência opositora das portas do inferno, sejam elas quantas forem.


A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
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O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
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sábado, 27 de novembro de 2021

O FAMIGERADO "FENÔMENO" DAS CELEBRIDADES GOSPEL

"A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda. Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos" (Provérbios 16:18,19).
Poderia estar escrevendo um texto sobre outro pastor caído a cada semana, porque essa parece ser a frequência na qual eles caem. Um grande número de ministros sem plataformas nacionais ou globais são contabilizados neste número, mas estranhamente, estas quedas só parecem nos "afetar" quando é um cara com uma grande plataforma midiática.

É um fenômeno estranho, não é? Podemos não conhecer os grandes caras de forma alguma, mas o fato deles serem, pelo menos na cultura evangélica, um "nome familiar", faz com que seja mais pessoal (Isto não se trata apenas de evangélicos, é claro — tablóides e sites de fofocas [agora, temos até os "especializados" especificamente em fuxicos gospel] regularmente publicam fotos com a mensagem "celebridades: são assim como nós!"). 

Mas, qual origem de tudo isso? Antes de tentar responder, é salutar que entendamos o que nos diz a Bíblia sobre o que alicerça tudo isso: a vaidade.

Qual o significado bíblico de "vaidade"?


Uma das mais famosas frases bíblicas é atribuída ao autor designado Qohélet, ou também conhecido como Eclesiastes. Qohélet vem de Qahal, em hebraico e Eclesiastes vem de Ekklesia, ambas as palavras podem ser traduzidas por "Assembleia" ou "aquele que preside uma assembleia", podendo ser também traduzido livremente por "pregador". 

Ele diz, enfaticamente: 
"Vaidade das vaidades, tudo é vaidade" (Ec 1:2). 
Esse personagem incorpora a tradição sapiencial, cuja literatura também é conhecida como sabedoria de Israel, traduzindo um tempo difícil, sem muitas perspectivas e sentido, circunscrito por muitas crises existenciais, que levam o ser humano daquele tempo a questionar o verdadeiro significado da vida.

O livro do Eclesiastes é tradicionalmente atribuído a Salomão, que viveu entre os anos 971 a 931 a.C. Teria sido um escrito de sua velhice, há quem assim concorde. Em Eclesiastes 1:1 se lê: 
"Palavra do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém".
O tom deste livro é pessimista e mostra a condição débil da vida humana. A palavra "vaidade", tradução utilizada pelo português ao termo hebraico hebel, não é verdadeiramente a melhor. A palavra hebel pode ser traduzida literalmente por "fumaça", "vento", "hálito" ou ainda "brisa" e está literalmente associada a algo que não se prende, que é volátil. Assim, a vida, repleta de vaidade, é vida fugaz e passageira. Entendido isto, prossigamos.

Luzes (muitas, por favor), camêras, performances...


Fã-clubes se multiplicam nas redes sociais, e há desde crianças até adultos envolvidos nestes. Quem se envereda por este meio percebe rapidamente que na maioria dos casos a postura de seguidores de Cristo passa longe. Não é possível generalizar, mas o que vemos atualmente entre os fãs de cantores, não os diferenciam em nada aos fãs de Luan Santana ou de Ivete Sangalo, grandes nomes atuais da música nacional.

Para qualquer cantor é positivo ter admiradores, pessoas que intercedam por seu ministério, que divulguem o seu trabalho para outras pessoas, comprem seus produtos, consumam sua arte. Mas não é só isso o que vemos.

Estes admiradores passaram a ver seus "admirados" (Argh! O termo aplicável é "Ídolos!") como um ser supremo, perfeito e intocável e ai de quem diga o contrário! Se um veículo publicar algo que de alguma forma vá contra os interesses da "fanzaiada", prepare-se para as pedras. Há uma ditadura do fale bem, ou fica calado que é melhor (traduzindo para o "evangeliquês": "Ai de quem tocar no ungido do Senhor!")

Em toda a preocupação exacerbada sobre os últimos escândalos de celebridades evangélicas, no entanto, eu não vejo muita novidade naquilo que é dito. Até certo ponto, isso é compreensível, já que os problemas enfrentados não são novos — o orgulho, ira, luxúria e claro, ela, a vaidade, etc — nem muito menos estão limitados a aqueles no ministério. Estes antigos problemas universais exigem as mesmas soluções antigas e universais, um arrependimento nosso genuinamente movido pela graça, e uma libertação graciosamente gloriosa de Deus.

Quem não se lembra de um episódio recente, envolvendo um conhecido cantor gospel mineiro, aqui de Belo Horizonte, cuja fama foi meteórica (acompanhada, oviamente de um rastro de polêmicas), que, quando se viu no topo do pináculo do templo da fama, infelizmente, veio o inevitável: caiu dele bem mais rápido do que subiu (é claro que, por uma questão de ética, eu não vou dizer o nome do amado)? 

Um abismo, chama outro abismo


"Um abismo chama outro abismo" é uma expressão bíblica que significa uma tribulação contínua que se estende de aflição em aflição. Em outras palavras, é uma angústia chamando outra angústia, um problema convocando outro problema, uma inquietação trazendo outra inquietação.

Essa expressão está registrada no Salmo 42, onde o salmista diz: 
"Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e vagas têm passado sobre mim" (Sl 42:7).
É verdade que essa frase já foi interpretada e aplicada de diferentes maneiras. É comum, por exemplo, ouvir alguém empregando a declaração: "um abismo chama outro abismo" no contexto de uma vida pecaminosa, de modo a afirmar que um pecado chama outro pecado.

Já que estamos falando sobre pessoas famosas... 


sem dúvida essa lógica faz sentido, pois de fato é uma verdade bíblica de que pecado gera pecado. Isso nos lembra a história de Davi. Após cometer adultério com Bate-Seba, o rei de Israel ainda tramou a morte do marido daquela mulher (2 Samuel 11).

Então de forma isolada e específica, até podemos usar a metáfora "um abismo chama outro abismo" para exemplificar o poder destrutivo do pecado. Porém, é importante saber que no contexto do Salmo 42, certamente esse não é o sentido pretendido pelo autor bíblico.

Na verdade o salmista escreveu essas palavras durante um momento de grande dificuldade em sua vida. Ele havia saído de Jerusalém, estava longe do Santuário e se sentia distante do Senhor. Por outro lago, ele experimentava de perto a perseguição de seus inimigos. Com sua alma abatida, ele se levantou em clamor pedindo o socorro do Senhor.

Na frase "um abismo chama outro abismo" a palavra "abismo" traduz um termo hebraico que indica as profundezas dos oceanos. Isso quer dizer que nessa declaração o salmista emprega essa palavra para falar das profundezas das águas no sentido de descrever a violência das torrentes que formam ondas após ondas.

Algumas traduções bíblicas são úteis para esclarecer o significado dessa frase. A Nova Versão Internacional (NVI), traduz esse verso da seguinte forma: 
"Abismo chama abismo ao rugir das tuas cachoeiras; todas as tuas ondas e vagalhões se abateram sobre mim". 
Já a versão King James (KJA) traz: 
"Do abismo as águas chamam as torrentes no troar de suas cataratas, e todos os vagalhões se precipitaram sobre mim."
Essa frase relembra a imagem dos primeiros estágios da criação apresentada no livro de Gênesis, quando havia trevas sobre o abismo e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas (Gênesis 1:2).

O salmista empresta essa imagem do caos e a aplica como uma figura de linguagem para descrever seu desespero e tribulação. Ele estava enfrentando tribulação após tribulação, angústia sobre angústia. Na perturbação de sua alma, aquelas aflições pareciam não ter fim, era como um abismo chamando outro abismo, isto é, adversidade convocando adversidade.

Portanto, o salmista compara suas muitas aflições aos golfos do mar, às águas profundas do oceano, não apenas no que diz respeito a sua quantidade abundante, mas também ao seu poder avassalador. Ele estava submerso por um mar de sofrimentos.

João Calvino (✩1509/1564) explica a declaração "um abismo chama outro abismo" dizendo que essas palavras expressam a profundidade e a longa continuidade das misérias que o salmista sofreu. É como se ele dissesse ser oprimido não apenas com um tipo de miséria, mas com vários tipos de angústias que retornavam seguidamente sobre ele de todos os lados, de modo que essas inquietações pareciam não ter fim e nem medida. Isto posto, prossigamos.

Visão ofuscada pela luminosidade dos holofotes midiáticos


A pergunta que não quer calar é: onde estão nossos ministros que "não veem" isso? Fazem vistas grossas a atitudes inaceitáveis e não se posicionam contra essa idolatria que tem tomado conta dos jovens cristãos. Muitos sequer pisam na igreja, mas não perdem um show, um evento, um ajuntamento, uma marcha... Não sabem quantos livros há na Bíblia, mas sabem de cor e salteado TODAS as canções da diva/musa/deusa/mito/deus grego gospel.

E assim vemos as mesmas fórmulas de sempre sendo entregues em posts e tweets e sermões e podcasts: prestação de contas e honestidade, muita conversa sobre limites e barreiras de proteção e coisas parecidas. Pastores são relembrados a não ficarem sozinhos com as mulheres, etc. 

A maioria dessas palavras são boas, conselhos que foram experimentados e são verdadeiros. Dentro do movimento de renovação evangélica, é claro, estamos indo mais fundo em problemas no coração e idolatria, e isso é uma coisa boa também. Descobrir como o evangelho fala acerca das idolatrias e pecados enraizados que parecem peculiares a obra do ministério pastoral é realmente importante.

No entanto, estamos identificando outra coisa aqui, algo que atravessa tribos evangélicas. É o problema do "pastor (ou seria melhor dizer "spiritual coach", para ficar mais chique?)-celebridade", onde participamos da maior elevação da plataforma de um pastor que conseguimos e depois depositamos nele toda a expectativa que pudermos juntar. 

O resultado, naturalmente, é que ele é insustentável e propenso a cair. Há perigos em tentações na pequenez pastoral e na obscuridade também, mas as tentações perigosas mais proeminentes na grandeza pastoral são essas idolatrias: a adoração do pastor-celebridade por seus fãs e por si próprio.

Por isso, vamos aceitar a solidez dos típicos limites relacionais e ministeriais que cada pastor e sua igreja deve ter estabelecido. Mas o que mais podemos fazer? Quais são algumas coisas específicas e práticas que podem ser feitas para trabalhar contra a idolatria do pastor, cantor, banda, músico bem-sucedido? Eu tenho algumas ideias. Elas não são coisas fáceis de fazer, é claro, mas as coisas sábias raramente vêm facilmente.

Bíblia, Bíblia e mais Bíblia


Para a tradição bíblica sapiencial, cuja sabedoria é seu norte, a vida de um tolo e de um sábio se diferencia por suas opções: injustas ou justas, más ou boas. O destino de ambos é sempre a morte, porém o justo brilhará por sua conduta e sua fé. Em contrapartida, o injusto não brilhará, pois se ofuscou a si mesmo, desviou-se da luz do amor de Deus, por isso, não a refletirá na eternidade. 

O sábio não se deixa guiar pela soberba, mas tem no coração a humildade e reconhece-se limitado e pecador, buscando sempre crescer e abrir-se ao projeto criacional de Deus, que o fez a sua imagem e segundo sua semelhança (Gn 1:26). 

O ignorante deixa-se levar pela soberba e em muitos casos se acha melhor que os outros, não se importando com a vida dos demais, bastando-se a si mesmo e desejando levar vantagens em tudo. A vaidade é filha da ignorância, da falta de autoconhecimento e da sensatez de que a vida é passageira. A limitação, a morte, em todo caso não é de longe ruim, pois nos atrela à obra da criação que tem seu começo, seu desenvolvimento e terá seu fim.

A soberba nos leva, todavia, a considerar que a finitude não existe e que seremos eternamente felizes e realizados. Porém, a felicidade e a realização são realidades momentâneas, passageiras e frutos de gozos imediatos, mas que desejamos plenificar e prolongar. 

O apóstolo Paulo —  outro famoso — resumiu isso de maneira espetacular e confrontadora no capítulo 4 de sua segunda epístola à igreja de Corinto (não demore em ler, é só clicar no link).

O soberbo se vê refém da alegria fugaz e alienante. Tal alegria imediata, fruto de conquistas de coisas ou títulos, não pode ser em espécie alguma comparada àquela que Deus deseja para nós, no porvir da vida eterna, da vida sem ocaso, da eternidade que é a realidade proveniente de Deus, da qual nós um dia participaremos pela fé de forma perene.

Só podemos combater a soberba e a falsa ideia de que nossa vida é melhor ou mais importante que a dos outros se nos abrirmos ao amor de Deus, que nos conduz à sabedoria, à vivência da justiça e do direito, que significa que todos nós devemos e podemos ser felizes, e não apenas alguns podem gozar da felicidade. 

Há uma inter-relação entre os sujeitos humanos e com isso vemos formar uma grande teia de relações; interligadas umas às outras, as pessoas humanas se revelam partícipes da vida uma das outras.

Toda esta realidade nos leva a perceber que tudo que vivemos e experimentamos baseia-se na parceria entre o ser humano e Deus e o ser humano com seu semelhante. 

À medida que percebemos que nossas vidas estão entrelaçadas, por causa da tessitura que o Criador utilizou para nos criar, chegamos à certeza que nossa vida não é pior, nem melhor que a dos outros; ela é apenas diferente, pois cada um sabe a dor e a alegria de existir, de projetar sua existência, sonhar e se lançar na construção de si e de suas relações. 

A verdadeira maturidade se atinge quando chegamos à conclusão que Deus nos criou a todos e todas para a realização, à plenitude e ele só será pleno quando nós formos felizes.

Por fim, somos convidados pela Palavra de Deus a vivermos a humildade, na certeza de que somos parte do grande sistema criado por Deus. Ele nos ama e quer que nos coloquemos na mesma dinâmica do amor, sendo seus sinais neste mundo, a fim de construirmos uma sociedade mais justa e fraterna, onde o amor e a paz possam se abraçar.

Até quando você vai se omitir? É muito conveniente fingir que não enxerga o óbvio, mas até quando? Até quando o lucro e o dinheiro valerá mais que almas?

Provavelmente se impor, falar a verdade vá arranhar a imagem perante os fãs, poderá perder possíveis consumidores de seus inúmeros produtos, mas até quando? Será que é preciso ser engolido por um grande peixe para que você fale?

João Batista perdeu a cabeça por dizer a verdade ao rei Herodes. Paulo e Silas foram presos e mortos por pregarem o evangelho aos povos. Mas Isso já é pedir demais para os "ministros modernos" não? Até quando você vai aceitar (ou, pior, querer) ser um ídolo gospel?

Ver os artistas e/ou os pastores como gurus da cultura ou como bobos da corte, e cobrar deles um sucesso que só virá se aderirem à moda do momento, por exemplo, não são problemas novos. 

É preciso ter discernimento para interpretar o que está por trás disso e buscar soluções para o cenário de hoje. E para começar a compreender a afirmação do título, fica uma frase de Rookmaaker ([✩1922/✞1977] não conhece, nunca ouviu falar dele? Pois deveria.): 
"As coisas têm valor por aquilo que são, e não pelas funções que exercem, por mais que estas sejam importantes".
Há como, então, não viver de vaidades, já que somos muitas vezes arrastados e seduzidos a elas? Para descobrirmos a resposta para esta questão é preciso refletir na própria condição da vida, perceber sua significância, ver as dificuldades que nos circundam e nos perguntarmos sobre o que é mais importante para tecermos a rede de nossa existência, sem que ela se torne fugaz e passageira como o vento, mas seja algo consistente e memorável.

Conclusão


Como uma comunidade de crentes, devemos fazer tudo ao nosso alcance para evitar a corrupção na Igreja, e usar os padrões da América corporativa em vez de Cristo só levará a mais decadência moral. 

Também somos ordenados a nos proteger contra falsos mestres e aqueles que vêm como lobos em pele de cordeiro para enganar o rebanho (2 Pedro 2). Finalmente, nossa frequência à igreja deve ser focada em nos aproximar de Deus, não idolatrar um pregador e seu estilo moderno. 

Tudo isso sendo verdade, não podemos descartar como Deus usa algumas dessas instituições para atrair pessoas como eu. Talvez eu acabasse encontrando meu caminho para Cristo por outro meio, mas a sabedoria da parábola me faz pensar.

O Mestre dos mestres, que ignorou a fama, para, no cumprimento do seu ministerial, morrer na ignomia é Quem me ensinou:
"Jesus lhes contou outra parábola, dizendo: 'O Reino dos céus é como um homem que semeou boa semente em seu campo. Mas enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e se foi. 
Quando o trigo brotou e formou espigas, o joio também apareceu. Os servos do dono do campo dirigiram-se a ele e disseram: "O senhor não semeou boa semente em seu campo? Então, de onde veio o joio?" "Um inimigo fez isso", respondeu ele. 
Os servos lhe perguntaram: "O senhor quer que vamos tirá-lo?" Ele respondeu: "Não, porque, ao tirar o joio, vocês poderão arrancar com ele o trigo. Deixem que cresçam juntos até à colheita. Então direi aos encarregados da colheita: Juntem primeiro o joio e amarrem-no em feixes para ser queimado; depois juntem o trigo e guardem-no no meu celeiro"'" (Mateus 13:24-30 — grifo acrescentado para efeito de ênfase).

[Fonte: Estilo Adoração; Dom Total]

A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
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sexta-feira, 26 de novembro de 2021

ESPECIAL "BLACK FRIDAY" — O CRISTÃO E O CONSUMISMO

"Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo" (1 João 2:15,16 — grifo acrescentado).
Três coisas que marcam a sociedade atual: sexo, cartão de crédito e drogas. De certa forma, o consumismo é semelhante à Hidra da antiga mitologia; ele é uma serpente com muitas cabeças. Contudo, temos de vencer os desafios que o consumismo colocou diante de nós, como cristãos, peregrinos inseridos nesta nossa sociedade de consumo.

Qual a origem da "Black Friday"


Se existem datas "tipicamente" americanas que foram importadas para o Brasil sem muito êxito elas são o Thanksgiving Day (Dia de Ações de Graças) e o Black Friday (Sexta Negra). Digo isto porque as aspirações brasileiras em torno destas datas não chegam perto da realização dos seus criadores. Porém, como fui questionado sobre ambas as datas, gostaria de refletir sobre o antagonismo que percebo entre elas, principalmente no contexto cristão protestante.

O "Black Friday" é a expressão americana para descontos no varejo. Para mim, nada tem a ver com doutrinas espiritualistas afro-brasileiras, como li recentemente na internet. O "Black Friday" é puro merchandising, é marketing, é a sexta-feira da quarta semana de novembro em todos os anos. 

Com o crescimento do e-commerce, ou seja, o comércio virtual, que foi mais potencializado com a pandemia, o "Black Friday" brasileiro cresceu com um número cada vez mais crescentes de lojas virtuais, cada uma anunciando ofertas que podem chegar a 75%.

Datas próximas, propósitos antagônicos


Grandemente celebrado nos Estados Unidos e Canadá, o "Thanksgiving Day" ou o Dia de Ação de Graças é um feriado cristão em gratidão a Deus pelos acontecimentos durante o ano. A história do costume permeia o século XVII, com a imigração de puritanos (protestantes ingleses) para o Novo Mundo. 

O "Mayflower" levava a bordo muitas famílias que fugiam da perseguição religiosa em busca de liberdade. Os protestantes das 13 colônias fundadas, apesar das adversidades, mantiveram sua fé em Deus; e o Senhor os abençoou. No outono de 1621, tiveram uma colheita tão abençoada quanto abundante. 

Emocionados e sinceramente agradecidos, reuniram os melhores frutos, e convidaram os índios, para juntos celebrarem uma grande festa de louvor e gratidão a Deus. Nascia o "Thanksgiving Day"

No Brasil, inspirados pelo dia norte-americano, desde o Presidente Dutra (✩1883/✞1974) e a Lei 781, passando pelo Marechal Castelo Branco (1966 [✩1897/✞1967]), o Dia Nacional de Ação de Graças está instituído na quarta quinta-feira de novembro em todos os anos, apesar de uma intensidade diferente.

Definido os termos, reflito: as datas de ambos acontecimentos são próximas, sendo que uma precede a outra; uma fala de consumo, a outra de produção; uma denota desconto a outra profusão; uma estabelece a compra exagerada e a outra a simplicidade da gratidão. Calma! Não sou contra nem uma, nem outra... Só reflito no antagonismo destas realidades. A oposição de idéias é clara.

Definição de consumismo

"Consumismo é aquela promessa de felicidade oferecida pelos bens materiais e serviços que se capitaliza no prazer de escolha de cada consumidor" (BENTON, 2002, p. 15). 
Consumismo cristão: "Em sua essência, consumismo é 'eu-ismo' — chamando-nos a exaltar a nós mesmos como árbitros de todas as nossas questões" (MacARTHUR, 2009, p. 176).
MacArthur diz ainda que, diariamente, somos levados a escolher tudo, desde nossas roupas ao café, de modo a satisfazer aos nossos desejos pessoais. Nossas preferências e desejos recebem prioridade máxima, o que a Bíblia chama de concupiscência. 

Como resultado, começamos a acreditar no mito de que o mundo gira ao nosso redor e daquilo que desejamos. Isso torna o ato de comprar agradável. Sentimo-nos poderosos quando entramos num shopping com um cartão de crédito nas mãos. Entretanto, quando essa atitude contamina a nossa vida espiritual e o que desejamos de uma igreja, estamos encrencados.

O consumismo é o "evangelho" atual


O consumismo é o evangelho atual que é oferecido pelo secularismo ao mundo. Chamamos o consumismo de evangelho secular porque ele finge conter as boas-novas de grande alegria para as pessoas — bem, pelo menos para as prósperas. Ele faz uma promessa de felicidade por meio da aquisição de bens materiais e atividades que se concentra, principalmente, no prazer que as pessoas sentem quando põem em prática a escolha pessoal.

As pessoas sempre gostaram de adquirir bens e sempre houve uma tendência de se viver para o mundo material em vez de se viver para Deus. Se temos "bens" suficientes, nos sentimos seguros e até autossuficientes. Todavia nem mesmo o rico insensato na parábola de Jesus em Lucas 12 teve a infinidade de opções com a qual nos deparamos em nossa sociedade sobre onde podemos gastar o nosso dinheiro.

Gostamos deste poder de compra e escolha. Possuir é ter poder. No entanto, há muita coisa além disso que está em questão. Com o crescimento populacional e uma vez que o número de pessoas se dirigindo para os grandes centros urbanos aumenta, a vida torna-se cada vez mais anônima. 

A comunidade dos bairros, onde todos se conheciam e se aceitavam, já é coisa do passado. As pessoas já não se reconhecem como antes. Nesta sociedade anônima, a escolha pessoal de roupas, música ou cardápio, etc. é uma forma de autoafirmação. É uma forma de se expressar.

Esta ênfase na escolha pessoal e na afirmação de "quem eu sou" adapta-se perfeitamente à mentalidade pós-moderna contemporânea do subjetivismo, onde a única verdade é a "sua verdade". 

Materialismo e egoísmo, irmãos siameses na luta contra a Fé


Como cristãos, podemos ver que o materialismo e o egoísmo são formas de idolatria. Entretanto, é preciso cuidado para não irmos além do normal. Pensar que o mundo material é, por natureza, mau é uma forma de heresia gnóstica que vemos ser condenada pela Bíblia (1 Timóteo 4:3-5).

O mundo material não é mau em si mesmo. Deus criou o mundo e se fez carne, assumindo a forma humana em Jesus Cristo (1 Tm 3:16). Além disso, a última etapa de nossa redenção inclui a ressurreição do corpo e a renovação do universo material (Romanos 8:22-25).

Contudo, embora não devamos ultrapassar o normal nem condenar a criação física de Deus contra o materialismo e o consumismo, cremos, como cristãos, que só podemos utilizar o mundo material adequadamente uma vez que ele nos leva a agradecer a Deus e a direcionar a nossa vida para uma adoração sincera do Criador (1 Tm 4:4). Isto não acontece de forma natural com os pecadores.

AS CAUSAS DO CONSUMISMO


A questão cultural. Existem elementos culturais que alimentam o consumismo. Tais elementos incluem o humanismo, o existencialismo filosófico, o materialismo e o hedonismo.
  • a) O humanismo afirma que os seres humanos são os seres mais elevados, o que é uma forma de ateísmo. O humanismo torna legítimos os desejos egoístas de nosso coração, dando-lhes credibilidade.
  • b) O existencialismo argumenta que a essência é a chave para toda a existência. Na prática, isso significa que a experiência pessoal, o sentimento e a satisfação são o cerne da vida. O existencialismo dá liberdade para que os desejos de nosso coração se expressem totalmente e sem restrições.
  • c) O materialismo apregoa que a derradeira realidade é a matéria. Assim, a nossa escolha, como consumidores, é soberana.
  • d) Hedonismo: Filosofia de vida que considera o prazer como o bem supremo.
Questões carnais. Ignorância espiritual, quando se esquece a prioridade de Deus. Veja Romanos 11:36  — "Pois dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a glória para sempre! Amém" e Colossenses 1:18 — "Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia (proeminência)".

Por essa razão, muitos crentes entendem que frequentar uma igreja é opcional, que não existe mais a necessidade de se tornar membro de uma igreja local e que a autoridade da igreja não é mais importante. O orgulho espiritual está presente quando os crentes acham que os seus desejos são mais importantes do que a vontade de Deus.

A apatia espiritual leva a uma total indiferença para com a glória de Deus. Essa falta de paixão pela grandeza de Deus impede o crente de vencer atitudes egoístas.

A MÍDIA — PROFETISA DO CONSUMISMO


Marshall McLuhan (✩1911/✞1980) foi o grande mestre da sociologia dos anos de 1960. Ele dizia que 
"o meio é a mensagem".
Em outras palavras, o meio pelo qual nos é comunicada a mensagem já é uma mensagem em si. 

Podemos entender isto simplesmente pensando no discurso como um meio de comunicação. Nossas palavras formam a mensagem, mas a nossa entonação é o meio pelo qual a mensagem é transmitida. Todos nós sabemos que podemos mudar completamente o significado de um conjunto de palavras faladas simplesmente alterando a entonação na qual elas são expressas.

Desta mesma forma, a mídia, que hoje ocupa grande parte da vida diária do mundo desenvolvido, tem mensagens em si só pelo fato de ser o que é. Além do conteúdo de um site segmentado, há idéias que a própria mídia transmite. Podemos resumir algumas das mensagens mais importantes da seguinte forma:
  • A mídia é visual — sua mensagem é: 
"O que você vê é o que é verdade"
implicando que a realidade material é tudo que existe.
  • A mídia é instantânea — ela capta nossa atenção. A única coisa que importa é o agora. Se estamos assistindo a um programa, nossa capacidade de reflexão interior está temporariamente paralisada.
  • A mídia é distante — embora vejamos as coisas na televisão, as coisas que vemos não podem nos atingir diretamente. As pessoas podem morrer de fome ou ir para os ares, mas isso não acontece conosco. Isto ofusca nossa sensibilidade moral.
  • A mídia é entretenimento — ela enche nossos olhos de coisas prazerosas. Agradar o espectador é a coisa mais importante. A idéia de que a vida tem a ver com prazer nos é sutilmente comunicada.
  • A mídia pode ser opcional — ela oferece uma diversidade de programas e canais que podem ser assistidos, coloca um controle remoto em nossas mãos e, na verdade, diz: 
"É você quem escolhe".
Podemos ver que a mídia, em suas diversas plataformas, leva as mensagens básicas do consumismo. É materialista no sentido em que nos diz que a realidade consiste no que vemos. Ela nos diz que divertir-se agora, e não preocupar-se com os princípios morais, é a coisa mais importante da vida. Auxilia a satisfazer a ideia de que a escolha pessoal vem antes de qualquer coisa. 

Todos os dias, então, as pessoas são evangelizadas pelo consumismo. Mesmo desconsiderando as propagandas, a televisão prega para as pessoas, da forma mais divertida e fascinante, as doutrinas básicas do consumismo. Tanto ricos quanto pobres se alimentam deste evangelho, que a cada dia entra direto em suas casas.

COMO O CONSUMISMO AFETA O INDIVÍDUO

Quais são suas prioridades?


À medida que esta mensagem do consumismo se espalha por todo o mundo, pessoas são atingidas por ela. Ela molda o modo de pensar e tomar decisões das pessoas. Os ideais do consumismo determinam as prioridades na vida da maioria das pessoas. Veja algumas formas pelas quais os indivíduos são afetados.

Nossa visão de mundo. As pessoas são levadas a definir suas prioridades levando em consideração apenas esta vida. Assuntos sobre a eternidade e a espiritualidade de cada indivíduo não são tão importantes para as pessoas quando elas são massacradas pelas propagandas materialistas do consumismo.

  • Nossos Valores

Muitos dos valores visíveis da cultura de consumo explicitamente descartam virtudes cristãs. Sabemos que entre o frutos do Espírito está o domínio próprio (Gálatas 5:22,23). No entanto, a marca distintiva da sociedade do cartão de crédito diz: 
"Por que esperar? Compre o que você quer agora!" 
Mais uma vez, negar-se a si mesmo faz parte do discipulado do cristão.

  • Nossos objetivos

O teólogo David Wells mostrou recentemente que, enquanto havia uma preocupação em desenvolver o caráter humano nos séculos passados, a nossa sociedade se preocupa em desenvolver a personalidade.

Qual é a diferença? O caráter é uma disposição interior de amar o que é bom, sendo que o "bom" é definido em termos absolutos pela natureza e pela vontade de Deus. Agora, as pessoas estão muito mais atraídas pela idéia de sentir-se bem consigo mesmas e se tornar personalidades "interessantes", "modernas" ou "divertidas". O foco não está mais na vida interior, mas na vida exterior.

  • Nossa identidade

Vivemos em uma sociedade em que a identidade é vista como algo muito variável. De certo modo, podemos escolher a nossa identidade. Tudo o que devemos fazer é comprar os símbolos certos de status. Contudo, isto significa que a identidade pessoal está sendo desvalorizada. 

Não passa de uma imagem. Consequentemente, as pessoas hoje têm dificuldade em saber quem realmente são. Além disso, uma vez que a identidade é algo flexível, não há qualquer relação entre o que afirmamos ser e o comportamento moral que se espera de nós. Isso deturpa o discipulado cristão sério.

COMO O CONSUMISMO AFETA A IGREJA


A cultura de consumo não apenas modela nosso modo de pensar e agir como indivíduos, mas também, uma vez que a igreja é formada por indivíduos, começará a influenciar a igreja, se seus membros forem influenciados. Desta forma, em vez de a Palavra de Deus reger a igreja, as doutrinas do consumismo é que começam a fazê-lo. Eis aqui algumas áreas onde isto pode acontecer.

  • Nossa mensagem

O evangelho descrito na Bíblia é a mensagem que a igreja deve levar ao mundo. Este evangelho, fundamentalmente, constitui as boas-novas pertinentes ao perdão dos pecados diante de um Deus santo, por meio do Senhor Jesus Cristo e de sua cruz. 

Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores (1 Tm 1:15). Esta mensagem compreende a estrutura dos princípios morais centrados em Deus para o mundo e define o que é "bom" em termos de moral. 

A cultura do consumismo desenvolveu-se em uma sociedade incrédula/secular que abandonou as categorias da moral absoluta. Há, conseqüentemente, uma grande pressão sobre os pastores para que mudem a mensagem da igreja, reformulando-a de acordo com os termos centrados no homem. É uma mensagem que encara o homem como uma vítima, em vez de um agente do pecado que precisa arrepender-se. 

Por fim, esta é a mentalidade na qual o próprio Deus é visto como um item de consumo, que é arrancado do armário quando nos sentimos feridos ou necessitados e guardado novamente quando não mais precisamos dele.

  • Nossa comunidade

O consumismo é muito individualista. Tudo gira em torno da aquisição de coisas. Possuir bens é ter poder como indivíduo. O consumismo também se refere às nossas escolhas pessoais. Concentra-se no "eu". Em contrapartida, Deus nos convida para que deixemos o isolamento do individualismo e façamos parte de sua família, a igreja. 

Ele quer que participemos e nos envolvamos com outras pessoas. Ele quer que exercitemos nossos dons para o bem de todos (1 Coríntios 12:5). Aqui, mais uma vez, a atitude básica do consumismo está em conflito com a vontade revelada de Deus.

  • Nosso compromisso

O consumismo desenvolve-se na escolha pessoal e, portanto, em um mundo consumista onde a idéia de "manter suas opções em aberto" torna-se uma virtude. Entretanto, quando deixamos que nossas opções em aberto se tornem um estado constante da mente, o compromisso e a perseverança inevitavelmente morrem. Deixar nossas opções em aberto é o mesmo que ficar sempre em cima do muro. 

Quando esta postura atinge os cristãos, as igrejas são usadas como um tipo de supermercado espiritual, para onde corremos para satisfazer nossas necessidades pessoais, mas é só nisso que estamos interessados. Estamos lá para receber, e não para oferecer. 

Muitas vezes, quando as coisas ficam difíceis na igreja, as pessoas desistem e vão "procurar satisfazer suas necessidades" em outro lugar. Esta não é a visão da igreja que encontramos no Novo Testamento. É óbvio que precisamos optar por uma igreja, mas, feito isto, devemos permanecer nela e nos envolver em amor com a família de Deus.

  • Nossa adoração

A característica distintiva de nossa sociedade de consumo é determinada pela televisão e pela preocupação pós-moderna com a imagem e não com o conteúdo. Juntas, estas são influências poderosas que levam até os cristãos a se preocuparem mais com a aparência das coisas do que com o que elas realmente são. Em particular, é fácil para os cristãos ver a igreja como parte de um palco de teatro do que um lugar de verdadeiro compromisso com Deus.

POR QUE O CONSUMISMO É UMA DECEPÇÃO


Há apenas um evangelho verdadeiro. São as boas-novas do Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo, que morreu para que fôssemos perdoados e tivéssemos vida eterna. Embora não haja nada errado com os bens materiais em si, aproximar-se deles tendo como motivação o consumismo é uma mentira idolátrica. As nações estão sendo enganadas.

Enganar as pessoas


O consumismo reduz a quase nada a importância de Deus, dos valores morais, dos desejos puros e da busca do caráter espiritual. Ele enfatiza que a felicidade pessoal é a única coisa que importa na vida. E Bíblia, por sua vez, deve ser relegada ao último plano na lista de itens que devem moldar a nossa vida. 

Contudo, somos seres morais, feitos à imagem de Deus, quer reconheçamos isto ou não. Por isso, não podemos ficar em paz com nós mesmos ignorando esta área de nossa vida. Não podemos ter paz suplantando a consciência ou ignorando Deus.

Coisas materiais, ainda que boas, não podem satisfazer a nossa alma. Há um vazio espiritual no coração de homens e mulheres sem Deus que nenhum bem ou riqueza pode preencher. O rei Salomão nos adverte quando escreve: 
"Todas as coisas são canseiras tais, que ninguém as pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir" (Eclesiastes 1:8). 
Jesus disse: 
"Não só de pão viverá o homem" (Mt 4:4).
Mas o consumismo engana o mundo indo além disto. O consumismo faz com que as pessoas se concentrem no aqui e no agora e se esqueçam de Deus e da eternidade. As palavras de Jesus ainda são verdadeiras: 
"Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Marcos 8:36).

Uma sociedade que engana 


O estilo de vida consumista e as indústrias que o sustentam acabam com os recursos da terra de forma alarmante. Estamos vivendo no paraíso dos tolos se pensamos que a terra poderá suportar para sempre este estilo de vida tecnologicamente avançado, descartável e centrado no prazer. O consumismo ostensivo não é uma forma sustentável de vida para o mundo.

AS MARCAS DO CONSUMISMO CRISTÃO

  • Egoísmo

A aprovação divina é trocada pelo o que agrada ao consumidor. O primeiro capítulo do livro do profeta Ageu ilustra muito essa verdade. Os judeus exilados haviam retornado da Babilônia em 536 a.C. e iniciado a reconstrução do templo sob a liderança de Zorobabel (Esdras 6:1-22). Depois de dois anos de trabalho, eles pararam. Por que? Foram distraídos na construção de suas próprias casas e se esqueceram da casa de Deus (Ageu 1:9).

O profeta Malaquias também denunciou o egoísmo do povo (1:69,10).

O que aconteceu? Os judeus haviam se tornado senhores de si mesmos. Da mesma forma, exalamos a nós mesmos quando buscamos nossos desejos e não os de Deus.

O consumismo cristão coloca Deus abaixo de nossas preferências. Coloca a nossa vontade acima dos seus desígnios. Steven Charnock (✩1628/✞1680) diz: 
"Quando acreditamos que devemos ser satisfeitos, em vez de crermos que Deus deve ser glorificado, nós o colocamos abaixo de nós mesmos, como se Deus tivesse sido feito para nós, e não como se tivéssemos sido feitos para ele. 
Não há blasfêmia maior do que usar a Deus como nosso servo; e não há pior lugar para isso do que no templo da adoração, onde fazemos a adoração a Deus centralizar-se em nós mesmos, e não nele" (MacArthur, 2009, p. 180, 181).

Como o egoísmo se expressa na igreja atual? 


O consumidor procura o que pode receber da igreja em vez do que pode oferecer a Deus. Expressões como 
"receber cem vezes nesta vida", "tomar posse de...", "restitui o que é meu", "chegou a minha vez"
Ao focar suas necessidades, o consumidor cristão perde de vista o centro da adoração, que é Deus. 

Como resultado, segundo o apologeta Michael Horton , 
"nossos cultos geralmente são celebrações de nós mesmos, mais do que celebrações de Deus. Nunca antes, nem mesmo na igreja medieval, os cristãos foram tão obsessivos consigo mesmos. Auto-stima, auto-confiança, auto-isto e auto-aquilo tem substituído a discussão sobre os atributos de Deus."
Ironiamente, isso tem criado o oposto do que tenciona. Sem o conhecimento de Deus, em cuja imagem fomos criados, e sem a graça que nos transformou em filhos de Deus, o narcisismo, ou amor próprio, desenvolve-se em depressão (MacARTHUR, 2009, p. 181).

Pragmatismo modelado no eu


Os crentes modelados no eu servem a Deus conforme julgam mais adequados. Esse consumismo apresenta uma atitude que procura servir a Deus nos termos e sabedoria do próprio eu. Seus representantes não são motivados pela glória de Deus; tampouco se preocupam em honrar os mandamentos de Deus.

O nosso louvor deve ser como os sacrifícios do Antigo Testamento — tinham de ser perfeitos (Levíticos 22:20; Ml 1:11) e sem mancha (Êxodo 12:5; 29:1).

Uma característica do pragmático centralizado no eu é a falta de adoração fervorosa. A genuína adoração é uma expressão da grandeza de Deus, com todo o coração.

Cuidado com o dá-me, dá-me, dá-me… Buscar a mão e não a face de Deus.

As caracteríticas do individualismo absorto no eu

  • Quem tem essa atitude busca independência e solidão.
  • A autoridade da igreja é desconsiderada.
  • A responsabilidade individual é evitada.
  • A participação pessoal e desvalorizada.
  • A pessoa pode até freqüentar uma igreja, mas foge de qualquer ligação formal ou comprometimento com a mesma.

Aqui, entra a figura de Narciso


Esse tipo de consumidor rejeita todo conselho espiritual do corpo de Cristo. Ele acha que não precisa dos demais. Ele pega somente aquilo que quer. Entretanto, tal postura não é bíblica. Provérbios 18.1 diz que quem se isola busca interesses egoístas e se rebela contra a verdadeira sabedoria.

Os seres humanos não foram criados para viverem isolados mas, em comunidades. O Novo Testamento ilustra a igreja como um corpo com muitos membros, uma vinha com muitos alhos, um rebanho com muitas ovelhas e um prédio com muitas pedras. Veja Atos 2:42 e Hebreus 10:25.

Consumir e servir não combinam. Essa é uma das dificuldades do consumismo. Aquele que age como rei no mercado não vai gostar de se colocar como servo no ministério. Mas, é para isso que somos chamados (Mc 9:35).

COMO COMBATER O CONSUMISMO


Coloque-se debaixo do exame da Palavra de Deus. É preciso desconfiar de nossas inclinações e examinar a nós mesmos (2 Co 13:5). Veja ainda Hebreus 4:12. Arranque o egoísmo de sua vida. Submeta-se às expectativas de Deus. Viva para adorar. Viva para servir.

Considerações finais


Muitos crentes falham em distinguir entre necessidade, desejo e cobiça ou ganância. De fato, a Escritura afirma que Deus supre as necessidades de seus filhos, conforme Mateus 6:25-33. Deus pode também cumprir o desejo do coração de seus filhos, se tal desejo estiver consonância com a vontade dEle (Salmo 37:4). 

Porém, não há qualquer garantia nas Escrituras de que Deus vai cumprir todos os desejos do coração. Quanto à cobiça, a única promessa que a Escritura tem é de crucificá-la (Gl 5:24). Jesus reduziu a necessidade humana a três elementos: comer, beber e vestir (Mt 6:25). Paulo a reduziu a dois elementos: comer e vestir (1 Tm 6:8).

  • Cultos na horizontal.
  • Os cantores e seus cachês.
  • As profecias e revelações são todas para agradar os clientes.
  • Auto-ajuda. Acredite em você, acredite nos seus sonhos.
  • Músicas do tipo "Agora é só vitória".
  • Competição. As igrejas funcionam sob um clima de competição. O dinheiro nunca é suficiente para manter o estilo de vida de seus líderes e expandir o ministério. É nesse momento que muitos se tornam especialistas em destruir a reputação dos outros, principalmente quando percebem que o dinheiro está correndo na direção oposta.

CONCLUSÃO


Diante das decepções da sociedade de consumo, o apóstolo Paulo faz com que nos voltemos para Deus (1 Tm. 6:9,10). O estilo de vida do cristão deve ser caracterizado por caminhos melhores que levem a coisas melhores. 
"De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento" (6:6). 
Este foi o conselho sábio de Deus para seus filhos do século 1° da era cristã. Ainda é o conselho sábio de Deus para nós hoje.

Gostaria apenas que os leitores refletissem sobre os perigos do consumismo desenfreado (ênfase), tão proeminente que é celebrado após o Dia de Ação de Graças. Marketing perigoso. Reflitam sobre a insignificância da comemoração de gratidão em nosso país cristão... Omissão perigosa.

Enfim, a grande verdade é que, para muitos (incluindo cristãos protestantes) o sincero Thanksgiving Day é seu Black Friday bem sucedido. Neste ponto, não há antagonismo, é mero consumismo.

  • Aplicação

Faça uma lista com os gastos que você pretende ter durante esta semana. Agora, elimine tudo o que for supérfluo. Não compre o que não é necessário. Descubra como pode aproveitar com sabedoria o dinheiro que você economizou. Que tal investir em educaçã, saúde e, principalmente, no Reino de Deus?

[Fonte: Revista Nossa Fé — ISMOS DE NOSSOS DIAS: Ideias atuais à luz da Bíblia (Adaptada de "Cristãos em uma sociedade de consumo", de J. Benton) —, via Ultimato; Bibliografia: BENTON, John. Cristãos em uma sociedade de consumo. São Paulo. Cultura Cristã. 2002. MacARTHUR, John. Ouro de tolo? – Discernindo a verdade em uma época de erro. São José dos Campos, SP. Editora Fiel. 2009. WHITE, John. Dinheiro não é Deus: Então, por que a Igreja o adora? São Paulo. A.B.U. Editora. 1996.]
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A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. Não confuda avanço na vacinação e flexibilização com o fim da pandemia