sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

LIVROS QUE EU LI - "O DEMÔNIO DO MEIO-DIA: UMA ANATOMIA DA DEPRESSÃO"

Quando eu recebi exemplar do livro "O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressão", do autor Andrew Solomon, que me foi emprestado por uma psicóloga, amiga e irmã em Cristo, pensei que eu tinha confundido a obra com outra, por causa do seu título que pode sugerir ser um romance de ficção, de terror, mas ela logo me disse:
"Léo, este livro é sobre depressão e, para você que lida tanto com pessoas, acredito que possa te ajudar". 
E ajudou mesmo. O livro é muito bom.

Não julgue um livro pelo seu "tamanho"


Em primeiro lugar, não deixe o número de páginas te assustar. Do total, o conteúdo vai até a página 584, sendo as outras páginas com as notas e referências utilizadas pelo autor para compor o livro.

Outro ponto bacana é o índice remissivo no final, possibilitando ao leitor encontrar com facilidade os assuntos que mais chamaram sua atenção na obra.

Recomendo a leitura linear, e a utilização do índice só após conclui-la, pois mesmo o texto sendo dividido em capítulos, todas as partes estão inter-relacionadas.

Ah, o fato de o livro ser de autoria de um escritor depressivo parece dar mais credibilidade e sensibilidade, além de torná-lo mais interessante, graças às inúmeras referências literárias de manifestações depressivas em romances e poemas, e da sua pesquisa – Andrew Solomon entrevistou várias pessoas com depressão e especialistas, além de citar vários estudos sobre a doença.

Minhas considerações


Por que eu gostei tanto do livro? Porque apesar de não ter depressão e por nunca ter lido um livro tão completo assim. Pelo menos cumpre o que se propõe.

Muitas obras se focam muito em um só ponto ou você percebe que o autor está só enchendo linguiça, principalmente quando usam aqueles vocabulários técnicos aos quais só entendem os especialistas (e olhe lá), todavia, Solomon levou cinco anos para escrever o livro, e durante esse período teve que lidar com suas próprias crises depressivas e limitações que a doença mental provocou nele.

Só de o escritor ter terminado o livro foi uma vitória e é, sem dúvidas, uma demonstração de que com paciência, esperança, apoio e tratamento é possível manter a depressão sob controle – ou o mais perto disso –, sem perder tanta qualidade de vida.

Andrew Solomon dedicou o livro ao pai dele, por tê-lo ajudado durante suas crises depressivas que ficaram mais fortes após a morte da mãe.

Apesar de minha recomendação sobre ler o livro do início ao fim, em ordem, através do sumário e dos títulos de cada capítulo dá para saber qual é o ponto principal abordado em cada um deles. São eles: 
  1. Depressão; 
  2. Colapsos; 
  3. Tratamentos; 
  4. Alternativas; 
  5. Populações; 
  6. Vício; 
  7. Suicídio; 
  8. História; 
  9. Pobreza; 
  10. Política; 
  11. Evolução e;
  12. Esperança.

Sobre o autor


Nascido no dia 30 de outubro de 1963, Andrew Solomon é um ativista LGBT, escritor sobre política, cultura e psicologia. 

Ele vive em Nova Iorque e Londres, com o companheiro e o filho adotado por eles. Seu livro "O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressão" ganhou o National Book Award em 2001, foi finalista do prêmio Pulitzer em 2002 e foi incluso no Times como um dos cem melhores livros da década.

Solomon é um desses autores que escrevem sobre sua própria realidade em um exercício de exorcismo de seus demônios interiores.

Obcecado pelos temas de seus livros, busca o conhecimento já produzido pelo homem sobre aquele assunto e tenta condensar em um livro que, não raro, ultrapassa facilmente as 500 páginas.

Dentre todos, o mais pessoal e o mais diretamente assertivo é, sem dúvida, "O Demônio do Meio-Dia...", em que trata de uma doença que transformou completamente a sua vida: a depressão.

Partindo de sua própria experiência – Solomon, que mergulhou em uma depressão profunda que tem origens em episódios de infância e em alguns aspectos familiares, adquiriu comportamento suicida e tentou dar fim a sua vida algumas vezes –, o autor tenta elucidar alguns aspectos dessa doença misteriosa cujos pacientes sofrem principalmente pelo preconceito.

Esse, aliás, foi um dos motivadores para a produção do livro, segundo o autor: retirar o tabu que há sobre a depressão e entende-la como uma doença. 
"Acredito que a dor precisa ser transformada, não esquecida; contrariada, não suprimida", 
diz em sua introdução.

Dessa forma, entrevistou diversas pessoas e não escondeu suas identidades, e tampouco relativizou o que aconteceu a si próprio.

Conta de suas experiência de risco, fazendo sexo sem proteção com completos desconhecidos em locais públicos para tentar contrair AIDS e poder cometer suicídio por causa da doença, sabendo que seus familiares nunca se perdoariam caso ele tirasse a própria vida apenas por causa da depressão, e conta como o apoio de familiares e a assistência médica foi importante nessas situações.

Em cada capítulo, trata de um aspecto diferente da doença, como tratamentos convencionais e alternativos – fazendo aqui uma defesa ampla de todos eles, inclusive de tratamentos controversos como o eletrochoque –, os sintomas mais comuns em cada caso, a distribuição da depressão em diferentes populações e a história da descoberta da doença na civilização. Todos eles sempre pontuados por histórias reais, quando não a sua própria.

Conclusão


Embora completo para leigos, "O Demônio do Meio-Dia..." peca ao ser superficial em diversos capítulos, e ao tentar explicar de maneira simplista os processos químicos e os efeitos farmacológicos no sistema nervoso, passa a sensação de que a profundidade do livro acaba junto com a curiosidade do autor sobre aquele tema. 

Contudo, o livro traz informações preciosas sobre vários aspectos da doença mental, além de contribuir com o conhecimento.

Recomendo a leitura de "O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressão", para todos aqueles que lidam diariamente com a doença, seja por ter depressão ou por conviver com pessoas depressivas. 

A obra consegue manter um tom positivo, mesmo diante dos inúmeros relatos tristes, do próprio autor e dos entrevistados.

Ficha técnica:


  • Editora: Companhia Das Letras
  • Número de Páginas: 584
  • Idioma: Português
  • Tradutor: Campello, Myriam
  • Ano da Edição: 2014
  • Autor: Solomon, Andrew
A Deus toda glória. 

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