quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

DIRETO AO PONTO — FALANDO UM POUCO SOBRE O NARCISISMO


Em uma passagem reveladora, Deleuze (✰1925/✞1995) — filósofo francês —escreve: 
"Quando um médico dá o seu nome a uma doença, trata-se de um ato ao mesmo tempo linguístico e semiológico dos mais importantes, na medida em que se liga um nome próprio a um conjunto de signos, ou faz com que um nome próprio conote signos" (1967/2009, p. 18; grifo do autor).
Ao emprestar seu nome para a doença — os exemplos são inúmeros: mal de Parkinson (de James Parkinson [✰1755/✞1834], neurologista), síndrome de Down (de John Langdon Down [✰1828/✞1896], médico) mal de Alzheimer (de Alois Alzheimer [✰1864/✞1915], neuropsiquiatra, etc. —, o médico faz com que o seu nome próprio passe a conotar um conjunto de signos.

Certamente, como aponta Deleuze,
"o médico não inventou a doença. Mas separou sintomas até então associados, agrupou outros antes dissociados, ou seja, constituiu um quadro clínico profundamente original" (p. 17).
Dessa forma o mesmo nome passa a ter uma dupla referência: ao médico e ao conjunto de signos que caracterizam a doença. 

E com o passar do tempo a referência ao médico vai desaparecendo e seu nome passa a conotar apenas uma sintomatologia específica. É, em suma, um ato de nomeação.

A literatura, não raras vezes, contribuiu para esse tipo de nomeação. Quando, por exemplo, Richard von Krafft-Ebing (✰1840/✞1902) nomeia, pela primeira vez, certos quadros clínicos como casos de sadismo ou masoquismo, fazendo assim referência a nomes de autores (Marquês de Sade [✰1740/✞1814]e Leopold von Sacher Masoch  [✰1836/✞1895), desse modo, ele dá o mérito ao escritor pela revelação de uma entidade clínica.

Trata-se nesse caso de uma nomeação com uma singular temporalidade, pois o escritor não cria a entidade, é apenas posteriormente que o psiquiatra — olhando ao mesmo tempo para a obra literária e para o caso clínico — dá nome ao quadro; e tudo se passa como se o psiquiatra percebesse a antecipação do escritor. 

É, nesse sentido, uma forma de reconhecimento de que a arte evidencia o sofrimento bem antes que a clínica. As consequências, contudo, são as mesmas: cria-se um nome (sadismo ou masoquismo) que passa a designar um quadro clínico.

A origem do termo narcisismo


Com o narcisismo não foi diferente. Seu surgimento coincide com o momento inicial da psiquiatria; e sob o termo narcisismo — proveniente de uma referência ao mito de Narciso, cuja versão mais conhecida é a de Ovídio em Metamorfoses — foram agrupados uma série de signos, modos de conduta, comportamentos sexuais, que visavam definir e caracterizar um quadro clínico específico.

O termo narcisismo surge no final do século XIX, e há quase consenso em relação a quem teria cunhado a palavra. A maioria dos autores que buscou a origem da palavra narcisismo (inclua-se aí o próprio Freud [✰1856/✞1939]) atribuiu a dois clínicos — Havelock Ellis (✰1859/✞1939) e Paul Näcke (✰1851/✞1913) — a invenção do termo.

E teria sido Ellis, segundo esses autores, em 1898, no texto "Auto-erotism: a study of the spontaneous manifestation of the sexual impulse [Autoerotismo: um estudo sobre a manifestação espontânea do impulso sexual]", o primeiro a formular a expressão Narcissus-like [tal como Narciso] que por contiguidade daria origem ao narcisismo.

O conceito do Narcisismo


A questão do narcisismo – posição narcísica, neurose narcísica, alguns traços de personalidade narcísica – na psicanálise, vai muito além da referência ao mito de Narciso, que evoca o amor dirigido à própria imagem.

Freud relacionara o conceito de narcisismo às pulsões sexuais e a sexualidade. Enquanto o “eu” da criança, como tal, ainda não se constituiu, o modo de satisfação da libido dar-se-ia pelo “auto-erotismo”, ou seja, o prazer que um órgão retira de si mesmo.

Identificando um(a) narcisista


Pode ser difícil identificar narcisistas porque, às vezes, acreditamos que eles são tão especiais como gostariam que nós acreditássemos. Eles usam muito charme para tentar colocar as pessoas em seu mundo para segui-las, ao pensar que são melhores do que outras pessoas.

Os narcisistas, em geral, se sentem superiores aos outros e podem ser os primeiros que você pensa quando pensa em narcisismo.

Fica sempre aquela sensação de que, de alguma forma, não importa o que você faça, nunca será suficiente, porque ele nunca ficará abaixo na comparação com outra pessoa. Suas conquistas sempre são as melhores e maiores.

A necessidade de se sentir especial muitas vezes atrapalha os relacionamentos próximos para os narcisistas. No narcisismo, a compulsão por manter esse sentimento (de superioridade) é tão forte que os relacionamentos realmente não importam.

O narcisismo, em geral, significa ter uma visão inflada de si mesmo e uma falta de relações mais próximas e emocionalmente calorosas com outras pessoas. 

Porém, um ponto fraco de um narcisista é a sensibilidade à crítica e à rejeição. Eles podem reagir de forma exagerada e defensiva a qualquer feedback negativo.

Conclusão


Conlusão em termos, pois é impossível terminar este assunto tão complexo em tão poucas palavras. 

Mas, wm síntese, pessoas narcisistas podem parecer atraentes no início, contudo, acabam se tornando tóxicas ao longo do tempo e se preocupam muito pouco com os sentimentos dos outros.

Estudos revelam que o narcisismo é problemático para a sociedade, pois pessoas que acreditam que já são boas o suficiente e pensam apenas em si não procuram melhorar.


Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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