quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

CONHEÇA A HISTÓRIA DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA, O TRADUTOR DA VERSÃO MAIS LIDA DA BÍBLIA

Em todos os países e regiões de língua portuguesa a versão popular da Bíblia que goza da mais ampla distribuição leva o nome de seu tradutor, João Ferreira de Almeida (JFA). Quem era ele? Que parte desempenhou em tornar a Palavra de Deus disponível ao povo?

No texto deste artigo, vamos conhecer um resumo da Biografia desse que se tornou o tradutor mais lida e confiado da Palavra de Deus.

Nascimento


Pouco se sabe de sua infância. Foi criado em Lisboa por seu tio, um sacerdote, com quem aprendeu latim. Aos 14 anos, partiu de Portugal para a Holanda, e dali, em 1641, mudou-se para a possessão holandesa de Batávia (agora Jacarta, capital da Indonésia), onde começou a freqüentar a Igreja Reformada Holandesa local.

Tão impressionado ficou com o conteúdo dum panfleto, "Diferença da Cristandade da Igreja Reformada e da Romana" que se converteu, fazendo sua "profissão de fé" no ano 1642, quando ainda era adolescente.

Juventude


Como jovem sempre estudioso que era, pôs-se a trabalhar na tradução dum resumo dos Evangelhos e das Epístolas, do espanhol para o português. Em 1644-45, traduziu todas as Escrituras Gregas Cristãs (comumente mencionadas como Novo Testamento) do latim para o português.

Casou-se com a filha dum pastor holandês, e, em 1656, foi ordenado ministro da Igreja Reformada. Seu ministério como pastor o levou ao Ceilão (agora Sri-Lanka) e a Tuticorin, sul da Índia, nos anos 1656-63.

Em 1644, com apenas 16 anos, Ferreira de Almeida traduziu do espanhol para português os Atos dos Apóstolos, que eram copiados à mão e distribuídos pelas comunidades portuguesas. Em 1645 a tradução do Novo Testamento foi concluída, mas somente publicada em 1681, em Amesterdão.

Atividades ministeriais


Ferreira de Almeida visitava doentes em Malaca e mais tarde, em Batávia, e percorria diariamente hospitais e casas de doentes, dando apoio espiritual, com orações e exortações. Parece ter sido em Batávia, o centro das suas atividades religiosas. Ali ingressou na Igreja Protestante Portuguesa, (que existiu entre 1633 e 1808) e em 1656, foi ordenado ministro pregador.

De 1656 a 1663, Ferreira de Almeida pregou em várias línguas na ilha de Ceilão (Colombo, Porto de Gale, etc.) e nas costas Indostânicas (Coromandel, Malabar), difundindo em especial a língua portuguesa.

Em março de 1651, foi para a Batávia, para a cidade de Djacarta, ainda como capelão visitante de doentes, mas simultaneamente, desenvolvia os seus estudos de Teologia e revisava o Novo Testamento.

Em 17 de março de 1651, foi examinado publicamente, sendo considerado candidato a ministro. Depois de ser examinado, pregou com eloquência sobre Romanos 10:4. 

Desenvolveu também um ministério importantíssimo entre os pastores holandeses ensinando-lhes o português, uma vez que ministravam nas igrejas portuguesas das Índias Orientais Neerlandesas. 

Em setembro de 1655, João Ferreira de Almeida o exame final, quando prega sobre Tito 2.11-12, mas só recebeu a sua confirmação em 22 de agosto de 1656. Neste mesmo ano, quase um mês depois, em 18 de setembro, é enviado como ministro para o Ceilão, hoje Sri Lanka.

Perseguição, inquisição e obstáculos à publicação da tradução


Em 1657, João Ferreira de Almeida encontrava-se em Galle, no sul do Ceilão. Durante o seu ministério em Galle, assumiu uma posição tão firme contra o que ele chamava de "superstições papistas", que o governo local resolveu apresentar uma queixa a seu respeito ao governo da Batávia. 

Durante a sua estadia em Galle é que, provavelmente, conheceu e se casou com Lucretia Valcoa e Lemmes, ou Lucrecia de Lamos, jovem também vinda do catolicismo romano. 

O casal completou-se como família tendo dois filhos, um menino e uma menina, dos quais os historiadores não comentam mais nada. No decorrer da viagem de Galle para Colombo, Almeida e a sua esposa foram milagrosamente salvos da investida de um elefante.

A partir de 1658, e durante três anos, Almeida desenvolveu o seu ministério na cidade de Colombo e ali de novo enfrenta problemas com o governo, o qual tentou, sem sucesso, impedi-lo de pregar em português. O motivo dessa medida, estava provavelmente relacionado com as firmes e fortes idéias anti-católicas de João Ferreira de Almeida.

Em 1661, Almeida seguiu, no sul da Índia, onde ministrou o evangelho durante um ano, mas onde também foi perseguido. As Tribos da região negaram-se a ser baptizadas ou ter os seus casamentos abençoados por ele, pelo facto da Inquisição ter ordenado que um retrato de Almeida fosse queimado numa praça pública em Goa.

Em 1676, após ter dedicado vários anos a aprender grego e hebraico e a aperfeiçoar-se na língua holandesa, João Ferreira de Almeida concluiu a tradução do Novo Testamento para a língua portuguesa, passando a batalhar pela publicação do texto, já que para ter o aval do presbitério e o consentimento do Governo da Batávia e da Companhia Holandesa das Índias Orientais, o seu texto deveria passar pelo crivo dos revisores indicados pelo presbitério. 

Em 1680, quatro anos depois do início da revisão, desiludido com a morosidade da publicação, envia o seu manuscrito, para ser publicado na Holanda por conta própria. O seu desejo é que a Palavra de Deus seja conhecida pelo povo de língua portuguesa. Mas, o presbitério percebeu a situação e conseguiu sustar o processo, interrompendo a impressão.

Depois de alguns meses, quando João Ferreira de Almeida já estava prestes a desistir da publicação, recebeu cartas vindas da Holanda, informando que o texto tinha sido revisto e que estava a ser impresso. Em 1681, foi publicada a primeira edição do Novo Testamento de Almeida e, no ano seguinte, em 1682, chegou à Batávia. 

Quando começou a ser manuseada foram percebidos vários erros de tradução e revisão. Tal facto foi comunicado à Holanda e todos os exemplares que ainda não haviam saído foram destruídos, por ordem da Companhia Holandesa das Índias Orientais. 

As autoridades holandesas determinaram também que se fizesse o mesmo com os exemplares que já estavam na Batávia. Mas, ao mesmo tempo, providenciaram para que se começasse, o mais rapidamente possível, uma nova e cuidadosa revisão do texto. 

Apesar das ordens recebidas da Holanda, nem todos os exemplares foram destruídos, e correções foram feitas a mão com o objectivo de que cada comunidade pudesse fazer uso desse material. Um desses exemplares foi preservado e encontra-se no Museu Britânico em Londres. 

O trabalho de revisão e correção do Novo Testamento foi iniciado e demorou dez longos anos para ser terminado. Somente após a morte de João Ferreira de Almeida, é que essa segunda versão foi impressa, na própria Batávia, e distribuída.

A dedicação no final da vida


Apesar da sua saúde estar abalada, entregou-se ainda mais à tradução do Antigo Testamento. Um ano depois, em 1683, já havia traduzido o Pentateuco. João Ferreira de Almeida faleceu em Outubro de 1691, deixando a esposa e um casal de filhos.

Nessa altura, tinha traduzido o Antigo Testamento, para a língua portuguesa, até Ezequiel 48.21.

A tradução do Antigo Testamento foi completada em 1694 por Jacobus op den Akker (✰1647/✞1731), pastor holandês. Depois de passar por muitas mudanças, ela foi impressa na Batávia, em dois volumes: o primeiro em 1748 e o segundo, em 1753.

Conclusão


Apesar dessas adversidades, a tradução de João Ferreira de Almeida sobreviveu e prosperou. Suas revisões e edições subsequentes tornaram-se padrão para as comunidades protestantes lusófonas ao redor do mundo. 

Mesmo hoje, a "Almeida Revista e Corrigida" e a "Almeida Revista e Atualizada" são amplamente utilizadas em igrejas evangélicas no Brasil, em Portugal e em outros países de língua portuguesa.

A importância de João Ferreira de Almeida na história do cristianismo em língua portuguesa não pode ser subestimada. Seu trabalho abriu caminho para que milhões de falantes de português tivessem acesso à Bíblia em sua língua materna, e seu legado continua a ser uma parte central da identidade religiosa de muitos até os dias de hoje. 

Por meio de sua dedicação e perseverança, Almeida se tornou uma figura emblemática da tradução bíblica, um verdadeiro pioneiro que moldou a história espiritual de gerações.

Datas importantes da tradução de João Ferreira de Almeida da Bíblia

    • 1676 — Conclusão da tradução do Novo Testamento para português
    • 1681 — Data da publicação, na Holanda do Novo Testamento, em português
    • 1691 — Morte de João Ferreira de Almeida. Tinha traduzido até Ezequiel 48:21.
    • 1753 — Publicação da Bíblia, na tradução de João Ferreira de Almeida, em três volumes.
    • 1819 — Primeira impressão da Bíblia completa em português, em um único volume. Tradução de João Ferreira de Almeida. Publicada em Londres.
    • 1898 — 1.ª Revisão da tradução de João Ferreira de Almeida, que recebeu o nome de «Revista e Corrigida».
    • 1932 — Versão de Matos Soares, elaborada em Portugal.
    • 1956 — Publicação da versão "Revista e Actualizada", pela Sociedade Bíblica do Brasil.
    • 1968 — Publicação da versão dos padres Capuchinhos.
    • 1993 — 2.ª Edição da versão Revista e Actualizada
    • 1995 — 2.ª Edição da versão Revista e Corrigida.
Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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