domingo, 4 de dezembro de 2022

PRONTO, FALEI! — O CATAR QUE A COPA NÃO MOSTRA

Dou início aqui a mais uma série especial de artigos. Nessa série, eu irei escrever sobre minha opinião acerca de assuntos diversos: arte, cultura, música, esportes, religiões... 

Obviamente, por se tratar de opiniões pessoais, não tenho a pretensão de que, necessariamente, haja concordância sobre o que irei escrever nessa série, se eu conseguir fazer com que meus leitores pensem, analisem e formulem suas opiniões — em concordância ou não à minha —, porém, com um mínimo de objetividade, razoabilidade e sensatez, já terei atingido meu objetivo. Vamos ao primeiro assunto?

Qatar: o paraíso desértico do petróleo


Eu não gosto de futebol, aliás, nunca gostei, muito antes pelo contrário, sempre detestei essa modalidade esportiva. Nunca fui torcedor de time de futebol, nunca fui a um estádio ver uma partida de futebol, nunca joguei sequer uma peladinha de rua. Enfim, meu interesse por futebol é o mesmo de um astronauta pela escavação de túneis.

Entretanto, o fato de ser um formador de opiniões, me "obriga" a acompanhar o máximo possível dos assuntos de todos os seguimentos, justamente para que eu não seja leviano, preconceituoso e já tenha uma opinião formada sobre tudo, sem, contudo, sequer ter um mínimo de noção sobre nada ("fenomeno" crônico nos comentaristas internéticos, metidos a especialistas acerca de tudo, em suas achiologias e/ou repetição de discursos típicos dos feitos por papagaios de piratas). Por isso, após algumas pesquisas, vou arriscar falar sobre essa Copa do Mundo que está sendo realizada no Qatar (ou, em bom português, Catar).

Uma realidade fora do alcance dos holofotes midiáticos


Eu estava vendo algumas matérias sobre a Copa, exibidas pelos canais de televisão e/ou veiculadas pelos portais de notícias da internet, mostrando um país que mais parece um protótipo do paraíso. Algo assim, de encher os olhos e alimentar o desejo de relés mortais ocidentais em conhecer, desejo este que foi realizado por uns poucos privilegiados, que viajaram pra lá no intuito de acompanharem ao vivo as partidas.

Em uma dessas matérias, além do luxo faraônico dos hotéis e o requinte dos restaurantes, teve algo que muito me chamou a atenção: gente, as ruas do Catar, devido às altas tempuraturas comuns da região onde ele está localizado, contam com um tecnológico esquema de ar condicionado público, através de dutos espalhados por suas extensões, como os bueiros daqui. Algo realmente impressionante!

Mas, será que o Catar é mesmo essa maravilha, que a mídia (ou seria a Fifa?) quer nos fazer acreditar ser? Só que não! Vejamos.

Money, money, money...


Se havia alguma dúvida sobre qual o único fator importante na escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022 pela Fifa, ela foi desfeita. As opções por Rússia (2018) e Catar são meramente financeiras, e disfarçadas pela entidade com o discurso do "levar o futebol a novas fronteiras".

Apesar de surpreendente, a escolha da Rússia é até aceitável. O país tem tradição no futebol, desde os tempos da União Soviética, uma liga que cresceu de forma estável e tinha condições para organizar um bom torneio, mesmo que precisando tratar de questões importantes como o transporte terrestre.

A opção pelo Catar é a de um Mundial artificial em um país minúsculo. Dinheiro, por certo, não foi problema para o maior exportador de gás natural liquefeito do mundo. E por isso os delegados da Fifa levaram a Copa para o Oriente Médio, ignorando candidaturas fortes como Estados Unidos e Austrália.

Veja alguns números e fatos por trás da Copa no Catar


Catar (ou Qatar, na transcrição internacional) é um país do Oriente Médio, pequeno em extensão e grande economicamente. O país árabe, localizado na Ásia Continental, na região considerada Península Arábica e também Oriente Médio, oficialmente chamado de Estado do Catar, corresponde a um emirado, ou seja, é um território administrado pelo membro da classe dominante, o emir.

Com apenas 11.610 km² de extensão, o Catar tem praticamente metade do estado de Sergipe, com 21.910 km² e considerado o menor estado brasileiro. Isso significa que, para atravessar o país entre as cidades de as-Salwa (mais ao sul) e al-Mafjar (mais ao norte), bastam 211 quilômetros de estrada e 2h30 de carro. Já a maior distância entre estádios é de apenas 70 quilômetros.

Catar é um país rico?


Com boa parte da economia baseada na exploração de petróleo, o país é considerado um dos mais ricos do mundo — sendo 50% do Produto Interno Bruto (PIB) dependente do setor de gás e energia. 

De acordo com relatórios do Observatório da Complexidade Econômica (OEC, na sigla em inglês), o Catar teve balança comercial positiva de 20,4 bilhões de dólares em 2020, principalmente devido à exportação de petróleo e derivados para China, Coreia do Sul, Índia e Japão.

Quem manda na Copa?


A definição da sede, pela Fifa, gerou certa polêmica, assim como a mudança de calendário, passando dos meses de junho e julho para ser realizada entre novembro e dezembro. 

Tudo isso para que o calor não fosse tão forte. Mas, mesmo assim, a temperatura média no clima desértico nesta época gira na casa dos 25 a 30 graus à noite, quando a maioria das partidas será realizada. No entanto, todos estádios são equipados com ar condicionado.

Mas há controversas! Isso porque o Catar, sede do torneio, tem restrições bastante polêmicas — e preconceituosas —, em especial para as pessoas que moram no Ociente, uma vez que, desde 1971, o país é governado tendo como base a Sharia, lei islâmica.

Por exemplo, você sabia que a homossexualidade, além de ser considerada um pecado, é um crime passível de pena de morte? Exatamente por causa dessas leis, que controlam a chamada ditadura monarquista, Joseph Baltter, ex-presidente da Fifa, disse que a Copa no Catar era "um erro".

O que não é visto, enquanto rola a bola

  • 1. A Copa no Catar é pioneira em muitos sentidos

O país é o menor até hoje a sediar um mundial! Mas, como tamanho não é documento, ele é hoje a nação mais rica do globo, faturando em cima da exportação de petróleo e gás natural.

Esta também é a primeira vez que uma Copa do Mundo acontece no Oriente Médio.

  • 2. O icônico estádio desmontável

O segundo jogo do Brasil na Copa foi contra a Suíça, no dia 28, e aconteceu no Estádio 974, conhecido por ser desmontável.

Ele foi construído com contêineres e módulos de aço, e pensado para justamente ter prazo de validade. Após o torneio, ele será desmonstado, feito um Lego, e sua estrutura poderá ser usada para construir outra coisa. 

Ou seja, por lá, não haverão como legados, os famigerados "elefantes brancos", como o estádio Mané Garrincha, em Brasilía (DF), um vergonhoso monumento erguido na nossa capital federal, para a Copa do Brasil, em 2014.

  • 3. A realidade do trabalho escravo

Durante a preparação para a Copa, surgiram muitas denúncias de trabalhos análogos à escravidão. Esses empregados são em maioria imigrantes do sudeste asiático, que trabalham à exaustão, em péssimas condições e sem nenhum direito trabalhista.

Uma reportagem do jornal inglês The Guardian revelou que mais de 6.500 imigrantes morreram durante os preparativos para a Copa, que começaram em 2010, quando o Catar foi anunciado como sede. 37 deles faziam parte da mão de obra adquirida para a construção dos estádios.

  • 4. Os Direitos Humanos não são para todos

Pelo menos, não no Catar. Por causa da Lei Sharia, que condena a homossexualidade e coloca os homens em posição de superioridade em relação às mulheres, a Fifa proibiu que a Seleção Dinamarquesa estampasse o texto 
"Diretos Humanos para todos"
no uniforme oficial de jogo. 
"Os equipamentos não devem ter slogans, declarações ou imagens políticas, religiosas ou pessoais", 
justificou a confederação. Então tá, né, Fifa?

Jakob Jensen, chefe executivo da Federação Dinamarquesa de Futebol, repudiou a decisão — embora tivesse que respeitá-la: 
"Somos da opinião de que a mensagem 'Direitos Humanos para Todos' é universal e não é um apelo político, mas deve ser algo que todas as pessoas possam apoiar"
disse. Coitado, restou a ele, apenas se engasgar com sua indignação!

  • 5. No Catar, é proibido beber álcool na rua

Outra grande polêmica, que, embora tenha gerado muita indignação (principalmente por parte dos brasileiros, muito acostumados a fazer o que querem onde vão) foi a sumária proibição da venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol — apenas cerveja sem álcool, ao custo de R$ 45 o copo! 

Só está sendo possível fazer a compra em hotéis e restaurantes internacionais. E nada de beber em espaços públicos, como em ruas e praças, viu? A prática é proibida por lei.

  • 6. A cerveja mais cara de história das Copas

Pois é. Se fizermos a conversão para Real, cada copo de cerveja com álcool no Catar custará R$ 75! Talvez o excesso de bebidas alcoólicas esteja longe de ser um problema mesmo… (aqui, gargalhadas escandalosas de quem não consome bebidas alcóolicas...)

  • 7. Roupas curtas na mira da lei

Outra coisa fora de cogitação durante a Copa do Mundo do Catar é o uso de roupas que deixam o corpo muito à mostra, especialmente quando o assunto são mulheres. 

Nada de ombros e joelhos de fora, tá (Ih, deu ruim para as tais "musas das Copas", psêudos modelos, propensas candidatas a subcelebridades.)?
Aqui, vale um adendo: as taxas de feminicídio no Oriente Médio são altíssimas. Muitas leis islâmicas corroboram com a violência contra as mulheres e a misoginia. O pior país para ser mulher na região é o Egito. O Catar encontra-se em 18º lugar na lista desenvolvida pela corporação canadense Thomson-Reuters.

  • 8. Nem qualquer maneira de amor vale a pena

No Catar, por exemplo, ninguém vai poder entoar a canção "Paula e Bebeto", de Milton Nascimento, que diz que 
"...qualquer maneira de amor vale a pena...".
Ou então a clássica "Toda a Forma de Amor", outra que se tornou um hino da comunidade LGBTQIAP+, do Lulu Santos, cujo refrão diz que
"...consideramos justa, toda a forma de amor..."
No país do Oriente Médio, é proibido defender os direitos da população LGBTQIAP+ e demonstrar afeto em público, tendo sido proibida até mesmo o uso da bandeira com o símbolo do arco-iris, o estandarte da militância gay.
E aí, ilustres celebridades brasileiras, cadê a lacração de protestos em suas hashtags nas redes sociais? Ficou todo mundo caladinho, encolhidinho. Não teve ninguém com peito para acusar os catarianos de homofobia ou tentar boicotar a realização da Copa no Catar? É o típico caso de "assombração sabe quem aparece".

Embora a Polícia do Catar tenha dito que fará vista grossa durante a Copa com relação aos turistas, para esta e outras questões, todo cuidado é pouco (duvido que alguém irá se arriscar).

  • 9. Nada de cruzar as pernas em lugares públicos

É claro que a polícia também deverá fazer vista grossa para isso durante o mundial, mas, no Catar, em espaços públicos, não é indicado que você sente-se com as pernas cruzadas ou em qualquer posição que deixe a sola do sapato à mostra. 

A razão? Segundo os costumes locais, a sola do sapato é a parte mais suja da vestimenta e, por isso, não deve ficar visível para os outros, tendo sempre que ficar apoiada no chão. Ih, deu ruim para quem gosta de ostentar sensualização nas redes sociais!

Conclusão


Como podemos ver, por trás do rolar da bola na Copa do Mundo do Catar, há muita coisa que não é mostrada às torcidas que, alegres, esperam com euforia e expectativa mais uma estrelinha enfeitando a camisa de suas respectivas seleções. Pronto, falei!


Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.

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