Tem algumas coisas que acontecem no meio evangélico brasileiro que eu não consigo entender. Fico impressionado de ver o quanto essa atual geração de crentes, além de estar correndo o risco de não deixar nenhum legado de Fé, ainda sofre de um emburrecimento cultural, em paradoxo com a facilidade de acesso à informação e uma assenção acadêmica meteórica, fenômenos em muito potecializados pela popularização da internet e suas mídias digitais. Uma das características dessa triste realidade, é o fato dessa geração não já não ter mais quase nenhuma memória.
Morreu nessa terça-feira (27), o Irmão André, o homem que contrabandeou Bíblias para países comunistas fechados e foi o fundador da Missão Portas Abertas, instituição que apoia a igreja perseguida em todo o mundo. Ele morreu aos 94 anos.
Além de uma cobertura pífia, dado a importância desse herói contemporâneo da fé cristã (eu não vi absolutamente nenhum veículo da chamada grande imprensa dando sequer uma nota sobre o ocorrido, exceto a mídia segmentada), afirmo sem medo de errar, que muitos dos dessa atual geração de crentes, ignoram completamente a história de vida do Irmão André e toda a sua importância para a missiologia cristã mundial contemporânea.
Neste capítulo da minha série de artigos "Escrito nas Estrelas", um especial em homenagem póstuma, vamos conhecer um resumo da história e do legado deixado por esse homem extraordinário.
- Todas as informações que constam neste texto adaptado por mim, foram extraídas do site oficial da Missão Portas Abertas (o link segue no final) e publicações na internet.
Desde o ventre...
No dia 11 de maio de 1928, nascia Anne van der Bijl, em Witte, Holanda. O menino era um dos seis filhos de um ferreiro e de uma dona de casa.
O garoto virou um homem que foi destaque no mundo pela ousadia em dizer sim ao chamado de Jesus.
Ele se tornou um pioneiro na missão de levar Bíblias e esperança a centenas de cristãos que vivem em países fechados para o evangelho.
Nascimento de um missionário
A conversão de Anne aconteceu em 1950 e, cinco anos depois, passou a rodar pelos países comunistas com um fusca azul abarrotado de Bíblias para entregar aos cristãos locais.
Foi nessa época que ele adotou o pseudônimo Irmão André, como ficou conhecido mundialmente. Em uma viagem que fez pela Alemanha Oriental, um pastor o comparou ao José do Egito que procurava os irmãos a pedido de Jacó.
Os relatos sobre a vida e começo do ministério do Irmão André são encontradas no livro "O Contrabandista de Deus" (Editora Betânia, 336 páginas), que se tornou um best-seller.
Nele, estão registradas suas viagens para países da chamada "Cortina de Ferro" (a antiga União Soviética), fechados ao evangelho, com a finalidade de levar Bíblias para cristãos locais.
Além disso, contém detalhes de perigosas travessias de fronteiras, perseguição da polícia secreta russa, da KGB, e o início de sua jornada dedicada a viver radicalmente por Jesus. No total, já foram vendidas mais de 10 milhões de cópias em mais de 40 idiomas.
"Diga-me onde você não pode ir como cristão e eu lhe direi como entrar. Talvez não consiga lhe dizer como sair!"
Nascimento de uma missão
O trabalho do Irmão André deu início à Portas Abertas, levando a organização a lugares onde a maioria dos cristãos não estaria disposta a ir.
A Portas Abertas prepara milhares de cristãos perseguidos através de treinamento, ajuda emergencial, distribuição de Bíblias e literatura cristã, e ações institucionais nos países mais hostis aos cristãos no mundo.
Cai o Regime Soviético, Levanta-se uma Missão
"Hoje ainda procuro meus irmãos e irmãs do mundo inteiro que sofrem por causa da fé — não só porque eles precisam de mim, mas porque eu preciso deles.
Todos fazemos parte da mesma fraternidade de cristãos, que a Bíblia chama de corpo de Cristo. Precisamos uns dos outros. Todos somos chamados a realizar a obra de Deus — juntos",
explicou o fundador da Portas Abertas, no seu aniversário de 91 anos.
Um Homem, Uma História, Uma Missão, Um legado
Atualmente, a Portas Abertas trabalha em mais de 60 países com o objetivo de fortalecer a Igreja Perseguida, apoiando cristãos locais em lugares hostis, para que eles continuem espalhando o evangelho ao seu redor.
"Devemos ser conhecidos não por quem e pelo que somos contra, mas a favor de quem e do que somos — Jesus e seu evangelho."
Durante sua vida, o Irmão André visitou 125 países e registrou mais de um milhão de milhas em suas viagens para pregar e conhecer cristãos em necessidades. Ele disse que, durante essas viagens, nunca teve uma Bíblia confiscada e foi preso apenas três vezes.
"Quando vemos qualquer grupo religioso ou político ou uma nação como inimigos, o amor de Deus não pode nos alcançar e nos chamar a fazer algo a respeito."
Unidade — Essa é uma das mensagens mais comunicadas pelo Irmão André. A importância de sermos um com nossos irmãos em Cristo, seja doando, orando ou se fazendo presente junto aos cristãos perseguidos.
O Irmão André levou a Portas Abertas a lugares onde a maioria dos cristãos não iria. Sua rede subterrânea de cristãos locais ajudou na distribuição de milhões de Bíblias a cada ano em todo o mundo, bem como no treinamento de centenas de milhares de líderes cristãos.
Conforme a organização, o ministério também assiste a Igreja Perseguida por meio de ajuda socioeconômica, alfabetização, treinamento vocacional, entre outras frentes de atuação, nos países mais perigosos do mundo.
Contrabandista de Deus
Polônia, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Alemanha Oriental, Bulgária e outros países do bloco soviético receberam a visita proibida do missionário que desafiava os exércitos de regimes totalitários participantes da "Cortina de Ferro", para propagar a mensagem do Evangelho.
A princípio, estima-se milhões de Bíblias contrabandeadas ao longo de suas viagens.
"Eu não me importo com estatísticas",
disse ele em uma entrevista em 2005.
"Nós não contamos. … Mas Deus é o contador perfeito. Ele sabe",
dizia o veterano soldado de Cristo.
Estima-se que o Irmão André tenha visitado 125 países e percorrido mais de um milhão de milhas em suas viagens para pregar o Evangelho e fazer amizade com pessoas em necessidade.
Sua amizade e amor a Deus o levaram a reuniões privadas com líderes de vários grupos fundamentalistas. Ele foi um dos poucos líderes ocidentais que regularmente ia a esses grupos como um embaixador de Cristo.
Seu livro de 2004, "Força da Luz: uma tocante história da igreja pega no meio do fogo cruzado no Oriente Médio", em co-autoria com Al Janssen, conta sobre seu evangelismo no Oriente Médio.
Um outro livro, também em co-autoria com Al Janssen, publicado em 2007, foi "Cristão Secretos: o que acontece quando muçulmanos creem em Cristo".
Vida Pessoal
"Fortaleça o que resta e que estava para morrer"
Sabe-se que a base bíblica para o início do trabalho missionário foi Apocalipse 3:2:
"Esteja atento! Fortaleça o que resta e que estava para morrer".
Com esse foco espiritual, a Portas Abertas completou 67 anos de ministério em 2022 e já alcança mais de 60 países.
A missão conta com mais de 1.400 colaboradores globalmente, com o propósito de apoiar e fortalecer cristãos perseguidos e igrejas em países onde há perseguição aos que se declaram cristãos.
O Irmão André sempre dizia:
"Nossa missão se chama Portas Abertas porque acreditamos que todas as portas estão abertas, em todo o tempo e qualquer lugar. Eu literalmente acredito que toda porta está aberta para ir e pregar o Evangelho, desde que você esteja disposto a ir e não esteja preocupado em voltar".
Para o secretário-geral da Portas Abertas no Brasil, Marco Cruz,
"o irmão André, nos deixa um exemplo de obediência ao Senhor e ao seu chamado. Foi obediente ao ponto de colocar muitas vezes em risco a sua própria vida.Ele não media esforços para seguir o chamado recebido de Deus e servir aos cristãos perseguidos. Como ele mesmo dizia: 'Claro que é perigoso, mas é mais perigoso não obedecer a Deus. Segurança é algo que não está em jogo quando se trata da Grande Comissão'"
citou.
Conclusão
A vida e a obra de irmão André, inspirou vários outros missionários e ajuntou recursos para a Missão Portas Abertas, ministério de apoio a igreja perseguida, fundado por ele.
"Eu sou apenas um cara comum. O que eu fiz, qualquer um pode fazer",
completa o herói da fé contemporâneo.
E assim foi a vida desse homem — que, sem dúvida se enquadra na galeria daqueles dos quais esse mundo não é digno (Hebreus 11:35-40) desde quando teve um encontro pessoal com Jesus Cristo, que lhe abriu não só os olhos, mais as portas de uma missão, que mais que um legado é um monumento eterno na história contemporânea do evangelho, história essa que, por certo, está registrada na contabilidade do livro de Atos.
Que nossa forma de celebrarmos ou honrar a história e o legado desse homem de Deus seja dizendo sim para o chamado de Cristo, de amar nosso próximo de forma prática, esteja ele perto ou longe fisicamente.
Irmão André não terá apenas seu nome escrito nas estrelas. Ele é uma delas.
[Fonte: Missão Portas Abertas; Siga-me]
Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.
Mas um artigo que amei ler... parabéns leo
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