sábado, 24 de setembro de 2022

PAPO RETO — VOCÊ É UM PERDULÁRIO?

  • Perdulário — que desperdiça ou gasta em excesso; gastador; esbanjador. Diz-se daquele(a) que desperdiça ou que gasta em excesso.
A teorização canônica psicanalítica sobre a avareza e o perdularismo consagrou a equivalência inconsciente entre as fezes e o dinheiro. Esta fórmula tende a recalcar a presença do outro na aprendizagem do controle sobre os esfíncteres e suas possíveis relações com o dinheiro.

Freud explica(?)


A psicanálise sempre associou o "complexo monetário" do sujeito à fase anal. No artigo "Caráter e erotismo anal", Freud (1908) sugere três motivos para essa associação. O primeiro nos é dado pela cultura: 
"nas formas arcaicas de pensamento, nos mitos, nos contos de fada, nas superstições, no pensamento inconsciente, nos sonhos e na neurose o dinheiro é intimamente relacionado com a sujeira" (ESB, IX, p. 179; GW, VII, p. 207).
O segundo motivo refere-se ao contraste entre o mais precioso e o mais desprezível: a identificação entre o ouro e as fezes se deve justamente por sua justa oposição, como é comum acontecer no inconsciente, a representação de algo pelo seu contrário.

Por fim, o terceiro motivo da equação entre as fezes e o dinheiro tem a ver com o período da fase anal e o interesse espontâneo pelo dinheiro:

Sabemos que o interesse erótico original na defecação está destinado a extinguir-se em anos posteriores. Nessa ocasião entra em cena, como novidade, o interesse pelo dinheiro, que não existia na infância. Isso torna mais fácil que a tendência primitiva, que está em processo de perder seu objetivo, seja conduzida para o novo objetivo emergente (ESB, IX, p. 180; GW, VII, p. 208).

Portanto, trata-se de um deslocamento de interesse das fezes para o dinheiro. Nesse artigo de [Sigmund] Freud (✩1856/✞1939 — considerado o pai da Psicanálise), pode-se ver, o adulto não aparece em nenhum momento. 

Por que a criança deslocaria seu interesse das fezes para o dinheiro? O que a motiva a ir nessa direção? Qual o papel da mãe no controle dos esfíncteres e na apresentação dessa novidade que é o dinheiro?

Como estudante de Psicanálise, não tem como não fazer uma análise do perdularismo, sem um enfoque sob esse prisma. Porém, conceitos psicanalísticos a parte, essa prática que em síntese, nada mais é do que o perigoso hábito de se gastar compulsivamente, tem se tornado cada vez mais comum nesses tempos atuais, onde muitos ostentam uma vida ilusória, em busca da aprovação no universo online. É o que veremos no texto deste artigo, mais um capítulo da série especial, Papo Reto.

Ele ou ela, quem gasta mais?

Eis a questão


Há muitos homens que fazem piada com o fato de as mulheres fazerem compras para pagar com o cartão de crédito, como se elas não tivessem controle sobre seus gastos. Mas essa "brincadeira", além, de não ter nenhuma graça, tem cada vez menos fundamento e está com os dias contados.

Uma pesquisa recente, realizada pela empresa de negociação de dívidas Acordo Certo, mostra que, quando se trata das finanças pessoais, as mulheres tendem a ser mais cuidadosas com o dinheiro do que os homens.

O estudo indica que os homens têm mais dificuldades para resistir ao impulso de comprar. Quando se compara quem gasta mais do que deveria, a porcentagem de mulheres é menor, de 48%, enquanto entre nós é de 53%. 

A grande questão, porém, é que muitos homens não têm consciência de que o descontrole financeiro pode ter consequências desastrosas e não se dão conta de que as suas dívidas podem nascer exatamente aí.

De quem é a culpa?


Alguns podem até culpar a crise econômica — realidade incontestável — como principal causa para sua desventura, mas talvez (e eles não querem admitir) o real motivo seja bem mais simples: falta de disciplina. 

São bem comuns os casos de homens que sabem que suas contas estão no vermelho e ainda assim usam o cheque especial ou cartão de crédito sem fazer um acompanhamento periódico dos gastos.

Eles não colocam no papel tudo o que compram ou deixam de avaliar se têm capacidade financeira para arcar com as compras que fazem sem que gerem dívidas.

O pior é quando se desesperam ao perceber que não têm dinheiro nem para as contas básicas, arriscando a alimentação de suas famílias e a manutenção de contas de água e de luz, por exemplo. 

Não é preciso dizer que agir dessa forma é uma total falta de inteligência, mas quem sabe alguns, ao fazerem isso, consigam perceber que é preciso mudar de postura.

Sim, a Bíblia ensina


O homen que age de modo inteligente sabe gerir suas contas e o seu dinheiro de forma plena. Ele avalia, se preprara e se planeja para poder bancar aquilo que quer comprar sem fazer dívidas. Nesse sentido, a Palavra contida na Bíblia é repleta de orientação.
"Qual de vocês, se quiser contruir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la?" (Lucas 14:28).
Avaliação e preparação prévias também são requisitos básicos para que o homem possa contribuir inclusive com a Obra de Deus. A Bíblia questiona:
"Por que gastais o dinheiro naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comeu o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura" (Isaías 55:2).
Quem passa a agir com vifgilância e disciplina, observando a Palavra de Deus para lidar com os problemas financeiros deixa naturalmente de fazer "piadas" sem graça com as mulheres e começa a cuidar de verdade de sua própria vida, especialmente a Eterna. 

Para alcançar a Salvação é necessário tomar uma decisão inteligente e aceitar Deus como o Senhor, seguindo suas orientações sem demora e com disciplina. É nessa postura que reside a verdadeira Graça.

Conclusão


Para terminar, insistimos em nosso ponto principal: quando o perdulário compra compulsivamente objetos inúteis e sem valor, ele não está lidando com uma "falta" que constitui o seu ser. 

O consumo é compulsivo porque o que ele deseja é uma outra coisa, inconsciente. A compulsão sempre foi a marca registrada do recalcamento. Na prodigalidade não é diferente. É para lidar com um desejo recalcado que o sujeito se põe a desejar compulsivamente. 

Se o avarento quer ser um alguém auto-conservativo, o perdulário perde as rédeas do desejo e é tomado por ele. Comparar esse par de opostos mais que nunca mostra como a justa oposição significa a mesma coisa no inconsciente: ambos estão tomados pela compulsão à repetição. 

Um tenta recusar o desejo, o outro tenta satisfazer todos. Do ponto de vista do inconsciente, trata-se da mesma coisa.
[Fonte: Pepsic — por Fábio Roberto Rodrigues Belo e Lúcio Roberto Marzagão (UFMG)]

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.

sábado, 17 de setembro de 2022

GRAMOFONE — "ELVIS: ULTIMATE GOSPEL"

"Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa? Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce" (Tiago 3:11,12).
Estes, certamente, são dois versículos bíblicos, dentre os muitos conhecidos. Eles são mais usados quando o assunto é o já velho (e enfadonho) imbróglio reliogioso sobre a questão do crente "poder ou não" ouvir/cantar/consumir a chamada "música secular". 

É, porém, não é especificamente sobre isso que falarei neste artigo, mais um capítulo da série especial "Gramofone", onde faço uma análise sobre os discos que já ouvi, recomendando-os ou não, e sim, sobre o belíssimo disco "Elvis: Ultimate Gospel".

Elvis, o lado santo de um profano


Elvis se envolveu com drogas e álcool o que foi um péssimo exemplo, ainda mais pra quem cantava músicas gospel, contudo é difícil para qualquer cristão não sentir uma pontada de satisfação ao se deparar com as maravilhosas canções de louvor e adoração a Deus entoadas na inconfundível voz de Elvis Presley.

Qualquer pessoa está propícia a pecar, temos que reter apenas as coisas boas pra nossas vidas deixar as coisas ruins para trás. Elvis Presley é conhecido como o Rei do Rock. Mas há um lado deste cantor que foi pouco explorado. Seu lado espiritual, generoso e místico era um aspecto dominante em sua personalidade. 

Aqueles que o cercavam e as pessoas mais íntimas, falavam do seu amor pela música gospel. Você pode ficar até admirado, sabendo que um dos passatempos favoritos de Elvis era reunir os amigos ao redor do piano para cantar. E suas músicas preferidas não eram os seus sucessos e nem as outras músicas pop

Eram as músicas gospel que falavam apaixonadamente do relacionamento do homem com Deus. Foram elas que ele compartilhava com o mundo e que o ajudaram nos momentos difíceis. É muito provável que este estilo de música tenha sido a primeira que ele ouviu.

Gospel raiz


Além de ser inundado pelo som do gospel sulino, Elvis foi batizado com a alma do gospel negro. O que era mais espantoso nele era o conhecimento desse gospel. 

Elvis era um ouvinte ávido de música. Ele adorava. Tinha todos os discos antigos. Ele os ouvia horas e horas. E é claro que isso influenciou seu jeito de cantar gospel e rock também. 

Como gostava de cantar e com tanta paixão, ele não via outro destino senão fazer parte de um quarteto. Mas era um sonho que nunca se realizou por completo.

No ano em que a morte de Elvis Presley completava 30 anos, fãs e crítica relembraram as principais marcas que Elvis teria deixado na música e na cultura do século XX. 

Mas essa faceta do "rei do rock" é bem menos conhecida que seus filmes em Acapulco, suas canções românticas ou a proibição de filmar os seus rebolantes quadris no programa de TV de Ed Sullivan (✩1901/✞1974) no início da carreira. 

Aliás, os requebros da "pélvis de Elvis" foram um fator nada descartável para sua ascenção meteórica. A voz absolutamente marcante, os cabelos cuidadosamente desalinhados, o repertório quase recatado se comparado à fúria libidinal das canções de Jerry Lee Lewis e Little Richards (✩1932/✞2020), quase tudo seguia uma construção publicitária perfeita comandada pelo "Coronel" Tom Parker (✩1909/✞1997), como apelidavam o empresário de Elvis.

Os americanos sempre demonstraram afinidade com o gospel gravado por artistas não-religiosos. Por exemplo, nos anos 1950, Tennessee Ernie Ford (✩1919/✞1991) gravou álbuns que estão entre os dez mais vendidos da década. Mas Elvis revelava também seu gosto pela música gospel. 

E talvez houvesse nisso mais do que ambição de vender para outro nicho de mercado. Para Don Cusic, autor do livro "The Sound Of Light: A History Of Gospel Music" ("O Som da Luz: Uma História da Música Gospel", em tradução livre — a obra, infelizmente, não foi publicada no Brasil), Elvis tinha ouvido muita música gospel — na igreja ou em casa com a mãe — e, ao cantar aquelas músicas, ele não cumpria só um dever espiritual, mas também revivia a infância. Talvez, diz Cusic, Elvis estivesse "mostrando que era um bom garoto, temia a Deus (à sua maneira) e queria salvação".

Elvis e o gospel


Em 1952, quando ainda era um jovem motorista de caminhão, Elvis fez um teste vocal para entrar no quarteto Songfellows e foi reprovado. Mais tarde, Jim Hammil, um dos componentes "acusados" de dispensar Elvis Presley, deu sua versão dos fatos: 
"Eu não disse que ele não sabia cantar, mas sim que ele não conseguia ouvir a harmonia. Sozinho, ele se saía bem. Mas quando as outras vozes do quarteto entravam, ele se perdia e cantava as outras vozes que ouvia".
(Em geral, a formação vocal de um quarteto masculino é de 1º e 2º tenores, barítono e baixo).

Elvis ainda não era famoso quando encontrou o quarteto The Jordanaires no Grand Ole Opry, em 1955. O quarteto havia surgido em 1948 e só conservava um integrante da formação original, o 1º tenor Gordon Stoker. 

As primeiras gravações de Elvis nos estúdios da RCA têm um vocal de apoio formado, entre outros, por Stoker e Ben e Brock Speer, da Speer Family, famosa família de cantores. 

Mais tarde, a formação completa dos Jordanaires marcaria o som dos discos de Elvis, que passava a vender 10 milhões de discos e se tornava um ídolo teen e um ícone cultural.

Os primeiros álbuns gospel de Elvis chegariam a partir de 1957, no auge da carreira no rock, quando era inimigo dos pregadores. Primeiro, a gravação de 'Peace In The Valley', e depois o disco "His Hand In Mine"

Esse disco tinha os Jordanaires no vocal de apoio e entre as faixas estavam músicas como 'Swing Low Sweet Chariot' e 'Mansion Over The Hilltop' (em português, é a conhecida 'Mansão Sobre o Monte', que consta no hinário oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, com o número 501). 

A capa desse álbum trazia um Elvis Presley sentado ao piano num sóbrio smoking, de cabelo grande e roupas brilhantes. O figurino e o penteado, porém, não eram uma afronta ao estilo religioso. 

Pelo menos, não ao estilo de certos cantores e pastores evangélicos da época. James Brown (✩1933/✞2006), por exemplo, explicava que seu estilo inconfundível de se movimentar no palco, falar e cantar, era influência de pregadores, digamos, hiperativos (aliás, há muitos desses "repaginados" hoje em dia, fazendo suas perfomances apoteóticas nos palcos, ops!, ou melhor, "púlpitos" de muitas igrejas).

A voz de Elvis também recebeu grande influência do gospel. Certa vez, o cantor escutava um disco de Jake Hess (✩1927/✞2004), um dos grandes nomes da música gospel, quando revelou a Johnny Rivers algo como 
"agora você sabe de onde vem o meu estilo de cantar".
Em 1967, Elvis convidou os quartetos The Imperials e The Jordanaires e também algumas cantoras para o vocal do seu disco gospel de maior resposta positiva de público e crítica, "How Great Thou Art"

Além da clássica faixa-título (no Brasil é conhecida como 'Quão Grande És Tu' — aqui, interpretada por André Valadão), já famosa na voz de George Beverly Shea (✩1909/✞2013), o disco trazia 'Where Could I Go But To The Lord', 'In The Garden' ('No Jardim', hino 296 da Harpa Cristã) e 'Where No One Stands Alone' ('Minha Mão Em Tua Mão', hino 493 do Hinário Adventista). 

Nesse disco, Elvis faz um dueto com Jake Hess na música 'If The Lord Wasn't Walking By My Side', conhecida música do quarteto The Statesmen, do qual Jake Hess já tinha sido integrante.

é o álbum gospel de 1972 que traz a clássica e maravilhosa 'Amazing Grace' ('Graça Excelsa' ou 'Graça Maravilhosa', aqui, interpretada por Douglas Balmant) e a canção-título ('Tocou-me', aqui interpretada por Fernandinho), de autoria do casal Bill e Gloria Gaither.

A partir de 1969, o quarteto The Stamps passou a abrir os shows de Elvis. J. D. Sumner, membro do quarteto, conta que após os shows Elvis reunia os cantores para cantar gospel. 

Frequentador da casa de Elvis, Sumner também diz que o cantor 
"só ouvia gospel. Ele não ouvia nem suas próprias gravações".
No funeral de Elvis, em agosto de 77, Jake Hess e dois integrantes do quarteto The Statesmen cantaram 'Known Only To Him', Kate Westmoreland cantou 'My Heavenly Father Watches Over Me', e James Blackwood e The Stamps cantaram 'How Great Thou Art'

O final trágico do cantor e suas gravações ora religiosas ora seculares podem traduzir que, de algum modo, Elvis Presley não conseguiu conciliar sua vida de sucesso fabuloso com as crenças de sua juventude. Mesmo assim, para Don Cusic, a maior contribuição de Elvis ao gospel foi apresentar esse estilo ao mundo do rock.

As faixas

Mas, eu falei sobre tudo isso, para fazer uma síntese do que é este álbum espetacular, uma coletânea com a compilação de 24 gravações originais da (ainda desconhecida por muitos) irrepreensível incursão de Elvis Presley, pela genuína música gospel. 

Aliás, como vimos, algumas das músicas que ainda hoje são cantadas em muitas igrejas e já foram regravadas por grandes nomes da música gospel atual, tanto nacionais quanto internacionais, fazem parte da obra de Elvis Presley. 

Veja a sequência espetacular da coletânea "Elvis: Ultimate Gospel":
  1. How Great Thou Art
  2. So High
  3. Amazing Grace
  4. Crying In The Chapel
  5. You'll Never Walk Alone
  6. Swing Down Sweet Chariot
  7. Milk Withe Way
  8. His Hand In Mine
  9. I Believe In The Man In The Sky
  10. Where Could I Go But To The Lord 
  11. If The Lord Wasn't Walking By My Side12) Run On
  12.  He Touched Me
  13. Bosom Of Abraham
  14. Lead Me, Guide Me
  15. Joshua Fit The Battle
  16. If We Never Meet Again
  17. I, Jhon
  18. Reach Out To Jesus
  19. Who Am I?
  20. Help Me
  21. Miracle Of Rosary
  22. Take My Hand, Precious Lord
  23. (There'll Be) Peace In The Valley (For Me)

Conclusão


Além disso, desde que morreu, em 1977, Elvis Presley inspirou mais de uma centena de seitas religiosas no mundo inteiro, de diversas doutrinas, do cristianismo ao hinduísmo, sendo que algumas delas chegaram até a reverenciá-lo como um messias. 

Nem o Brasil escapou desse "fenômeno". Por aqui, há alguns anos, foi noticiado que havia em Florianópolis (SC), um fã-clube evangélico que celebraria Elvis e reuniria mais de 20 mil fiéis dentro e fora do país. E, por aqui, tem até um — pode acreditar! — "Padre Elvis".

O rebelde "desviado" e sua "redenção"


Até nome bíblico Elvis Presley adotou para si. O seu do meio era "Aron" e foi modificado pelo cantor para “Aaron”, que em português significa "Aarão", o profeta e irmão do personagem bíblico Moisés. 

O contato de Elvis com o meio religioso começou ainda na infância. Nascido em 1935, no Mississipi (EUA), pertencia a uma família pobre e cristã que frequentava a igreja. Os Presley eram membros da Assembleia de Deus.

Nessa época, Elvis então teve contato com os louvores e aprendeu noções básicas de violão com um pastor. 

E, como já visto acima, gostava ainda do cantor gospel Jake Hess, que influenciou mais tarde e de forma significativa seu estilo de cantar em baladas. Outra fonte de inspiração sua foi Rosetta Tharpe (✩1915/✞1973), cantora e guitarrista negra de música gospel muito popular na década de 1940 e considerada por alguns historiadores a mulher que, antes de Elvis, teria inventado o rock.

Em resumo...

  • Assim, descobriu que a música era o caminho que gostaria de trilhar e com o tempo se aperfeiçoou e foi coroado astro do rock. Sua carreira estreou em 1954, quando lançou o single 'That’s All Right', que nada tinha a ver com religião. 
  • A partir daí começou a conquistar fãs, assinar contratos para gravar discos, participar de programas de TV e de rádio, fazer turnês, atuar no cinema e não parou mais. Manteve-se no topo do sucesso até o final dos anos 1960.
  • Ao longo de sua trajetória artística, Elvis, mesmo sendo o rei de um estilo de performance sexualmente provocante, também não abandonou seu apego à crença e até usava músicas gospel para ensaiar e se soltar antes dos shows e do início das sessões de gravação. 
  • Em 1960, ele lançou "His Hand In Mine", seu primeiro LP gospel, que dedicou em memória à mãe, falecida em 1958, e o colocou no topo do ranking das músicas mais populares desse período.
  • Lançou pouco depois "Crying in the Chapel". Dizem que Elvis depois de uma longa noite gravando canções gospel só o que queria era "chorar na capela". Esse hino tornou-se um dos mais bem sucedidos comercialmente de todos os discos gospel do cantor. 
  • Mas a música favorita de Elvis seria 'How Great Thou Art', conhecida no Brasil como 'Quão Grande És Tu'. Foi com ela que conquistou seu primeiro Grammy, em 1967, e o último, em 1974, após cantá-la ao vivo.
  • Em 1972, recebeu ainda outro Grammy, por seu último LP gospel "He Touched Me"
De acordo com Dave Marsh, crítico da revista americana Rolling Stone e autor de vários livros de música e membro do Hall da Fama do Rock, Elvis foi, em suas palavras: 
"indiscutivelmente o maior cantor gospel branco de seu tempo e realmente o último artista de rock a tornar o gospel um componente tão vital de sua personalidade musical quanto de suas canções seculares".

Enfim, a coletânea em questão, prova a fala de Marsh e aqui recebe não só minha indicação, quanto meu seleto carimbo de


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terça-feira, 13 de setembro de 2022

ESTANTE DO LÉO — "SEUS PONTOS FRACOS", DR. WAYNE W. DYER

Nesse capítulo da série especial de artigos Estante do Léo, na qual dou dicas e faço críticas sobre livros que eu li, vou falar sobre um que li, entretanto, não recomendo.

Esse é um livro clássico de autoajuda, mesmo não gostando desse tipo de literatura, por ser muito recomendado e tê-lo "perdido" há tempos na minha estantezinha (nem me lembro como esse livro chegou em minhas mão..., sei que foi alguém me deu há muito tempo), eu resolvi lê-lo.

Mais do mesmo


Em síntese, o livro é um daqueles enfadonhos manuais cheios de técnicas do tipo "dez passos para se fazer isso e conseguir aquilo outro...", que, mesmo já manjadíssimas, são glamourizadas pelos holofotes midiáticos e usadas como "novidades" pelos estrelíssimos coaches em suas cultuadas palestras, que arrastam multidões e milhões de seguidores nas redes sociais.

É ruim porque?...


O que é realmente necessário para alcançarmos a satisfação? O escritor e autor, doutor em Psicologia, Wayne W. Dyer (✩1940/✞2015) — que também foi o  autor dos livros "Não se Deixe Manipular Pelos Outros" (1985, EUA, Record, 316 páginas), "O Céu é o Limite" (1996, EUA, Record, 347 páginas) e "Crer Para Ver" (2007, EUA, Nova Era, 320 páginas) —, diz que para obter a paz e a felicidade é preciso autoconhecimento.

"Seus Pontos Fracos" é um livro que tem se objetiva a ensinar sobre como se livrar dos obstáculos — como a culpa, a dependência, o pessimismo e a necessidade de aprovação alheia — que impedem nosso desenvolvimento pleno.

A obra foi publicada originalmente em 1976, "Seus Pontos Fracos" já vendeu mais de 30 milhões de exemplares no mundo. Inspirado na psicologia humanista, Dr. Wayne Dyer criou técnicas simples para lidarmos com os desajustes do nosso comportamento psicológico.

Nesta obra, o autor oferece argumentos até inteligentes e sensatos para identificar e superar os aspectos mais frágeis da nossa personalidade, comportamentos autodestruidores que afligem o cotidiano e limitam a capacidade de realização pessoal. Transpor estas barreiras está ao alcance de todos, e a receita é das mais simples: encarar os obstáculos com determinação e coragem.

Ele fala de pontos fracos que todo mundo tem, pelo menos um, em graus menores ou maiores — como preocupação, ansiedade, culpa, procrastinação, ira (raiva), ciúme, medo, dependência, etc. O foco do tal dr. Wayne W. Dier são nos casos extremos mesmo, quando a pessoa se incomoda porque aquele sentimento paralisa e limita a vida.

Minhas considerações sobre o livro


A didática dele é simples: ele explica a questão, fala das vantagens de ter aquele comportamento (ex: se você se sente culpado por um monte de coisa, é sempre a vítima, o coitadinho, as pessoas sentem dó de você e tratam-na bem), as possíveis origens (geralmente a educação dos pais, claro), e o que fazer para superar isso.

Veja bem, algumas dicas e alguns insigths são interessantes, tenho uma amiga mesmo que me disse que já a ajudou em algumas situações assim como, confesso, a mim mesmo (mas eu recebi as dicas de outra fonte, um tempo atrás). 

Mas a filosofia do cara não bate com a minha de jeito nenhum! A começar da definição de "amor": "amar é deixar a pessoa ser o que ela escolher ser", afirma ele. Ahn?

E dicas muito construtivas do tipo: "Ah, você se preocupa com dinheiro? A vida é só uma, dura muito pouco perto dos milhares de anos da humanidade, é melhor você sair e gastar tudo o que você tiver, sem medida." 

Ou não seja ciumento e dependente, casamento são duas pessoas que convivem, e que aceitam as escolhas do outro, então cada um tem que ter suas atividades, e viver independentemente (Ok, sou super a favor de haver uma certa indepedência para sair com seus amigos, escolher seus hobbies, mas o cara apela feio). 

Para criar filhos independentes e seguros, é bom desde cedo tratá-los como amigos, e respeitar as suas vontades e escolhas. Se eles não querem arrumar a cama, é uma escolha deles, amá-los é deixar que façam isso. 

No quarto deles, deve haver privacidade, é melhor não interferir. Sério, eu não consigo pensar em tratar assim crianças de 4, 6 anos de idade, deixando livres dessa maneira! E tem mais, sabemos bem o que esse conceito sem limites de independência tem feito na nossa sociedade.

Ah, e "a melhor dica" — o marido trai a mulher e sente culpa por isso, por manter uma amante. Mas não se resolve com quem ficar. O doutor sugere que talvez o sistema moral do cara na verdade aceita esse tipo de situação (ter esposa e amante) — não há certos e errados absolutos, tudo é relativo — então é melhor ele simplesmente se aceitar e parar de sentir culpa. Gostaria de saber se o sistema moral da senhora esposa do indivíduo e também vai concordar com isso!

Conclusão


É um livro de fácil leitura, muito objetivo e bem dividido. A cada capítulo, o autor vai dissecando alguns dos vícios humanos mais comuns, como o idealismo resultante nas decepções e frustrações, a necessidade de aprovação alheia, nostalgia, culpa, preocupação, dependência emocional e raiva.

Não é um livro para se ler do começo ao fim (embora seja assim que eu fiz [Queria acabar logo, sabe?]...), e sim, como todos os manuais, para se consultar esporadicamente de acordo com nossas necessidades de introspecção.

Ao final, na forma de tópicos, o autor expressa um retrato de uma pessoa que eliminou todos os pontos fracos. Nesse ponto o texto soa idealista demais, porque evidentemente ninguém neste mundo conseguirá se livrar de todos os seus próprios vícios e limites. 

De todo modo, tanto este último capítulo como o livro por sim, são para nos inspirar ao melhor, mas, como fórmula é ótimo, entretanto, na prática, é uma ode à utopia inglória.

Bom, como já disse antes, eu simplemente não consigo compreender esse tipo de raciocínio então não gostei do livro, mas confesso que algumas dicas podem ser úteis para algumas pessoas que sofrem com essas angústias e problemas emocionais. 

Mas, além da Bíblia Sagrada, essa sim um irrepreensível manual, não de autoajuda, mas de transformação de vida, podem existir fontes melhores para chegar até esses pontos  sugiro o livro — "Inteligência Emocional" (EUA, 1995, 420 páginas, Saraiva) do jornalista Daniel Coleman, por exemplo. Este vai levar meu selo de...
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domingo, 4 de setembro de 2022

CONTÉM SPOILERS — "UM PRESENTE PARA HELEN"

Existe um verbo muito bonito e comumente utilizado pelos profissionais da Psicologia chamado "ressignificar".

Farei uma breve reflexão sobre o seu significado lá na raiz, na origem desta palavra, pois é justamente este o eixo central deste filme sobre o qual vou fazer uma pequena análise, em mais um capítulo da série especial de artigos "Contém Spoilers".

Conceito de "ressignificar"


O mais comum de se pensar em relação a esse verbo é: 
"Dar um novo significado a algo…".
 O que está correto!

Ressignificar realmente é dar um novo significado a alguma experiência, pois o prefixo "re" significa "de novo" ou "novamente".

Porém, na raiz, essa palavra significa: 
"retirar afeto de alguma coisa".
 Vamos entender o que isso quer dizer.

O significado desse verbo é maravilhoso, pois ao ressignificar uma experiência, você está retirando o afeto que ela tem sobre você, ou seja, ela não lhe afeta mais, não retira suas melhores energias, ela não lhe angustia mais, nem lhe deixa nervoso, com raiva, com medo etc.

Como por exemplo, o ressignificar experiências traumáticas. Aqui vem um detalhe muito importante. Guarde isso! Ressignificar não é esquecer. Jamais! 

É retirar o afeto que a experiência teve sobre a sua vida. Isso é ressignificar, é retirar o afeto, e muitas vezes esse afeto vem em forma de culpa, de autoacusação.

Entendido essa síntese sobre o significado do que é ressignificar, vamos ao filme.

Sinopse


A carreira de Helen Harris (Kate Hudson) está em ascensão. No entanto, seu estilo de vida sofre uma enorme transformação quando sua irmã e seu cunhado morrem e ela se vê responsável pelos três sobrinhos.

Helen é jovem, bonita, tem um trabalho incrível em uma agência de modelos e está prestes a ser promovida. 

Tudo parece perfeito, mas, como um filme precisa de altos e baixos, algo horrível acontece: sua irmã e cunhado morrem em um acidente. 

É assim que Helen é apontada por sua irmã como guardiã legal de seus três filhos: Audrey, Henry e Sarah (Hayden Panettiere, Spencer Breslin e Abigail Breslin, respectivamente).

Ressignificando


Começa então a adaptação (ou melhor, a ressignificação): Helen não consegue conciliar o emprego, que exige horas absurdas e viagens, com cuidar dos sobrinhos, tampouco seu apartamento pequeno em Manhattan, de apenas um cômodo consegue abrigar os quatro. 

Eles se mudam para o Queens e, durante a busca pela escola dos sobrinhos, Helen conhece o pastor Dan Parker (John Corbett), diretor de uma escola luterana.

É este o palco em que acompanhamos a luta de Helen para deixar de lado a vida individualista de uma jovem e abraçar a difícil tarefa de educar as crianças. Tudo isso se perguntando: Porque eu? A irmã mais velha de Helen, Jenny (Joan Cusack) foi quem a criou após a morte de sua mãe, e todos acreditavam que a guarda das crianças iria para ela.

O filme é bastante emocionante, com momentos em que as lágrimas não param de sair dos olhos, e outros em que rolamos de dar risadas. 

"Um Presente Para Helen", aparentemente é um típico filme "água com açúcar" de Sessão da Tarde, mas que não pode deixar de ser visto por quem adora filmes de pessoas superando medos e se deixando aprender um jeito novo de viver.

Conclusão

Minhas considerações


Olha, confesso que só assisti a esse filme, por causa da indicação da professora do curso de Psicanálise, como uma atividade acadêmica.

Quando o vi sendo anunciado para exibição na Sessão da Tarde, em 17 de janeiro desse ano, uma quinta-feira, desdenhei e ignorei completamente. Inicialmente, meu interesse foi zero em assistir!

Além do mais, as críticas especializadas eram todas negativas (mesmo o filme tendo conseguido atingir uma bilheteria relevante).

O site Rotten Tomatoes afirmou ao analisar o filme que seu roteiro é muito superficial, mas que isso acaba sendo uma característica da maioria das comédias que estão sendo lançadas em nosso século.

Porém, ao vê-lo, sob um prisma especificamente psicanalítico, me surpreendeu, realmente gostei muito.

Quando li a sinopse pensei que era só mais um filme com a mesma temática de alguem que tem que cuidar de filhos que perderam seus pais e não tem nenhum talento pra isso (inúmeros outros filmes já abordaram este tema).

Entretanto, esse filme conseguiu contar essa mesma história de uma forma diferente e simples, mas tão interessante.

Ele tem um humor natural e espontâneo, um drama leve, um romance inusitado e um verdadeiro ensino sobre o significado prático da ressignificação. Não posso contar mais, senão, perde a graça. Se você não viu, fica aí minha dica.

Ficha Técnica

  • Título Original: "Raising Helen"
  • Elenco: Kate Hudson, John Corbett, Joan Cusack, Hayden Panettiere, Abigail Breslin, Helen Mirren
  • Direção: Garry Marshall
  • Nacionalidade: Americana
  • Gênero: Drama romântico
[Fonte: Adorocinema]

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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