"Não os esconderemos dos nossos filhos; contaremos à próxima geração os louváveis feitos do Senhor, o seu poder e as maravilhas que fez" (Salmo 78:4).
No Antigo Testamento, há um lugar especial para livros históricos como Josué, Juízes, Rute, Jó, Samuel, Reis, Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. Isso para não dizer que toda a Bíblia é um registro historicamente preciso, mesmo quando falamos de livros proféticos ou poéticos.
No Novo Testamento temos o livro de Atos, quase totalmente dedicado à história da Igreja Primitiva. Temos também os Evangelhos que nos contam a história de Jesus e se olharmos cuidadosamente para as epístolas, veremos que estão cheias de história.
Mas a história da Igreja não termina ali. Como diz o Salmo 78, quando olhamos para a nossa história com Deus, vemos que ela é também a história dos feitos do Senhor, do seu poder e das maravilhas que fez.
Sobre o Salmo 78
O longo Salmo 78, da autoria de Asafe, relembra as maravilhas (vv. 4, 12) realizadas pelo Deus que opera maravilhas (Salmo 77:14) para Seu povo, o qual é chamado a inclinar os ouvidos, ou seja, a prestar atenção ao ensino deste salmo.
Como cristãos, sabemos que a história de Israel foi escrita para "advertência nossa" (1 Coríntios 10:11); é como se fosse uma grande parábola, com a diferença de relatar fatos.
Por fim, os versículos 4 e 6 nos mostram que a lembrança das maravilhas passadas se dirige particularmente à nova geração, a fim de que
"pusessem em Deus a sua confiança, e não se esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os mandamentos" (v. 7).
É isso o que Ele espera de nós! Peçamos ao Senhor que jamais sejamos como Israel no deserto,
"geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo espírito não foi fiel a Deus" (v. 8; Ezequiel 20:18).
Por que não devemos ignorar a história?
A pergunta que queremos responder aqui é: será que o cristão pode ser edificado e ajudado ao estudar e aprender sobre a história da Igreja?
A igreja invisível
Em 1969, Martin Lloyd-Jones (☆1899/✞1981) pregou uma mensagem no encerramento da conferência puritana com o título "Podemos aprender da história?". Suas primeiras palavras foram:
"Talvez não exista nada que tenha denegrido tanto a glória de Deus como a história do Seu povo na Igreja. Por isso vou tratar deste assunto sobre aprender da história. O famoso dito de Hegel faz-nos lembrar que 'O que aprendemos da história é que não aprendemos nada da história'.
Ora, no que se refere ao mundo secular, essa é uma verdade plena e indubitável. A história da raça humana mostra isso claramente. A humanidade, em sua loucura e estupidez, sempre repete os mesmo erros. Não aprende, e se nega a aprender.Mas não aceito isso como sendo próprio do cristão. O meu ponto de vista é de que o cristão deve aprender da história, e que, por ser cristão, é seu dever fazer isso e deve animar-se em fazê-lo.Quando olhamos para a história da Igreja, percebemos que ela está repleta de defeitos. Levou-se séculos para que a Igreja pudesse compreender doutrinas fundamentais e tão importantes. Tantos erros cometidos em nome da verdade, tudo parece estar tão longe da perfeição.Esse é o aspecto terreno da Igreja. Quando Jesus contou a parábola do joio e do trigo em Mateus 13:24-46, aprendemos que 'o campo é o mundo' e que existe uma Igreja que foi plantada no mundo. Para quem olhar de fora, a Igreja é composta de joio e de trigo e tudo parece misturado. Se olharmos na história, veremos que o joio sempre estará lá. É isso que Agostinho chamou de 'igreja visível', a igreja estruturada que pode ser vista do lado de fora.Mas quando olhamos para Mateus 13, vemos que o coração do Senhor daquele campo estava no trigo. Existe uma igreja invisível. Você pode não conseguir contar os seus membros, nem colocar uma placa, mas ela está lá. Essa é uma igreja “escondida em Deus”, ou seja, só Deus conhece exatamente quem são essas pessoas.Mas qual é o critério de Deus? Como podemos ver essa Igreja invisível? O critério de Deus é a vida de Cristo. Quando Deus abriu os céus para dizer que Cristo era o seu Filho amado, em quem ele tinha todo o seu prazer, é como se Deus pudesse olhar para toda a terra e ver apenas o Seu Filho aqui. Da mesma forma, ainda hoje, Deus ainda vê apenas o Seu Filho.Se quisermos ver a igreja invisível, conhecer a verdadeira história do povo de Deus, precisamos procurar pelo que Ele procura: a vida de Cristo. Jesus disse que o Pai procura ”adoradores que o adorem em Espírito e em verdade”. O Pai não procura adoração, Ele procura adoradores. Deus procura pessoas onde a vida de Cristo seja visível.Se esse for o nosso critério, a história da Igreja será riquíssima para nós. Veremos a Boa Parte em meio aos problemas do passado e poderemos ser enriquecidos e edificados."
A história e a adoração
No Salmo 136, temos uma declaração:
"Rendei graças ao Senhor, porque ele é bom, porque sua misericórdia dura para sempre."
Quando dizemos que algo "dura para sempre", é porque podemos olhar na história e verificar essa informação. É justamente esse o argumento do salmista. Olhem para a história, vejam que a misericódia do Senhor não tem fim. Qual o resultado desse exercício? Adoração. Rendei graças ao Senhor.
Assim, desde a criação, Deus é apresentado como misericordioso.
Aquele que com entendimento fez os céus, estendeu a terra sobre as águas, fez o sol e lua, criou a noite e o dia. Esse é Deus na criação.
Também vemos Deus na redenção de Israel. Aquele que feriu o Egito e tirou Israel do meio deles com mão poderosa e braço estendido. Abriu o Mar Vermelho e fez Israel passar. Conduziu seu povo pelo deserto, feriu grandes reis, deu herança a Israel.
Á medida que o salmo caminha para o fim, o próprio salmista se inclui: Deus se lembrou de nós em nosso abatimento, nos libertou dos adversários e nos dá o alimento.
Qual a finalidade da meditação do salmista? Incentivar adoradores:
"Tributai louvores ao Deus dos céus".
Este é o último versículo.
Esta deve ser a mesma finalidade do estudo da história hoje. Que ao encontrarmos a vida de Cristo na história, sendo expressada pela Igreja, possamos adorar a Deus pela sua fidelidade e misericódia através dos séculos. Possamos ver que o mesmo Deus que plantou a Igreja no início com poder e grandes maravilhas, continua fiel e poderoso ainda hoje.
Conclusão
Portanto, creio que sim, podemos aprender com a história. Devemos aprender com a história. Aprender sobre Deus, sobre sua obra, seu caráter e fidelidade. Até o dia em que os séculos sejam consumados e o tempo não seja mais necessário.
Até que chegue esse Dia, nós não os esconderemos dos nossos filhos e contaremos à próxima geração os louváveis feitos do Senhor, o seu poder e as maravilhas que fez, porque sua misericórdia dura para sempre.
Aproveitemos para nos beneficiar com as experiências passadas — "o que ouvimos e aprendemos", sempre tendo em mente que somos elos entre o passado e o futuro:
"não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração" (Sl 78:3,4).
[Fonte: Examinando as Escrituras, por Filipe Merker]
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. Não confuda avanço na vacinação e flexibilização com o fim da pandemia
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