quinta-feira, 22 de abril de 2021

BENIGNIDADE (AMABILIDADE) E BONDADE: PARECIDAS NA FORMA, DISTINTAS NA ESSÊNCIA E IMPRESCINDÍVEIS NA PRÁTICA

"Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade" (Gálatas 5:22).
Se você tomar como base o texto de Gálatas 5:22,23, que fala do "fruto do Espírito", como as palavras são sinônimas, tanto em português como em grego, cria-se certa dúvida natural, visto ser muito improvável que Paulo tenha se repetido inutilmente numa lista como essa.

Benignidade 

Amabilidade


Assim sendo, parece haver um consenso entre vários comentaristas de que o significado bíblico de benignidade seja algo parecido com amabilidade, ternura, consideração e respeito, tudo isso voltado ao relacionamento com o próximo. 

Tal virtude se desenvolve no trato com as pessoas, considerando-as valiosas e dignas de um relacionamento cuidadoso. E esse cuidado não visa a não nos machucarmos, mas a não machucar os outros.

Ou seja, a benignidade quebra a tensão dos relacionamentos, pois procura o bem-estar do próximo importando-se com seus sentimentos e dores. Mesmo quando é preciso corrigir alguém, a pessoa benigna o faz com todo o tato possível a fim de recuperar ao invés de simplesmente ferir. 

Se você não sabe se é ou não uma pessoa benigna, basta observar se as pessoas ao seu redor se sentem bem e à vontade perto de você, sentindo-se livres para expressar suas opiniões e acontecimentos cotidianos. 

Jesus é o melhor exemplo que podemos encontrar na Bíblia em se tratando de benignidade. 

Exemplo:


As multidões eram atraídas pela amabilidade com que tratava elas, enquanto as crianças — melhores juízes de uma pessoa benigna — corriam para Ele. A grande dificuldade é acharmos que, ao agir assim, perdemos nossa firmeza e somos fracos. 

A verdade é o extremo oposto. A pessoa fraca não consegue dosar o esforço quando segura algo pesado e pode ter um trato bem rude. Alguém forte é capaz de, com delicadeza, dispensar os cuidados necessários a um bebê tão frágil, justamente por empregar a força necessária. 

Do mesmo modo, é preciso grande força de caráter, dada pelo Espírito Santo, para que o crente seja benigno, amável, respeitoso e cuidadoso com os outros.

Bondade


Quanto à bondade, trata-se da sequência da benignidade, porém de forma mais ativa. Ela traz a ideia de fazer o bem, sendo generoso. 

Durante sua obra criativa, Deus fazia admiráveis pausas nas quais refletia sobre o que fizera. Diz a Bíblia que Ele classificou cada obra sua como boa. O resultado de Sua ação lhe proporcionava uma satisfação estética.

A palavra bondade na Bíblia se aplica àquilo que proporciona satisfação estética ou moral. No hebraico, a palavra para expressar este conceito é tobh, literalmente "agradável", "alegre". No grego, há duas palavras para traduzir essa ideia: a primeira é agathos (bom), que é o termo usado por Paulo para indicar o fruto espiritual da bondade; a segunda é kalos (belo), que tem a ver com harmonia.

Bondade, portanto, tem uma dimensão ética e uma dimensão estética. Na dimensão ética, significa viver de acordo com padrões elevados. Na dimensão estética, pode ser entendida como beleza interior.

A vida cristã é aquela vivida no Espírito Santo (o fruto do Espírito). Na verdade, a vida cristã só é possível no Espírito. Fora dEle, nossa vida é como a de qualquer pessoa.

Exemplo:


A mais perfeita ilustração bíblica para a bondade é a parábola contada por Jesus acerca de um homem caído (a conhecidíssima parábola do Bom Samaritano — Lucas 10:25-37). Por ele passaram várias pessoas, entre elas duas que não eram boas. No interior deles não havia nada que as impelisse em direção àquele viajante caído e abandonado. 

Por ele, no entanto, passou uma pessoa boa. Sua bondade abafou-lhe a lógica, segundo a qual a imprudência daquele merecia ser punida como fora. Sua bondade libertou-lhe do medo das conseqüências e dos custos do seu gesto. Sua bondade livrou-lhe do sentimento de impotência diante de um quadro tão grave. 

Sua bondade falou mais alto que seus afazeres e seus compromissos. Os dois viajantes deram o que tinham para dar: nada, porque não eram bons. O terceiro viajante deu o que tinha para dar.

Há muitos crentes se comportando como os dois primeiros viajantes. Há muitos crentes que tocam suas vidas num plano apenas natural, sem produzir o fruto espiritual da bondade. Crente cansado de ser bom é crente que abafou o Espírito Santo na sua vida.

Ao contrário, a bondade deve estar presente nos Seus filhos. Nossa tarefa, como seres habitados pelo Espírito Santo, é encher a terra de bondade. Se não o fizermos, o mundo não terá como ver a bondade de Deus.

Em resumo:


O apóstolo Paulo apresenta três sinônimos para fruto do Espírito que guardam relação muito próxima entre si. Conquanto todas sejam produções do Espírito em nós e por nosso intermédio, são expressões com sentidos complementares mas distintos. São elas: amor, benignidade e bondade. 
  • O amor — é um sentimento a ser aprendido e que se caracteriza pela entrega incondicional sem espera pelo troco.
  • A benignidade — é a qualidade que uma pessoa tem de fazer com que os outros se sintam à vontade em sua presença; tem a ver, portanto, com empatia e simpatia.
  • A bondade — é uma virtude interior que inunda todas as ações.

Conclusão


Enquanto a benignidade se preocupa com o bem-estar das pessoas e, por isso, trata-as com delicadeza, não reagindo mal a elas, a bondade trabalha ativamente pelo bem alheio. 

Alguém bondoso não apenas deseja o bem, mas luta para que isso aconteça, mesmo que haja um custo, seja na forma de recursos financeiros, esforço, tempo ou outras coisas que nos sejam caras. 

É impressionante quanta necessidade as pessoas têm. Não falo só da necessidade de dinheiro, mas também de atenção, apoio, valorização, comunhão, amizade e cuidados de todos os tipos. 

A bondade nos move a deixar um pouco de lado os interesses pessoais a fim de buscar os interesses dos outros.

Desse modo, a bondade nos persuade a dividir o pouco que temos e ajudar outras pessoas de qualquer forma que nos for possível.

Quantas pessoas, por exemplo, são impossibilitadas de realizar algumas tarefas manuais que nós poderíamos fazer? Quantos irmãos necessitam de orientação, consolo e amizade? Quantos precisam saber que não estão sós? 

É claro que, para atender tais necessidades, tenho de utilizar um tempo que eu pretendia gastar em meu próprio benefício e nem sempre isso é agradável, mas é o Espírito Santo, o promotor desse "fruto", quem nos move a abrir mão do nosso interesse pelo do irmão. Algumas pessoas só precisam de alguma atenção. 

Uma característica da verdadeira bondade é que ela não espera ser chamada a efeito, mas procura ocasião de entrar em ação. 

Procura saber o que faria os outros felizes, quais suas necessidades e, assim, parte em frente. Jesus, nosso bondoso redentor, não apenas desejou nos salvar, mas se fez carne, foi um servo, sofreu e morreu para o nosso bem. 

Para ser bondoso é preciso pagar por tal privilégio e só o Espírito de Deus pode nos mover a tão grande altruísmo em um mundo totalmente egoísta.

Diante disso, as perguntas que precisamos fazer a nós mesmos são: "Tenho sido benigno e bondoso? Sou amável com as pessoas? Valorizo realmente meus irmãos? Trabalho ativamente pelo bem deles? O fruto do Espírito é real em minha vida?".

[Fonte: O Prazer da Palavra, por Israel Belo de Azevedo]

A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso. 
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