Que essa pandemia veio para fazer com que a humanidade tivesse um choque de realidade é fato. Não a despeito do sofrimento de quem perdeu seus entes queridos em consequência desse vírus maldito, eu sou levado pelos fatos a crer que Deus, em sua infinita soberania e controle sobre todas as coisas, tem usado e/ou esteja aproveitando essa situação para passar em revista a humanidade.
Para que ela veja o quanto é limitada, vulnerável, frágil e desça do pódio da arrogância. Desde o início de tudo isso eu tenho afirmado que estamos tendo uma imperdível chance de sair melhores ao término dessa crise sem precedentes (uma pena que para muitos, a "ficha ainda não caiu", quiçá, um dia caia...).
Mas não chegou o carnaval e ninguém não desfilou...
No Brasil, há uma velha máxima de que o ano só começa depois do carnaval. Só que, em 2021, justamente por causa da pandemia do novo coronavírus, as passarelas do samba em todo o Brasil ficarão vazias. Você já pensou neste assunto?
Seja para quem curte a folia de Momo ou para quem aproveita este grande "feriado" não oficial para descansar, é fato que o carnaval é considerado uma das expressões culturais mais festejadas e aguardadas por muitos brasileiros (até mesmo por muitos crentes). Com raríssimas exceções, este é tradicionalmente um período em que o país anda a passos de tartaruga.
Não é por acaso que todos temos a sensação de que o ano só começa depois do carnaval. O período pode até mudar, mas quase sempre o feriado da folia coincide com férias escolares, recesso político e uma sensação de que janeiro e fevereiro são meses praticamente "parados". Perfeito para dar desculpas para adiar o inevitável: trabalho, estudo e muitas coisas para colocar em dia.
Ficar esperando o "carnaval passar", no entanto, pode não ser a melhor estratégia para quem quer colocar a vida nos trilhos. E mesmo que seja uma questão cultural – na maior parte do país, muitos serviços não funcionam durante o controverso feriado – é preciso manter o foco mesmo durante o recesso. Algumas pessoas também precisam de artifícios para começar o que realmente importa e usam o carnaval como desculpa para adiar seus compromissos.
Mas há muitos que nem conhecem a verdadeira origem de tão celebrada data, capaz de "roubar" dois preciosos meses do recém nascido ano.
Sobre a festa do carnaval
Alguns imaginam que o carnaval tem origem brasileira, mas a festa existe desde a Antiguidade. De fato, não se conhece ao certo a origem do carnaval, assim como a origem do nome. Historicamente é uma festa popular coletiva, transmitida através dos séculos como herança de antiquíssimas festas pagãs realizadas entre 17 de dezembro (Saturnais – em honra a deus Saturno, na mitologia grega) e 15 de fevereiro (Lupercais – em honra a deus Pã, na Roma Antiga).
Dentre os pesquisadores, correntes diversas adotam prováveis origens diferentes. Há os que defendem que a comemoração do carnaval tem suas raízes em alguma festa primitiva, de caráter orgíaco, realizada em honra do ressurgimento da primavera.
Em certos rituais agrários da Antiguidade (10.000 a.C.), homens e mulheres pintavam rostos e corpos e entregavam-se à dança, festa e embriaguez. Outros autores acreditam que o carnaval tenha se iniciado nas alegres festas do Egito em honra à deusa Ísis (2.000 a.C.).
O carnaval pagão começa quando Pisistrato oficializa o culto ao deus Dionísio na Grécia, no século VII a.C.. O primeiro foco de grande concentração carnavalesca de que se conhecem fontes seguras acontecia no Egito: era dança e cantoria em volta de fogueiras. Os foliões usavam máscaras e disfarces simbolizando a inexistência de classes sociais.
Depois, a tradição se espalhou por Grécia e Roma, entre os séculos VII e VI d.C.. Nessa época, sexo e embriaguez já se faziam presentes na festa. Em seguida, o carnaval chega em Veneza para, daí, se espalhar pelo mundo. Diz-se que foi lá que a festa tomou as características atuais: máscaras, fantasias, carros alegóricos, desfiles.
No início da Era Cristã, a Igreja Católica deu uma nova orientação às festividades do carnaval. Entretanto, ao contrário do que se diz, o catolicismo não "adotou" o carnaval, mas deu à festa popular um novo sentido, já que ela foi anexada ao calendário religioso antecedendo a Quaresma. Sob este contexto, a festa agora terminava em penitência, na Quarta-feira de Cinzas.
Contudo, como se vê, lamentavelmente, apesar de a Igreja Católica ter sempre tentado dar um novo sentido à festa da carne, não obteve nisso um grande sucesso. Se formos comparar o que ocorre hoje com as festas que ocorriam na antiguidade pagã, não veremos grandes diferenças. Orgias, embriaguez, brigas, violência... Excessos de todo tipo, enfim.
Graças a Deus, ao menos um ano sem o famigerado carnaval!
Nunca o mantra do "Fique em Casa!" soou como uma verdadeira afronta, não é verdade?
Ano passado, aqui onde moro, em Belo Horizonte (MG), a capital das alterosas, o carnaval de rua tomou uma proporção gigantesca, nada devendo para outras regiões onde todos os dias do ano eram planos de fundo do carnaval, como a Bahia e o Rio de Janeiro.
O governo municipal comemorava efusivamente a inserção de Belo Horizonte como referência no circuito nacional da folia. Setores do comércio e do turismo não tiveram absolutamente nada do que reclamar e já alimentavam suas expectativas para 2021, até que..., bem, o resto você já sabe.
De acordo com o calendário oficial, o carnaval deveria começar oficialmente na segunda-feira, dia 15 de fevereiro terminando apenas no domingo da semana seguinte.
Nesse cenário, falar sobre qualquer coisa que não fosse "7 dias de folia" era um atentado a humanização do indivíduo, que lutou durante o ano para ter sua "carta de alforria" e cair na farra, sem medo de ser feliz.
E, para os foliões profissionais ou eventuais amadores, não há absolutamente nada que pudesse impedi-los de irem atrás dos blocos, afinal, "somos todos filhos de Deus, né?" Assim para muitos (posso dizer que para a maioria?), o ano sempre começava com 54 dias de atraso.
O ano de ser "mouco"
Certo dia, na cidade dos sapos, acontecia uma corrida cujo ganhador seria o sapo que chegasse em primeiro lugar ao topo de uma montanha bastante alta. A competição, que mobilizou toda a região, contou com a participação de 10 sapos-atletas.
Ao dar a largada, os sapos que estavam assistindo à corrida começaram a gritar palavras de desmotivação para os competidores:
"desistam", "vocês não vão conseguir", "esta montanha é muita alta, o prêmio não vale o esforço".
E assim, um a um dos sapos-atletas iam desistindo e se juntando à multidão descrente, até que sobrou apenas um que chegou ao alto da colina.
A cidade não acreditava no que via. Um repórter, ao entrevistar o campeão, perguntava por que ele não havia desistido mesmo com toda a "sapaiada" o estimulando a não continuar. Foram várias perguntas e o campeão nada respondia. Moral da história: ele era surdo.
Compartilho esta fábula com você porque em muitos momentos da nossa vida temos que ser surdos para as coisas que irão nos desviar de alcançarmos o nosso objetivo e para pessoas que querem nos fazer perder o foco em nossas metas.
Seja mouco (indivíduo que não ouve bem, surdo) para estas pessoas... E daí que 2021 não terá carnaval?
Proteja sua visão
No carnaval, muitas pessoas tentam nos desestimular do foco correto. Além de estar surdo para estas pessoas que vão querer tirar sua atenção, você também precisa provocar-se a uma mudança de atitude.
Aproveite este momento de menor movimento para organizar o seu trabalho, segmentar sua vida devocional, organizar prazos pendentes, fazer uma faxina geral, desintoxicar espírito, corpo e alma.
Momentos de descontração são fundamentais para um bom equilíbrio emocional, quanto a isso não há dúvida. Contudo, é necessário que estejamos conscientes do valor do TEMPO!